Alvorada do Reino
Chico Xavier
Emmanuel
Assistência Social
A assistência é a fraternidade em ação. Sem ela, indiscutivelmente, os nossos mais preciosos arrazoados verbalísticos não passariam de belos mostruários sonoros.
É necessário teorizar com o exemplo, se desejamos argumentar com eficiência e segurança no campo de nossas realizações.
Se é verdade que as obras sem ideal são primorosas esculturas de arte humana, sem o calor da vida, a fé sem obras, segundo já assevera a palavra apostólica, há quase dois mil anos, não passa de um cadáver bem adornado.
A escola, a maternidade, a creche, o hospital, o refúgio de esperança aos viajantes da amargura, o albergue, o posto de socorro, a visitação fraterna aos doentes e aos necessitados, a palestra amiga e confortadora, a casa de desobsessão, o auxilio de emergência aos companheiros de angústia, o amparo aos irmãos presidiários, a cooperação metódica nos centros especializados de tratamento, quais sejam os sanatórios, os hospitais e os leprosários, a contribuição desinteressada, enfim, a dor de todos os matizes e de todas as procedências, desafiam a nossa capacidade de imaginar, organizar e fazer, a fim de que possamos momentalizar a nossa Doutrina de Amor e Luz no mundo vivo dos corações.
Trabalhemos, auxiliando-nos uns aos outros.
Somos associados de uma só empresa de redenção, usando o sentimento, o raciocínio, as mãos, a palavra, a tribuna, a imprensa e o livro para o mesmo glorioso desiderato.
Conscientes, pois, de nossas responsabilidades, marchamos para diante, sob a inspiração do Cristo, Nosso Senhor e Mestre, entrelaçando braços e corações na mesma vibração de otimismo e esperança, serviço e sublimação.
Hoje é o nosso dia.
Agora é o momento.
O auxilio aos outros é a nossa oportunidade.
Auxiliar é a honra que nos compete.
Sigamos destemerosos e firmes na convicção de que o Senhor permanece conosco e, indubitavelmente, alcançaremos amanhã a alegria e a paz do mundo melhor.
Não olvides que todos os perseguidores da luz são habitualmente enfermos de espírito acomodados ao mal.
Exaltemos a Vida
Não matarás – determina a Lei.
Não basta, porém, te prives de furtar o corpo aos semelhantes.
Aprendamos a cultivar a vida, engrandecendo-a, aqui e além, hoje e sempre.
Não mates o tempo com o veneno da inutilidade, porque pela sombra das horas que aniquilas em vão, serás visitado pelas trevas tentadoras da maldade e do crime, compelindo-te talvez, a investir muitos séculos do futuro em pesados compromissos.
Não aniquiles a confiança do próximo com a lâmina da aspereza ou da ingratidão, de vez que pela dor do vizinho que menosprezas, podes ser constrangido a inquietantes padecimentos de reajuste.
Não apagues o entusiasmo de teu irmão nas boas obras, nas quais nos sentimos atraídos pelo ideal superior, porquanto, o fel de teu pessimismo pode induzi-lo ao desânimo, estabelecendo aflitivos débitos em teu próprio desfavor.
Não extingas a fé que brilha no coração dos companheiros, manejando a lança do desapontamento ou da incompreensão, porque o frio em que envolves a tarefa dos outros, será, mais tarde, neve de angústia e desencanto ao redor de teus passos.
Não extermine a luz, a alegria, a paz, a esperança, o trabalho ou o otimismo dos que marcham contigo, lado a lado, na mesma senda de luta, na convicção de que a morte por tuas mãos será sempre morte a ti mesmo.
Entronizemos a vida em nossa alma e adubemo-la com a nossa boa vontade na extensão do progresso e do serviço, da harmonia e do amor, e, ainda mesmo a pretexto de legítima defesa, abstenha-se do mal, recordando, com o Divino Mestre que a cruz do supremo sacrifício será sempre brilhante ressurreição.
Na tarefa de esposo, desculpa a fraqueza ou a exasperação da companheira, nos dias cinzentos da incompreensão; e, no ministério da esposa aprende a perdoar as faltas do companheiro e a esquecê-las, a fim de que ele se fortaleça no crescimento do bem.
No Templo Doméstico
A escola simples alfabetizará teu cérebro, garantindo-te o ingresso no vestíbulo da cultura e a universidade, na ordem superior do ensino, alçar-te-á o conhecimento à comunhão com a ciência preciosa, descerrando-te o acesso à infinita sabedoria...
O santuário religioso preparar-te-á o sentimento para a aquisição da virtude e as grandes experiências da fé, habilitar-te-ão a vida interior aos mais largos vôos nos domínios do espírito...
Aprenderás com o mundo e com os homens os mais belos caminhos para que o teu entendimento e o teu coração se ergam da sombra terrestre à claridade dos cimos, entretanto, o lar é o ponto vivo de tua luta, a oficina de tua redenção e o templo em que conquistarás as próprias asas para a libertadora ascensão.
