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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Cura-Francisco Cândido Xavier

 

Índice do Blog 

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Cura

("Cura", de Francisco Cândido Xavier, por Autores Diversos)

01 - Cura

Amigo Leitor:

São inúmeros os companheiros que nos perguntam de que modo sanar os males do mundo          Enfermidades e desequilíbrios encontram-se em toda a parte.

É preciso considerar que de algum modo, na Terra todos somos doentes.

Se te propões a curar-te, aqui te oferecemos neste livro despretensioso uma coleção de receitas que, se usadas, poderão trazer-te a cura desejada de males maiores ou menores e afastar-te daqueles outros que te assediam, porque a farmácia para a aquisição de semelhantes medicamentos pertence a Jesus.

Emmanuel

Uberaba, 6 de agosto de 1987.

a b

02 - Perante  Deus

Emmanuel

Se houve alguém na terra com autoridade suficiente para definir o Supremo Criador do Universo, esse alguém foi Jesus, que O representava, sublime, à frente da humanidade.

Entretanto, para desincumbir-se da divina missão de revelá-LO a nós outros, não se perde em cogitações da inteligência, de vez que a inteligência é fatalmente constrangida a renovar-se, todos os dias.

Nem presunção.

Nem retórica.

Nem violência.

Nem fantasia.

O Mestre Inolvidável serviu apenas, elegendo o amor puro e irrestrito, a força de sua mensagem inesquecível.

De todas as criaturas busca a melhor parte para exalçá-las à gloria excelsa.

Doutrinando os doutores do Templo, não lhes menospreza a cultura. Apenas esclarece-os.

Em contato com Zaqueu, não lhe amaldiçoa os haveres. Auxilia-o a usá-los.

Junto a Madalena, não lhe vergasta a condição de mulher sofredora. Soergue-lhe o bom ânimo.

Ao pé dos enfermos de todos os matizes, não lhes destaca os erros e compromissos.

          Ajuda-os, simplesmente.

          Sofrendo a negação de Pedro, não lhe condena a atitude. Espera a hora justa de ampará-lo com segurança.

          Perseguido por Saulo, não lhe arroja a alma ardente aos pântanos infernais. Procura-o com bondade e transforma-o no bem.

          É que somente através do amor realizado e vivido conseguiremos, de alguma sorte, sentir a grandeza do Autor de Nossos Dias.

          E é ainda por essa razão que o próprio Jesus, convidado pelos discípulos a estabelecer uma norma de oração, no campo da Boa Nova, Ele que trazia das Esferas Resplandecentes a luz da eterna sabedoria, limitou-se à reverência e ao amor, ao respeito e á confiança, definindo Deus, a Causa de Toda Vida, como sendo Nosso Pai.

a b

03 - Espera  e  Confia

Meimei

                                      Eis a dupla singular:

                                      - Escora que nos descansa:

                                      Servir sem desanimar,

                                      Nunca perder a esperança.

                                      Se sofres, serve e confia,

                                      Não te queixes, nem te irrites.

                                      Espera. A bênção de Deus

                                      É proteção sem limites.

a b

04 - Assuntos

Meimei

É verdade.

          Por mais que silencies e por mais que a prudência te assinale as manifestações, a vida te exige relacionamento.

          E o relacionamento te pede falar.

          Surgem aqueles que se referem ao tempo e às dificuldades do mundo.

          Outros se reportam aos fatos da época em que vives, comentando ocorrências que a imprensa divulga.

          E, em muitas ocasiões, anotas a inconveniência e a infelicidade dos apontamentos expostos.

          Quando isso acontecer, respeita as qualidades e os créditos daqueles que comandam as notas que o boato acalenta e modifica a situação.

          Todo diálogo assemelha-se à estrada de que se pode retirar esse ou aquele ramal para determinados fins.

          À vista disso, quando a conversação ambiente se te mostre indesejável,usa tato e caridade e improvisa um ramal para o trânsito de novas idéias.

          Feito isso, tanto quanto possível e se possível, auxilia aos circunstantes, falando de Jesus.

a b

05 - Males  Menores

Emmanuel

          Maldade é sempre treva no coração, que nos cabe evitar a benefício dos outros e em favor de nós mesmos.

          Entretanto, nos chamados males da Terra, é indispensável discernir as ligações do Senhor nos mínimos ângulos de cada dia, para que lhes percebam a valiosa função na garantia do bem.

          Observemos a natureza.

          Quase sempre, a plantação é amparada pelos detritos do campo para atingir a produção desejável.

          Para que o leito do rio se não desfaça, atendendo aos requisitos do charco, a dureza da pedra e a secura da areia lhe defendem a segurança.

