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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Esperança e Alegria-Francisco Cândido Xavier

 

Índice do Blog 

 

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Esperança e Alegria

Chico Xavier

Espíritos Diversos

Índice

Antônio Alcindo Ribeiro

Cleide Aparecida Rodrigues de Almeida

Olimar Feder Agosti

Rosangela Maria Sonvesso

Valdir de Vicente

João Vaccari Neto

Antonio Alcindo Ribeiro

Antoninho, como é carinhosamente conhecido por seus familiares e amigos, era um jovem estudante de 16 anos repleto de entusiasmo pela vida e pelas atividades características de sua idade. Há tempos alugava motocicletas, contrariando seus pais e, por insistência sua, finalmente conseguiu uma. Sua família planejava uma viagem a Portugal para o dia 15 de dezembro. Porém, no dia 03, ao dirigir-se ao Salão do automóvel, em São Paulo, sofreu um acidente em sua moto.

Por estar sem o capacete, que havia emprestado a um amigo que participaria de uma corrida, feriu gravemente a cabeça. Seus companheiros socorreram-no prontamente (era um grupo de 25 rapazes), levando-o para um Hospital.

Vários dias de internação seguiram-se e, no dia 24, pediu em oração que, se fosse para continuar neste mundo com seu corpo aleijado, que partisse. No dia seguinte, dia de Natal, exatamente às 6 da tarde, 24 horas após sua oração, ele se foi.

Antoninho enviou sua primeira mensagem por Chico Xavier e sua família, desde então, já recebeu por volta de 20 comunicações, algumas delas através de outros médiuns.

Dona Carminda, sua mãe, estava em profundo sofrimento, sem vontade de viver.

Ela diz:

“Após a mensagem, tudo mudou, posso continuar a viver. O relacionamento em nosso ambiente doméstico mudou e meu marido dá todo o apoio de que necessito.”

Dona Carminda passou a dar assistência ao Lar da Caridade, ex-Hospital do Pênfigo Foliáceo de Uberaba, dirigido pela Fundação Maria Aparecida Conceição Ferreira, e outras instituições.

Carminda dos Santos Ribeiro

Esclarecimentos sobre o texto da mensagem:

Pais: Carminda dos Santos Ribeiro e Francisco Preto Ribeiro.

Irmãs: Maria Antonia dos Santos Ribeiro e Rita de Cássia Ribeiro.

Sobrinho: André Ribeiro Antunes, filho de Maria Antonia.

“Querida mãezinha Carminda e meu querido pai, reúno os dois em meus braços para sentir-lhes o carinho de sempre.

Mãezinha, o Natal está povoado para nós de lembranças amargas e luminosas. Esqueçamos as amarguras que se relacionam com a minha repentina separação, à vista do acidente inevitável, e conservemos as recordações luminosas que são as de Nosso Senhor Jesus Cristo, sob cuja bondade temos vivido e viveremos sempre.

Mãezinha Carminda, não se entristeça se lhe disser que as mães são as vigas mestras do instituto da família. Pense em meu querido pai, como sendo o nosso tesouro de energias.

Do papai, temos a iniciativa, a dedicação, o trabalho constante, as contas pagas, os constrangimentos das compras em benefícios de todos em nossa casa.

Quando essa ou aquela crise aparece, quem surge em nossa lembrança, por interventor da normalidade é o papai; se alguém adoece, quem consultamos antes do médico sobre conveniências e despesas é ainda o papa; se sucede algum acontecimento desagradável, para sanar-lhe as conseqüências, o primeiro a receber o impacto das notícias inesperadas e difíceis é sempre o papa, se nos dispomos a visitar os parentes no exterior, para solucionar os problemas da viagem é o papai quem surge a nossa frente a fim de ensinar-nos o melhor caminho para o controle das situações e dos gastos...

Querida mãezinha Carminda, não podemos esquecer a providencial autoridade de um homem assim, sempre atencioso e diligente para que se faça o melhor para nós.

Peço-lhe imaginar o seu Antoninho na pessoa dele.

Se ele encontra alguma demora para voltar à casa, nada reclame, se ele aparecer triste ou irritado, nada perguntemos, se ele precisa de tempo para entendimentos com amigos e clientes deixemo-lo agir como é preciso.

Meu pai! Palavras tão terás minha mãe, que eu pronuncio com afetuoso respeito.

De nada nos queixemos. O papai promove todos os recursos para que não nos falte o necessário e o extra-necessário.

Não será justo que o seu carinho de mãe e de esposa se digne a prestar-lhe maior confiança?

Perdoe-me se lhe falo assim, mas tenho imenso amor aos dois e não poderia ocultar este meu propósito de cooperar para que a nossa felicidade prossiga inalterável. Fique tranquila e confiemos em Jesus.”

Antoninho.

Antonio Alcindo Ribeiro

Cleide Aparecida Rodrigues de Almeida

Cleide, aos 20 anos, trabalhava como recepcionista da WEA Discos Ltda e preparava-se para entrar em uma faculdade de jornalismo.

Fortes chuvas desabavam sobre São Paulo, mas ela não poderia imaginar que o Rio Tamanduateí, cujo leito ultrapassava seu curso normal, pudesse estar tão voraz.

O automóvel em que estava foi tragado pelas águas e Cleide partiu deste mundo.

Estas são palavras de sua família:

“O desencarne de nossa Cleide foi um tremendo golpe para todos nós. Sua mensagem nos trouxe uma nova motivação para viver. Saber que tudo continua e que ela está sempre nos ajudando e dando força espiritual é um enorme conforto e motivo de muita alegria.

