Fonte de Paz
Chico Xavier
Espíritos Diversos
Fonte de Paz
Emmanuel
Leitor amigo
Os viajores sedentos, em longa excursão em terras secas, encontram um poço de água simples e dessedentam-se com grandes manifestações de alegria.
Assim também este volume despretensioso assemelha-se ao poço referido, atendendo aos viajores da vida com algumas gotas da verdade alimentando-os de paz e de esperança.
Emmanuel
(Uberaba, 19 de agosto de 1987)
Além da Noite
Félix Pacheco
Dos corações clamando agonia e desterro
Cal o orvalho do pranto em fel da desventura...
A saudade a chorar dita a rota do enterro,
Mas o túmulo em si é breve noite escura...
Espírito é sol no corpo, — escrínio perro,
Jóia viva a brilhar além da sepultura,
Luz ativa a esmorecer, sob a lama do erro,
Ou cresce a refulgir, se ascende bela e pura.
Onde vá, todo ser caminha lado a lado.
Da luz que exprime sempre o amor profundo e ardente
Ou da sombra que em tudo é tenebroso mito,
A deixar cada dia o crisol do passado,
Vai e vem a sofrer, no esmeril do presente,
Para estampar-se, enfim, nos troféus do Infinito!
Em Homenagem a Kardec
Amaral Ornellas
A Cultura atingira o apogeu da descrença,
Imergira-se o Templo em fumo de vanglória
E, embora fosse o Cristo a eterna luz da História,
Afligia-se a Terra em sombra espessa e imensa.
A Civilização padecia a presença
De soberano caos em púrpura irrisória,
Sob a pompa do verbo esfervilhava a escória
Da cegueira e do escárnio a erguer-se em treva densa.
Mas Kardec domina a enorme noite humana
E traz no Espiritismo a Fé que se engalana,
Ao fulgor da Razão generosa e sincera...
O Evangelho ressurge. O Céu brilha de novo.
E Jesus, retornado ao coração do povo,
Acende para o mundo o Sol da Nova Era.
Em Torno do Livro Espírita
Emmanuel
O progresso de um povo surge no progresso da escola.
Cresce a Civilização e racionaliza-se o imperativo da instrução.
Há entretanto, práticas e diretrizes endereçadas vida do corpo e da alma tanto quanto existem recursos específicos de orientação destinados ao aproveitamento do carro e ao senso do motorista.
Daí, a necessidade da difusão e da sustentação do livro espírita na obra construtiva que lhe compete.
O livro de arquitetura inspira o plano da residência.
O livro espírita ilumina a pessoa, para que a pessoa integre a equipe familiar sem fracassos desnecessários.
O livro de educação sexual informa, com segurança, sobre os fenômenos inerentes vida genésica.
O livro espírita imuniza contra as calamidades afetivas.
O livro de puericultura trata roteiro proteção da criança.
O livro espírita, clareando os temas da reencarnação, guia, com êxito, a formação infantil.
O livro técnico assegura a competência profissional.
O livro espírita promove a respeitabilidade ao trabalho.
O livro de boas maneiras disciplina os gestos exteriores
O livro espírita cria a sinceridade.
O livro de princípios aperfeiçoa a linguagem.
O livro espírita dá crédito à palavra.
O livro de indicações úteis previne dificuldades.
O livro espírita garante a calma nas mais ásperas circunstâncias.
Todo livro digno de apreço é agente precioso que auxilia a viver e a acertar.
O livro espírita, no entanto, não apenas auxilia a viver e a acertar, mas igualmente a viver para o bem de todos, o que significa acertar sempre mais na conquista do próprio bem.
Espiritismo no Evangelho
João de Deus
Espiritismo no Evangelho é vida
Que se desdobra promissora e pura,
Resplandecendo além da sepultura,
Vencendo a grande noite indefinida...
É luz que brilha em áspera subida,
Alvorada extinguindo a noite escura,
Pão que alimenta toda criatura,
Refúgio certo da alma consumida.
É fé viva que, lúcida, se expande,
Dadivosa, sublime, excelsa e grande,
Em celeste e divina sementeira!...
O Espiritismo no Evangelho alcança
O reinado do Amor e da Esperança
Pela fraternidade à Terra Chico Xavier.