É aí, nesse abrigo limitado a quatro paredes, que serás desafiado a positivos testemunhos de sacrifício, diplomando-te no serviço justo à comunidade terrena que te espera a palavra brilhante e a linguagem do exemplo renovador...
Vives no asilo doméstico, à maneira de quem lhe penetrou os umbrais exclusivamente para aprender e amar, socorrer e servir.
Dentro dele encontrarás os laços mais puros incentivando-te à sublimação do porvir e as mais aflitivas algemas a te jungirem ao passado obscuro e delituoso.
Em seus altares, serás defrontado pelas flores do carinho sem jaça e pelos espinhos agressivos do ódio e da aversão, requisitando-te a mensagem permanente da humildade e da tolerância.
Abraça, pois, no lar em que te situas, o cadinho de tua própria purificação à frente da vida, e, convertendo-te no santuário familiar em servo do amor que auxilia sempre, dele desferirás teu grande vôo em serviço da Humanidade inteira.
Quando estiveres à beira da impaciência ou da ira, perdoa setenta vezes sete vezes e adota o silêncio por gênio guardião de tua própria paz.
No Serviço do Senhor
Se aspiras o título de obreiro do Senhor, não olvides que o mundo é um campo imenso de trabalho para a lavoura do bem.
Não esperes facilidades na plantação.
Suportarás, naturalmente, obstáculos e perigos de toda sorte na preparação da colheita futura.
Repare ao redor de ti.
Melindre e susceptibilidades são pragas e vermes roedores, destruindo-te a sementeira.
Cólera e irritação constituem granizo e vento arrazando-te as leiras frágeis.
Compromissos com a sombra simbolizam vigorosos cipoais, asfixiando-te os esforços.
Indolência e desânimo, são ervas parasitárias, aniquilando-te a produção.
Leviandade e maledicência, representam enxurro e detritos sufocando-te as melhores promessas.
Perversidade e crítica expressam aridez e secura capazes de arruinar-te a esperança.
Lembra, pois, que cada dia é tempo abençoado de trabalhar e não confies a enxada de tua oportunidade à ferrugem da negação.
Recorda que o tempo voa, que tudo se transforma e que a própria Terra, onde se alonga a sua esfera de ação, turbilhona em pleno Céu à procura da perfeita comunhão com a Grande Luz.
Não relaciones desapontamento e mágoas, não te percas nas pedras do caminho e nem te fixes no espinheiro, que te servem por medida à fé e à serenidade.
Se te candidatas a servir com Jesus, tomemo-Lo por nosso padrão vivo e incessante, buscando-Lhe a Vontade para que nossos caprichos sejam esquecidos.
E, pautando nossas atividades sobre as normas que Lhe caracterizaram o exemplo, contemplaremos, ditosos, a colheita farta, a surgir da lama terrestre, colheita essa que nos enriquecerá de bênçãos o celeiro do coração para a Vida Eterna.
O lar é o porto de onde a alma se retira para o alto mar do mundo e quem não transporta no coração o lastro da sabedoria cristã, dificilmente escapará ao naufrágio parcial ou total.
Na Peregrinação Cristã
Se aceitastes o Evangelho por abençoado roteiro de aperfeiçoamento, não te esqueças da representação que nos cabe em toda parte.
A fé nos confere consolação, mas, nos reveste de responsabilidade a que não podemos fugir.
Somos embaixadores de Jesus onde estivermos, se a Luz d’Ele é o clarão que nos descortina o futuro.
Não te esqueças de semelhante realidade para que tua experiência religiosa não se reduza a simples adoração improdutiva.
A estrada permanece descerrada a nós todos.
Cada dia é nova revelação para que exerçamos a sublime investidura.
Se o Senhor desceu até nós, partilhando-nos a senda obscura e viciosa, a fim de que nos levantássemos, aprendamos também a representá-Lo nas regiões inferiores à nossa posição no conhecimento.
Onde fores defrontado pela calúnia, sê a palavra amiga do esclarecimento benéfico.
Se o mal te visita, improvisa o bem com a tua capacidade de ajuizar as situações, de planos mais altos.
Se a tristeza e o desânimo te procuram, acende a lanterna da coragem e resiste ao sopro frio do desalento, prosseguindo no trabalho que a vida te confiou.
Se a infantilidade te busca, não a abandones, porque o cristão sincero é o bom educador que tudo aperfeiçoa para a vitória do Infinito Bem.
Se a leviandade vem ao teu encontro, auxilia o companheiro de jornada, orientando-lhe o pensamento para o justo equilíbrio em que nossa fé se inspira e vive sempre.
Se a treva tenta envolver-te, faze a claridade do otimismo, com as bênçãos do amor que auxiliam em todos os instantes.
Mas, se o embaixador humano é obrigado a longo curso de compreensão e tolerância, na ciência do tato e da gentileza, para não falhar em seus compromissos, não creias que o emissário do Cristo deva agir sem os princípios da serenidade e do bom ânimo.
Colaboremos e auxiliemos, sem alardear notas de superioridade perturbadora.
Quanto mais clara a nossa luz, mais alta a nossa dívida para com as sombras. Quanto mais sublimes as nossas noções do bem, mais imperiosos os nossos deveres de socorro às vítimas do mal.