          O minério anônimo, para entrar no campo das formas, não prescinde do fogo que lhe plasma as figurações.

          E o próprio pão que regala à mesa é sempre um fruto da bondade da vida, filtrado através da dilacerações incontáveis.

           Aprendamos a receber os males menores que nos asseguram paz e triunfo sobre os grandes males do mundo.

          Rara porcentagem das súplicas que sobem da Terra ao Céu recolhe, de retorno, a assistência precisa, na forma imediatista de alegria ou de reconforto.

          Quase todas, para alcançar o objetivo a que se propõem, obtêm do Senhor os males menores por respostas providencial e oportuna.

          Aqui, é uma enfermidade-socorro que te preserva o espírito contra o assalto das tentações.

          Ali, é um obstáculo-benção que te impede a adesão à irresponsabilidade e à loucura.

          Além, é um amor-ferramenta que te obriga ao sacrifício constante, na sublimação de ti mesmo.

          Acolá, é um desencanto-auxílio, constrangendo-te ao reajuste da própria alma.

          Adiante, é uma dificuldade-luz, impelindo-te à comunhão com as Esferas Superiores.

          Abençoemos as pequenas aflições e os humildes tropeços da estrada, de vez que a luta bem vivida e o trabalho bem realizado constituem os únicos recursos de ascensão ao verdadeiro bem.

          Muitas Almas com os bens aparentes do mundo compram apenas desilusão e tragédia, amargura e arrependimento, enquanto que muitas outras se elevam diariamente da vida física às culminâncias da Luz, conduzidas pelos supostos males que lhes minavam a passageira existência.

          Recordemos a cruz de Cristo...

          Quando se ergueu, diante dos homens, era humilhação e derrota, mas, aceita com amor e renúncia, converteu-se em caminho de paz e ressurreição.

a b

06 - Dádiva

João de Deus

                                                O auxílio ao próximo ensina

                                                O amor que nutre e agasalha.

                                                Inda que seja em migalha

                                                O pão é carinho e luz.

                                                Muito embora pequenina,

                                                Sem que alguém possa entrevê-la,

                                                A dádiva é como estrela

                                                Na doce mão de Jesus.

a b

07 - Perguntas  e  Respostas

Emmanuel

1º - “Qual a observação transcendental em torno da oração?”

        R: Dispomos, na oração, do mais elevado sistema de intercâmbio entre a Terra e o Céu.

          Pelo circuito da prece, a criatura pede amparo ao Criador, e o Criador responde         à criatura pelo princípio inelutável da reflexão espiritual, estendendo-lhe os       braços, a fim de que ela se erga dos vales da vida fragmentária para os cimos da vida vitoriosa.

2º - “E relativamente à tolerância?”

         R: Tolerar é refletir o entendimento fraterno, e o perdão será sempre profilaxia segura, garantindo, onde estiver, saúde e paz, renovação e segurança.

3º -“Ainda com respeito às nossas observações, com interpretar a humildade?”

          R: Refletindo-a do Céu a Terra, em penhor de redenção e beleza, o Cristo de Deus      nasceu na palha da manjedoura e despediu-se dos homens pelos braços da cruz.

a b

08 - Origem  da  Guerra

Emmanuel

                                                No símbolo do Éden,

                                                Entre luzes e flores,

                                                O ódio veio a Caim

                                                Sob a capa da inveja.

                                                Caim matou Abel,

                                                E espalharam-se os males...

                                                Doenças, penas, dores

                                                Resultaram do evento.

                                                Pediu a evolução

                                                O concurso da morte.

                                                A guerra vem dos homens

                                                Nunca da Paz de Deus.

a b

09 - Responsabilidade

Emmanuel

          Quase sempre registrando a afirmativa do Senhor –“muito se pedirá a quem muito recebeu” –automaticamente nos recordamos daquelas criaturas a quem devemos apreço pela eminência a que foram guindadas nas telas de nosso tempo e de nossa vida.

          E lembramos os grandes mordomos da economia amoedada, os vultos distintos da religião, os destacados criadores do pensamento literário, os cientistas de prol e personalidades outras de nosso convívio que transcenderam por seu trabalho a ordem comum.

          E delas exigindo maiores soma de renunciação pessoal em nosso proveito, esquecemo-nos da quota de recursos do espírito que nos foi concedida para que também nós nos ergamos de nível no campo da experiência.

          É imperioso saber que a responsabilidade não pode centralizar-se de maneira absoluta em alguém, sob pena de sufocarmos o progresso.