Jesus em Ação
Emmanuel
Irmãos surgem que, de vez em vez, se afirmam contra a beneficência, alegando que enquanto nos consagramos ao socorro material esquecemos os nossos deveres na iluminação do espírito. E enfileiram justificativas às quais a Doutrina Espírita, revivendo os ensinamentos de Jesus, opõe naturais contraditas.
Senão vejamos:
A Assistência social, no fundo, deve pertencer ao poder público.
Indiscutivelmente, ninguém nega isso, mas se estamos na praia, vendo companheiros que se afogam, como recusar cooperação ao serviço de salvamento, quando estamos aptos a nadar?
Não adianta dar migalhas aos irmãos em penúria, cujas necessidades são gigantescas.
Consideremos, porém, que se não começarmos as boas obras, com o pouco de nossas possibilidades reduzidas, nunca aprenderemos a desligar-nos do muito para colaborar a benefício dos outros.
Desaconselhável auxiliar criaturas viciadas com o que apenas conseguiríamos conservá-las em perturbação e desequilíbrio.
Quem de nós poderá medir a própria resistência, ante as provações do caminho e de que modo apreciaríamos a conduta do próximo para conosco, se fôssemos nós os caídos em tentação?
Muitos dos chamados pedintes mostram mais necessidade de trabalho que de auxílio.
Claramente justa a alegação, mas muito raramente quem diz isso demonstra a disposição ou a possibilidade de ser o empregador.
Devemos cogitar exclusivamente do ensino moral, de maneira a cumprir as tarefas de orientação que o Espiritismo nos preceitua.
Sem dúvida, é obrigação nossa colaborar, acima de tudo, a obra educativa do espírito eterno, mas é importante lembrar que o próprio Cristo se empenhou a alimentar a multidão faminta, ao ministrar-lhe as Boas Novas de Salvação, de vez que não há cabeça tranqüila sobre estômago atormentado.
Compreendemos isso e, quanto nos seja possível, entreguemo-nos à escola do amparo fraterno, com todas as nossas forças, reconhecendo que estamos cada vez mais necessitados de caridade, em todos os sentidos, de uns para com os outros, a fim de revelarmos que o Espiritismo é realmente Jesus em ação.
Lei Mosaica
Emmanuel
A lei mosaica foi a precursora direta do Evangelho de Jesus
O protegido de Termutis, depois de se beneficiar com a cultura que o Egito lhe podia prodigalizar, foi inspirado a reunir todos os elementos úteis sua missão, vulgarizando o monoteísmo e estabelecendo o Decálogo, sob a inspiração da Vida Maior, cujas determinações são, até hoje, a edificação basilar da Religião, da Justiça e do Direito, se bem que as doutrinas antigas já tivessem arraigado a crença do Deus único, sendo o politeísmo, apenas, uma questão simbólica apta a satisfazer mentalidade geral.
A legislação de Moisés está repleta de lendas compatíveis com a época, mas escoimada de todos os comentários fabulosos a seu respeito, a sua figura é de fato, a de um homem extraordinário, revestido dos mais elevados poderes espirituais.
Foi o primeiro a tornar acessível ás multidões os ensinamentos somente conseguidos á custa de longa e penosa iniciação, com a síntese luminosa de grandes verdades da Vida Imortal.
Melhorar Sempre
Emmanuel
"Por isso também os que sofrem segundo a vontade de Deus
encomendem suas almas ao fiel Criador, na prática do bem.”
— Pedro (I Pedro, 4:19.)
Justo lembrar que a Providência Divina nos endereça todos à paz e à felicidade, ao aperfeiçoamento e à vitória.
Entretanto, quantas vezes e quantos de nós, a meio caminho para o triunfo, nos motivamos para a frustração e marginalizamo-nos por tempo indeterminado em desânimo e pessimismo?
Prendemo-nos ao lado negativo de contratempos salvadores e costumamos dizer:
— Nada posso.
— Tudo é contra mim.
— Só vejo trevas.
— Sou um caso perdido.
— Moro no azar.
— Sou sempre infeliz.
— A vida é uma carga insuportável.
Na fieira de semelhantes condenações, esquecemo-nos de que cada qual de nós tem o seu mundo próprio, e, se induzimos o nosso próprio mundo ao fracasso, quem nos livrará do fracasso, se somos todos criaturas de Deus com a faculdade de criar os nossos próprios destinos?