É um ponto de partida para novos conhecimentos e novas realizações no auxílio aos nossos irmãos mais carentes.

Agradecemos a Deus e ao nosso querido Chico Xavier por tudo de bom que a mensagem de nossa Cleide trouxe para toda a família”.

Maria Aparecida e Jorge

Rodrigues de Almeida

Esclarecimentos sobre o texto da mensagem:

Pais: Maria Aparecida Almeida e Jorge Rodrigues de Almeida.

Irmãos: Cleusa e Cláudio de Almeida.

Nelson Castro Dantas: amigo de trabalho que desencarnou no mesmo acidente.

Tio em segundo grau – José Peroba dos Santos.

Padre Victor de Três Pontas – Pe. Francisco de Paula Victor, já desencarnado.

Sonia e Crislene – amigas de Cleide.

Vovó Maria Margarida da Conceição – bisavó já desencarnada.

MENSAGEM

“Querida mamãe Cida e querida Cleusa,

Estou aqui nestas linhas tentando identificar-me com vocês, nas mesmas preces em que rogamos a bênção de Deus, em auxílio a nós todos.

Compreendo que o desejo de intercâmbio que lhes move os pensamentos será motivado pela mesma causa através da qual venho a vocês para afirmar-lhes que estou melhor.

Aquela terça-feira de carnaval, para nós, foi realmente uma noite de redenção pela dor.

Quando nos afastamos de casa para alguns minutos de entretenimento, ignorávamos que nos púnhamos a caminho de um ponto alto de vossa vida espiritual.

A Terra física apresenta dessas surpresas.

Por vezes, a criatura mentaliza a ausência rápida no rumo de uma festa, desconhecendo que segue instintivamente ao encontro da morte.

Não digo isso por pessimismo, falo de outro ângulo da vida, reconhecendo que a morte do corpo é simples mudança.

Entretanto, não consigo reportar-me ao acontecimento fora dos padrões de entendimento que regem as nossas opiniões em família no plano físico e por isso, rogo não só à mãezinha, a meu pai, à Cleusa e Cláudio pra que não choremos senão de reconhecimento a Deus pelo fato da vida não nos cercear a necessidade do resgate de certas contas que jazem atrasadas no livro do tempo.

É verdade que o nosso veículo rodou no asfalto da rua para o curso do Tamanduateí, compelindo o nosso amigo Nelson e a mim própria à desencarnação violenta, mas é possível imaginar que os automóveis de hoje substituem as carruagens de ontem e sempre existiram perigosos cursos d’água, sobre os quais muitos delitos foram cometidos e ainda são perpetrados até hoje por espíritos que se fazem devedores perante as leis Divinas.

O companheiro e eu estávamos empenhados a certa dívida do pretérito que, pela misericórdia do Senhor, fomos chamados a ressarcir, em nosso próprio benefício.

Deixo aos familiares queridos o trabalho de complementarem por imaginação o que me proponho a dizer e volto a assegurar-lhes que estou satisfeita, conquanto as saudades que são luzes inextinguíveis no coração.

Felizmente, como o auxílio dos amigos tio José e do nosso benemérito Padre Victor, conseguimos observar o Nelson reintegrado espiritualmente na equipe familiar a que pertence.

E as amigas Sonia e Cristina já se descartaram das recordações amargas da noite em que se fizeram de novo ao solo, já que o nosso débito não as envolvia.

Deus as abençoe nas tarefas em que se encontram e conserve a nossa casa repleta de paz e esperança que, por mercê de Deus, já nos permitimos usufruir. A vovó Maria Margarida e o tio prosseguem na mesma dedicação com que me acolheram e desejo noticiar-lhes que após a retirada de meu pobre corpo das águas à frente do santuário de Pirapora, fui conduzida a tratamento, e os amigos de nosso pessoal solicitaram ao médico Dr. Augusto Silva, que brilhou em Lavras, me dispensasse os cuidados de que me via carente.

Graças a Deus e à intervenção de tantos afetos sinto-me encorajada a retomar o trabalho que me espera e no qual conto com a possibilidade de ser útil aos nossos companheiros necessitados ou mais necessitados do que nós mesmos.

Quem sabe guardarei atribuições de colaborar em auxílio de quantos se dirigem para as festas do Mundo? Penso de mim para comigo que será esse um nobre encargo no qual encontrarei o meu campo de partida para novos conhecimentos e novas realizações.

Nesse sentido, querida mamãe Aparecida, continue orando em meu apoio.

Devo tanto às preces de casa e às vibrações de amor que o lar me endereça que não vacilo em pedir as intercessões, junto à nossa Cleusa, para que me fortaleça e abrace os meus novos deveres com alegria.

Aqui termino com a idéia que não lhes escrevi como desejava e sim como pude.

Estou reconhecida à compreensão e à generosidade com que interpretaram a provação que me abriu passagem para a vida diferente em que me encontro agora e pelo a Deus os recompense a todos.

E para a querida mãezinha Cida, deixo nestas páginas todo o carinho e toda a gratidão da filha que lhe deve tudo de melhor que traz na própria alma, sempre a sua filha e companheira de todos os instantes.

Cleide Aparecida Rodrigues de Almeida.”

