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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Escola no Além-Francisco Cândido Xavier-Cláudia P. Galasse

 

Índice do Blog 

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Escola no Além

Chico Xavier

Cláudia Pinheiro Galasse

Emmanuel

Prezados leitores.

Cláudia Pinheiro Galasse é uma jovem desencarnada em 1982, que voltou à Vida Espiritual sob o amparo de familiares e amigos.

Entregue ao tratamento de recuperação, só em princípios de 1983, atingiu o próprio restabelecimento, conscietizando-se quanto à dor que deixara entre os familiares queridos. Embora as lágrimas, porém, conseguiu equilibrar-se à custa de persistente esforço mental, merecendo o reconforto de comunicar-se com os pais e irmãos, a fim de fortalecê-los.

Em 1984, atendendo-se-lhe a paciência e ao trabalho constante, em favor dos irmãos desenfaixados do corpo físico, mas ainda doentes e revoltados, foi admitida em um dos nossos vários Institutos de apoio e amparo à infância no Além, espiritualmente desprotegida.

Desde esse tempo, vem funcionando com elevado senso de compreensão e humildade, crescendo na admiração e no respeito dos Mentores que supervisionam as nossas Instituições, entre as quais nos encontramos.

Em 1985, foi promovida à condição de professora do nosso Educandário, tornando-se a protetora de todas as crianças, ante os dotes espirituais que lhe caracterizam a vida.

Em 1986, sempre devotada ao espírito do serviço, estudando e ensinando, trabalhando e aprendendo, realizou notáveis diálogos e palestras com grande número de colegas e professores, destinados à elevação do nível mental dos mesmos.

Em janeiro do ano de 1987, instituiu-se entre vinte, das dezenas de Institutos educativos da região, um concurso para a apresentação de um livro, estruturado em pequenas dimensões e tão simples quanto possível, para esclarecimento e reconforto dos familiares que choram a perda de crianças no mundo, especialmente os pais.

O livro seria elaborado por professores que estivessem vinculados na região às áreas do ensino, e devia contar com simplicidade o cotidiano das crianças desencarnadas, retratando-lhes a Vida Espiritual, em traços rápidos.

Cinco Mentores receberiam as páginas das candidatas para exames e conclusões oportunas.

Mais de duzentos educadores compareceram ao certame. E depois de intensa movimentação durante meses, em setembro último, no dia consagrado à Primavera, os resultados foram conhecidos.

O primeiro lugar foi conquistado pela professora Cláudia Pinheiro Galasse, com os aplausos de todos os presentes.

Este é o livro, leitores amigos, que te entregamos nestas páginas simples e despretensiosas, rogando a Jesus que abençoe e inspire a Autora e a todos nós.

Emmanuel

Uberaba, 26 de outubro de 1988

Escola no Além

Márcia Q. da Silva Bacceli

Uberaba, 10 - 08 - 88

Os educandários da Terra oferecem oportunidades, através de um currículo definido, para que as crianças e os jovens organizem e sistematizem o saber, possibilitando, mais tarde, o seu engajamento na vida social.

Platão, o grande filósofo, já dizia:

“− Aprender é recordar”.

Assim como existem os mais variados tipos de escolas na Terra, atendendo a uma clientela diversificada, o mesmo acontece no Plano Espiritual.

Deus não desampara a sua criação!

Muitas crianças e jovens ao liberarem-se do corpo físico, pelo chamado fenômeno da morte, prosseguem estudando e aprendendo na Vida Maior, com uma visão mais ampla do Conhecimento.

A maior angústia dos pais, ao perceberem a morte arrebatando a vida de seus filhos, é a de pensar o que lhes sucederá imaginando-os, por vezes, no mais completo desamparo...

No entanto, a Doutrina Espírita, que legitima a Mensagem Consoladora do Evangelho de Jesus, oferece à Humanidade a mais fecunda literatura do futuro dos espíritos desencarnados, notadamente revelada através da mediunidade ímpar de Chico Xavier.

As inúmeras cartas dos espíritos endereçadas aos familiares pela psicografia do abençoado medianeiro, desvelam a realidade da Vida Imperecível!

Assim é que, Cláudia Pinheiro Galasse, uma jovem contando com apenas 18 janeiros, retorna pelo lápis mediúnico de Chico com suas notícias, consolando os pais e demonstrando idéias renovadoras, diante da vida que prossegue, triunfante, além do túmulo.

Para permanecer mais ao lado dos familiares que deixara na Terra, ela ingressou no trabalho em um núcleo educativo espiritual, ligado à Instituição Espírita “IDEAL”.

A escola na qual se matriculou como professora, abriga muitas crianças que deixaram a Vida Física em tenra idade e que se preparam para retornar ao mundo físico.

Não existe violência nas Leis Divinas e as crianças necessitam de tempo para a readaptação à Vida Espiritual, como se constata nas páginas de Claudinha. Os currículos obedecem a determinados esquemas de lições, que vão da leitura aos conhecimentos gerais, dos passeios à música, onde elas manifestam pelo canto a saudade doa familiares queridos.

A semelhança do que ocorre entre os dois planos, material e espiritual, é evidente, pois existe o espírito de seqüência no processo evolutivo dos seres.

A Escola no Além tem por base fundamental a disciplina. O Curso Infantil desenvolve-se com lições de paz e amor, onde os professores acompanham de perto as necessidades espirituais de cada aluno.

A saudade das crianças em relação aos pais é atenuada através do sonho, onde se estabelece o diálogo entre filhos e pais.

O processo do ensinar-aprender é simultâneo, pois à medida que Claudinha participava do encaminhamento de uma criança à reencarnação, ela também aprendia sobre a importância e a sublimidade da Vida.

Foi com grande alegria que acompanhamos, nas reuniões do “Grupo Espírita da Prece”, as reveladoras mensagens de Claudinha. E é ainda com imenso júbilo que agradecemos aos seus pais, Toninho e Dorothy, a oportunidade de grafar estas palavras no pórtico deste livro que, sem dúvida, nos enriquecerá de novos conhecimentos.

Sem maiores comentários, pedimos aos Céus que abençoem a mediunidade de Chico Xavier que, há 61 anos, trabalha incansavelmente como Mensageiro da Esperança, levando-nos a repetir as palavras de Paulo, o Apóstolo:

“− Onde está, ó morte, o teu aguilhão?”

Apresentação

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foto de Claudia Pinheiro Galasse

Esta jovem no transcorrer das páginas inseridas neste volume, nos mostra a beleza e a seriedade do comportamento dos pais no tratamento disciplinar e de amor aos filhos que chegam pela misericórdia de Deus ao regaço do lar.

Com este livro vai se esclarecendo o que para muitos é desconhecido:

Como se portam as crianças na Espiritualidade.

Como se sentem.

Como são recebidas e assistidas.

Não estamos criando idolatrias ou simpatias pessoais por espíritos que partiram, mas tentar demonstrar, através das mensagens recebidas pela mediunidade de Francisco Cândido Xavier, a veracidade dos acontecimentos.

A preocupação dos pais na partida de seus pequerruchos, com relação ao desamparo, deixa de existir, pois Claudinha, muito bem amparada, nos traz à luz o desempenho das almas abnegadas a serviço do Senhor.

É só acompanhar suas mensagens, e pode-se entender o que estamos querendo dizer.

Leitor amigo, Deus esteja conosco nos momentos de atuação de nossa responsabilidade.

Cláudia Pinheiro Galasse, nasceu em 25 de julho de 1964 e desencarnou em 9 de setembro de 1982, sendo filha de Antonio Pinheiro Galasse e Dorothy Campagna Galasse, tendo como irmãos Mônica Pinheiro Galasse e Antonio Pinheiro Galasse Júnior.

