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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Na trilha de luz-Francisco Cândido Xavier

 

Índice do Blog 

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Trilha de Luz

Chico Xavier

Espírito Emmanuel

Na trilha da Luz

Sempre que nos extraviamos dos caminhos do bem, indiscutivelmente a bússola nos auxiliará a solucionar os problemas de rumo, mas, somente a luz nos doará os pormenores da estrada que nos cabe percorrer.

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A alma humana, de modo geral, até agora é um complexo de luz e sombra e, por mais nos desinteressemos de semelhante realidade, a evolução e o aprimoramento nos exigem a ampliação da luz, em nosso mundo íntimo, a fim de que o discernimento e a compreensão sigam conosco, caminho adiante, clareando-nos os domínios do instinto e da razão, induzindo-nos às decisões certas, capazes de garantir-nos a paz de consciência.

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Que significará a queda em tentação senão a ausência de iluminação na vida interior, suscetível de atirar-nos à perturbação, ao desequilíbrio, aos hábitos infelizes, à discórdia e, até mesmo ao ódio moral?

Quando o nosso íntimo se acha às escuras, eis-nos expostos aos perigos da impaciência e da irritação, dos choques e dos acidentes imprevisíveis.

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Este livro tem a pretensão de ser uma simples série de degraus, desafiando-nos à elevação.

Não foi escrito para endereços individuais, mas para nós todos, os espíritos encarnados e desencarnados, que nos reconhecemos ainda imperfeitos para a Vida Superior.

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Cada capítulo é um degrau superior e não é necessário que outrem; nos aponte as minudências em que venhamos a falhar, porque a luz que adquirimos é suficiente para que o auto-exame nos faça ver a realidade por nós mesmos.

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Assim, pois, aclaremos a própria alma e que Jesus nos inspire e nos abençoe.

Emmanuel

Uberaba, 10 de Janeiro de 1990.

Renovação

Em nosso renascimento na Terra, entrelaçamo-nos, como é justo, sob a influência de quantos se acumpliciaram conosco na criminalidade ou na sombra, quase sempre erguidos à posição de inexoráveis credores de nossa vida, exigindo-nos pagamento ou reparação.

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E, como enxameiam em nosso pretérito próximo ou remoto, gravames deploráveis e contas obscuras que nos compete apagar ou ressarcir, na maioria das circunstâncias, a atuação dessa natureza é deprimente e perturbadora, muita vez constrangendo-nos a incidir-nos mesmos erros que nos tisnam as consciências e nos dilaceram os corações.

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É por isso que, durante a viagem na esfera física, somos habitualmente assaltados por aflitivas surpresas do plano oculto, em qualquer idade e em toda situação.

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Há quem se veja enrodilhado nas suas malhas esfogueantes, em plena juventude corpórea, quem lhe conheça o sabor amargo no matrimônio, quem lhe experimente o impacto de angústia nas mais nobres tarefas do lar, quem lhe sinta a presença na esfera da profissão e quem lhe receba a nuvem desnorteante na hora da madureza ou da senectude, em dolorosas inquietações.

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Para todos os problemas desse jaez, entretanto, é preciso reconhecer que só o bem puro e espontâneo é remédio justo e eficaz.

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Somos, em verdade, seguidos pela influência que aliciamos, como quem apenas recolhe da gleba plantada aquilo que semeou.

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E, assim, como apenas a lances de suor e trabalho digno, preservaremos a lavoura de nosso compromisso contra a hera que lhe sufoca os rebentos ou contra os vermes que lhes devoram as flores, somente ao preço de perdão e renúncia, amor e desinteresse, por vezes com o sacrifício de nossa própria felicidade, é que operaremos em nossos associados da sombra de ontem a necessária renovação, para que a liberdade nos favoreça na reconquista da Luz.

O Problema da Igualdade

A igualdade, sem dúvida, é a realidade nas raízes da existência.

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Todos os seres possuem direitos idênticos de acesso à elevação, sob qualquer prisma, entretanto, é preciso considerar que os deveres graduam as vantagens, dentro da vida.