Olimar Feder Agosti

Olimar, uma bela e jovem advogada, faleceu em um acidente de avião nas proximidades de Fortaleza, no Ceará, ao viajar para encontrar-se com seu marido Geraldo. Estavam casados há apenas três meses.

O acidente foi fulminante e dos destroços materiais pouco havia que permitisse a identificação das pessoas. Assim, é interessante observar o comentário que Olimar tece a respeito das flores que lhe foram ofertadas no cemitério de Fortaleza, onde não havia possibilidade de ser identificado o local dos restos mortais. Foi um gesto de carinho que só era do conhecimento de seus parentes mais próximos.

Estas são palavras de seus pais:

“Receber esta mensagem de Olimar foi uma das maiores emoções da vida, pois com a separação da matéria de uma filha jovem, inteligente, bonita por dentro e por fora, de forma repentina e brutal, o equilíbrio somente foi possível pela fé inabalável em Deus e pela ajuda dos amigos iluminados, que nos deram a chance de termos o contato claro, impressionante, autêntico, que fortaleceu nossa crença e nos inspirou a confiar que a vida é eterna para quem ama.

Recebemos mais uma prova de que a morte material é patente, porém o nosso espírito continua na trajetória da vida eterna. Passamos a ter mais amor entre nós familiares e semelhantes, bem como a prática constante do Evangelho do Lar, e a participação ativa e feliz de assistência social, seguindo a Doutrina Espírita”.

Gerson e Olinda Feder

Esclarecimentos sobre o texto da mensagem:

Pais: Olinda e Gerson Feder.

Esposo: Geraldo Agosti (GE), filho de Helena Agosti.

Marieta Strifezzi: avó materna nascida a 22 de abril de 1898 e desencarnada a 19 de julho de 1949.

Bruno Cavalcanti Feder: avô paterno nascido a 28 de maio de 1900 e desencarnado a 04 de fevereiro de 1956.

Francisco Felipe Agosti, avô de seu esposo Geraldo, nascido a 22 de setembro de 1892 e desencarnado a 14 de setembro de 1963.

Dirce Casella Monteiro, prima por parte de sua mãe Olinda, nascida a 12 de julho de 1935 e desencarnada a 12 de janeiro de 1976.

“Mamãe Olinda e papai Gerson,

Estou ainda sob a impressão difícil de descrever, a impressão dos que passaram pela ocorrência de que compartilhei. Ainda assim, estou na condição da filha reconhecida que lhes pede a bênção.

Venho trazida, porque, por mim própria, a iniciativa da visita a que me entrego, seria quase impraticável. A vovó Marieta considerou, porém, que seria justo endereçar-lhes alguma notícia e estou pronta a isso.

Mesmo assim, como não poderia deixar de ser, me sinto amparada a fim de articular as minhas palavras escritas.

Lembro-me perfeitamente de nossa despedida natural antes da decolagem do avião, tudo alegria e certeza de paz com a promessa do reencontro com o nosso querido Geraldo em fortaleza para que a minha alegria fosse complementada.

A viagem começou sem novidades que mereçam menção especial. Alguns passageiros, creio que veteranos nas travessias aéreas se punham a dormir, tentei fazer o mesmo, no entanto, não conseguia perder-me no repouso desejado. Refletia na vida e montava mentalmente os meus projetos para a excursão iniciada.

Guardava a idéia de que alguém velava comigo, sem que eu pudesse identificar qualquer presença espiritual. Mais tarde é que soube que a vovó Marieta estava ao meu lado.

Tudo seguia sem sobressaltos, máquina estável e segurança em tudo. A aeromoça ia e vinha de quando em quando, oferecendo brindes para nosso reconforto e irradiando o sorriso com que parecia desejosa de nos tranqüilizar.

Consultei o horário e pensava na mãezinha Helena a esperar-me na alta madrugada, quando o estrondo nos reuniu a todos na mesma idéia horrível. Num relâmpago de segundo ainda consegui mentaliza-los em companhia do GE, mas o raciocínio desapareceu como por encanto.

Dores não senti. Creio hoje que nas calamidades imprevistas qual aquela em que me vi, não há tempo para registro de sofrimento pessoal. Se isso aconteceu deve ter sido um pesadelo que o assombro empalideceu.

Nada mais vi nem ouvi. Não sei fazer qualquer comparação para transmitir-lhes essa ou aquela idéia do sucedido. Quanto tempo estive largada ao esquecimento de mim ainda ignoro.

Primeiramente a amnésia me dominou totalmente, em seguida me vi colada a uma apatia sem nome. Vi pessoas em derredor de mim, sabia que um leito acolhedor me aguardava, entretanto, muito vagarosamente passei a interessar-me na busca de minhas próprias recordações.

Percebia-me visitada por amigos, escutava-lhes os votos de recuperação tão rápida quanto possível, no entanto falar ainda era algo muito complicado nos mecanismos de relacionamento de que dispunha.

Passaram-se dias sobre dias, até que pude interpelar minha querida avó que se identificou para minha tranqüilidade.

Iniciei os meus contatos e, com espanto, vim a saber que já não mais pertencia ao nosso mundo familiar, segundo os vínculos físicos. Aturdia-me saber que me achava num corpo absolutamente igual ao meu e a meio custo aceitei a realidade de que o outro, aquele que eu deixara no avião sinistrado, era uma veste que me fizera inútil.

A transição era violenta demais para que me conformasse sem rebeldia, sentia sim uma certa mágoa contra a vida, porque efetivamente não poderia dizer contra a morte, já que a morte passara a ser inexistente em meu modo de pensar e sentir.