          À feição da escola em que a instrução crescente é patrimônio de aprendizes e educadores e à maneira da oficina em que o trabalho é a riqueza de dirigentes e dirigidos, no terreno das conquistas morais é preciso não esquecer que todos somos chamados à obra em conjunto, na qual somos todos devedores à felicidade geral, no esforço que corresponda aos valores que recebemos da vida.

          Ante a palavra de Cristo, não te fixes apenas no “muito” que os outros entesouraram, mas lembra acima de tudo os talentos que guardas por tua vez à espera de tua própria consagração ao bem, para que possas responder sem corar no balanço das horas, quando se pedirá a ti contas justas das bênçãos de segurança e conhecimento que acumulas contigo, com a obrigação de fazê-las frutificar na esfera do serviço e no campo do rendimento, considerando-se as necessidades do próximo.

a b

10 - Divulgação  Espírita

Emmanuel

          Quanto mais se aperfeiçoam no mundo as normas técnicas da civilização, mais imperiosas se fazem as necessidades do intercâmbio espiritual.

          À vista disso, nos mecanismos de propaganda, em toda parte, os mostruários do bem e do mal se misturam, estabelecendo facilitários para a aquisição de sombra e luz.

          Nesse concerto de forças que se entrechocam nas praias da divulgação, em maré crescente de novidades ideológicas, através das ondas de violentas transformações, a Doutrina Espírita é o mais seguro raciocínio, garantindo a alfândega da lógica destinada à triagem correta dos produtos do cérebro humano com vistas ao proveito comum.

          Daí a necessidade da divulgação constante dos valores espirituais, sem o ruído da indiscrição, mas sem o torpor do comodismo.

          Serviço de sustentação do progresso renovador.

          Quanto puderes, auxilia a essa iniciativa benemérita de preservação e salvamento.

          Auxilia a página espírita esclarecedora, a transitar no veículo das circunstâncias, a caminho dos corações desocupados de fé, à maneira de semente bendita que o vento instala no solo devoluto e que amanhã se transformará em árvore benfeitora.

          Ampara o livro espírita em sua função de mentor da alma, na cátedra do silêncio.

          Prestigie o templo espírita com o respeito e a presença, com o entendimento e a cooperação, valorizando-lhe cada vez mais a missão de escola para a Vida Superior.

          Como possas e quanto possas relaciona as bênçãos que já recebeste da Nova Revelação, reanimando e orientando os irmãos do caminho.

          Disse-nos Jesus: - “Não coloques a lâmpada sob o alqueire”.

          Podes e deves expor a tua idéia espírita, através da vitrine do exemplo e da palavra, na loja de tua própria vida, para fazê-la brilhar.

ando-se as necessidades do próximo.

a b

11 - Progresso

Emmanuel

          A sublimação do espírito, na essência, obedece aos mesmos princípios que preponderam no aprimoramento da vida material.

           Em todos os setores da evolução, anotamos o contrato justo entre o Criador e a Criatura na base de todas as realizações.

           Na arte, sem dúvida, concede o Senhor ao missionário da beleza a inteligência e a matéria prima, exigindo-lhe, porém, dedicação e devotamento à obra que lhe compete atender, a fim de que o mármore ceda de si os primores da estatuaria ou a fim de que a melodia se ajuste ao pentagrama.

           Na indústria, sentimos o amor celeste conferindo ao tarefeiro da utilidade os recursos do solo, como sejam o tronco e o fio, a argila ou o metal, reclamando-lhe, contudo, paciência e esforço próprio, a fim de que as riquezas da civilização se levantem.

           Em toda parte, identificamos as concessões de Deus, convidando-nos ao trabalho, em favor de nós mesmos.

           Não acredites, pois, que as idéias santificantes, expressando valioso patrimônio moral, nos enobreçam a senda simplesmente para que nos lancemos desavisados, ao êxtase improdutivo ou à convicção inoperante.

           Todos os tesouros culturais da religião, da ciência e da filosofia descem do Plano Superior ao caminho que nos é próprio, para que nos façamos melhores, uns à frente dos outros.

           Conhecimentos, teorias, pensamentos e ideais de ordem superior são bênçãos do Céu que nos cabe estender na Terra, para que a materialização da bondade e do amor, do entendimento e da paz façam mais luz no roteiro dos que nos cercam.

           Lembra-te, pois, de que a fé viva a inflamar-se em tua alma não é apenas uma chama de reconforto exclusivista, mas, antes de tudo, um desafio permanente da Eterna Sabedoria, a fim de que convertas a luta em vitória e a experiência diária em lâmpada redentora a clarear-te, desde agora, na divina ascensão ao sublime porvir.

a b

12 - Nas  Relações  Humanas

Emmanuel

          Cristo nas relações humanas começará no homem com Cristo, ou a civilização genuinamente cristã não passará no mundo de fábula brilhante de nova mitologia.