O mensageiro do Cristo é o braço do Evangelho.
Se nos propomos ao serviço do Divino Mestre, descortinemos a Ele o nosso coração, a fim de que seu desígnios imperem sobre o nosso roteiro e para que a nossa vida seja uma luz brilhante para quantos caminham conosco, sob o nevoeiro do mundo.
Se te candidatas a servir com Jesus, tomemo-Lo por nosso padrão vivo e incessante, buscando-Lhe a Vontade para que nossos caprichos sejam esquecidos.
Na Preparação do Reino da Luz
Chamados a substancializar o Evangelho de Jesus no campo da vida humana, decerto, nós outros, os espíritos encarnados e desencarnados, somos constrangidos a levantar em nós mesmos os alicerces do Reino de Deus, adstritos à verdade de que o Céu começa em nós mesmos.
Em razão disso, os antigos processos de construção palavrosa, através dos quais o verbo, muita vez, pretende superar o nível do exemplo, não podem constituir padrão às nossas atividades.
Também nós possuímos o tesouro do tempo, muito mais expressivo do que a riqueza amoedada, e, por isso, ao invés de criticar o companheiro que padece a obsessão da autoridade e do ouro, será mais justo operar com o nosso próprio trabalho a lição da bondade incessante sem nos perder no vinagre da censura ou do nevoeiro da frase vazia.
Nós, igualmente, guardamos conosco os talentos da fé raciocinada, muito mais sólidos que os da crença vazada em cegueira da alma, competindo-nos, desse modo, não a guerra de revide ou condenação aos que nos esposam os pontos de vista, mas, sim, a prática da tolerância fraterna e da caridade genuína, pelas quais os nossos companheiros de evolução e de experiência consigam ler a mensagem da Vida Maior, abandonando naturalmente as grilhetas da ignorância.
Não nos bastará, dessa forma, a confissão labial da fé como entusiasmo de quem se vê na iminência dos princípios superiores.
É necessário saibamos comungar a esperança e o sofrimento, a provação e a dificuldade dos outros, abençoando os irmãos que nos partilham a marcha e ensinando-lhes, pela cartilha de nossas próprias ações, o caminho renovador, suscetível de oferecer-lhes a bênção da paz.
Sem dúvida, milhões de inteligências se agregam à ilusão e à crueldade, descerrando aos homens resvaladouros calamitosos, preparando o domínio da morte e fortalecendo o poder das trevas, todavia, a nós outros se roga o cérebro e o coração para que o Cristo se manifeste em plenitude de sabedoria e de amor, nas vitórias do espírito, por intermédio das quais a Humanidade ainda na sombra será, finalmente, investida na posse da Eterna Luz.
Se a tristeza e o desânimo te procuram, acende a lanterna da coragem e resiste ao sopro frio do desalento, prosseguindo no trabalho que a vida te confiou.
Na Sementeira de Cada Dia
Observa o mundo a redor de teus passos e perceberás, na desigualdade das situações, a Justiça Divina a expressar-se com a perfeição da sabedoria e do amor.
Lembra-te de que tudo nas horas de hoje decorre das criações do dia de ontem, tanto quanto a nossa conduta presente traçar-nos-á o amanhã infalível.
Tudo nasce e renasce, em função do aprimoramento que nos cabe atingir.
O usurário do pretérito, que subtraiu a bênção do ouro à circulação do progresso, agora é o mendigo esmolando a graça do pão.
O artista que ontem abusou da inteligência situando-a a serviço da imoralidade e do crime, passa hoje entre aqueles que lhe foram vítimas da insânia intelectual, na feição do demente necessitado de proteção e carinho.
A mulher que antigamente mobilizou a própria beleza, na exploração da crueldade e do vício, caminha na atualidade entre a angústia e a aflição da debilidade orgânica, em vigorosa luta contra o abatimento e a enfermidade.
O tirano das consciências que outrora movimentou a política e a autoridade na escravidão dos semelhantes para extorquir-lhes o sangue e o suor, transita agora na Terra, no corpo disforme dos mutilados que beijam o pó da terra, por muitos e muitos anos, a fim de compreender que só a humildade e o amor são bastante sábios para conferir-nos a luz da verdadeira felicidade.
Cada criatura constrói na própria mente e no próprio coração o paraíso que a erguerá ao nível sublime da perfeita alegria, ou o inferno que a rebaixará aos mais escuros antros do sofrimento.
Cultivemos na sementeira de cada dia a paciência e a bondade, a harmonia e a tolerância, enquanto a oportunidade de plantar brilha, hoje, em nossas mãos, porque amanhã será para nós novo tempo de colher e ressurgiremos diante da verdade com as flores da vitória espiritual, que será luminosa ascensão da morte para a vida ou com os espinhos de angustiosos compromissos com a sombra, representarão para nós outros a volta das eminências da vida para novo mergulho nas pesadas correntes da morte.
Cada criatura constrói na própria mente e no próprio coração o paraíso que a erguerá ao nível sublime da perfeita alegria, ou o inferno que a rebaixará aos mais escuros antros do sofrimento.