Rubens Silvio Germinhasi

Situação

A Editora visando melhor esclarecer, relacionou abaixo, os fatos e personagens ligados ao grupo de amizades e parentesco com a família de Antonio Pinheiro Galasse, para, no transcorrer da leitura, a localização das criaturas nas citações de Claudinha.

Mirna Lagorga, desencarnada em 27.10.1977, vitimada por acidente de moto na cidade de Ocian, Praia Grande, no litoral Paulista, filha do casal Antonia Edith Lagorga e Ubirajara Lagorga, desencarnado em 2 de julho de 1988.

Lika – Liane Helena Aneas de Paula, desencarnada em 03.05.1982, em acidente automobilístico, filha de Neusa de Paula e José Wair de paula.

Nice Rivera, mãe de Heleninha, criança assistida por Claudinha no Plano Espiritual, que obtivera permissão para visitar a filha.

Helena Rivera, assistida de Claudinha, em nobre posição de desenvolvimento aos seis anos, desencarnada.

Beatriz de Falco, mãe de Vera de Falco, criança que estava em preparativos para desencarnar.

Vovó Gorizia – Gorizia Campagna – materna.

IDEAL – Instituto Divulgação André luiz Ltda, Rua Lord Cockrane, 594 – São Paulo – SP. Uma Editora a serviço da divulgação da Doutrina Espírita, comungando com o Grupo Assistencial de Ideal espírita no amparo às famílias carenciadas.

Amigos do Ipiranga – Companheiros e companheiras do IDEAL.

Capítulo 1

“NOVOS DIAS BRILHARAM PARA MIM... NUMA ESTRELA QUE REFULGE NO GRANDE AZUL E NUMA NESGA DE CÉU, QUANDO O SERVIÇO NOS PERMITE A MEDITAÇÃO... ISSO OCORRE NÃO PORQUE EU MEREÇA, MAS PORQUE A BONDADE DE JESUS ME EMPRESTOU NOVOS CRÉDITOS DE REALIZAÇÃO E DE ESPERANÇA.”

Novos dias brilham para mim, expressão de júbilo, de esperança, de um coração encantado com a Vida Espiritual, encontrando-se aí na expectativa de novas tarefas para o seu soerguimento.

Refletindo nessa vida estelar do Grande Azul do Céu, percebem-se os novos momentos que do grande coração de Jesus, na sua Misericórdia e Bondade, resultam como dádivas, creditando ao seu espírito, espírito de Claudinha, novos caminhos de recuperação.

Querida Mãezinha Dorothy e meu pai Toninho.

Novos dias brilham para mim.

O trabalho de prestar assistência às crianças tem sido para mim uma bênção.

Sinto em todos esses pequeninos, aos quais empresto o concurso do meu amor de irmã um tanto mais experiente, uma nova família que os companheiros do IDEAL me oferecem.

A nossa Lagorga tem sido uma luz em meus novos caminhos.

Grande Mirna!

Ela e eu percebemos que, para fixarmos temporariamente mais perto de nossos pais e de nossos familiares, devíamos aceitar uma tarefa que nos prendesse à comunidade e, no IDEAL, temos a nossa cantina de paz e esperança, em que dezenas de crianças nos abraçam, qual se lhes servíssemos de mães.

Estou realmente com a minha visão voltada para as bênçãos de Deus.

Sinto a Providência Divina numa flor que se aproxima de nós, no sorriso das mães que são felizes com tão pouco que se nos faz possível oferecer-lhes, numa Estrela que refulge no Grande Azul e numa nesga do Céu quando o serviço nos permite a meditação.

Mãezinha Dora, tudo recordo com outras disposições.

Parece-me que a luz bendita de seus pensamentos e de suas preces vieram emoldurar tudo o que vejo e faço, e passei a gostar de mim, eu que a desilusão me abatera com desânimo indescritível de quantos se largam da vida e preferem a morte. Aqui acordei um dia envergonhada de minha leviandade, ao brincar de viver, mas, com a bênção do serviço, tudo se ilumina de novo para mim.

Isso ocorre não porque eu mereça, mas porque a Bondade de Jesus me emprestou novos créditos de realização e de esperança.

Penso com amor na Mônica e no Júnior e peço ao Céu livrá-los de qualquer sombra nos corações.

Aos pais queridos agradeço a festa de aniversário, com que me recordam na pessoa das crianças necessitadas.

Recebo tudo o que receberem do amor de meus pais queridos como se a usuária fosse eu mesma.

Estou reconhecida por lembrarem o dia em que lhes alcancei os braços queridos.

Se não pude fazer quanto devia, creiam que o meu afeto, encharcado de lágrimas de alegria e de arrependimento, estará falando de meus votos na vitória do futuro, quando novas oportunidades me forem concedidas pela Bondade infinita de Jesus.

Esperando que a minha alegria seja felicidade no coração de minha querida mãe e confiança no espírito de meu pai Antoninho, aqui termino esta carta rogando-lhes receber a vida e a alma reconhecida, como sempre, da filha que lhes pertence em nome de Deus.

Capítulo 2

MAEZINHA DOROTHY, DESEJO DAR-LHE UMA NOTÍCIA DE MUITO SIGNIFICADO PARA MIM. OS MENTORES DA NOSSA INSTITUIÇÃO RESOLVERAM SEPARA AS CRIANÇAS PELOS MARCOS DA IDADE FIQUEI COM OS MENORES ENTRE OS MENORES.

Ao se pensar que a vida acabou ou que na eternidade descansaremos; não se justificam esses pensamentos. Claudinha traz, de sua principiante e nova experiência, a informação que contraria esses conceitos da futurologia terrena, revelando, com a alegria de viver, a extrema realidade quando nos fala da atenção e do carinho dos Mentores Espirituais, incumbidos da tarefa de socorro aos entes queridos que , ma terna idade, retornam ao Plano Espiritual. As mães que aqui ficaram na indagação e saudades constantes, tranqüilizem-se! Seus filhos queridos estão no resguardo de corações que se prestam ao trabalho do amor.

Claudinha revive, Claudinha exulta seu coração em amar os filhinhos dos lares alheios, qual se fossem se próprios familiares, compartilhando com o ensinamento de Jesus em “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”

Querida Mãezinha Dorothy e querido papai Antoninho, estamos juntos nas mesmas saudades e nas mesmas orações.

Mãezinha Dorothy, desejo dar-lhe uma noticia de muito significado para mim.

Em nosso trabalho, junto ao nosso IDEAL, em favor das crianças e dos necessitados, os Mentores de nossa instituição resolveram separa as crianças pelos marcos da de idade e assim, ficamos como uma espécie de creche, em que mães amigas e generosas já desencarnadas nos substituem a noite ao lado dos pequeninos.

Nessa creche, encontrei o meu lugar, descobrindo a mim própria.

Fiquei com memores entre os menores, crianças que voltaram da experiência física, de meses até dois anos, no corpo que tentaram em vão desenvolver.

Regressaram, mas, por um período variável de tempo, necessitarão de companhia que substitua as afeições que usufruíam no mundo.

E a minha maior surpresa é que essas criancinhas que aconchego no meu coração,lembrando a sua ternura de mãe por nós, os seus filhos, passaram a me querer bem e reconheci, Mamãe Doroth, que também eu passei a amá-las.

Com isso, trago-lhe a noticia que mais me fala ao intimo.

Passei a gostar de mim mesma outra vez, já que esses pequeninos me valorizam o afeto.