Consideremos isso, selecionando expressões e afirmações compatíveis com a nossa condição de espíritos imortais, ante as Leis do Universo.
Uma frase estabelece determinada disposição.
Determinada disposição produz certa atividade específica.
Certa atividade específica gera circunstâncias.
E circunstâncias constroem a vida.
Em todos os lances da existência, procuremos palavras de esperança e fé, alegria e bênção para usá-las a benefício próprio, de vez que, ainda mesmo nos últimos degraus do sofrimento, dispomos nós todos, com o amparo de Deus, do privilégio de renovar e da felicidade de servir.
Mensagem Espírita
Emmanuel
“Ai de vos quando todos os homens de vos disserem bem
porque assim faziam seus pais aos falsos profetas”
— Jesus (Lucas, 6:26).
Indubitavelmente, muitas pessoas existem de parecer estimável as quais podemos recorrer nos momentos oportunos, mas que ninguém despreze a opinião da própria consciência, porquanto a voz de Deus, comumente, nos esclarecera nesse santuário íntimo.
Rematada loucura e o propósito de contar com a aprovação geral ao nosso esforço.
Quando Jesus pronunciou a sublime exortação desta passagem de Lucas, agiu com absoluto conhecimento das criaturas.
Sabia o Mestre que, num plano de contrastes chocantes como a Terra não será possível agradar a todos simultaneamente.
O homem da verdade será compreendido apenas, em tempo adequado, pelos espíritos que se fizerem verdadeiros.
O prudente não Recebera aplausos dos imprudentes.
O Mestre em sua época não reuniu as simpatias comuns.
Se foi amado por criaturas sinceras e simples, sofreu impiedoso ataque dos convencionalistas.
Para Maria de Magdala era Ele O Salvador; para Caifás, todavia, era o revolucionário perigoso.
O tempo foi a única força de esclarecimento geral.
Se te encontras em serviço edificante, se tua consciência te aprova, que te importam as opiniões levianas ou insinceras?
Cumpre o teu dever e caminha.
Examina o material dos ignorantes e caluniadores como proveitosa advertência e lembra-te de que não é possível conciliar o dever com a leviandade, nem a verdade com a mentira.
Não Matarás
Emmanuel
Situado entre leis físicas inelutáveis, no campo de evolução na Terra, maneira do aluno, entre as paredes e regimes do educandário, o homem dispõe do livre arbítrio na esfera das leis morais que lhe presidem o desenvolvimento e a ascensão para a imortalidade.
Justo, portanto, seja defrontado por todos os débitos em que se onerou perante a vida, porque, de outro modo, não conseguiria crescer para a luz a que esta reservado.
Não poderá, por isso, desvencilhar-se dos compromissos que plasmou para si mesmo, razão pela qual, se desperto para a verdade, ser-lhe-á o bem de todos a meta de cada dia, a fim de que por testemunhos incessantes de boa vontade e amor, se desagrave na Lei, quanto às aflições que lhe estão debitadas pela própria conduta no pretérito, que lhe comanda o presente.
Compreendendo que o destino amargo de hoje foi por ele mesmo criado, com o livre arbítrio de ontem, constitui-lhe dever atenuar quanto possível às próprias contas para que se lhe solucionem os problemas sem maiores inquietações.
Chegados à semelhante conclusão, e natural tudo façamos para que a preservação digna nos favoreça contra o assalto do crime, mesmo porque a Excelsa Providencia concedendo A criatura humana o benefício do lar, fê-lo de modo a resguardá-la com a eficiência devida, inspirando-lhe meios para defender-se de malfeitores, tanto quanto lhe sugere o agasalho contra a intempérie.
Em razão disso, o próprio Cristo não nos exortou em vão à própria segurança, quando nos traçou o imperativo da vigilância e da oração.
Cumpridos por nós tais deveres, com a execução das obrigações outras que nos quitem a consciência no plano do respeito recíproco e da caridade infatigável para com o próximo, estejamos seguros na fortaleza de nossa fé, prontos a receber quaisquer golpes que nos sejam desferidos na estrada regeneradora, porque, então, diante da paz de nossas almas, toda sorte de infortúnio que nos acometa a existência terrena representara imprescindível resgate das culpas que contrairmos, cabendo-nos confiar as nossas decisões e situações ao julgamento justo de Deus, porquanto, para nos o regulamento da Lei Divina é claro e insofismável em nos preceituando:
No Natal
Emmanuel
E inútil que se apresente Jesus como filósofo do mundo.