Na Senda de Ascensão
O animal caminha para a condição do homem, tanto quanto o homem evolui no encalço do anjo.
No reino animal, a consciência, à feição de crisálida, movimenta-se em todos os tons do instinto, no rumo da inteligência.
No reino hominal, a consciência avança em todos os aspectos da inteligência, objetivando a conquista da razão sublimada pelo discernimento.
E, no reino angélico essa mesma consciência, em múltiplas expressões de sabedoria e de amor, segue, vitoriosa, para a perfeita santificação, comungando a Perfeita Felicidade do Pai Celestial.
No campo das formas efêmeras, cada ser, portanto, pode residir, à parte, na elaboração dos próprios valores que o erguerão aos níveis mais altos da vida, entretanto, no mundo das essências, imanar-se-á com o Todo da Criação, crescendo para a Unidade Cósmica – porto divino e esperar-nos sem distinção – de modo a investir-nos, um dia, na posse da celeste herança que nos é reservada.
Desse modo, se pedes proteção e arrimo aos que te precederam na vanguarda do progresso e se aguardas a assistência dos benfeitores que, de Mais Alto, te observam as esperanças, compadece-te também das criaturas humildes que laboriosamente se agitam na retaguarda, peregrinando ao teu encontro.
Se é justo esperar pelo amor que verte sublime, do Céu, em teu benefício, é preciso derramar esse mesmo amor na furnas da Terra, a que consciências fragmentárias se acolhem, contando contigo para que se eduquem e aperfeiçoem.
Para o homem, o anjo é o gênio que representa a Providência Divina e para o animal o homem é a força que representa a Divina Bondade.
Recorda os elos sagrados que nos ligam uns aos outros na estrada evolutiva e colabora na extinção da crueldade com que até hoje pautamos as relações com os nossos irmãos menores.
Lembra-te do mel que te angaria medicação, da lã que te oferece o agasalho, da tração que te garante a colheita farta e do estábulo que te assegura reconforto e sejamos mais humanos para com aqueles que aspiram a nossa posição, dentro da Humanidade.
Auxilia aos que te seguem os passos e mantém a certeza de que receberás em pagamento de paz e luz o concurso daqueles que te antecederam no acesso à culminâncias da Vida Maior.
A fé nos confere consolação, mas, nos reveste de responsabilidade a que não podemos fugir.
Na Senda Renovadora
Enquanto nos demoramos nas teias da animalidade, costumamos centralizar a vida na concha envenenada do egoísmo, orientando-nos pelo cérebro, agindo pelo estômago e inspirando-nos pelo sexo...
A passagem na Terra significa, então, para nossa alma, o movimento feroz de caça e presa.
O cálculo é o nosso modo de ser.
A satisfação física é o nosso estímulo.
O prazer dos sentidos é a finalidade de nosso esforço.
Entretanto, quando a luz do Evangelho se faz sentir em nosso coração, altera-se-nos a vida.
O amor passa a reger nossas mínimas expressões individuais.
Identificamos as nossas próprias feridas, catalogamos nossos próprios defeitos e inventariamos nossas próprias necessidades.
A língua perde a volúpia delituosa da maledicência.
Os olhos ouvidam a treva, em busca de Sol que lhes descortine horizontes mais vastos.
Os olvidos esquecem as serpes invisíveis do mal, a fim de se concentrarem nas sugestões do bem.
E a cabeça procura o suave calor da fornalha da caridade, a fim de que as ilusões lhe não imponham o frio do desapontamento triste, compensação de quantos reclamam a felicidade que a Vida Física não lhes pode dar...
Chegada essa hora de renovação do nosso próprio espírito, nossa existência se transforma numa pregação permanente aos que nos seguem os passos, de vez que a lâmpada acesa do ensinamento de Jesus, no imo da alma, é astro irradiante a clarear a marcha da vida.
Não te gastes, desesperando-te em exigências descabidas, nem te percas no cipoal das queixas sem significação.
Procura o Cristo, em silêncio, e grava as lições d’Ele nas páginas da própria luta de cada dia e quem te acompanha saberá encontrar, em tua conduta e em teus gestos, o abençoado caminho da elevação.
Se a treva tenta envolver-te, faze a claridade do otimismo, com as bênçãos do amor que auxiliam em todos os instantes.
Não Desfalecer
... “Orar sempre e nunca desfalecer.” – Lucas, 18:1.
Não permitas que o serviço do próprio corpo te inabilite para a solução dos problemas externos, inclusive os da tua própria iluminação espiritual.
Enquanto te encontras no plano de exercício, qual a Crosta da Terra, sempre serás defrontado pela dificuldade e pela dor.
A lição dada é caminho para novas lições.
Atrás do enigma resolvido, outros enigmas aparecem.
Outra não pode ser a função da escola, senão ensinar, exercitar e aperfeiçoar.
Enche-te, pois, de calma e bom ânimo, em todas as situações.
Foste colocado entre obstáculos mil de natureza estranha para que, vencendo inibições fora de ti, aprendas a superar as próprias limitações.