Estou feliz, porque estou aprendendo a amar os filhinhos de lares alheios qual se fossem nossos familiares.

Esse amor tem trazido novas forças a sua filha e quero compartilhar com os pais queridos a felicidade que experimento, repetindo cantigas de embalar, junto a berços que encerram tesouros de lhe substituí-lo, como o que a alegria de viver me voltou ao coração.

Sei que estas palavras lhe bastam para compreenderem a minha renovação.

Muitas lembranças a todos os nossos.

E rogando-lhes me abençoarem, sou a filha que lhe deve tanto e que pede a Jesus abençoá-los e protegê-los sempre mais.

Capítulo 3

“MÃEZINHA... TENHO ACOMPANHADO A MINHA CLASSE DE CRIANÇAS NECESSITADAS DE DIÁLOGO E DO CARINHO PARA SE PREPARAREM, MUITAS DELAS, PARA A REENCARNAÇÃO QUE SE LHES FARÁ NECESSÁRIA.”

Esta é mais uma faceta de esclarecimento às famílias que desconhecem o paradeiro e seguimento da Vida Espiritual das crianças desencarnadas.

A preparação e os cuidados com o retorno das crianças a experimentarem, em nova Vida Terrena, as próprias forças, refletem para os espíritos comprometidos com as suas experiências de renovação, o valor dessas tarefas, facultando-lhes entender, pois vivem de perto com as suas necessidades, a preciosidade que é a vida da existência humana.

Claudinha, na consciência do trabalho valoriza esse ângulo da vida, com muita pureza entende a Bondade de Deus, que lhe permite compreender, através desse ensejo, tudo aquilo que foi motivo de sua queda espiritual.

Querida Mãezinha Dorothy e querido Papai Antoninho.

A saudade pesou muito no prato da balança que está ao lado de nossa casa do coração e estou aqui, respondendo ao alô mental que me enviam.

Graças a Deus, vejo a mamãe melhorada e mais forte, não obstante as nossas saudades recíprocas.

Mãezinha, o seu sonho é verdade pura.

Tenho acompanhado a minha classe de crianças necessitadas de diálogo e do carinho para se prepararem, muitas delas, para a reencarnação que se lhes fará necessária.

Tenho encontrado muitas dessas crianças em nosso recanto do IDEAL e desejava que você lhes ouvisse os planos que fazem ante a volta à Vida Física em que vão experimentar, de novo, as próprias forças.

Para mim a tarefa tem sido das mais valiosas, porque tenho visto de perto a preciosidade da existência humana.

A Bondade de Deus, aqui na Vida Espiritual nos permite o trabalho em que venhamos a valorizar tudo aquilo que foi motivo à nossa queda espiritual.

Fixando essas crianças queridas, noto que vou no mundo íntimo formando em mim própria mais aceitação e entendimento, que me enriquecem para voltar.

Creia você, Mãezinha Dorothy, e também as mães do IDEAL, que o nosso trabalho em favor da criança é um hino de louvor a Deus que nos concede a vida.

Mais tarde espero falar com mais clareza quanto ao que afirmo. Sentir a criança e ouvir-lhe as impressões do mundo novo em que s encontra refazendo ideais.

Agradeço toda a ternura que seu devotamento, tem colocado nessa obra e, do lado de cá, seremos sempre cooperadoras facilmente reconhecíveis, porque nos encarregaremos de procurar as companheiras que nos trarão concurso e auxílio.

Não estou formulando projetos vãos, porque a nossa Instituição receberá o amparo preciso para crescer e desdobrar-se em atividades sempre mais amplas.

Vou terminar enviando abraços.

O Papai Antoninho está me dispensando abençoado amor, pelo qual desejo me tornar mais forte para as tarefas que espero me sejam concedidas.

Hoje, este bilhete é apenas saudade com muitos obstáculos para se expressarem no papel, mas a você, com o Papai Antoninho, e com os meus irmãos Júnior e Mônica, ficam os votos de muita saúde e paz da filha que lhes deve tanto.

Capítulo 4

“AS CRIANÇAS QUE NOS ENRIQUECEM DE ALEGRIA NOS SÃO ENVIADAS PELA DIREÇÃO GERAL, DE QUEM RECEBEMOS INSTRUÇÕES E AVISOS REFERENTES A CADA UMA, E ISSO NOS FAZ VIVER NUMA ESCOLA BENDITA...”

Aos pais que ainda hoje choram os filhos que partiram, recebam nestes apontamentos os ensinamentos e esclarecimentos enviados por essas almas beneméritas, como manifestação de amor e carinho.

Que preencham os corações de novas esperanças, que compreendam na Misericórdia e Bondade de Deus a luz de nova jornada.

O desamparo é imagem apenas criada no conceito humano. Na Vida Espiritual inexiste essa possibilidade de abandono. A presença de Jesus está vinculada aos princípios de todas as Instituições Espirituais para dar forma à Caridade e ao Amor.

O preparo de cada criança é regido pelo Mestre, representado nas lições de carinho para se prepararem com mais segurança na retomada de um novo corpo na Terra.

Querida Mãezinha Dorothy e querido Papai Antoninho, estamos juntos, na prece, pedindo a Deus por nossa paz.

Mãezinha Dorothy, não se sinta sozinha e esquecida.

Além da nossa Mônica e do nosso Júnior, com o querido papai, permanecemos em sua companhia por todos os pedaços do tempo que se me fazem disponíveis.

Continuo, mamãe, entusiasmada com o serviço de assistência às crianças.

A Mirna, que veio em minha companhia a fim de visitar os pais e o irmão Maurício, tem a mesma opinião.

O seu carinho poderá imaginar a nossa emoção ao sermos abraçadas por crianças queridas que são tuteladas pelo Instituto distante, que promove a revisão do nosso trabalho juntos.

As crianças que nos enriquecem de alegria nos são enviadas pela Direção Geral, de quem recebemos instruções e avisos referentemente a cada uma, e isso nos faz viver numa escola bendita, onde temos o encargo de conduzi-las aos primeiros conhecimentos que devem receber na Vida Espiritual.

Creio que toda instituição, vinculada aos princípios de Jesus, possui semelhantes núcleos de serviço educativo, porque, ao que penso, é incalculável o número de criancinhas que voltam da Vida Física para a Vida Espiritual, por diversos motivos, principalmente atendendo à necessidade de se prepararem com mais segurança para retomar novo corpo na Terra, ao lado de almas queridas que as receberão em nova existência.

Conto-lhe tudo isso, Mãezinha Dorothy, para que o seu querido coração partilhe comigo a felicidade de estar conseguindo trabalhar.

As crianças que se encontram sob nossos cuidados são daquelas que estiveram no mundo entre meses até dois anos de idade.

Certamente outros estabelecimentos numerosos se espalham por amplos espaços da Vida Maior, entretanto, aqui falo ao seu carinho e a meu pai somente do recanto em que nós, as irmãs do IDEAL, se entrelaçam para fazer o melhor ao nosso alcance.

As conversações das crianças conosco são o que se pode avaliar de mais ternura e de mais inocência, entre as pessoas do mundo. Os pais que choram filhinhos queridos, estejam certos de que nenhum existe desamparado.

Nem sempre, aliás muito raramente, as crianças que se encontram na faixa etária a que me refiro, não estão preparadas para o intercâmbio espiritual com os pais e os avós amorosos, de vez que precisam de tempo a fim de se posicionar na possível maturidade de que necessitam, mas não sei de criança alguma que esteja relegada ao abandono.

Temos os professores apropriados a receber todos estes entezinhos frágeis, indicando a locação que com maior proveito que lhes compete.