          Para isso é imprescindível que nos afeiçoemos, em verdade, ao Espírito dos Evangelhos, para consolidarmos na Terra o verdadeiro reinado do Espírito.

           Não nos basta à mística do templo organizado com todos os recursos para a exaltação do culto externo de nossa fé.

          Nos santuários de pedra e ouro, o Mestre Divino jaz encerrado à maneira de um morto ilustre, cercado de frases fulgurantes no cenotáfio que lhe conserva os despojos.

           Somos atualmente convocados, não mais a consagração do serviço religioso encarcerado no círculo da interpretação literal, mas à religião viva do exemplo, sentido e vivido com o nosso coração e com o nosso sangue, com o nosso ideal e com o nosso suor para que o hino espiritual do Evangelho, espraiando-se da nossa área individual de compreensão, se estenda a todas as criaturas, anunciando ao Planeta um Novo Dia...

           É por isso que o selo do sacrifício nos valoriza o caminho, é por esse motivo que a dor e a luta se transformam em clima incessante de todos os que abraçam na Boa Nova o roteiro da libertação que lhes é própria.

           A descrucificação de Jesus é o nosso trabalho primordial, para que os braços do Celeste Amigo, usando os nossos, penetrem o coração da humanidade, soerguendo-a aos níveis superiores que lhe cabe atingir.

           Nossa estrada, em razão disso, se converte em respeitável indicação para aqueles que, ainda, não nos partilham o entendimento.

          Nossas atitudes e nossas palavras, nossas dores superadas e nossas ansiedades vencidas constituem páginas de amor e luz que os outros lêem, habilitando-se à grande e abençoada renovação.

          Situemos o Senhor que buscamos, compreendendo o mundo, e servindo aos nossos semelhantes, através dos seus olhos e inspirados em seus padrões superiores, venceremos os desafios do tempo, reduzindo séculos e milênios na construção do Reino Divino que o antigo espaço da Terra aguarda de nossas mãos.

a b

13 - Máximas

Emmanuel

“Não rejeiteis, pois, a vossa confiança, que tem grande e avultado galardão” - Paulo-.

Hebreus, 10,53

          Não lances fora a confiança que te alimenta o coração.

          Muitas vezes, o progresso aparente dos ímpios desencoraja o fervor da almas tíbias.

          A virtude vacilante recua ante o vício que parece vitorioso.

          Confrange-se o crente frágil perante o malfeitor que se destaca, aureolado de louros.

          Todavia, se aceitamos Jesus por nosso Divino Mestre, é preciso receber o mundo por nosso educandário.

          E a escola nos revela que a romagem terrestre é simples estágio do Espírito no campo imenso da vida.

          Todos os séculos tiveram soberanos e dominadores.

          Muitos se erigiram em pedestais de ouro e poder, ao preço do sangue e das lágrimas dos seus contemporâneos.

          Muitos ganharam batalhas de ódio.

          Outros monopolizaram o pão.

          Alguns comandaram a vida política.

          Outros adquiriram o temor popular.

          Entretanto, passaram todos...

          Por troféu no mundo após as laboriosas empresas a que se consagraram, receberam apenas o sepulcro faustoso em que se sobressaem na casa fria da morte. 

          Não rejeites a fé na passagem educativa da Terra, que te impõe à visão aflitivos quadros no jogo das convenções humanas.

          Recorda que o Senhor permite a existência do martelo para que a pedra se aperfeiçoe!

          Lembra-te da Imortalidade – nossa divina herança.

          Por onde fores, conduze tua alma por fonte preciosa de compreensão e serviço!

          Onde estiveres sê generoso, otimista e diligente no bem.

          O corpo físico é apenas tua veste.

          Luta e aprimora-te, trabalha e realiza com o Cristo e aguarda, confiante, o futuro, na certeza de que a vida de hoje te espera, sempre justiceira, no amanhã que não faltará.

a b

14 - Caridade

João de Deus

                                         Caridade em nossos passos

                                         - Puro amor que nos irmana -

                                         É Jesus abrindo os braços

                                         No campo da vida humana.

a b

15 - Intelectualismo

Emmanuel

          Nos tempos modernos, mentalidades existem que pugnam pelo desaparecimento das noções religiosas do coração dos homens, saturadas do cientificismo do século e trabalhadas por idéias excêntricas, sem perceberem as graves responsabilidades dos seus labores intelectuais, porquanto hão de colher o fruto amargo das sementes que plantaram nas almas jovens e indecisas.

          Pede-se uma educação sem Deus, o aniquilamento da fé, o afastamento da esperança numa outra vida, a morte da crença nos poderes de uma providência estranha aos homens.