Dei largas ao meu pranto de angústia, o que minha avó Marieta considerou natural. Ela não me proibiu qualquer manifestação de tristeza ou desalento, mas me afirmou que seria muito importante superar a crise com minha força de vontade, como se naquelas horas a tivesse.

Os conselhos e avisos, porém, valiam por medicações de muito significado para que eu conseguisse refazer energias a fim de revê-los e comecei a extrair do íntimo do meu próprio ser, a decisão de vencer a mim própria.

Reagi com as possibilidades de resistência que não perdera de todo e transferi-me da amargura para a esperança. Era preciso ajustar-me às leis de Deus que são as Leis da Vida, compreender que os meus anseios de moça deviam ceder lugar a um entendimento melhor, e gradativamente consegui entrar no conhecimento de outros amigos, todos eles familiares queridos que me estimulavam à renovação. Avô Francisco, a nossa querida Dirce, o avô Bruno e tantos corações devotados como que me emprestavam novas forças ao meu cérebro a fim de que eu conseguisse pensar por mim mesma, e pude visitá-los pela primeira vez. Reunimos as nossas lágrimas sem que assinalassem a minha presença e reconheci que se me fazia necessário o reerguimento de modo a ser-lhes útil.

Tomei conhecimento de quanto haviam feito em meu auxílio e agradeço as preces e os atos de religião, os anseios de me tocarem inutilmente, as últimas lembranças e as flores que me ofertaram, desconhecendo de que maneira as colocariam ao meu dispor.

Acontece, pais queridos, que eu não mais precisava de espaço terrestre para receber todas essas lembranças do coração, pois acolhi todos os gestos de amor que me dedicaram, por dentro de mim, qual se trouxesse comigo um imã desconhecido que os atraia.

A dor da mamãe e o sofrimento do meu pai, como o pesar de nosso Geraldo e de todos os entes queridos, me pesaram na alma de inexplicável maneira e aqui estou a fim de rogar-lhes a conformação que os amigos daqui solicitaram de mim.

Agradeço à mãezinha Helena os cuidados comigo e para com o filho querido com quem sonhávamos todos num futuro feliz. Nosso querido Geraldo será fortalecido e sobreviverá, como é justo, ao desastre que não nos tornou diferentes e sim nos obriga a pensar no amor em outro nível.

Mãezinha Olinda, reconforte-o para mim e diga-lhe do meu afeto que prossegue inalterável, e fale a ele de minha vontade sincera de vê-lo forte e reanimado para a existência, quanto possível.

Outros dias surgirão e novos ideais brilharão conosco. O nosso lar de três meses foi um sonho na Terra, mas se nos fará luz para uma reunião maior na espiritualidade. Com a bênção de Deus ele viverá e será feliz. Espero conquistar forças novas a fim de resguardá-lo contra o desânimo e contra a tristeza que, em verdade, não servem a ninguém.

Que os nossos corações se unam nas esperanças diferentes em que a imortalidade nos revele a perenidade do amor e da comunhão espiritual para sempre.

Queridos pais, ainda não estou assim tão forte para prosseguir, reconhecendo embora que me estendi, talvez demasiado, no relatório de minhas informações de caráter familiar. Desejo que me saibam viva, mais viva do que nunca, a fim de continuarmos em nossas realizações para frente.

Querido papai Gerson, é preciso viver e esperar.

Mamãezinha Olinda, sigamos adiante recordando que há muita gente esperando por nós e por nossos abraços.

A vovó Marieta se lhes faz lembrada com um abraço e desejando fortemente imprimir-lhes nos sentimentos a certeza de que a morte não existe. Com muito carinho ao Geraldo, despede-se por hoje com muitos beijos de saudade e de esperança a filha do coração, que anseia continuar sendo para os dois a criança que não cresceu e que os ama, cada vez mais.

Sempre a filha agradecida,

Olimar Feder Agosti.”

Rosangela Maria Sonvesso

Rosangela aos 22 anos estava fazendo pós-graduação em Matemática na Universidade de São Paulo (USP) e preparava-se já para o doutoramento, enquanto exercia o cargo de professora de matemática em escola secundária.

Alguns meses antes de seu falecimento, devido a um aneurisma cerebral, Rosangela fizera a sua mãe um pedido: se algum dia ela partisse, que entregasse uma jóia recebida como presente de seu namorado Joel, para que ele a desse a sua filha, que algum dia haverá de nascer.

Este fato era apenas do conhecimento de sua mãe, dona Maria Helena e é mencionado nesta correspondência inter-planos de existência.

Dias antes do desencarne, comentou que, quando morresse, gostaria de receber flores do campo para enfeitá-la. E ela refere-se em agradecimento a isto, pois seus pais fizeram seu gosto.

Eles, após o recebimento desta primeira mensagem, ora publicada (já enviou mais seis), tornaram-se espíritas e passaram a trabalhar com maior força a benefício do próximo.

Estas são as palavras de sua mãe Maria Helena:

“Agradeço a Jesus, e peço a ele pelo nosso querido Francisco Cândido Xavier, pois foi através de sua bendita psicografia que pudemos reencontrar nossa Rosangela e assim criar novas forças para viver.

Jesus o abençoe sempre”.

Maria Helena de Jesus Sonvesso

Esclarecimentos sobre o texto da mensagem:

Pais: Maria Helena de Jesus Sonvesso e Divino Santo Sonvesso.