As nossas crianças, quase todas elas desencarnadas em São Paulo, nos solicitam com insistência a volta à casa e ao convívio dos pais queridos e, muito dificilmente, aceitam os nossos argumentos de irmãs que nos fazemos de mães pelo coração.

Prossegue o currículo das lições que lhes cabe receber, mas nos recreios é um encanto observar os temas que elas próprias inventam para cantar, como que respondendo às nossas ponderações.

Com as músicas que guardam de memória, das muitas cantigas que compõem e cantam, com os entendimentos junto das mães e das avós, destaco estas poucas para a sua emoção de mãe amorosa e querida, de quem recebi tanto amor.

Eu sou rica, rica, rica,

Das estrelas que já vi,

Eu sou rica, rica, rica,

Tudo me sorri...

Eu sou rica, rica, rica,

Mas perdi tudo o que eu tinha,

Com saudades da Mãezinha,

Vou-me embora daqui...

Outro pequeno poema de certa menina é este que me comoveu profundamente:

Quando eu dormi na Terra,

Escutei mamãe chorando.

Papai prometeu buscar-me

Mas não disse como e quando.

Este Céu em que estamos

É feito de luz e flor,

Mas quero meu lar na Terra,

Sempre enfeitado de amor...

Outro tópico de uma pequerrucha que muito me enterneceu, é o seguinte:

Dizem aqui que é difícil,

O regresso ao nosso lar,

Mas aos pais que eu tanto adoro,

Espero poder voltar...

Nesse mundo de esperança e beleza é que

trabalho agora e peço-lhe coragem

para sofrer, nós ambas, a saudade uma da outra.

O papai, igualmente, vive em minha

lembrança e não podemos esquecê-lo.

Mãezinha Dorothy, não deixe a tristeza sugerir-lhe desânimo.

Lembre-se das criancinhas que temos por assistir aí e aqui, e coloquemos o nome de Jesus à frente de nossos passos e acompanhemos a marcha dos dias, trabalhando e servindo...

Perdoe-me se me estendi tanto.

Acontece que desejava repetir aos pais queridos que me sinto muito melhor e confiando em Deus, na atitude de quem se vê sempre feliz.

Muitas lembranças à Mônica e ao Junior e, abraçando o querido papai Antoninho e a Mãezinha Dorothy, a beijar-lhes as mãos queridas, sou a filha que tanto lhes deve.

Capítulo 5

“MÃEZINHA, AS NOSSAS CRIANÇAS EXCEDEM O NÚMERO DE CEM... TODAS SÃO PROIBIDAS DE SE ENTREGAR A RECLAMAÇÕES DESCABIDAS E A QUEIXAS SEM RAZÃO. AS PEQUENAS ATENDEM A TODOS OS REQUISITOS DO ESTABELECIMENTO...”

O Educandário da Vida, para a evolução de cada espírito, requer aprimoramentos e esforço da vontade.

É o que observamos no Plano Espiritual quando da preparação dos espíritos. A disciplina é rigorosamente observada, regida como base fundamental na educação e envolvimento cultural dessas crianças.

Com horários específicos, criam no diálogo e na leitura, conhecimentos gerais de acordo com a capacidade mental que apresentem.

Na criação de poemas, em seu canto, exteriorizam os sentimentos na lágrima da saudade, a procura dos seus familiares em poesias de rara beleza, que faz pensar como entes tão pequeninos trazem no seu sentimento expressões tão adultas.

Querida Mãezinha Dorothy e querido Papai Antoninho, Jesus nos abençoe.

Prometi voltar aos assuntos de nossa escola do Plano Espiritual e aqui estou com a minha alegria, que se inspira notadamente no trabalho que nos foi confiado.

Mãezinha, as nossas crianças excedem o número de cem. Decerto, cumprimos esquemas educativos que nos são enviados semanalmente do Departamento Superior, ao qual devemos respeitosa consideração.

Ignoro quais são as bases dos ensinamentos nas faixas etárias, diferentes das que se escalona de meses aos dois janeiros de idade, contados pelo calendário terrestre e, por isso, por enquanto, posso falar apenas com relação a esse setor do mundo infantil.

A disciplina aqui em nosso educandário é rigorosamente observada.

As crianças, somente meninas, obedecem a horários específicos para leitura, diálogo, conhecimentos gerais de acordo com a capacidade mental que apresentem, mas são favorecidas com excelente música, passeios e hora de recreio, de recreio para o canto imaginado por elas próprias.

Todas são proibidas de se entregar a reclamações descabidas e a queixas sem razão. As pequenas atendem a todos os requisitos do Estabelecimento, no entanto, sabem que somente possuem licença para dizer o que pensam através do canto que realizam em comum.

Queria que a senhora visse os prodígios de inteligência dessas crianças, nos momentos em que colocam nas cantigas tudo o que lhes vai no espírito, na maioria das vezes, plenamente inconformado.

Citarei para o seu conhecimento e conhecimento de outras Mães que perderam filhas na primeira infância, de modo a confirmar que a Sabedoria de Deus funciona em toda parte e não esquece ninguém.

Passo horas e horas meditando nas cantigas que ouço, todas elas destilando os sentimentos característicos das pessoas adultas da comunidade humana.

Aqui segue a queixa sonorizada de uma pequena de dois janeiros:

Minha Mãe vive sozinha,

Pois meu pai vive sem nós.

Eu estava na cozinha

Quando perdi minha voz.

Tive os braços da vizinha,

Nada vi dos dias meus,

Quem me tirou da Mãezinha,

Não conhece quem é Deus.

Outra meninazinha, inconformada, pôs em movimento a trova curiosa que passo a transcrever:

Se estamos no Céu da vida,

Quero a casa dos meus pais.

Ao ver tanta flor à frente,

A saudade aumenta mais.

Outra pequena de dois anos, que espera a reencarnação para breve, assim cantou, com admiração dos que a ouviam:

Eu tenho uma professora,

Certa jovem muito boa,

Que me auxilia e perdoa,

Que se choro me adivinha.

Ela me diz que serei

Novamente uma criança.

Agora tenho a esperança,

De voltar para Mãezinha!...

Em contraposição a essa poesia, tocada de serenidade e beleza, outra menina confessou na cantiga por ela imaginada:

Aqui não aceito escola,

Nem as lições uma a uma,

Porque não temos correio,

Nem se sabe coisa alguma.

Pelo que exponho, a senhora, Mãezinha Dorothy, observará quanto amor essas crianças esperam de nós e quero dizer-lhe que sua filha está cooperando com firmeza e decisão em todos os setores do nosso Educandário.

Conto-lhe tudo isso porque sei que o seu carinho por nós, os seus filhos, e a sua sensibilidade guardarão minhas notícias por estímulo ao serviço de proteção a qualquer criança do mundo.

Minhas lembranças à Mônica e ao Júnior, pedindo aos queridos pais receberem o imenso amor da filha que se sente renovada para a vida.

Capítulo 6

“VOCÊS NÃO FORAM ROUBADAS AOS PAIS QUERIDOS...”

Nesta tônica, os espíritos abnegados tentam mostrar às crianças que não foram seqüestradas de seus pais queridos. Apenas freqüentam um curso escolar de grande importâncias para a transformação e aceitação da nova situação em que se encontram párea assumir, em momento oportuno, a condição de poderem visitar os pais que na Terra ficaram.

Na imagem da lagarta, lhes é mostrado que o tempo as levará à maturidade espiritual e as fará novamente espíritos adultos com a consciência de poderem preparar aos pais o verdadeiro lar e, juntos, viverem o encontro da felicidade com Deus.