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No caminho da evolução, desse modo, a teoria igualitária absoluta é invariável utopia que nenhum sistema político poderá materializar.

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Mas, se é verdade que não podemos improvisar a ancianidade do Espírito, que só o tempo confere a cada criatura, na jornada para a maturação, o trabalho é sempre a riqueza real, suscetível de ser ampliada em nosso destino, ao preço de nossa boa vontade.

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Assim sendo, não te esqueças das oportunidades que a Divina Providência te oferece cada dia, em favor do teu crescimento.

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Os degraus da subida de nossa alma no rumo da perfeição destacam-se, hora a hora, através das situações e das pessoas que nos rodeiam.

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Não residem nas facilidades que nos acomodam o coração com as linhas inferiores do mundo. Salienta-se nos obstáculos com que somos defrontados.

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Cada problema e cada aflição, cada prova mais rude e cada luta mais árdua representam pontos vivos de ascensão que podemos aproveitar, em favor do próprio aprimoramento.

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Aprendamos a respeitar o próximo e auxilia-lo, na convicção de que amparando os nossos irmãos de caminho, auxiliaremos a nós mesmos, de vez que adquiriremos o tesouro da experiência, que nos enriquecerá de visão para os cimos que nos cabe alcançar.

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Cada fonte vive em seu nível.

Cada projeção de luz caracteriza-se por determinado potencial de radiação.

Cada flor guarda o perfume que lhe  é próprio.

Cada árvore produz segundo a espécie a que se subordina.

Cada Espírito respira na esfera que elege para clima ideal da própria existência...

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Compete-nos buscar a posição de superioridade que Jesus nos oferece, aceitando o sacrifício pelo bem que a vida nos impõe, a fim de que nos façamos hoje desiguais da personalidade que ostentávamos ontem, perdendo os envoltórios pesados que ainda nos imantam a zonas escuras da Terra e tentando a sintonia com os benfeitores que nos esperam na Glória Espiritual.

No Espiritismo com Jesus

Se acordarmos para as responsabilidades que o Espiritismo com Jesus nos impõe, é imperioso não esquecer que ainda nos achamos na Terra encarnados e desencarnados, em vastíssima escola de preparação ante a Vida Maior.

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Em seus variados departamentos, encontramos, ainda, a ignorância gerando a penúria, a penúria criando necessidades, as necessidades formando problemas e os problemas plasmando o desespero nos corações.

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Desse estranho conjunto de forças negativas, nascem a superstição e o fetichismo, perturbando o caminho das criaturas que, apressadas e invigilantes, muitas vezes, pretendem colher a felicidade sem plantá-la e exigem a paz sem qualquer esforço para se libertarem dos prejuízos a que se acolhem.

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Todavia, quanto mais se alonguem a crendice e o fanatismo, operando o extravio das consciências, mais amplo é o trabalho de cooperação que o mundo nos reclama, porquanto, o Cristianismo renascente na construção espírita de hoje é a vitória das forças da luz sobre as energias ocultas da sombra.

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Quando surpreendidos por qualquer espécie de culto primitivista, em desacordo com o Evangelho de Jesus, nesse ou naquele círculo religioso, procuremos auxiliar sem alarde as vítimas da fascinação, mergulhadas por enquanto em manifestações impróprias ou inferiores da fé, acentuando a própria diligência no estudo e dilatando a própria capacidade no exercício do bem.

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E, se defrontados por resíduos e objetos de semelhantes manifestações, façamos silêncio no coração e sigamos adiante, porque se não é justo recolher o foco infeccioso da via pública para trazê-lo ao próprio lar e se não é crível que o homem sensato instale deliberadamente um vespeiro na própria morada, claro está que o respeito e a higiene, a prudência e a caridade nos induzem a fugir de qualquer desafio espetaculoso aos elementos enfermiços da sombra, que apenas solicitam bondade e tolerância, compreensão e esquecimento.

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Acentuemos, na própria vida, a disposição de aprender e auxiliar!

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Que a ignorância encontre conosco a bênção do alfabeto.

Que a penúria receba de nossas mãos o óbolo de carinho a que faz jus.