          Essa tarefa é inútil.

          Os que se abalançam a sugerir semelhantes empresas podem ser dignos de respeito e admiração, mas assemelham-se a alguém que tivesse a fortuna de obter um oásis entre imensos desertos. Conformados e satisfeitos na sua felicidade ocasional, não vêem as caravanas inúmeras de infelizes transitando sobre as areias ardentes.

a b

16 - Oração  da  Enfermeira

Meimei

                                      Tempestade, tempestade,

                                      Por que tanto escarcéu?

                                      Quando o teu brado estremece

                                      A imagem do próprio Céu?

                                      Conduzidas por teu braço,

                                      Há nuvens tremeluzindo,

                                      Lançando granito aos montes,

                                      Lembrando feras rugindo...

                                      Quando expeles ameaças,

                                      Sem limpa e justa razão,

                                      Quem serás?... De onde procedes?...

                                      Da ira de algum dragão?

                                      Trazes à terra a água pura,

                                      Em corrente clara e mansa.

                                      Por que não te contentas

                                      Nessa benção de esperança?

                                      Do teu seio brotam fontes,

                                      Gerando o solo fecundo.

                                      Por que não vives em paz,

                                      Nesses encargos do mundo?

                                      Mas não venho criticar

                                      Os teus impulsos valentes.

                                      Quero dizer-te que tenho

                                      Trinta crianças doentes.

                                      Não tiveram mães que as amem,

                                      Mas decerto que advinhas:

                                      Quando apareces gritando,

                                      Choram de susto sozinhas!...

                                      Tempestade, tempestade,

                                      Atende aos pedidos meus.

                                      As criancinhas doentes

                                      São também filhas de Deus.

a b

17 - Medicina

André Luiz

          Toda a medicina honesta é serviço de amor, atividade de socorro justo; mas, o trabalho de cura é peculiar a cada espírito.

           A medicina humana será muito diferente no futuro, quando a Ciência puder compreender a extensão e complexidade dos fatores mentais no campo das moléstias do corpo físico.

           Muito raramente não se encontram perturbações diretamente relacionadas com o psiquismo.

           As preocupações excessivas com os sintomas patológicos aumentam as enfermidades; as grandes emoções podem curar o corpo ou aniquilá-lo. Se isso pode acontecer na esfera da atividade vulgar, imagine o campo enorme de observações que nos oferece o plano espiritual, para onde se transferem todos os dias, milhares de almas desencarnadas, em lamentáveis condições de desequilíbrio da mente.

           O médico do porvir conhecerá semelhantes verdades e não circunscreverá a ação profissional ao simples fornecimento de indicações técnicas, dirigindo-se, muito mais, no trabalho curativo, às providências espirituais, nas quais o amor cristão represente o maior papel.

a b

18 - Entrega-te a  Deus

Emmanuel

                                                Procuraste remédio

                                                Para o mal que te aflige.

                                                Repouso demorado

                                                Ampliou-te a aflição.

                                                Longas explicações

                                                Aumentaram-te a dor.

                                                Companhias aos montes

                                                Fizeram-te mais só.

                                                Detém-te, ora e reflete,

                                                Contemplando a ti mesmo.

                                                Se pretendes curar-te,

                                                Busca entregar-te a Deus.

a b

19 - Sombra  e  Luz

Emmanuel

           Nenhum espírito da comunidade terrestre possui tanta luz que não admita em si certa nesga de sombra, nem existe criatura com tanta sombra que não guarde consigo certa faixa de luz.

          Aprende a fixar o próximo com a claridade que há em ti.

          Não creias porém , que semelhante trabalho se filie ao menos esforço, porque, pelo peso das trevas que ainda imperam no mundo, a sombra que ainda nos envolve , na Terra, a cada instante, insinuar-se-nos-á no próprio entendimento, perturbando-nos as interpretações.

          Se te demoras na obscuridade, não enxergarás senão os defeitos e as cicatrizes, as feridas e as nódoas que caracterizam a fisionomia do irmão infortunado, constrangendo-te ao medo e à usura, à incompreensão e à aspereza. E sabemos que quantos se detêm no cipoal ou no charco não encontram outros elementos, além da lama ou do espinho, para oferecer.

          Alça a lâmpada acesa do conhecimento superior e avança para a frente, e, então, a ignorância e a delinqüência surgir-nos-ão aos olhos por enfermidades da alma, que é preciso extirpar, a benefício da felicidade comum.