Querida Mãezinha Dorothy, prometi que prosseguiria contando alguns episódios do nosso Instituto de Educação Infantil e não posso me desligar da satisfação de fornecer a continuidade necessária.

Falamos das crianças, nossas tuteladas, que são mantidas conosco em severas disciplinas, com liberdade, porém, para expressarem através do canto todas as reclamações que desejem apresentar.

Prossigamos, pois.

Num destes dias últimos, uma garota de dois anos cantou com muita beleza a nota que passo a transcrever aqui.

Disse ela:

Esta escola que nos prende

É um grande e belo jardim.

Vejo cravos vigorosos,

Que parecem de cetim.

Em meu cérebro, no entanto,

Não me lembro de onde vim

Espero encontrar alguém

Que transmita aos pais que eu tenho,

Algo que fale por mim,

Pagarei em minha casa

O serviço que me preste

Com o dinheiro que conservo

Para atender a este fim.

Outra nos deu aos ouvidos esta observação que mantenho de memória:

Não sei por que nos prenderam,

Invadindo a vida alheia.

Não creio estamos na escola,

Estamos numa cadeia.

Com muita graça, outra se exprimiu com a seguinte nota:

Tanta flor e tanto ensino

Nos educam mais e mais.

Agora, tudo o que eu quero,

É voltar para os meus pais.

E uma pequena de grande vivacidade comentou cantando:

Já pedi a cinco guardas

Meu regresso para o lar,

Mas minha voz de criança

Não teve repercussão.

A polícia aqui é mansa,

Deu-me o silêncio por não.

Estávamos, porém, com a visita de duas irmãs que haviam atravessado a experiência de nossas pequenas em outros lugares, anos passados, Ruth e Lize. E Ruth se propôs a fazer uma pequena preleção para as nossas alunas que, convidadas a ouvir, se postaram em filas tríplices com a maior atenção.

A irmã Ruth, com bondade e emoção, tomando a palavra, explicou-lhes:

− Estamos visitando este Instituto e estamos felizes por abraçar as crianças que nos escutam. Notamos que algumas de vocês se mostram contrafeitas por se encontrar aqui detidas para o bem de cada uma. Vocês não foram roubadas aos pais queridos. Digo isso porque, como acontece a vocês, vim da terra para um Instituto, semelhante a este, quando contava apenas três janeiros. A princípio, revoltei-me e traduzi em várias canções o meu descontentamento; chegou, porém, um dia em que um professor amigo explicou-nos que não vivíamos seqüestradas, e, sim, estávamos num curso escolar de importância, porque éramos crianças transformadas. Certamente vocês todas verão os pais e familiares no momento oportuno, mas isso pedirá tempo.

Vocês já ouviram falar nas lagartas que se transformam em borboletas?

Uma das pequenas respondeu que sim e Ruth prosseguiu:

− Estávamos na Terra na condição de lagartas, ao tempo de nossa transubstanciação. Pois olhem: cada uma de nós foi modificada e, depois de dormir algum tempo no casulo, viramos borboletas. Essa capacidade há de acompanhá-las até onde for possível.

Acreditem, uma a uma, se farão insetos voadores; com o tempo crescemos, ficamos jovens e vamos aceitar, transformadas, a nova vida, e isso trará para nós grandes benefícios. Vocês esperem e farão grande progresso e não julguem que estarão separadas dos pais, porque eles virão ao encontro de vocês para viver juntos, novamente felizes. A turma toda se entreolhou com grande alegria e ficou muito feliz, ao reconhecer que necessária seria uma nova experiência, com a certeza de que viemos para nos transformar.

A visita foi encerrada com todo cuidado de não mencionar a morte nos seus comentários, e a alegria de uma aproximação voltou a ser verificada, com os pensamentos fixados no futuro. Mais tarde continuaremos explicando com a promessa de prosseguir depois.

Capítulo 7

“ − SENHOR JESUS, HOJE É DIA CONSAGRADO AS NOSSAS MÃES. CURVAMOS OS CORAÇÕES COM REVERÊNCIA, PEDINDO PARA QUE TODAS ELAS ESTEJAM FELIZES.”

Nestas palavras rogadas a Jesus, externa-se o sentimento dos filhos e filhas que partiram, testemunhando que as algemas não se rompem em corações que se entrelaçam no compromisso assumido perante Deus.

Pais e filhos, filhos e pais são, na essência, espíritos munidos do desejo de se ajustarem e se completarem na emancipação espiritual, criam em seus corações as bases do amor e nessas bases reverenciam na Majestade Divina o cântico da saudade, unindo-se sem preconceitos de espécie alguma à imagem de deus, como Pai absoluto de nossas vidas.

Perde-se, às vezes, na incompreensão ferida pela dor, a consciência, mas, a misericórdia de Jesus, em seguida, restaura, através da benemerência espiritual, as cicatrizes deixadas.

Deus é Pai, deus é Amor.

Querida Mãezinha Dorothy, antes de tudo guarde os meus votos por um feliz Dia das Mães, ao lado do Papai Antoninho e de meus irmãos.

Atendendo ao compromisso que fiz comigo mesma, no sentido de prosseguir com as minhas notícias do nosso Instituto Assistencial dedicado às meninas na faixa de meses aos dois anos, sinto-me satisfeita ao contar-lhe que a preleção de nossa irmã que nos visitou, falando às crianças com afetuosa cordialidade, despertou grande curiosidade entre todas as pequenas internadas.

Foram muitas as perguntas que a Lika, a Mirna e eu, recebemos com poucas possibilidades de responder. Entretanto, uma instrutora veio ajustar a situação acalmando as meninas, sobretudo, prometendo a elas que as conduziria, oportunamente, nas asas do sono, ao encontro dos pais que haviam deixado na Vida Física.

Notamos que muitas delas mostravam nova face iluminada de esperança.

Estávamos na véspera da celebração do Dia das Mães, no ano passado, e fomos acompanhar as cantigas inventadas pelas nossas queridas tuteladas, e observei que o nível de compreensão se elevara em todas elas.

Para seu conhecimento de mãe, transcrevo aqui alguns tópicos da festa que as próprias meninas prepararam a fim de homenagear as mãezinhas ausentes.

A primeira cantou com os olhos irradiando alegria:

Hoje é o dia abençoado

De uma rosa sem espinho,

Que nossa mãe com carinho

Retrata-se nessa flor.

Hoje, a queixa está de lado,

Ninguém critica ou reclama,

Pois, a gente quando ama,

Deve falar só de amor.

Outra assumiu o estrado e entoou a quadra que guardei:

Depois do que ouvimos ontem,

Eu já não sei o que sou.

Sei apenas que outra vida,

Fez barulho e me acordou.

A terceira cantou, quase chorando:

Não sou má, nem revoltada.

Quero só minha Mãezinha,

Porque, em tudo, a minha Mãe

Era o tesouro que eu tinha...

E na parte final daquela pequena exposição de sentimentos e rimas, a última criança listada para as canções e preces, desferiu suave melodia, nesta quadra que passou para o nosso arquivo:

Dia das Mães! Que beleza!...

Peço ao nosso Pai dos Céus,

Em seu infinito amor

Que me mande condução,

Para o regresso ao meu lar!...

Era, porém, o Dia das Mães e convidamos todas as internadas a fim de compartilharem de nossa oração do dia, que foi pronunciada por nossa Lika:

− “Senhor Jesus, hoje é dia consagrado às nossas Mães.

Curvamos os corações com reverência, pedindo-Te para que todas elas estejam felizes.

Dá-lhes, Senhor, a coragem necessária para suportarem as vicissitudes da vida humana, e fortalece-lhes as energias para que prossigam nas tarefas da maternidade que lhes confiaste.