Enquanto a comunidade terrestre não se adaptar à nova luz, respirarás cercado de lágrimas inquietantes, de gestos impensados e de sentimentos escuros.
Dispõe-te a desculpar e auxiliar sempre, a fim de que não percas a gloriosa oportunidade de crescimento espiritual.
Lembra-te de todas as aflições que rodearam o espírito cristão, no mundo, desde a vinda do Senhor.
Onde está o Sinédrio que condenou o Amigo Celeste à morte?
Onde os romanos vaidosos e dominadores?
Onde os verdugos da Boa Nova nascente?
Onde os guerreiros que desabotoaram, em torno do Evangelho, rios escuros de sangue e suor?
Onde os príncipes astutos que combateram e negociaram em nome do Renovador Crucificado?
Onde as trevas da Idade Média?
Onde os políticos e inquisidores de todos os matizes que feriram, em nome do Excelso Benfeitor?
Arrojados pelo tempo aos despenhadeiros de cinza, fortaleceram e consolidaram o pedestal de luz, em que a figura do Cristo resplandece, cada vez mais gloriosa, no governo dos séculos.
Centraliza-te no esforço de auxiliar no bem comum, seguindo com a tua cruz, ao encontro da ressurreição divina.
Nas surpresas constrangedoras da marcha, recorda que antes de tudo, importa orar sempre, trabalhando, servindo, aprendendo, amando e nunca desfalecer.
Ao longo de teus passos, aparece no mundo a sementeira do bem, que te pede renúncia e boa vontade, sacrifício e compreensão.
O mensageiro do Cristo é o braço do Evangelho.
No Campo de Provas
Ferir o corpo com a desculpa de conquistar a ascensão da alma é operar o suicídio indireto, pelo qual menosprezamos a Infinita Bondade que no-lo empresta, a fim de que o sol do progresso nos assinale a existência.
Atendendo as sugestões dessa ordem, copiaremos, insensatos, a decisão infeliz do lavrador que destruísse a enxada que o serve, na suposição de auxiliar ao campo, ou o impulso delituoso do operário que desorganizasse as peças da máquina que o obedece, a pretexto de ser mais útil.
O engenho físico é o templo em que somos chamados à escola da regeneração.
Nele possuímos a harpa da vida, em cujas cordas podemos desferir a melodia do trabalho e do sacrifício, da abnegação e do amor, preparando o próprio acesso à exaltação da imortalidade.
O cilício mais precioso ao nosso grande futuro será sempre o da própria renunciação em benefício da felicidade dos outros, aprendendo a ceder de nossas opiniões ou de nosso conforto em auxílio dos corações que nos partilham o calor do teto, os quais, muitas vezes, em provação mais árdua do que a nossa, nos reclamam entendimento e bondade ao preço de nossa dor.
Saibamos sorrir entre lágrimas, fatigar-nos no amparo aos que Deus nos confia, emudecer nossa excessiva agressividade, abraçar quem nos fere e apagar nossos próprios sonhos, a fim de que a segurança e a tranqüilidade se façam junto de nós naqueles que nos comungam a experiência e somente assim nossa exaustão corpórea será compreensível e justa, porquanto, de nosso cansaço terá nascido a ventura daqueles que atravessam conosco o vale da sombra terrestre, à procura da luz inextinguível, que reina, soberana, na Espiritualidade Maior.
Quanto mais clara a nossa luz, mais alta a nossa dívida para com as sombras. Quanto mais sublime as nossas noções do bem, mais imperiosos os nosso deveres de socorro às vítimas do mal.
No Campo do Destino
No tempo infinito, o “hoje” é o reflexo do nosso “ontem”, tanto quanto o “amanhã” será, como é justo, a projeção do nosso “hoje”.
Eis porque a estreita existência do espírito, no círculo da vida física, antes de tudo, vale por bendita oportunidade à renovação de si mesmo.
A reencarnação, por isso, não será tão-somente resgate de transgressões, mas ensejo de modificações das causas que criam o destino, com visitas à futura alegria da consciência redimida ao sol da imortalidade.
Todavia, para que o homem se valha de semelhante recurso na construção do porvir, é indispensável transforme a antiga conceituação que lhe rege os passos evolutivos, aceitando a responsabilidade de viver, segundo as Leis Divinas, que é o Infinito Bem por toda parte, convertendo a trilha que lhe é própria em estrada de amor para os que o cercam, de vez que estabelecendo a harmonia e a segurança, a paz e o reconforto para os outros, será fatalmente investido na posse da verdadeira felicidade.
Recebe, cada dia, por flama de luz que podes aproveitar no engrandecimento da vida que te rodeia.
Para isso, porém, recolhe os talentos da provação, do trabalho e da dor, à maneira da pedra, que encontra no martelo e no buril, que lhe dilaceram a forma, os instrumentos capazes de conduzi-la à condição de obra-prima que pode ser.
Auxilia sem esperar que te auxiliem, ama sem exigir que te amem, compreende sem aguardar a compreensão alheia, justifica o próximo sem a preocupação de seres justiçado, serve sem recompensa e, pouco a pouco, experimentarás em ti mesmo a grande transformação.