Irmão: Carlos Roberto Sonvesso.

Tia Oneida, por parte do pai de Rosangela, e mãe de João Carlos.

Juliana Maria de Jesus, bisavó materna, desencarnada a 09 de julho de 1968.

Ângela Galli Sonvesso, bisavó paterna, desencarnada a 08 de fevereiro de 1956.

“Mãe,

Abençoa-me. Sinto conosco a presença espiritual de meu pai, o papai Divino, que estimaria acompanhar-nos. Refiro-me a isso, porque não desejo possa ele se julgar esquecido.

Um ano transcorreu. Num momento qual este em que a vejo de mais perto, como que se rearticulam na memória todas as impressões do corpo, a desmoronar-se por falta de comando mental.

Aliás, para nós ambas, aquela queda súbita de forças não foi novidade. Tudo estava confirmado em meus pressentimentos. Passei por vários sonhos, que mais se me afiguravam reencontros. Parentes queridos a me falarem da volta, amigos que me prediziam o despertar em nossa vida verdadeira.

Instantes surgiram em que parecia ainda sob a impressão de algum desequilíbrio, tão nítidas se me faziam as lembranças de quanto via e ouvia à distância do meu próprio corpo físico.

Quando me vi sem energias para sustentar a mim própria, no dia 19, compreendi sem a possibilidade de transmitir aos meus apontamentos que me abreviavam da fase terminal da existência breve.

Lembro-me que me conduziram ao hospital, de modo a verificar que providências seriam cabíveis para as melhoras positivas que me desejavam, e escutava-lhes as palavras referindo-se à violência do meu problema orgânico. O desejo de me expressar era muito grande, mas não mais dispunha do controle da palavra e a única porta que me restava para a saída de mim mesma era a oração, a que me agarrei no silêncio, cortado pelos ruídos da enfermagem no tratamento de sustentação.

Mamãe querida, se não lhe foi fácil a despedida de sua criança que era eu mesma, aos vinte e dois janeiros de idade, para mim a separação foi uma cirurgia cruel. No corpo não registrava qualquer dor, no entanto, por dentro de mim, palpitava o anseio de dialogar com os meus, sem a mínima chance para isso. Não sabia o que fosse noite ou dia, porque tudo permanecia obscuro à minha visão. Achava-me sob espessa neblina que me oferecia ensejo de intercâmbio com aqueles que mais amo.

Na manhã de 21 de agosto passado, notei que a nuvem que me cobria de todo se abria num lance estreito e, por semelhante abertura, via a face da vovó Juliana, que me acenava, com carinho. Assinalei uma alegria profunda no coração, porque não me sentia tão só, naquele estado avançado de quase libertação do veículo físico e, depois de muitas tentativas para o intercâmbio com a vovó Juliana, observei que me deslocava no leito, tornando-me mais leve... Ouvia as vozes discretas, as considerações aflitivas do papai e roguei a Jesus nos consolasse a todos, porque a minha hora havia chegado.

Benditos momentos! Revi todos os episódios de minha curta existência e lamentei não me fosse concedido mais tempo para continuar ao lado da família...

Entre preces e divagações, esperava, esperava...

Até que vovó Juliana se me fez mais intensamente visível e me comunicou carinhosamente:

“Minha querida Rosa, agora você vai para outro jardim. Um jardim de bênçãos em que muitas afeições nos aguardam”.

Pensamentos a me turbilhonarem no cérebro cansado, ainda formulei negativas:

“Bisa querida”, mentalizei, “peça por favor a Jesus para que eu fique ainda... Minha mãe, o pai, Carlos Roberto me esperam, a senhora que foi sempre maravilhosa, rogue ao Senhor me conceda mais tempo...”

A benfeitoria querida tomou a palavra, explicando-me: “Rosa, tudo estaria bem se você retornasse à saúde, mas compreenda... A ruptura de vasos importantes já se verificou... Filha querida, não se recuse à aceitação da lei de Deus. Pense. Você já está em oração fora de seu próprio cérebro... Não peça o impossível, e atendamos à certeza de que Deus nos oferece sempre o melhor!”

Então, mãe querida, chorei e me rendi àquele sono pesado com que me acomodei sem querer.

Observando-me partida em meus próprios sentimentos, ouvia o seu choro discreto e os gemidos do papai, no pranto que lhe corria dos olhos. Experimentava o aroma das flores que me cobriam e descansava... Estava ali e não estava. Era eu mesma a marcar as impressões derradeiras na experiência física, no entanto, reconhecia-me hesitante, estranha e fora de mim...

Não entendia da morte, mas depois vim a saber que vínculos invisíveis ainda me atavam ao corpo inerte e registrava, sem querer, aquele entardecer da mente no qual eu não sabia o que fosse dia ou noite, sombra ou luz. Por mim, o que me pareceu sono pesado se fez mais pesado ainda e perdi-me num silêncio total.

O despertamento veio, ao lado da querida benfeitora que me orienta o desligamento.

Não foi sem surpresa para não dizer assombro que me conscientizei da desencarnação. Não precisei de muitas explicações, porque a bondade de Deus me dera dois dias importantes para meditar... ali no clima do hospital fizeram um curso rápido de transformação espiritual. Achava-me entre dois mundos diferentes, aquele que me fora familiar e o outro em que me cabia entrar sob outra forma.