Senhor, abençoa as saudades que sentimos de nossas Mães para que a nossa dor da alma não lhes pese nos sentimentos.

Faze-nos boas filhas, aqui onde nos achamos, para que possam contar conosco em qualquer circunstância!

Ampara, Senhor, a elas e a nós, de modo que estejamos de acordo com os Teus desígnios e não conforme os nossos caprichos, para que aprendamos a honrar os Teus ensinos de paz e amor, e sempre”.

Pensei em você, Mãezinha Dorothy, no Papai Antoninho, na Mônica e no Júnior, durante a oração de Lika, e quis também falar sobre as nossas emoções, mas a saudade, sobretudo de seu carinho materno, era muito grande em meu íntimo e não pude pronunciar palavra.

Capítulo 8

− “SE O SONHO FOR EXPRESSÃO DA REALIDADE, DAREMOS GRAÇAS, GRAÇAS A DEUS.”

Não se pode invocar o auxílio divino, quando a nossa oferenda está ainda com fissuras provocadas pelo egoísmo. Nice Rivera, senhora mãe, aniversariante, recebe no dia de felicidade do seu natalício, um presente por mérito de serviços prestados à causa do bem. A permissão de visitar a filha na Espiritualidade.

No diálogo, sob forte pressão de emotividade, emudecera. O amor de Heleninha, sua filha, levou-lhe o conforto no muito que conversaram.

Em suas palavras finais, elucida a mãe da orientação que recebera e que, em breve retorno, estariam juntas novamente.

“Mãezinha, não sofra por mim... Eu também tenho muitas saudades do seu carinho... muito breve estarei, de novo, em seus braços...”

Querida Mãezinha Dorothy e querido Papai Antoninho, deixo aqui uma notícia da tarefa a que atualmente nos dedicamos. Claudinha.

Aniversário de Mãe.

O relógio marcava nove horas da noite.

Dialogávamos na sala, quando uma companheira anunciou:

A senhora Nice Rivera já se encontra presente, recebendo instruções dos Mentores que lhe sugeriam o preciso comportamento ante a filhinha helena, que a mãezinha, nas ocorrências do sono, viera ali visitar.

Os Mentores lhe falavam da conveniência de conservar a máxima discrição, sem fazer perguntas e sem chorar.

A irmã Nice aparentava vinte e oito janeiros de idade e conquistar permissão para o encontro com a filha, por méritos em serviço.

A jovem senhora estava pálida e trêmula ao saudar-nos, no entanto, procuramos recompor-lhe a tranqüilidade.

Todas as meninas internadas em nosso Instituto estavam reunidas na Grande Sala, quando uma colega chamou a menina Helena Rivera, que demonstrava nobre posição de desenvolvimento aos dois anos que contava.

A pequena levantou-se e seguiu as instruções que lhe foram ministradas.

Devia abeirar-se da cabine de vidro isolante, conquanto altamente sensível para a música e para os sons das palavras.

Conduzida pelo Mentor que lhe presidia o original reencontro, a senhora instalou-se na cabine e, vendo a filhinha tão perto, falou emocionada:

− Deus abençoe você, minha querida Heleninha.

A menina exclamou espantada:

− É a Mãezinha que me fala?

− Sim – disse a interlocutora reprimindo as próprias lágrimas.

− Fale, minha filha, de alguma lembrança que nos recorde este dia.

A pequena patenteando indescritível alegria, respondeu com ternura:

− Mãezinha, veja, sou eu mesma, lembrando que hoje é o dia do seu aniversário.

E recuando alguns passos, tomou a postura de quem se dispunha a comunicar-se com o público e, depois, improvisando gestos característicos, recitou jubilosamente:

Hoje é um grande e belo dia!

A mamãe Nice Rivera,

Tem mais uma primavera,

Aniversário de flor!...

Onde esteja e no que faça,

Deus guarde a mamãe querida,

O apoio de nossa vida

E a vida de nosso amor.

A senhora emudecera sob a pressão forte da própria emotividade e, notando que ela se esforçava para não chorar, a menina confortou-a:

− Mãezinha, não sofra por mim...

Eu também tenho muitas saudades do seu carinho, mas as nossas professoras me disseram que muito breve estarei, de novo, em seus braços...

A senhora Nice apenas disse:

− Assim espero, confiando em Jesus.

Em seguida, atendendo a um sinal do Mentor, afastou-se da cabine para o regresso ao corpo físico.

Algumas companheiras e eu mesma seguimo-la de perto.

Aquela maravilhosa mãe acordou chorando e, abeirando-se do leito em que descansava o marido, comunicou-lhe excitada:

− Eugênio, sonhei com a nossa Heleninha, que me participou a sua volta para nossa casa.

Eugênio esfregou os olhos, entre inquieto e assombrado e comentou tranqüilo e feliz:

− Se o sonho for expressão da realidade, daremos graças, graças a Deus.

Capítulo 9

“DE QUE MODO SE PROCESSAVA A REENCARNAÇÃO? COMO PODERIA UMA CRIANÇA VOLTAR À VIDA FÍSICA NA MESMA FAMÍLIA QUE DEIXARA?”

Sim, pode voltar porque assim Deus o permite.

Importa se nós, pais, o permitimos. Importa se estamos preparados para os ditames dos nossos próprios acertos. Importa, isto sim, sabermos que com Deus a nos amparar, não podemos fechar as portas para a vida. Na mensagem, Claudinha mostra muito bem o que é reencarnar. Preocupada, até temerosa, roga explicações para a tarefa de que fora investida, pois a criança Vera estava prestes a reencarnar no próprio lar a que pertencera. Sua mãe teria novamente a oportunidade de recebê-la em seus braços. Porém, nada disso pôde acontecer. As razões estão bem explicadas nas mensagens que seguem.

Claramente exposto o motivo, com certeza a visão sobre a vida e a responsabilidade sobre ela, pesará um pouco mais na consciência humana.

Querida Mãezinha Dorothy, desejo-lhe junto ao Papai Antoninho e a todos os nossos, um Dia das Mães repleto de alegrias e flores de paz, incluindo a vovó nestes meus votos.

Para escrever a penúltima notícia do nosso Instituto passo a narrar-lhe o que aconteceu:

A felicidade de Heleninha recebendo a visita materna impressionou, construtivamente, todas as crianças.

O assunto da reencarnação acendeu diálogos novos.

Em cada uma de nossas pupilas brilhava a ansiedade de falar no assunto, a fim de saber como seria o futuro de cada uma delas.

De que modo se processava a reencarnação?

Como poderia uma criança voltar à Vida Física na mesma família que deixara?

Os pais estariam em condições de reconhecer as filhas queridas?

Por que a reencarnação, se todos acreditavam no regresso à casa na posição em que estavam?

Por que a senhora mãe de Heleninha chorava tanto, ao invés de retomá-la nos braços e reconduzi-la à própria família?

Quem seria a próxima companheira a voltar para a convivência dos familiares queridos?

Esta pergunta última passou a interessar toda a nossa pequena comunidade e um dos Mentores de nossa casa informou que a pequena que estava próxima a regressar para o carinho dos pais seria Vera, uma pequena que, em nosso calendário, estava nos dois janeiros de idade.

Vera tornou-se o alvo de todas as atenções.

Ela contava histórias da casa querida que a esperava.

Falava com respeito aos pais amigos, com admiração e ternura.