          “Não saiba a vossa mão esquerda o que deu a direita” – ensina-nos o Evangelho – e ousamos acrescentar:”não saiba a nossa sombra o que faz a nossa luz”, porque, dessa forma, avançando, acima das tentações da vaidade e do desânimo, a chispa humilde de nossa fé no Bem Infinito poderá transformar-se em chama viva e redentora para o caminho de todos os que nos cercam.

a b

20 - Na  Trilha  da  Caridade

Emmanuel

          Não condenes o mundo.

          A caridade em cada gesto e em cada frase acende o clarão de uma benção. Será talvez por isso que a Sabedoria Divina ergueu o cérebro, acima do tronco, por almenara de luz, como a dizer-nos que ninguém deve agir sem pensar, mas, entre a cabeça que reflete e as mãos que auxiliam, situou o coração por estrela de amor, fulgurando no meio.

Não te esqueças que o mundo é a criação de Deus.

a b

21 - Indicações

Casimiro Cunha

                                      Tantas perguntas em nós!

                                      No entanto, em linhas gerais,

                                      Eis a resposta da vida:

                                      -Trabalhar um tanto mais.

                                      Conflitos rogam socorro

                                      Entre filhos, mães e pais.

                                      O amor carreia um pedido:

                                      - Tolerância um tanto mais

                                      Provações nos desafiam

                                      A luta descomunais.

                                      A verdade traça a norma:

                                      -Paciência um tanto mais

                                      Desacertos nos induzem

                                      A desalentos fatais.

                                      Entretanto, a Fé proclama:

                                      -Esperança um tanto mais

                                      Incompreensão aparece,

                                       Lançando golpes brutais.

                                      Mas o Perdão solicita

                                      -Esquecer um tanto mais.

                                      Por fim, vem a voz do Cristo,

                                      Nos Ensinos Imortais:

                                      - Irmãos, a paz que lhes dou

                                      É servir um tanto mais

a b

22 - Mensagem  aos  Espíritas

Venâncio Café

          Orastes, comovendo-nos as fibras mais íntimas da alma, e, por nossa vez, imploramos também, junto de vós,a paz e a Luz Divina.

          Nossas súplicas, nem sempre, tomam o caminho vertical das Alturas.

          Por vezes, buscam a direção horizontal, onde os apelos são levados a efeito de irmãos para irmãos. Assim, permiti-me a alegria de rogar-vos também continuidade de amor e união fraternal em nossa Causa bendita.

          Estejamos de mãos entrelaçadas no serviço do Mestre, que nos adquiriu para a safra da liberdade ao Sol da Vida Maior.

          Empenhemo-nos no esforço de unificarmos aspirações e sentimentos da oficina que nos irmana.

          Compreendamos as dificuldades uns dos outros.

          Toleremo-nos reciprocamente.

          Auxiliemo-nos em nossas fraquezas mútuas.

          Jamais esqueçamos a renúncia pessoal como emissária da iluminação.

          Seja o perdão fraternal nossa benção de cada hora, de uns para com os outros, para que a nossa obra de continuação espiritual não sofra em seus fundamentos.

          O Senhor, que nos confiou a lâmpada viva, em tempo algum se esquecerá de sustentar a chama de nossas possibilidades e de nossa fé vibrante, desde que o óleo da boa vontade seja encontrado nos círculos de nosso espírito de serviço.

          Quando algum de vós outros,encarnados ou desencarnados,não oferecer condições satisfatórias para integral aproveitamento dos minutos terrestres na obra divina,olvidemos a leviandade que fere, semeando, ao invés dela, flores abençoadas de cooperação e de amor.

          Quando estivermos em sombras temporárias,ó meus irmãos, nunca acentuemos a escuridão.

          Acendamos o clarão do entendimento fraterno para que os germes do bem, por onde passarmos, não sejam crestados pelo calor desmedido de nossas paixões.

          Quando a luta nos visite os corações, sejamos brandos e compassivos.

          Fujamos de avivar o incêndio da discórdia, procurando recursos de paz a fim de que a fraternidade permaneça em nossas almas.

          Se as pedradas chegam de longe ou de perto,unamo-nos para que o choque do coração nos atritos do mundo não nos desintegre as energias conjugadas no objetivo da elevação.

          Jesus,muitas vezes, e em que distância de nós! Nos tem desculpado as faltas e relevado as imperfeições! Quantos débitos tem liquidado a nosso favos, conferindo-nos novas oportunidades de restauração! Por que não nos tolerarmos uns aos outros, desculpando-nos infinitamente,para servi-lo e honrá-lo com nosso concurso de servos frágeis?!...

          Como suportaremos a tempestade, se meros golpes de vento, em muitas ocasiões, nos espantam o coração, chamado não só ao reconforto e a afabilidade, mas também à fortaleza e ao trabalho árduo?

          Temos, perante nós, um grande setor da lavoura evangélica...