É que terás sublimado as causas de teu caminho e expulsado as sombras que te prendem às teias da vida humana, estarás refletindo, sem perceber, desde a Terra, o esplendor do Céu.
No Serviço da Luz
Não ouvides que todos os perseguidores da luz são habitualmente enfermos do espírito acomodados ao mal.
Muitos trazem no peito o vulcão do ódio, exalando os fluidos comburentes do fogo devorador que lhes consome a vida, a se enovelarem, pouco a pouco, nas teias da loucura, quando o crime não lhes colhe a existência; outros, transportam no coração a chaga da cobiça ou da inveja a verminar-lhes o seio e ainda outros se abismam nos labirintos da ambição desregrada, abrindo para si mesmos a cova de dor, a que descerão para a bênção expiatória ...
Outros muitos, sofrem, no imo d’alma, a infestação do vício que os transforma em presa fácil dos empreiteiros da sombra e quase todos padecem na própria mente o assalto da ignorância em que se fazem, desavisados , instrumentos soezes da miséria e da insânia em verdadeiro flagelo público.
Renteando com eles – pobres irmãos nossos que elegeram para si próprios a condição penosa de detratores – trata-os por doentes necessitados de socorro e medicamento.
Conhecendo-os, de perto, lembrou Jesus no monte a bem-aventurança reservada no mundo aos que exerçam o perdão e a misericórdia.
E, é ainda por esse motivo que, à última hora, circulando por eles, nos tormentos da cruz, o Senhor recomendou-os à Tolerância Divina, e, ao invés de aceitar-lhes injúrias e desafios, preferiu segregá-los no hospital da oração.
Observa o mundo ao redor de teus passos e perceberás, na desigualdade das situações, a Justiça Divina a expressar-se com a perfeição da sabedoria e do amor.
Obter
Muitos rogam chorando.
E muitos que recebem sorrindo as concessões que solicitam do Celeste Poder.
Entretanto, é preciso não olvidar os compromissos que a dádiva envolve em si mesma.
Na vida comum disputamos determinada posição de serviço, não somente para amealhar os vencimentos que lhe digam respeito, mas, também, para trabalhar, fazendo jus ao salário ganho.
Uma planta simples recebe do horticultor cuidados especiais não apenas para adornar a paisagem, mas, igualmente, para produzir, valorizando-lhe o suor e o celeiro.
É imprescindível, assim, meditar nas responsabilidades das bênçãos que entesouramos.
Rogamos ao Céu a prerrogativa da saúde e o equilíbrio físico nos enriquece a existência, entretanto, chegará o dia em que a Divina Contabilidade nos examinará as experiências.
Pretendemos dignificar a personalidade com títulos que nos aformoseiem a condição social e as forças intangíveis das Esferas Superiores nos auxiliam, através de mil modos, na aquisição deles.
No entanto, surgirá o momento em que seremos convocados à prestação de informes sobre o aproveitamento edificante da oportunidade que nos foi concedida.
É justo pedir sempre.
E é natural receber sempre mais.
Todavia, a Lei Sábia e Justa nos espreita os passos e os movimentos, de vez que se há tempo de emprestar, há também tempo de ressarcir.
Vejamos, pois, que fazemos da riqueza de luz, a expressar-se na fé renovadora e reconfortante que nos ampara atualmente os destinos.
Ontem, antes da presente romagem evolutiva, éramos órfãos de paz e segurança, vagueando no turbilhão da sombras a que relegamos o próprio espírito pela delinqüência multissecular, mas, o Senhor assinalando-nos as súplicas, reformou-nos os títulos de trabalho, em favor de nosso próprio aperfeiçoamento.
Somos servos privilegiados com valioso empréstimo de dons sublimes.
Abstenhamo-nos, desse modo, da perda de tempo e ataquemos a tarefa que nos compete atender.
Hoje, brilha conosco o ensejo de auxiliar, aprender, amar, perdoar, sublimar e redimir...
Não nos esqueçamos, porém, de que as horas voam apressadas e de que Amanhã, a Lei nos tomará contas do serviço realizado, porque obter, na Terra ou no Céu, exige fazer e resgatar.
Quem não auxilia a alguns, não se acha habilitado ao socorro de muitos. Quem não tolera o pequeno desgosto doméstico, sabendo sacrificar-se com espontaneidade e alegria, em benefício do companheiro de tarefa ou de lar, debalde se erguerá por salvador de criaturas e situações que ele mesmo desconhece.
Ofensa
Aprendamos a ver nas realidades supremas do espírito, para que a ofensa não se converta em obstáculo anestesiante de nossas energias no caminho espiritual.
Observemos a natureza.
O lavrador parece ironizar a semente, impondo-lhe a solidão na cova fria, mas a semente reage, transformando-se em flor e fruto, a sustentar-lhe o celeiro.
O escultor parece ferir o mármore, aplicando-lhe perfurantes golpes de buril, mas a pedra responde, oferecendo-lhe a obra-prima a imortalizar-lhe o nome.