A notícia era comentada com grande empolgação, quando um dos nossos supervisores encarregou a Lika e a mim para fazermos, na residência de Verinha, as investigações precisas para que ela se reinstalasse entre os parentes, mas, depois de respeitosa pesquisa, viemos a saber que a mãezinha dela, Dona Beatriz de Falco, não poderia acolhê-la, apesar das muitas saudades da filha que morava entre nós, na Vida espiritual, em vista de haver pedido uma cirurgia para desligamento definitivo das trompas, modificando o seu próprio campo genésico.

A filha que ela amava tanto não mais poderia se lhe acolher no coração.

Indagamos acerca de outras possibilidades, quando fomos em visita a uma tia de Vera, jovem senhora de vinte e seis primaveras e, tateando-lhe discretamente o íntimo, observamos que ela receberia uma nova criança com alegria.

Completamos as nossas anotações e voltamos ao Instituto com as informações.

O supervisor que nos confiara a missão ouviu-nos com respeito e cientificou-nos de que nos cabia o dever de informar à criança que ela não poderia retornar ao convívio dos pais, alegando, de nossa parte, que Dona Beatriz trazia a saúde modificada e falamos Vera, sobre a tia que lhe aguardava a chegada, de braços abertos.

A menina, porém, ao interar-se de que não poderia voltar à Terra com os mesmos pais que ela não esquecia, escutou o nosso relatório e passou a chorar convulsivamente.

Aí está, Mãezinha Dorothy a nona fase de nossa história real e pretendemos, com a permissão de Jesus, promover o término de nosso trabalho, em nossa próxima reunião.

Envio muito carinho à Mônica e ao Júnior.

E, com as flores de minha ternura, despede-se aqui a sua filha do coração, que pertence a você e ao Papai Antoninho, em nome de Deus, sempre a sua Claudinha.

Capítulo 10

“LASTIMO NÃO MERECER TANTO AMOR, NO ENTANTO, FAREI O POSÍVEL PARA TRABALHAR E SERVIR, RECUPERANDO O TEMPO QUE PERDI.”

Claudinha, carinhosamente reconhecida pelos amigos e familiares, dispensa hoje qualquer apresentação.

Sua simples biografia, pequena ainda de grandes realizações pelo pouco tempo que esteve aqui na Terra, consta em algumas obras psicografadas por Francisco Cândido Xavier, como mais um lenitivo às famílias aflitas e saudosas pela perda dos seus entes mais queridos.

Dizer que Claudinha era carinhosa, estamos anunciando um produto verdadeiro de suas ações.

Se Claudinha foi boa aluna, é uma pergunta que os Diretores do Colégio Nossa Senhora do Rosário e Galileo Galilei responderão com prazer, lá estão para qualquer informação sobre essa nobre criatura.

Falar de sua simpatia, também é querer repetir o que muito se ouviu e confirmado está pelas amizades que aqui ficaram, endossando com carinho suas ações.

Se ela praticou campanhas filantrópicas?...

É o mesmo que recordar os vários pedágios organizados por ele a angariar fundos aos carentes da vida.

Se hoje carecemos de defensores ecológicos, não foi assim com Claudinha.

Participante ativa, defensora por excelência e por amor à natureza, convocou várias reuniões no Colégio, a expor sua experiência aos colegas quando de sua visita por algumas vezes ao Pantanal Mato-grossense, munida de fotos, folhetos e cartazes obtidos na ocasião.

Portanto, Claudinha, a nossa Cláudia Pinheiro Galasse, por seu esforço, dedicação e amor, conquista na simpatia dos Mentores Espirituais e pela misericórdia de Jesus, o merecimento da presença junto a esses espíritos queridos e necessitados da colaboração, na condição de uma aprendiz guardiã, que se prepara com amor para o convívio desses pequeninos corações, e a ser no amanhã, no trabalho edificante com Jesus, mais uma alma nas lides abençoadas da caridade espiritual cristã.

Querida Mãezinha Dorothy e querido Papai Antoninho.

Agradeço o bolo e outras lembranças com que comemoraram o meu pobre aniversário. Fiquei muito grata e comovida com o carinho que dispensaram às nossas crianças e às nossas mães do coração, em lhes recordando a presença.

Lastimo não merecer tanto amor, no entanto, farei o possível para trabalhar e servir, recuperando o tempo que perdi. Pais queridos, muito obrigada. Mônica e Junior, Deus os recompense pelos pensamentos de amor e bom ânimo que me enviam.

Querida Mãezinha Dorothy, conforme prometi, o caso de Verinha, a pequena que voltou à experiência física.

A menina estava convicta em voltar à própria família, naturalmente convencida de que regressaria naturalmente à convivência dos seus entes queridos, de modo a prosseguir no mesmo corpo em que habitara transitoriamente.

Marcado o dia em que se lhe promoveria a volta, as colegas do Instituto traziam as atenções fixadas em Verinha, arquitetando a festa a que se integrariam na data previamente fixada, para se despedirem da companheira com a possível alegria.

Acompanhava as ocorrências com atenção, quando um de nossos Mentores me convidou ao diálogo de serviço, comunicando que me achava designada para acompanhá-lo ao novo lar. O encargo era honroso, mas os serviços decorrentes das atividades em perspectiva realmente me confundiam.

Autorizada a perguntar ao orientador sobre os temas que desejasse, ousei interrogar-lhe:

− Por que fora eu a escolhida para a tarefa, sendo que não possuía ainda a experiência que supunha necessária?

O interlocutor sorriu-me e afirmou-me:

− Cláudia, você veio para a Vida Espiritual em razão de um acidente que lhe furtou a vida...

Consideremos que a assistência à Verinha lhe conferirá valiosa experiência sobre a preciosidade da existência humana.

Auxiliando uma criança, em seu renascimento, você observará a importância da vida e fixará novos valores em seus conhecimentos.

− E qual será a duração do trabalho de assistência à nossa irmãzinha, que me caberá dispender?

− Pelo menos seis meses.

− Será preciso um período de tempo longo assim?

− Realmente – falou o chefe – antes do nascimento da menina, você precisará auxiliá-la na solução do problema da compatibilidade ou empatia. Todas as reencarnações diferem umas das outras e a de Verinha exigirá esse trabalho de acomodação entre ela e a futura mãezinha.

Você prestará serviço a uma e a outra...

− Mas não tenho instruções para agir, no socorro à criança, caso isso se faça necessário...

O benfeitor fez um gesto de indulgência e acentuou:

− Essa parte da iniciativa pertencerá aos orientadores e técnicos em reencarnação, aos quais você poderá dirigir qualquer indagação.

Não se aflija. Você não estará sozinha.

O renascimento de Vera será presidido por amigos experientes na modelagem do corpo futuro a que ela se jungirá, tanto quanto as particularidades desse mesmo corpo, de vez que a nossa Verinha tem muitos méritos adquiridos em reencarnações passadas, quando se destacou na condição de musicista e professor de muitas entidades que lhe devem estima e atenção.

Ela precisará de um cérebro tão perfeito quanto possível e necessitará de mãos firmes e dedos longos para a identificação com o piano...

− E ela sabe tudo isso? – indaguei um tanto assustada.

− Não. – explicou o Mentor – os informes que lhe transmito são confidenciais e foram recolhidos na ficha cármica de nossa irmãzinha. Não temos o direito de incomodá-la, por antecipação, quanto ao futuro, que somente a ela pertencerá.

De nossa parte, é nossa obrigação facilitar-lhe o caminho, sem inquietá-la com perspectivas que não nos competem vasculhar.

Compreendi tudo aquilo que o orientador desejava dizer e busquei auxiliar a turma para as despedidas.

Certa feita, voltei a perguntar ao orientador sobre o destino das outras meninas.