O Mestre não era um simples reformador.
Nem a sua vida constituiu um fato que só alcançaria significação depois de seus feitos inesquecíveis, culminantes na cruz.
Jesus Cristo era o esperado.
Pela sua vinda, numerosas gerações choraram e sofreram.
A chegada do Mestre foi a Benção
Os que desejavam caminhar para Deus alcançavam a Porta.
O Velho Testamento está cheio de esperanças no Messias.
O Evangelho de Lucas refere-se a um homem chamado Simeão, que vivia esperando a consolação de Israel. Homem justo e inspirado pelas forças do Céu, vendo a Divina Criança, no Templo, tomou-a nos braços, louvou ao Altíssimo e exclamou: Agora, Senhor, despede em paz o teu servo, segundo a tua palavra.”
Havia surgido a consolação.
Ninguém estaria deserdado.
Deus repartira seu coração com os filhos da Terra.
E por isso que o Natal é a festa de lágrimas da Alegria.
O Herói
Cruz e Souza
Afrontando a aguilhão torvo e escarninho
De sarcasmos e anseios tentadores,
Ei-lo que passa sob as grandes dores,
Na grade estreita do terrestre ninho.
Relegado às agruras do caminho,
Segue ao peso de estranhos amargores,
Acendendo celestes resplendores,
Atormentado, exânime, sozinho...
Anjo em grilhões da carne, errante e aflito,
Traz consigo os luzeiros do Infinito,
Por mais que a sombra acuse, geme e brade!...
E, servindo no escuro sorvedouro,
Abre ao mundo infeliz as portas de ouro
Para o banquete da imortalidade.
O Natal do Cristo
Emmanuel
A Sabedoria da Vida situou o Natal de Jesus frente do Ano Novo, na memória da Humanidade, como que renovando as oportunidades do amor fraterno, diante dos nossos compromissos com o Tempo.
Projetam-se anualmente, sobre a Terra os mesmos raios excelsos da Estrela de Belém, clareando a estrada dos corações na esteira dos dias incessantes, convocando-nos a alma, em silêncio, à ascensão de todos os recursos para o bem supremo.
A recordação do Mestre desperta novas vibrações no sentimento da Cristandade.
Não mais o estábulo simples, nosso próprio espírito, em cujo íntimo o Senhor deseja fazer mais luz...
Santas alegrias nos procuram a alma, em todos os campos do idealismo evangélico.
Natural o tom festivo das nossas manifestações de confiança renovada, entretanto, não podemos olvidar o trabalho renovador a que o Natal nos convida, cada ano, não obstante o pessimismo cristalizado de muitos companheiros, que desistiram temporariamente da comunhão fraternal.
E o ensejo de novas relações, acordando raciocínios enregelados com as notas harmoniosas do amor que o Mestre nos legou.
E a oportunidade de curar as nossas próprias fraquezas retificando atitudes menos felizes, ou de esquecer as faltas alheias para conosco, restabelecendo os elos da harmonia quebrada entre nós e os demais, em obediência à lição da desculpa espontânea, quantas vezes se fizerem necessárias.
È o passo definitivo para a descoberta de novas sementeiras de serviço edificante, através da visita aos irmãos mais sofredores do que nós mesmos e da aproximação com aqueles que se mostram inclinados à cooperação no progresso, a fim de praticarmos, mais intensivamente, o princípio do “amemo-nos uns aos outros”.
Conforme a nossa atitude espiritual ante o Natal, assim aparece o Ano Novo à nossa vida.
O aniversário de Jesus precede o natalício do Tempo.
Com o Mestre, recebemos o Dia do Amor e da Concórdia.
Com o tempo, encontramos o Dia da Fraternidade Universal.
O primeiro renova a alegria.
O segundo reforma a responsabilidade.
Comecemos oferecendo a Ele cinco minutos de pensamento e atividade e, a breve espaço, nosso espírito se achará convertido em altar vivo de sua infinita boa vontade para com as criaturas, nas bases da Sabedoria e do Amor.