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Que as necessidades humanas nos recolham o concurso fraterno e que os problemas do mundo nos identifiquem na posição de aprendizes de Jesus, sempre dispostos a amparar e socorrer, edificar e instruir.

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Que o Amor do Cristo se irradie conosco, em nós e por nós, porque amar e servir constitui a missão do bem diante do mal, sem que mudança alguma consiga alterar semelhante imperativo da vida.

Muito se pedirá

Não nos esqueçamos de que Conhecimento Superior traduz responsabilidade.

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Ninguém vive sem contas.

Muito se pedirá amanhã do que hoje recebes.

Nas bases da vida moram a equanimidade e a justiça.

Não amassarás teu pão com a areia do deserto.

Não proverás cântaro com os detritos do charco.

Recolherás o alimento da substância que te recebe carinho e sorverás a água pura da fonte que te merece cuidado.

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Não jornadeies na Terra, indiferente ou distraído, como se atravessasses um campo inútil.

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Não se confia a enxada ao lavrador para a exaltação da ferrugem, nem se entrega a máquina ao operário a fim de que se louve a preguiça.

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A natureza que sustenta o verme reclama-lhe serviço em favor do solo.

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A indústria que tece o fio e o embeleza exigi-lhe segurança e cooperação.

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Se aguardarmos concurso do verme e do fio, por que haverá o homem de gastar os recursos da Terra, exonerados de compromissos?

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E, se o cristão recolhe os dons do Alto, clareando-se-lhe o discernimento, como não esperar dele a contribuição de amor, na sublimação da vida que o cerca?

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Recebemos as possibilidades do Senhor para doá-las ao mundo em Seu Nome.

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Mais esclarecimentos e mais fé significam para nós mais amplas obrigações.

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Informados hoje, quanto à grandeza da vida, a estender-se, triunfantes, além da morte, saibam viver no mundo de conformidade com os princípios redentores que nos felicitam a marcha.

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Façamos em torno de nós mais tolerância, mais fraternidade, mais compreensão e mais otimismo, expressando em atos o tesouro de luz que nos brilha na inteligência e o nosso coração estará preparado a enfrentar o grande futuro, vitorioso e feliz, por haver entendido a tempo que muito se pedirá entre os anjos a quem muito recebeu entre as criaturas.

Lembra-te

Analisando o conceito de superioridade na esfera carnal, quase sempre te demoras, desavisado, no fácil julgamento dos companheiros em prova...

E observas o usuário infeliz, confinado às garras da sovinice, entre a perturbação e a insensatez, acentuando os desvarios da posse, como se a vida pudesse esperar dele vantagens imediatas...

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Recordas o condutor humano, atrabilário e impulsivo, entre a ilusão e a loucura, nos cargos a que se junge desesperado, à caça de poder, como se o mundo pudesse, de improviso, recolher-lhe o concurso na edificação do progresso...

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Reportas-te a legisladores e juizes, a generais e sacerdotes, a tiranos e senhores da evidência terrestre, como se fossem super-homens, de cuja fulguração passageira o campo social devesse aguardar a consolidação dos valores eternos do Espírito...

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Em verdade, cada criatura responderá pelos compromissos que assume, à frente da Lei, e mordomos e apóstolos da evolução planetária serão constrangidos à prestação de contas dos bens que houveram usufruído para a melhoria e iluminação do mundo, no entanto, não olvides a superioridade espiritual com o Cristo e nem te esqueças de que fosse chamado por Jesus a partilhar-lhe o conhecimento Divino da paz e da justiça, do sacrifício e da tolerância fraterna.

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Na orientação ou na subalternidade, na carência de recursos materiais ou na abundância deles, na cultura menos compacta ou na exaltação dos recursos intelectuais, não desdenhes servir.

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Com o Divino Mestre aprendemos que somente a altura do amor prevalece, na direção da felicidade imperecível.

Descerra, assim, a própria alma ao entendimento cristão, e caminhemos com o Senhor, aprendendo e auxiliando incessantemente.

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Onde a ignorância ensombre o caminho, seja tua fé viva e operante um raio de luz que diminua a extensão das trevas...