          Que o Supremo Pai nos auxilie a cumprir os deveres que nos cabem, de vez que nós outros somos por enquanto herdeiros de ásperas obrigações, por havermos aniquilado muitos direitos no passado mal vivido! Nossas esperanças permanecem floridas, árvores generosas do nosso pomar de ação espiritualizante começam a frutescer.

          Entrelacemos nossos braços , no serviço que o Jardineiro Celeste abençoa, amparando-nos mutuamente, com sinceridade e carinho.

          Todos nós conhecemos, de sobejo, a justiça pelo nível intelectual que já atingimos.

          Nossa inteligência sobe ao alto, perquire os abismos e, por isso, percorre particularizadamente as noções da justiça humana.

          Entretanto ,só o amor cobre a multidão dos nossos erros, e precisamos desenvolver o sentimento na intimidade do próprio ser.

          Com a lei antiga sabíamos defender o mundo.

          Mas, com Jesus, com a Lei Nova,podemos salvá-lo.

          E em verdade, meus amigos,nunca nos remidiremos sem entendermos fraternalmente uns aos outros.

          Por amor à nossa tarefa, oro aqui, endereçando-me ao Senhor e aos vossos corações,como meu espírito inundado em lágrimas – lágrimas de confiança em vossa cooperação – de júbilo com o vosso auxílio de sempre.

          Permiti que este vosso servidor e amigo repita: Subamos mais! Sigamos montanha acima!

          Olvidemos nossos desejos para que a Vontade Superior nos domine.

          Conduzamos nossa bandeira de luz do vale de nossas necessidades para a culminância da colaboração fiel com o Cristo.

          E permanecei na certeza de que , no cimo do monte, Ele nos espera de braços abertos, cheio de amor e abnegação, reportando-se aos séculos passados para reafirmar aos nossos ouvidos: “Bem -aventurados os mansos de coração, porque eles herdarão a Terra”!.

a b

23 - Vida  e  Amor

Irmão X

          A cena desenrolou-se há quase cinco anos.

          O apelo vinha de longe. O cansaço da velha amiga se lhe desenhava no rosto. E o rosto dela se nos refletia no espelho da mente.

          Era D.Maria Eugênia da Cunha, que eu conhecera menina e moça em meus últimos tempos no Rio. Lembrava-nos a afeição, rogava socorro espiritual.A jovem de outra época era agora uma viúva,pobre, residindo por favor com o filho único, recém-casado.

          O chamamento lhe fluía do ser, em nossa direção: “Meu amigo, em nome de Jesus, se é possível, auxilie-me... Não agüento mais!”.

          Utilizando os recursos do desencarnado, quando pode ganhar distância e tempo,fomos vê-la e encontramo-la, arrasada se angústia, ante as invectivas da nora. Maria Cristina, a boneca que lhe desposara Júlio, o filho que ela preparara com tanto mimo para a vida, não considerava nem mesmo a tempestade lá fora, e ordenava.

          -E a senhora saia daqui hoje...

          -Mas hoje? Com esta noite? –arrazoava a sogra, em pranto.

          -Estou farta, se eu fosse velha moraria no asilo.

          -Preciso ver meu filho...

          -Isso é que não. Quem manda nesta casa sou eu...

          -Sou mãe.

          -Seja o que for, saia daqui. A senhora tem irmão no Leblon, tem sobrinhos em Madureira...

Pode escolher.

          -Maria Cristina!...

          -Não dramatize.

          -Afinal, você me expulsa deste modo?! Que fiz eu?

          -Não vou com a sua cara.

          -Minha filha ,pelo amor de Deus, não me atire assim porta fora...

          -Arranque-se daqui ou não respondo pelo que possa acontecer.

          -Júlio!...Quero ver Júlio!...

          -A senhora não mais envenenará meu marido com as suas conversas...

          -Ah! Meu Deus!...

          -Não se escore em Deus para mudar de assunto.Saia agora!

          -Preciso arranjar minhas coisas, minha roupa...

          -Nada disso...Amanhã ,a senhora telefona, que eu mando seus cacarecos...

          -Não posso sair assim---

          -Vamos ver quem pode mais...

Colocando algum dinheiro nas mãos da sogra, sacudiu-a com violência e, em seguida, puxou-a até a porta e gritou:

          -Vá de táxi, vá de ônibus, vá como quiser, mas desapareça!

          Inútil qualquer tentame de socorro. A moça, transtornada, não assimilava qualquer apelo de misericórdia.

          Num momento, D.Maria Eugênia se viu empurrada para a rua.A pobre cambaleou, arrastou-se, e, mais alguns minutos de chuva e lágrimas nos olhos, o desastre... Projetada ao longe por pesado veículo, veio à fratura mortal.