Não nos esqueçamos.
Se Jesus não nascer e crescer, na manjedoura de nossa alma, em vão os Anos Novos se abrirão iluminados para nós.
O Sublime Triângulo
Emmanuel
A Ciência, a Filosofia e a Religião constituem o triângulo sobre o qual a Doutrina Espírita assenta as próprias bases, preparando a Humanidade do presente para a vitória suprema do Amor e da Sabedoria no grande futuro.
Recorremos às três vigorosas sínteses da Codificação Kardequiana, para comentar, com mais segurança, o tríplice aspecto de nossos princípios redentores.
Com a Ciência, asseverou o grande missionário:
"A fé sólida é aquela que pode encarar a razão, face a face."
Com a Filosofia, afirmou peremptório:
"Nascer, viver, morrer e renascer de novo, progredindo sempre, tal é a lei."
Com a Religião disse bem alto:
"Fora da caridade não há salvação."
Não será justo em nosso movimento libertador da vida espiritual, prescindir da Ciência que estuda, da Filosofia que esclarece e da Religião que sublima.
Buscando a verdade, colheremos o conhecimento superior; conquistando o conhecimento superior, penetraremos novas faixas de evolução e, absorvendo-lhes a claridade divina, compreenderemos que somente pela caridade que é amor puro, é que viveremos em harmonia com a justiça imutável, erguendo-nos enfim à desejada ascensão.
Abracemos em nossa fé o trabalho paciente da pesquisa honesta e a construção do entendimento, para que a fraternidade cristã possa esculpir em nós mesmos a viva pregação do ideal que espalhamos, no serviço aos outros e que significa a nós mesmos.
Em suma, instruamo-nos e amemo-nos uns aos outros, descerrando o coração ao sol da boa vontade infatigável e incessante, e o Espírito da Verdade nos tornará na Terra por instrumentos úteis na edificação do Reino de Deus.
Orfandade
Emmanuel
Realmente, não ha. desamparado diante do Senhor, mas ha. uma espécie de orfandade que nos convoca em toda parte, maiores reflexões, quanto ao dever de amparar a vida que nos cerca.
Referimo-nos às necessidades múltiplas que nos reclamam o esforço e a tolerância na Pratica efetiva do bem.
Em verdade, será sempre louvável a construção de casas e refúgios, creches e hospitais, onde as crianças sem lar encontrem abrigo e medicação.
Todavia, não olvidemos o mundo das criaturas inferiores e das cousas, aparentemente sem importância, que nos rodela.
Aí, vemos quadros inquietantes que efetivamente nos ensombram e afligem.
Não é somente o painel escuro do irmão em Humanidade, que vagueia sem rumo, a única porta de dor a pedir nos trabalho assistencial.
É também a terra empobrecida, necessitada de adubo e sementeira vivificante.
É a árvore benfeitora, relegada ao abandono.
É a fonte intoxicada, que nos solicita proteção e carinho.
É a casa desmantelada, rogando atenção e limpeza.
É a via pública que nos compete defender e respeitar, pedindo-nos bondade e higiene.
É a animal que nos auxilia, endereçado por nossa inconseqüência ao cansaço, sede e fome, suplicando nos alimento e repouso.
É a ferramenta que sentenciamos à ferrugem e ao esquecimento prejudicial.
A essa orfandade triste, que nos desafia, em todos os setores da luta terrestre, podemos prestar o melhor concurso, — o concurso da bondade silenciosa e diligente, — que nos trará a resposta do progresso e do bem-estar de todos.
Não esquecer que somos responsáveis pela região de serviço que nos sustenta.
Não condenes orfandade os instrumentos de trabalho em que a tua missão na Terra se desenvolve.
Cuida de assistir aos seres e às cousas do próprio caminho, com os mais elevados sentimentos do coração, e receberás a constante assistência da Bondade Divina, — luz da vida a brilhar perenemente no caminho de todos.
Pensamentos
Emmanuel
Se sabemos que o Senhor habita em nós, aperfeiçoemos a nossa vida, a fim de manifestá-lo.
O usurário, para amealhar o dinheiro, quase sempre perde a paz.
Juventude não é um estado do corpo.
Há moços que transitam no mundo, trazendo o coração repleto de lastimáveis ruínas.