− Todas terão de voltar à Vida Física? – formulei a questão.

Ele replicou:

− Nem todas. Algumas esperarão aqui mesmo os pais que virão encontrá-las no futuro e, então, com eles e junto deles, decidirão o que lhes cabe fazer.

Fiquei informada devidamente, pois a comunidade das crianças me interessava vivamente, quanto ao amanhã de todas elas.

Marcado o dia para o “até breve” de Verinha, reuniram-se todas para uma canção de homenagem.

Era um quadro enternecedor observar as meninas de mãos entrelaçadas, mantendo a pequena Verinha em meio da roda afetiva.

Sob a atenção de todas nós que éramos consideradas funcionárias do Instituto, depois de músicas cariciosas e lindas, executadas pelas meninas mais experientes, a roda se desfez naturalmente e se via na face da homenageada a alegria e a emoção de que se via possuída.

As pequenas haviam escolhido a música antiga do interior para servir de estribilho às quadras que, uma a uma, deveriam compor e apresentar.

Não posso, Mãezinha Dorothy, repetir as quadras todas porque detive algumas na memória, mas, mesmo assim, transmiti-las-ei para seu conhecimento e conhecimento de outras mães. Todas na roda a movimentar-se em torno da pequena Vera, cantaram em coro:

A – e – i – o – u,

Aprendemos no ABC.

Verinha, você não sabe

Quanto amamos você.

E as quadras se seguiram.

Darei esta anotação apenas quanto à primeira:

Temos tudo nesta escola

Onde o apoio não se atrasa.

No entanto, espero algum dia,

Regressar à minha casa.

A segunda improvisou:

Verinha, guarde o sinal

Para achares quem me ama.

É a minha boneca Fausta,

Que deixei em minha cama.

E prosseguiu a fieira de quadras:

Estava com sarampo,

Quando em febre adormeci.

Até hoje não conheço,

Que me trouxe para aqui.

Verinha, ouça em paz,

A força de nossa voz.

Nós te pedimos, apenas,

Que não te esqueças de nós.

Na sua partida, hoje,

A saudade aumenta mais.

Mas tenho a grande esperança,

De um dia rever meus pais.

Minha mãe sempre falava,

Que a mágoa pior da vida,

É a dor que todos sentimos,

Na hora da despedida.

Nossa Verinha se vai,

Procurando o que mais quis.

Deus lhe dê ao coração,

Um lugar lindo e feliz.

E o coro se repetiu no final a canção:

A – e – i – o – u,

Aprendemos no ABC.

Verinha, você não sabe

Quanto amamos você.

Quando terminaram as derradeiras notas, notei que o meu rosto se cobria de lágrimas.

O adeus e a saudade moravam ali também naquele recanto de amor.

Abraçada pelos colegas, Verinha chorava intensamente.

Chegara, porém, o instante da partida e, em companhia do Mentor respeitável que me esclarecera, verinha e nós tomamos o carro que nos levou até a cidade grande.

O orientador se despediu para se hospedar numa casa assistencial, onde era um amigo querido e ficamos nós, ela e eu, na residência de meus pais, onde procurei orar e deter-me nas melhores recordações.

Na manhã seguinte, o orientador nos procurou e falou-me a sós:

− Irmã Cláudia, você faça o possível por habituar a menina à presença da senhora que se lhe fará a nova mãe em breve tempo e procure o melhor meio para falar-lhe da própria reencarnação.

Prometi fazer o possível e, em seguida, abracei a Mãezinha Dorothy, o Papai Antoninho, a vovó Gorízia, a nossa Mônica e o nosso Júnior,lembrando a importância da vida em família.

Logo depois fomos à casa da ex-genitora de Verinha e fomos achá-la em pranto de saudade, contemplando o retrato da filha, como se adivinhasse os acontecimentos de que eu fora protagonista.

Verinha chorou ao saber que a Mãezinha não lhe poderia albergar a presença, acreditando que ela estivesse enferma.

Dirigimo-nos à residência da tia que cantava enquanto cerzia peças de roupa da própria casa.

Observei que ela, a futura mãezinha de nossa tutelada, recordava a sobrinha num misto de saudade e alegria.

Qual, se fosse atraída por força inexplicável, a menina correu a abraçá-la sob o meu olhar de aprovação e beijou-a na face.

A senhora, muito jovem, disse ao marido que se achava presente:

− Que saudade da Vera! Meu Deus, é impossível que uma criança da inteligência e da graça de minha sobrinha, possa desaparecer para sempre.

É impossível crer na morte, como sendo o fim da vida!

Daquele dia em diante, enquanto me dirigia à moradia de meus pais, Vera permanecia na convivência da tia, dando-me a idéia de que estreitavam a própria união.

Após dois meses, uma comissão constituída por um médico, um Mentor e um amigo espiritual da família, surgiu diante de nós e submeteu a menina ao tratamento, para o ato de renascer.

Não pude acompanhar a operação que se processava, no entanto, notei que Verinha estava muito pálida e como que emagrecera consideravelmente, pois estava com a leveza de uma criança de colo.

Mais dois dias e observei que ela como que se colara ao corpo da tia que se encontrava intensamente feliz com a presença da menina com ela e junto dela.

Os seis meses que me haviam concedido no Instituto estavam findos.

Sem que eu soubesse como se dera a transfiguração, Verinha era a linda criança recém-nata na residência dos novos pais.

Agradeci a Jesus a experiência que me permitira acompanhar de perto e voltei à minha sede de trabalho.

Então, Mãezinha Dorothy, pude abraçá-la e a meu pai, com novos sentimentos para a vida.

Beijei a vovó Gorízia e os meus irmãos e, com lágrimas de emoção e júbilo, ao regressar para os meus deveres, considerei com alma e coração que deus não nos criou para o eterno adeus e, sim, para o amor que nos reúne uns aos outros através de laços imortais.

Recado Final

“BOLO DE PAZ E DE AMOR...”

Na comemoração de seu aniversário, em Uberaba, a família de Claudinha, estende esta festividade aos carenciados das facilidades terrenas, levando-lhes as guloseimas naturais de uma festa de aniversariante. A felicidade não se fazia presente apenas deste lado.

Claudinha, também, foi recepcionada pela simpatia e o amor das crianças, as quais supomos perdidas dos laços familiares.

Reconhecidas, ofereceram à professora querida o verdadeiro bolo que satisfaz o íntimo feliz de qualquer homenageado.

O bolo de Paz e de Amor.

Na paz encontrada pelos familiares, neste singelo volume o agradecimento a Deus dos pais, Antonio Pinheiro Galasse e Dorothy Campagna Galasse, dos irmãos, Mônica Pinheiro Galasse e Antonio Pinheiro Galasse Júnior.

Querida Mãezinha Dorothy, Papai Antoninho, Mônica e Júnior, estou chorando de alegria ao vê-los juntos nas preces.

Nada fiz até hoje para merecer a reunião da família, com nossos amigos do Ipiranga...

Mamãe Dorothy, abençoe e escute o meu coração a dizer-lhe muito obrigado!

Hoje as minhas emoções demasiado fortes não me permitem escrever sobre a felicidade que sinto. Mas quero contar-lhe, Mãezinha Dorothy, Que hoje cedo mais de sessenta crianças me ofereceram um bolo de Paz e de Amor com a seguinte inscrição:

Feliz aniversário

À nossa Claudinha querida,

À nossa amiga de sempre

E professora na vida.

Papai e Mamãe, não pude senão chorar de emoção e alegria.

Minha vida, vida nova, está começando e ao vê-los todos juntos sou, como sempre, a filha agradecida e feliz.

FIM