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Onde a penúria se agigante, multiplicando angústias e problemas, seja tua bondade a migalha de carinho e reconforto que atenue o sofrimento...

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Lembra-te do Eterno Benfeitor na extrema renúncia e, em matéria de superioridade, não olvides, com o Evangelho, que “o maior no Reino dos Céus será sempre aquele que se fizer mais simples e mais diligente servidor na Terra”.

Música

Deixa que o teu coração voe, além do horizonte, nas asas da música sublime que verte do Céu a Terra, a fim de conduzir-nos da Terra ao Céu...

Ouvem-lhe os poemas de eterna beleza, em cuja exaltação da harmonia tudo é gloriosa ascensão.

Nesse arrebatamento às Esferas do Sem Fim, o silêncio será criação excelsa em tua alma, a lágrima ser-te-á soberana alegria e a dor será teu cântico.

Escuta e segue na flama do pensamento que transpõe a rota dos mundos, associando tuas preces de jubilosa esperança às cintilações das estrelas!...

Não te detenhas.

Cede à cariciosa influência da melodia que te impele à distância da sombra, para que a luz te purifique, pois a música que te eleva a emoção e te descerra a grandeza da vida significa, entre os homens, a mensagem permanente de Deus.

Lábios

“Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim”.

Jesus (Mateus, 15.8).

Com os lábios, beijam as mãos da Terra as flores sublimes da vida, cooperando nas obras divinas do Eterno, mas, com os lábios obedeceu a Judas às vozes inferiores, entregando o Senhor com um beijo de ingratidão.

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Com os lábios, os apóstolos do trabalho fazem o verbo criador nos serviços nobres do planeta; todavia, igualmente com eles, os mentirosos e os perversos espalham a maldade no mundo.

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Das potências do corpo são os lábios das mais delicadas e importantes. Portas da língua que pode salvar e arruinar; edificar e destruir, não devem permanecer distantes de sentinelas da disciplina.

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A palavra do homem é criação sua, que lhe testificará a vida. O beijo da criatura é laço que determinarás sua união com o bem ou com o mal.

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Os lábios dão passagem ao verbo e transmite o beijo.

Quantos sofrimentos se espalham na Terra, através da palavra leviana ou fingida e do ósculo criminoso ou insincero? Entretanto, a maioria dos homens persiste em desconhecer o papel dos lábios na própria existência.

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Se procurares, porém, a união com o Senhor, repara o que dizes e como dizes, observa os afetos a que te unes e a maneira pela qual estima a alguém.

O grande problema não reside em falares tudo o que pensas, nem no apego às situações com todas as tuas forças, mas em falares e amares, pondo nos lábios a sinceridade construtiva do amor cristão.

Meia-Noite

“Era perto da meia-noite; Paulo e Silas contavam hinos a Deus e os outros presos os escutavam”.

(Atos, 16.25).

Reveste-se de profundo simbolismo aquela atitude de Paulo e Silas nas trevas da prisão, quando numerosos encarcerados ali permaneciam sem esperança, eis que os herdeiros de Jesus, embora dilacerados de açoites, começavam a orar, entoando hinos de confiança.

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O mundo atual, na esteira de transições angustiosas e amargas, não parece mergulhado nas sombras que precedem a meia-noite?

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Conhecimentos generosos permanecem eclipsados. Noções de justiça e direito, programas de paz e tratados de assistência mútua são relegados a plano de esquecimento.

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Quantos homens jazem no cárcere das desilusões, da amargura, do remorso, do crime? Através de caminhos desolados, ao longo de campos que as bombas devastaram, dentro de sombras frias, há mães que choram, velhos desalentados, crianças perdidas.

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Quem poderá contar as angústias da noite dolorosa? Os aprendizes do Evangelho, igualmente, sofrem perseguições e calúnias e, em quase toda parte, são conduzidos a testemunhos ásperos.

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Muitos se envolveram nas nuvens pesadas, outros se esconderam fugindo à hora de sofrimentos; mas, os discípulos fiéis, esses suportam ainda açoites e pedradas e, não obstante as trevas insondáveis da meia-noite da civilização oram nos santuários do espírito eterno e cantam cânticos de esperança, alentando os companheiros.