Beleza física, poder temporário, propriedades passageiras e fortuna amoedada podem ser simples atributos da máscara humana, que o tempo transforma infatigável.
Para que nos elevemos, com todos os elementos de nossa órbita, não conhecemos outro recurso além da oração, que pede luz, amor e verdade.
Sabemos que a retorta não sublima o caráter e que a discussão filosófica nada tem a ver com a caridade e com a justiça.
Pequeno Estatuto do Servidor da Beneficência
Emmanuel
Amar ardentemente a caridade.
Colocar-se no lugar da criatura socorrida.
Considerar a situação constrangedora da pessoa menos feliz.
Amparar com descrição e gentileza.
Encontrar tempo para ouvir os necessitados.
Nunca ferir alguém com indagações ou observações inoportunas.
Abster-se de quaisquer exibições de superioridade.
Usar a máxima paciência para que o necessitado se interesse pelo auxílio que se lhe ofereça.
Jamais demonstrar qualquer estranheza ante os quadros de penúria ou delinqüência, buscando compreender fraternalmente as provações dos irmãos em sofrimento.
Aceitar de boa vontade a execução de serviços aparentemente humildes, como sejam carregar pacotes, transmitir recados, efetuar tarefas de limpeza ou auxiliar na higiene de um enfermo, sempre que a seu concurso pessoal seja necessário.
Respeitar a dor alheia, seja ela qual for.
Aceitar os hábitos e os pontos de vista da pessoa assistida, sem tentar impor as próprias idéias.
Tolerar com serenidade e sem revides quaisquer palavras de incompreensão ou de injúria que venha a receber.
Olvidar melindres pessoais.
Criar iniciativa para resolver os problemas de caráter urgente na obra assistencial.
Evitar cochichos ou grupinhos para comentários de feição pejorativa.
Estudar para ser mais útil
Não apenas verificar as males que encontre, mas, verificar-lhes as causas que se lhes faça a supressão.
Cultivar sistematicamente a benção da oração.
Admitir os necessitados não somente na condição de pessoas que se candidatam a recolher os benefícios que lhes possamos prestar, mas, também na qualidade de companheiros que nos fazem o favor de receber-nos a assistência, promovendo e facilitando a nossa aproximação do Cristo de Deus.
Ponderações de Amigo
Cornélio Pires
Nomearam-te por louco
Por servir ao Grande Além,
Mas sempre é louco no mundo
Quem pratica a Lei do Bem.
Disseram que a tua casa
É só bagunça e pobreza,
Mas as pobres com Jesus
São ricos por natureza.
Declararam-te doente,
Enfermo que mal te escoras,
Mas isso significa
Que nunca perdeste as horas.
Encontraram-te a velhice
Pelas dias da existência,
Mas sem tempo de trabalho
Não existe experiência.
Classificaram-te o sexo
Por enigma incomum,
Mas o sexo na Terra
E luta de cada um.
Notaram-te a fealdade
Par mal que ninguém melhora,
Mas infeliz de quem vê
A beleza só por fora.
Denunciaram-te as frases
Por pregação sem calor,
Mas não te viram a fé
Vibrando de paz e amar.
Falaram-te em “rosto frio”
De expressão indevassada,
Mas quem parece robô
Não tem conversa fiada.
Chamaram-te “dentistinha”
Como quem te joga a malho,
Mas não te viram nos gestos
O amor que tens ao trabalho.
Ante as criticas do mundo,
Caros irmãos, suportai!...
Desculpar engano alheio
É confiança no Pai.
Saudade
Emmanuel
Ante aos mortos queridos,
Faze o silêncio e ora
Ninguém pode apagar
A chama da saudade.
Entretanto se choras,
Chora fazendo o bem.
A morte para a vida
É apenas mudança
A semente no solo
Mostra a ressurreição.
Todos estamos vivos
Na presença de Deus...
Sentir Kardec
Emmanuel
Lembrando o Codificador da Doutrina Espírita, é imperioso estejamos alertas em nossos deveres fundamentais.
Convençamo-nos de que é necessário:
Sentir Kardec;
Estudar Kardec;
Anotar Kardec;
Meditar Kardec;
Analisar Kardec;
Comentar Kardec;
Interpretar Kardec;
Cultivar Kardec;
Ensinar Kardec e
Divulgar Kardec...