O que choramos na intimidade, já sabemos, porque me via unida às suas aflições e o seu coração me percebia as saudades imensas. A dor do papai e do irmão querido repercutia dentro de mim, no entanto a querida bisa Juliana me tutelou inteiramente, recolhendo em meu benefício o comando de outros amigos. A querida nona Sonvesso me estendeu o coração e sua filha vai recuperando a espiritualidade em que preciso agora viver.

Mãe, agradeço-lhe tudo o que fez por mim, sou grata ao seu gesto, restituindo ao estimável Joel o presente valioso que, pelo valor, não deveríamos conservar conosco. E quanto possível, agradeço quando semelhante reconforto se me faz concedido, todas as atenções que ele me deu.

Agradeço, mamãe as suas flores. Perdoe-me se eu desejava as do campo. Imaginando-me não longe da partida, queria aqueles que houvessem nascido naturalmente na terra, cujo seio se abriria também para mim. Querida mãe, encontrei no mundo em sua presença, a minha melhor companheira. Recebe meu reconhecimento com meu pai pelas orações que me ofereceram.

Recebi todos os ofícios da fé religiosa com veneração e alegria. Todas essas bênçãos me confortaram e por isso, aqui me vejo com a nossa benfeitora afim de lhes agradecer por tudo o que recebi. Deus os recompense. Ao querido irmão o meu abraço de carinho, esperando possa ele se realizar nos melhores empreendimentos na vida.

A tia Oneida não está sem proteção. Muitos amigos e parentes nossos estão auxiliando ao querido João Carlos.

Mãe, aqui estará o ponto final. Não posso delongar-me porque a emoção que me vem à cabeça e as recordações carregadas de saudades são muitas e muito densas as imagens que se formam por dentro de mim e por isso reúno-a com o papai e com o irmão querido no meu carinho e no meu reconhecimento.

Mãe querida, guarde os muitos beijos de sua filha, sempre sua filha e companheira de todos os dias, sempre a sua

Rosângela Maria Sonvesso.”

Valdir de Vicente

Valdir, aos 25 anos, era desenhista profissional. A caminho da Baixada Santista, sofreu sério acidente automobilístico, chegando ao final desta sua jornada no plano terrestre.

O choque foi terrível para os seus mas o reconforto veio com a primeira mensagem, recebida um ano e quatro meses depois de sua passagem. Mais quatro já foram enviadas e ora publicamos a primeira.

Para sua mãe, dona Tereza, receber esta comunicação foi a melhor coisa que aconteceu depois do desencarne de Valdir. Ela sentiu que teria como que uma continuação de vida, podendo saber de tudo que se passava com ele.

Tornaram-se espíritas, começando a colaborar na assistência ao próximo, e este trabalho tem ajudado muito a eles.

Estas são as palavras de sua mãe:

“Gostaria de pedir a todas as mãezinhas que passam por este transe doloroso que se confortem na certeza de que os filhos continuam realmente vivos, nos auxiliando e nos incentivando no trabalho ao próximo.

As mensagens recebidas pelo querido Chico Xavier foram o melhor conforto para o meu coração de mãe e dos familiares”.

Tereza de Vicente

Esclarecimentos sobre o texto da mensagem:

Pais: Tereza e Januário De Vicente.

Irmãos: Wagner, Carlos Alberto (Beto), José Roberto (Duda),e Terezinha (Zinha)

Reginaldo De Vicente é sobrinho de Regi.

Tereza Maia é tia já desencarnada e avó Maria Josefa, por parte de mãe, também desencarnada.

Maurício Falcão é o amigo que estava no mesmo automóvel por ocasião do acidente, tendo falecido com Valdir.

“Querida Mamãe Tereza,

Abençoe-me com sua bondade de sempre.

Parece incrível mas estou aqui, plenamente recuperado, apenas com a realidade nova numa vida diferente, dentro da qual somos os mesmos, com idéias mais claras quanto à vida.

Tudo passou, eu entretanto guardo comigo um arrependimento de não lhe haver dito que desceríamos ao litoral para combinar uma festinha de Ano Novo. Imaginei que o retorno seria rápido, só por isso, não por outros motivos, é que não me expliquei como precisava.

Sei porém que o seu carinho e a compreensão do papai Januário me perdoam. Pelo que tenho de pesar pelo fato que exponho, peço-lhes esquecerem que não disse toda a verdade, porque não cultivava o hábito de mentir. Acontece que o Luiz nos recomendava cautela para seguirmos mais livres, sem acompanhamento de pessoas que pudessem talvez retardar-nos a volta. Mal sabíamos que a estrada nos imporia surpresas.

Quem desce habitualmente aceita a sugestão de velocidade maior e o problema se agravou quando nos vimos à frente um caminhão pesado que fazia força para evitar a banguela.

Impossível evitar o choque, nada sei daquele momento difícil, é como se uma pancada só nos anulasse a cabeça. Quis gritar pelo Mauricio e pelo Luiz, mas a voz não saía da garganta, minhas energias esmoreciam devagar, ao modo de uma lâmpada que se apaga lentamente sem possibilidade de reavivar, num pesadelo a prender-me qual se me visse no fundo de um grande poço. Não sei como se improvisou esse quadro na mente conturbada.

Tive a idéia de que a pancada sofrida houvesse me atirado para aquele recanto escuro. Vendo muito acima de mim a abertura para a saída como quem enxerga do bojo de um túnel a luz brilhante lá fora. Onde a coragem para subir? Nada sabia do que estava acontecendo, os pensamentos se entrechocavam em meu cérebro, até que dormi.