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Enquanto raras almas sabem perceber os primeiros rubores da alvorada, em virtude da sombra extensa, recordemos os devotados obreiros do Mestre e busquemos na prece ativa o refúgio consolador. Se o mundo experimenta a tempestade, procuremos a oração e o trabalho, a fé e o otimismo, porque outro dia abençoado está a nascer e em Jesus Cristo repousa nossa resistência espiritual.

Reunamo-nos

A reunião dos companheiros de ideal e de luta foi sempre um traço fundamental do Evangelho.

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Reuniu-se Jesus aos discípulos e a Boa Nova nasceu para a redenção das almas.

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Reuniram-se os discípulos nas catacumbas da oração e a esperança e a solidariedade lhes traçou caminho heróico à vitória da fé.

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Atualmente, o Espiritismo, que revive Jesus entre os homens, não prescinde de semelhante culto à fraternidade.

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Reúnam-nos para a troca de nossas experiências, plasmando novos roteiros para a ação renovadora e santificante que nos complete, mas, qual aconteceu no princípio da Divina Mensagem do Cristo, reunamo-nos, aprendendo e auxiliando, trabalhando e servindo para que, em melhorando hoje a nós mesmos, possamos esperar amanhã pela Terra melhor.

Simplicidade

Quando o Senhor nos exortou à pureza infantil, como sendo a condição de entrada no Plano Superior, não nos convidava à insipiência ou à incultura.

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Recomendava-nos a simplicidade do coração, que se revela sempre disposto a aprender.

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A rebeldia e a impermeabilidade são, quase sempre, escuras características daqueles que pretendem haver encontrado a última palavra em madureza espiritual.

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Nossos excessos de raciocínio, em muitas ocasiões, não passam de desvarios da nossa mente, dominados por incompreensíveis cristalizações de vaidade ou de orgulho.

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Criamos, em nossa invigilância, certos padrões convencionais de conduta que nos impedem qualquer acesso à verdadeira luz e, dentro deles, dormitamos à maneira de pássaros cativos que encarcerassem as próprias asas em estreitas limitações.

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Contudo, quando entendemos que a vida se renova, todos os dias, e quando percebemos que todos os minutos constituem oportunidades de corrigir e aprender, auxiliar e redimir; entramos na posse da simplicidade real, suscetível de fixar em nosso íntimo, novos painéis de amor e sabedoria, paz e luz.

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Guardemos o espírito de surpresa, diante do mundo e, à frente da estrada que o Alto nos destinou, convertamos a nossa ligação com o Pai Celeste por laço essencial de nosso coração com a vida e, dessa forma, estejamos convictos de que cada instante será para nós glorioso passo no Conhecimento Superior ou na direção do Céu.

Sejamos Bons

Não te aflijas com a perspectiva da perfeição de um dia para outro.

As tarefas redentoras desconhecem o improviso.

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Ergue-se a casa, tijolo a tijolo.

Forma-se o rio, gota a gota.

Constitui-se o tecido, fio a fio.

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O Mestre, por isso mesmo, não espera do discípulo prodígios de santidade, num simples momento, de vez que a virtude não é flor ilusória no jardim sublimado da alma.

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Entretanto, se não podemos realizar o aprimoramento numa hora, devemos aprender a lição da bondade, dia a dia.

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Sejamos bons para com aqueles que a Divina Bondade situou em nossos próprios passos, auxiliando-os na senda de elevação.

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Sejamos bons para com os que caíram na margem de nossa própria estrada, oferecendo-lhes o toque da nossa amizade ou encorajando-lhes o reerguimento com o sorriso de nossa compreensão.

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Sejamos bons para com as vítimas da maldade, amparando-as sem ruído para que a maledicência emudeça e para que a calúnia imobilize as garras de treva.

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Sejamos bons para com os fracos que não podem ainda caminhar sem a neurastenia, sem a queixa e sem a lágrima, sustentando-lhes o coração com os nossos braços fraternos.