Que é preciso cristianizar a Humanidade é afirmação que não padece dúvida, entretanto, cristianizar, na Doutrina Espírita, é raciocinar com a verdade e construir com o bem de todos, para que, em nome de Jesus, não venhamos a fazer sobre a Terra mais um sistema de fanatismo e de negação.
Socorro
Casimiro Cunha
Recorda que em toda conta
De tempo, vida e dever,
Cada dia que desponta
É dia de socorrer
Tesouros
Emmanuel
A única propriedade real na vida é aquela dos bens ou dos males que incorporamos à própria alma.
Dos bens que constroem o paraíso da consciência feliz e dos males que levantam o purgatório do coração que escolhe os espinheiros do remorso por recursos de pavimentação do próprio caminho.
Não te agarres, aos patrimônios terrestres de que te fazes o usufrutuário provisório, a fim de que aprendas no serviço e na caridade a buscar, em teu benefício, a riqueza incorrutível da luz.
Basta um leve olhar ao pretérito para que reconheças a insânia de quantos passaram no mundo, antes de ti, senhoreando as bênçãos do solo e devorando o suor dos semelhantes, como se o tempo e o espaço lhes pertencessem.
Os museus jazem repletos das baixelas preciosas de quantos se supuseram senhores exclusivos do pão, das armas fidalgas de quantos zombaram dos direitos do próximo e da indumentária brilhante daqueles que transformaram o domínio indébito em sua feroz paixão.
Adelos e numismatas retêm consigo os remanescentes de todos os que monopolizaram a roupa devida aos nus e as moedas surrupiadas à fome e ao remédio dos infelizes...
Coleções de cinzas douradas guardam a usura e a vaidade, a mentira da bolsa estéril e o engano cruel da posse inútil.
Aproveita, desse modo, a tua hora no corpo denso e faze circular os valores da bondade no vintém que possa nutrir a paz e o reconforto, imprescindíveis ao companheiro da retaguarda, com aflições maiores que as tuas.
Recorda que se o onzenário e o egoísta retiram o azinhavre e a solidão da sombra a que se afeiçoam, a alma fraterna e amiga extrai a esperança e a paz da claridade que veicula.
A cobiça ajunta a prata e o ouro da Terra como quem amontoa pedras incendiadas sobre a própria cabeça, mas a fé que se consagra a Jesus, em se devotando à alegria e à felicidade dos outros, amealha para si mesma, hoje e sempre, os tesouros imperecíveis do Céu.
Trabalhadores
Emmanuel
Realmente, muitos trabalhadores são chamados ao ministério do Cristo, para o levantamento do Reino de Deus na Terra.
Entretanto, quase todos menoscabam o tempo - a excelsa concessão da infinita Bondade.
Muitos, ao invés do suor na tarefa a que foram trazidos, gastam as horas repetindo frases brilhantes, embriagados de verbo inútil...
Entregam-se outros, desavisados, ao indébito exame dos companheiros, quais se fossem meros fiscais da obra que não lhes pertence.
Consagram-se muitos à infindáveis querelas, supondo-se os defensores da Eterna Sabedoria.
Devotam-se inúmeros à adoração preguiçosa, julgando exaltar os méritos da Majestade Excelsa, ajustados à função de puro ornamento das Grandes Revelações.
Outros muitos, ainda, fogem deliberadamente ao trabalho, enregelando os próprios passos no frio da indiferença a se imobilizarem nas sombras da negação...
E perdem os minutos divinos, atingindo o término da jornada à maneira de farrapos mentais, mendigando a luz que eles próprios menosprezaram.
Os trabalhadores despertos, todavia, ainda mesmo quando chamados à obra nos últimos lances do dia, sintonizam-se com a dever que lhes cabe, elegendo na renúncia o clima da própria ação e, de braços resolutos no serviço a realizar aprendem que o tempo é também qual a solo fecundo, a retribuir-nos em regime de percentagem crescente as bênçãos que semeamos...
Acordados, pois, para os Acordados, pois, para a responsabilidade que nos assiste, saibamos construir com Jesus o progresso e a segurança, a alegria e a tranqüilidade dos outros, na certeza de que somente assim, edificando a bem daqueles que nos rodeiam é que, em verdade, conseguimos obter da vida a construção do próprio bem.