O artífice parece condenar o tronco bruto à extrema crueldade, desbastando-lhe o corpo, entretanto, a madeira dá forma a utilidades mil, reconfortando-lhe o templo doméstico.
É preciso compreender na ofensa recebida essa ou aquela oportunidade de triunfo sobre nós mesmos.
Sem dificuldade, ninguém consegue aferir as próprias conquistas; sem luta, o mérito é simples palavra ornamental.
Lembremo-nos de que o Mestre inesquecível recebeu a ofensa da morte na cruz, transubstanciando-a em luminosa ressurreição.
Do escuro menosprezo da Terra fez Jesus o caminho radiante para os Céus.
Não te esqueças de semelhante verdade e faze do golpe que recebeste no cotidiano, abençoado motivo de progresso e renovação.
Auxilia aos que te seguem os passos e mantém a certeza de que receberás em pagamento de paz e luz o concurso daqueles que te antecederam no acesso às culminâncias da Vida Maior.
Piedade em Casa
Não aguardes as ocorrências da dor para desabotoares a flor da piedade no coração.
Sê afável com os teus, sê gentil em casa, sê generoso onde estiveres.
No lar, encontrarás múltiplas ocasiões, cada dia, para o cultivo da celeste virtude.
Tolera, com calma silenciosa, a cólera daqueles que vivem sob o teto que te agasalha.
Não pronuncies frases de acusação contra o parente que se ausentou por algumas horas.
Não te irrites contra o irmão enganado pela vaidade ou pelo orgulho que se transviou nos vastos despenhadeiros da ilusão.
Na tarefa de esposo, desculpa a franqueza ou a exasperação da companheira, nos dias cinzentos da incompreensão; e, no ministério da esposa, aprende a perdoar as faltas do companheiro e a esquecê-las, a fim de que ele se fortaleça no crescimento do bem.
Se és pai ou mãe, compadece-te de teus filhos, quando estejam dominados pela indisciplina ou pela cegueira; e, se és filho ou filha, ajuda aos pais, quando sofram nos excessos de rigorismo ou na intemperança mental.
Compreende o irmão que errou e ajuda-o para que não se faça pior, e capacita-te de que toda revolta nasce da ignorância para que tuas horas no lar e no mundo sejam forças de fraternidade e de auxilio.
Quando estiveres à beira da impaciência ou da ira, perdoa setenta vezes sete vezes e adota o silêncio por gênio guardião de tua própria paz.
Compadece-te sempre.
Se tudo é desespero e conturbação, onde te encontras, compadece-te ainda, ampara e espera, sem reclamar.
Guarda a piedade, entre as bênçãos do trabalho.
Habituemo-nos a ignorar todo mal, fazendo todo o bem ao nosso alcance.
A piedade do Senhor, nas grandes crises da vida, transformou-se em perdão com bondade e em ressurreição com serviço incessante pelo soerguimento do mundo inteiro.
Não te irrites contra o irmão enganado pela vaidade ou pelo orgulho que se transviou nos vastos despenhadeiros da ilusão.
Auxiliar é a honra que nos compete.
Posses Terrestres
“... Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens ajuntado para quem será?”.
- Jesus (Lucas, 12:20)
Do ponto de vista da posse, de que disporá o homem, que realmente lhe pertença?
O corpo é uma bênção que lhe foi concedida pelos pais, em nome do amor eterno que rege a vida.
A família é uma equipe de corações afins e menos afins, em que ele estagia.
Os laços afetivos em que se motiva para trabalhar e viver podem ser mudados os subtraídos, a qualquer tempo.
O nome é uma doação do registro civil que o arrola nos acervos da estatística para definir-lhe o nascimento e a situação.
As potências mentais e os recursos físicos que se lhe erigem por instrumentos sutis de manifestação, muita vez são suscetíveis de sofrer temporárias cassações, dentro dos princípios de causa e efeito.
O prestígio social é um movimento digno, mas claramente mutável, entretecido pelas opiniões de amigos e adversários.
O conhecimento intelectual é um quadro de afirmações provisórias, no edifício da evolução, de que ele compartilha sem ser o responsável.
A fortuna material é um empréstimo dos Poderes Superiores que, não raro, lhe escapa ao controle, quando menos espera.
Tudo o que a criatura humana possui é tão-somente obséquio, concessão, favor ou benefício da Providência Divina ou da Bondade Humana.
Todos temos efetivamente de nós unicamente a nossa própria alma e, já que somos usufrutuários de todos os bens da vida, estejamos constantemente prevenidos para dar conta de nós próprios, ante as Leis do Destino, no tocante a uso e proveito, rendimento e administração.
Se aspiras o título de obreiro do Senhor, não olvides que o mundo é um campo imenso de trabalho para a lavoura do bem.
Do escuro menosprezo da Terra fez Jesus o caminho radiante para os Céus.
Prisão
Mentalizemos a criatura recolhida à prisão para relacionar-lhes os aflitivos problemas.