Ignoro até hoje como me retiraram desse estranho lugar.

Quanto tempo estive entregue à inconsciência, ainda não sei dizer, até que despertei. O ambiente era novo, tudo mudado, notei pessoas rondando o leito. Espantado por me ver à distância de casa quando estava acordado, naturalmente indaguei em voz alta sob a minha nova situação. As duas senhoras se aproximaram, e identificando-se com carinho, disseram-me que eram ambas a tia Tereza e avó Maria. Registrei um abalo, porque observei de pronto que eram pessoas já fora do nosso grupo familiar, em vista das despedidas pela morte de quem conservava conhecimentos. Lutei muito para aceitar o desafio com que me via defrontado.

Não conseguia admitir que estivesse destituído de meu corpo físico, embora a batida no caminhão se mantivesse, de modo vago, em meu pensamento. Creio que minhas queridas protetoras encontraram muitos entraves para me convencerem.

Depois de alguns dias conduziram-me à nossa casa e confirmei quanto me afirmaram porque vi meus familiares queridos sem que me vissem. Pertencia agora a novo mundo de matéria mais leve e inútil, porque tentasse eu levantar uma xícara ou acionar algum botão para eletricidade e tudo me parecia pesado, tão pesado que os elementos não me obedeciam.

Pude vê-la mirando um retrato meu, pensativa e chorosa, vi meu pai abatido incapaz de me assinalar o abraço de filho que sempre o amou tanto, andei à vontade sob a tutela da tia Tereza. Reencontrei o Wagner, o Beto, o Duda e a Zinha e cumprimentei-os com emoção de quem chega de longa viagem, mas nenhum dos irmãos me registrou a presença.

Busquei o nosso Reginaldo e lutei com todo o meu poder mental para fazer-me visto por ele, mas reconhecendo que todo meu esforço era em vão nesse sentido, pedi o retorno à casa, mas de nosso pouso doméstico, era preciso seguir a tia querida. Desde então vou fazendo o meu curso de adaptação; conformado não estou, no entanto já aceito a interpretação dos amigos daqui.

Trouxeram-me o Maurício para um abraço, mas o colega sentenciou que necessitávamos de muita serenidade para sermos tratados com naturalidade no campo novo de vida. Assim é, mãezinha, que seu filho vai conseguindo esquecer o desapontamento sofrido afim de abraçar uma vida nova. Peço-lhe dizer ao papai e aos irmãos que vou bem, com muita proteção mas bastante envergonhado ainda pela nossa imperícia, atropelando um caminhão-elefante pela traseira, é uma aventura de não acreditar.

O Luiz se descartou muito bem da jogada difícil ou foi retirado por amigos e protetores que não conheço, para continuar trabalhando aí mesmo. Mãe, ele fez o máximo, o freio não conseguiria evitar a derrocada, aliás, aceito os ensinamentos que nos ministram aqui, de modo a receber os acontecimentos como são.

Estimaria que o nosso Regi voltasse a ser o mesmo, um menino forte e tranqüilo. Espero que ele não deixe de comparecer em nossa casa onde continua sendo, não só o carinho, mas também o companheiro inseparável de nossa vida. Não desejo que nosso Reginaldo crie qualquer processo de medo no coração.

Ele precisa viver à distância de receios negativos. Afinal, carros se entrechocam todos os dias em qualquer lugar, e onde estou agora com o auxílio dos mensageiros do Bem, vou conseguir aproximar-me dele, para fazermos juntos nobres tarefas do amor ao próximo. Isso não será para já, mas logo o veja em condições de me auxiliar estaremos unidos um ao outro, para continuarmos trabalhando para o bem, conforme sempre foi o nosso ideal.

Mãezinha, é isso aí. Não estamos sendo causas de tristezas e desanimo para ninguém. Pode dizer em meu nome ao papai e ao Wagner que estou me habilitando para o trabalho novo, o tempo sobre a minha volta ainda é curto mas o meu desejo de trabalhar é grande demais. Rogo com seu carinho e a todos meus entes amados continuarem trabalhando sob a tutela da coragem e da paciência, diante dos entraves que a vida por ventura nos ofereça. Muitos sofrem, era impossível continuar a nossa casa sem provações e sem problemas; sigamos adiante. Dizem que os mortos são apenas saudades que ficam, mas desejo provar que a gente consegue auxiliar à família, aos amigos, com esforço e boa vontade, e procurarei mobilizar essas forças para servir.

Rogo-lhe desmanchar o ambiente de amargura que ainda pesa em nossa casa e se ainda tiverem objetos que me pertencem em casa, distribua-os por favor, com os meninos que sejam capazes de aproveita-los.

Acidente não é doença, e quem volta nas condições de meu regresso à vida espiritual entrega o que tem, longe de pensar em escrúpulos negativos. Mãezinha, sei que o papai está doente e mais calado do que de costume, pela a ele paciência e continuaremos a cultivar o nosso jardim de imenso valor espiritual, o jardim de paz e união feliz em que sempre vivemos.

Um abraço forte em nosso Reginaldo, com saudades a todos.

E para o seu coração maternal, aqui fica o coração inteirinho de seu filho.

Valdir de Vicente”

João Vaccari Neto

João, cujo nome é uma homenagem a seu avô, que também nascera na noite das festas a São João, desde os quatorze anos começou a participar das atividades da empresa de seu pai.