          No dia seguinte, identificada pelo filho numa casa de pronto-socorro, largou-se do corpo, ao anoitecer.

          Abateu-se o infortúnio sobre o casal

          Júlio e Maria Cristina passaram a condição de doentes da alma.Por mais que a mulher engenhasse a escapatória, asseverando que a sogra teimara em sair em visita à irmã, debaixo do aguaceiro,o esposo desconfiava.Desconfiava e sofria.

          D.Maria Eugênia, porém, na espiritualidade,compadeceu-se dos filhos e, conquanto enriquecida de proteção e carinho, não se sentia tranqüila ao sabê-los em desentendimento e dificuldade. Repetia preces, mobilizou relações e , depois de quatro anos, venceu o problema, tornando, de novo ,à Terra...

          Hoje, fui ver a velha amiga renascida no Rio. Renasceu de Júlio e Maria Cristina, lembrando uma flor de luz no mesmo tronco familiar.Os pais felizes, agindo intuitivamente, deram-lhe o mesmo nome: Maria Eugênia.O jovem genitor beijava-a enternecido e a ex-nora, transfigurada em mãezinha abnegada, guardava-a sobre o próprio seio, com a ternura de quem carrega um tesouro.

          Meditava nos prodígios da reencarnação,à frente do trio, quando o irmão Felisberto, que me acompanhava, falou, entre alegria e emoção:

          Veja, meu amigo! Não adianta brigar, condenar, ofender,perseguir...A lei de Deus é o amor e o amor vencerá sempre.

a b

24 - Dádiva  de  Deus

Irthes

          Desculpar as ofensas sem comentá-las

          Auxiliar os companheiros do caminho sem falar disso a ninguém.

          Humilhar-se para os amigos, a fim de conservá-los.

          Escutar referências infelizes envolvendo-as em silêncio.

          Ver quadros inconvenientes ou destrutivos apagando-lhes as imagens e as cores na memória,para que não cheguem à conversação.

          Solucionar problemas dessa ou daquela pessoa amiga, sem que ela venha a saber disso.

          Abster-se de qualquer comentário infeliz, quando o propósito de enunciá-lo nos visite a cabeça.

          Repetir informações sem alterar a voz e sem críticas, mesmo risonhas, com os nossos semelhantes que ainda não hajam adquirido a suficiência desejável no domínio da compreensão.

          Respeitar as mágoas alheias, vestindo-as com a benção da amizade e do entendimento.

          Aceitar sem melindres a irritação de qualquer pessoa, sem excitá-la com respostas esfogueantes.

          Apagar o braseiro da discórdia, no nascedouro,sem contar vantagens de semelhante construção espiritual.

          Estejamos certos de que as dádivas em favor dos homens são todas elas bênçãos da vida que a vida nos retribuirá fatalmente; no entanto,existem dádivas para Deus que os beneficiados desconhecem, e que Deus saberá premiar com a luz da alegria e com a paz do coração.

a b

25 - Súplica  do  Livro

Emmanuel

          Amigo:

          Atende-me para que te possa atender.

          Não me dilaceres o corpo, nem me relegues ao canto escuro da prateleira morta.

          Trago-te o ensinamento de todas as épocas na palavra da ciência, na mensagem da filosofia e na revelação da fé.

          Em minha companhia penetrarás, sem alarde, os santuários da arte e da cultura, da sublimação e do progresso.

          Sou alma, pensamento, esperança e consolo...

          Ampara-me e dar-te-ei o tesouro do Amor e da Sabedoria.

          Auxilia-me e auxiliar-te-ei.

          Na claridade que me envolve, elevarás a experiência de cada dia, encontrarás horizontes novos e erguerás o próprio coração para a vida mais alta.

          Apóia-me a caminhada na direção do futuro e receberás comigo, a luz da Imortalidade em nossa destinação de Filhos da Luz.

a b

26 - Presença  de  Deus

Emmanuel

Tribulações talvez

Não te faltem à vida. Recursos que guardavas

Esgotaram-se todos.

Sonhas felicidade,

E a aprovação te abraça Entretanto, não temas

E persiste no bem.

Afastaram-se amigos

Que julgavas reter. Aceita a prova e segue.

Deus não te faltará.

a b

27 - Trabalhando

Bezerra de Menezes

... um prato de soma, em nome do Mestre, vale mais que centenas de palavras vazias, quando as palavras estão realmente vazias de compreensão e de amor.

Entreguemos ao Senhor as lutas estéreis a que somos tantas vezes provocados e prossigamos, com Ele, no trabalho edificante do Bem.

fim