Quase sempre chora sem lágrimas sob o azorrague do remorso a zurzir-lhe o espírito, arrependendo-se, tardiamente, da culpa que poderia ter evitado a preço de complacência.
Dia e noite, o relógio assinala-lhe os instantes amargos que se acumulam em cristalizações de angústia que, freqüentemente, raiam no desespero.
Padece doloroso banimento social, em compulsória distância daqueles que mais ama.
Recebe surpresas ingratas na abjeção a que se vê relegada, seja na companhia dos elementos inferiores que lhe partilham a penitência ou na hostilidade daqueles que se lhe erigem, por inimigos sorridentes do cárcere.
Além de tudo, porém, é constrangida a perder os patrimônios do tempo, de vez que a reclusão lhe subtrai preciosas oportunidades de aprimoramento e progresso.
No símbolo, encontramos a posição aviltante que Jesus, por Divino Médico, procurou conjurar em nosso favor, exortando-nos ao perdão sem limites, porque, em verdade, malquerença e ressentimento, não são mais que perigosa enxovia mental, impedindo-nos a livre assimilação dos bens que a vida nos oferece, segregando-nos em algemas fluídicas que de enfermidade e de treva, entre as quais, muita vez, apressamos o passo da morte prematura.
Não contes ofensas e chagas, pedradas e cicatrizes.
Recorda que em tudo somos acalentados pelo amor incessante da Providência Divina e sigamos adiante, lembrando-nos de que, além da noite, o Sol brilha sem sombra, por mensagem de Deus, bradando a plenos Céus, a vitória da luz.
Se tudo é desespero e conturbação, onde te encontras, compadece-te ainda, ampara e espera, sem reclamar.
Perversidade e crítica expressam aridez e secura capazes de arruinar-te a esperança.
Quando em Súplica
Quando em súplica, rogando o socorro divino, não te esqueças dos recursos que o Senhor amontoou, ao teu lado, para te não falte socorro nas menores circunstâncias da vida...
Recorda:
- O corpo sadio e proveitoso que o mundo te empresta;
- O lar acolhedor em que te refugias;
- A devoção e o carinho dos que te cercam;
- O trabalho que te abrilhanta o roteiro;
- Os elementos de que dispões em teu próprio benefício;
- Os dons da saúde e da inteligência, do serviço e do amor que te enriquecem a alma;
- A visão clara;
- O ouvido percuciente;
- As mãos hábeis e o tesouro das afeições...
Recorda que a enxada não é concedida ao lavrador para a exaltação da ferrugem e o pão não te farta o celeiro para a exaltação do mofo!
Usa os instrumentos que constituem a tua bênção.
Honra os minutos para que o dia te honre.
Não menosprezes a oportunidade que te coroa a estrada como o Sol no caminho.
Trabalha, aprende, ama, crê, espera e auxilia!...
E, então, pedindo, receberás, porque atendendo aos interesses do Senhor, junto do próximo, o Senhor atenderá aos teus próprios interesses junto de ti.
Se aceitaste o Evangelho por abençoado roteiro de aperfeiçoamento, não te esqueças da representação que nos cabe em toda parte.
Servidor da Última Hora
No estudo da posição daquele trabalhador de última hora, credor de precioso salário, a que se reporta o Evangelho, mentalizemos uma oficina com determinada tarefa a realizar. Revelando as diretrizes, que lhe governam a experiência, convocou diversos operários para o serviço em expectação.
Os primeiros chegados, quando a manhã surgia promissora, começaram a examinar indefinidamente a obra, discutindo particularidades e nugas, com menosprezo do tempo.
Os segundos, trazidos a realização, sentiram-se repentinamente cansados, acreditando muito mais na própria indisposição orgânica que no poder de agir que lhes era peculiar.
Os terceiros, transportados ao recinto quando o Sol avançava, preferiram invariável repouso, à espera de orientação e esclarecimento, como se a oficina lhes não houvesse ofertado, previamente, o programa de ação.
Os demais, conduzidos à casa nas derradeiras horas do dia, estacionaram na queixa e no desânimo, no medo e na distração...
Acotovelavam-se todos, inutilmente, esquecidos de que o serviço lhes rogava devotamento e consagração.
Eis, porém, que nos últimos instantes do dia, o servidor diligente é trazido ao trabalho e atende-o sem discussão.
Naturalmente que a esse o vencimento é mais justo, pelo esforço construtivo que lhe assinalou a presença e lhe marcou a decisão.
Conserva contigo o ensinamento do Divino Mestre e não desfaleças.
Ao longo de teus passos, aparece no mundo a sementeira do bem, que te pede renúncia e boa vontade, sacrifício e compreensão.
Desperta e efetua a obra de amor a que foste chamado, porque o valor de tua existência na carne não será conferido pelos dias longos que desfrutes na Terra ou pelos tesouros do corpo e da alma que retenhas contigo, mas, sim, pela tarefa executada no bem incessante que te será coroa de luz, na luz da Vida Real.
Onde fores defrontado pela calúnia, sê a palavra amiga do esclarecimento benéfico.
Indolência e desânimo, são ervas parasitárias, aniquilando-te a produção.