Inteligente e aplicado, foi chamado na primeira lista dos exames vestibulares nas Faculdades Metropolitanas Unidas, Faculdade de Guarulhos e Universidade Mackenzie.

Cedo entrou em contato com a natureza e os esportes. Gostava principalmente de nadar, esquiar, praticava pesca-submarina e tinha brevê de piloto privado. Mas o motociclismo era sua maior paixão.

Ao preparar-se para um festival em São José dos Campos, S.P., no dia 07 de maio de 1983, após os treinos, João resolveu dar mais uma volta pelo percurso. Ao passar por um pequeno obstáculo, caiu ao chão; o capacete pressionou sua cabeça. Uma semana depois desencarnava.

Estas são as palavras de Sr Américo, seu pai:

“Desde criança, João foi meu braço direito no trabalho, na ajuda assistencial ao próximo e nunca media hora, distância, para tal. Sua mensagem vem reforçar tudo isso que sempre foi norma cristã em seu lar.

Ele vive intensamente. É um espírito de luz sem drama de consciência. Aprende, trabalha, irradia amor, fé, esperança sob as benções de Jesus. Tem liberdade em suas ações e disciplina.

Sua mensagem foi e é para nós o farol bendito que guia nossa nave no mar revolto desta vida, para um porto seguro que se chama: Jesus. E o nosso querido Chico Xavier está sempre ali, atento, zeloso, horas, dias, meses, anos, no Farol como guardião de Jesus, para que a luz não se apague nunca para outras embarcações desesperadas no mar revolto desta vida”.

Américo Vaccari

Esclarecimentos sobre o texto da mensagem:

Pais: Julieta Benvenuti Vaccari e Américo Vaccari.

Irmã: Ivete Vaccari Menegazzi.

Cunhado: Roberto Serafim Maciel Menegazzi.

Sobrinha: Karina Vaccari Menegazzi.

Bisavó materna: Júlia Baroni, desencarnada em 1955.

Tio-avô materno: João Benventuri, desencarnado em 1975.

A casa do Ideal a que João se refere é o “Grupo de Ideal Espírita Antonio Nunes”, que tem como um de seus membros Orlando Moreno.

“Querida mãezinha Julieta e querido papai Américo,

Abençoe-me. Entendo o nosso processo de carência afetiva.

A saudade nunca trabalha de um lado só no campo da vida e aquela minha aventura em nosso treinamento para o moto-cross não me transformou os sentimentos.

Creiam que para mim é difícil não me fazer piegas, à feição de um menino chorão, para afirmar-lhes a extensão de meu afeto, mas é preciso bancar o durão e seguir adiante.

Julgo que basta a minha confissão de saudades para que me reconheçam no desejo de aceitar e renovar-me em tudo quanto possa ser útil aos que mais amo e aos nossos irmãos outros da humanidade.

Sempre busquei identificar-me com a necessidade de renovação e progresso e se a moto não conseguiu me auxiliar mais do que me auxiliava, isso naturalmente se deve às Leis de Deus que, em meu ponto de vista, de quando em quando nos oferece a prova de separação, a fim de saber em que graduação se encontra a nossa aparência de servir e de amar.

O tio João Benvenutti me aprecia com muitas elucidações a respeito da vida na Terra e no Plano Espiritual, e com a sempre querida vovó Julia encontro uma espécie xerox da nossa casa feliz.

Mãezinha Julieta, peço-lhe dizer à Ivete que não a esqueci, nem ao cunhado Roberto e nem à minha sobrinha Karina que conservo por tesouros de meu coração.

Às vezes, abstendo-nos de registrar os nomes das pessoas queridas, damos a idéia de espírito desmemoriado, quando não é assim, é que o número dos familiares e colaterais é tão extenso que nós registramos a condensar na palavra “nossos” todos aqueles que nos povoam as melhores recordações.

Tenho feito o possível para acompanhar os queridos pais nas reuniões de estudos na casa do “Ideal” onde a amizade de nosso companheiro Orlando Moreno se fez tão precisa para nós, confesso-lhes que tenho assimilado as lições conjugando-as com os apontamentos do tio João e tenho a idéia, sem pretensão, de que estou progredindo um tanto no mínimo, no máximo que devo aprender.

Tenho igualmente os meus amigos de nossos campeonatos de corridas em moto seguras e estilizadas e não posso deixar de servi-los ainda que seja em migalhas de colaboração.

Mãezinha Julieta, não me sinta ausente.

Acontece que a amizade, para ser o sentimento que deve ser, precisa fazer as melhores contas de divisão e enquanto sempre mais amor aos pais queridos e aos queridos irmãos Ivete e Roberto, multiplicando os meus votos pelo bem estar de todos os meus, e tentando subtrair quando possível as minhas imperfeições de rapaz, a caminho da maturidade espiritual, cabe-me a obrigação de dividir os meus pequeninos préstimos com os meus companheiros que ficaram.

Penso haver explicado porque não escrevo à família tão freqüentemente como desejo, mas em espírito e coração estou sempre ligado à mãezinha Julieta e ao papai Américo, escorando-me nos exemplos de trabalho com que me enriquecem a vida.

Queridos pais, o tio João diz que já fui tão preciso quanto me seria possível e aqui termino com o ponto final desejando ser letra de começo.

Não posso, porém abusar dos nossos anfitriões e rogo-lhes receber com a Ivete, com o Roberto e com a Karina, o mesmo carinho repleto de saudades, do filho, irmão e tio que lhes oferece o próprio coração.

João Vaccari Neto”