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Por onde passamos há sempre alguém que espera um pouco de carinho a fim de restaurar-se.

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Na harmonia da natureza a flor estende o perfume, a ave carreia a música, a fonte desliza servindo e a árvore produz reconforto e alegria exaltando o sol que mergulha na Terra em ondas ilimitadas de luz.

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Por nossa vez ofereçamos a bondade a quem possa por nós ou a quem respira conosco e estaremos louvando a Infinita Bondade do Pai Celestial que, em todos os ângulos da vida, nos envolve em suas Bênçãos de Amor.

Página do Irmão Mais Velho

Auxilie ao teu filho, enquanto é tempo.

A existência na Terra é a Vinha de Jesus, em que nascemos e renascemos.

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Quantos olvidam seus filhinhos, a pretexto de auxílio ao próximo, e acabam por fardos pesados a toda gente!

Quantos se dizem portadores da caridade para o mundo e relegam o lar ao desespero e ao abandono?!...

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Não convertas o companheirismo inexperiente em ornamento inútil, na galeria da vaidade, nem lhes armes um cárcere no egoísmo, arrebatando-o à realidade, dentro da qual deve marchar em companhia de todos.

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Dá-lhe, sempre que possível, a bênção dos recursos acadêmicos; contudo, antes disso, abre-lhe os tesouros da alma, para que não se iluda com as fantasias da inteligência quando procura agir sem Deus.

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Ensina-lhe a lição do trabalho, preparando-o simultaneamente na arte de ser útil, a fim de que não se transforme em alimária inconsciente.

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Os pais são os ourives da beleza interior.

O buril do exemplo e a lâmpada sublime da bondade são os divinos instrumentos de tua obra.

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Não imponhas à formação juvenil os ídolos do dinheiro e da força.

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A bolsa farta de moedas, na alma vazia de educação, é roteiro seguro para a morte dos valores espirituais. O poder, sem amor, gera fantoches que a verdade destrói no momento preciso.

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Garante a infância e a juventude para a vida honrada e pacífica.

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Que seria do celeiro se o lavrador não preservasse a semente?

Quem despreza o grelo frágil é indigno do fruto.

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Faze de teu filho o melhor amigo se desejas um continuador para os teus ideais.

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Que será de ti se depois de tua passagem pela carne não houver um cântico singelo de agradecimento endereçado ao teu Espírito, por parte daqueles que deves amar? Que recolherá na seara da vida, se não plantares o carinho e o respeito, a harmonia e a solidariedade, nem mesmo no pequenino canteiro doméstico?

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Não reproves a esmo. A tua segurança de hoje lança raízes na tolerância de teu pai e na doçura das mãos enrugadas e ternas de tua mãe.

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Esquece a cartilha escura da violência. Que seria de ti sem a paciência de algum velho amigo ou de algum mestre esquecido que te ensinaram a caminhar?

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O destino é um campo restituindo invariavelmente o que recebe.

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Ama teu filho e faze dele o teu confidente e companheiro. E, quanto puderes, com o teu entendimento e com o teu coração, auxilia-o cada dia, para que te não falte a visão consoladora da noite estrelada na hora do teu repouso e para que te glorifiques, em plena luz, no instante bendito do sublime despertar.

Protestos Verbais

“Mas, ele disse com mais veemência:

ainda que me seja necessário morrer contigo, de modo nenhum te negarei.

E da mesma maneira diziam todos também”.

(Mateus, 14:31).

É indispensável que o aprendiz sincero do Evangelho esteja sempre de mãos dadas à vigilância, no capítulo dos protestos verbais de solidariedade.

As promessas mirabolantes ficam muito bem às comédias da leviandade, mas, nunca nos compreendem sinceramente o que seja esforço, trabalho, realização.

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O próprio Cristo não escapou a provas supremas dessa natureza.

Ainda nas vésperas do sacrifício culminante, vemos os discípulos protestarem fidelidade e devotamento. Pedro e os companheiros declaravam-se unidos a Ele até o fim, hipotecavam-lhe amor e dedicação.

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Jesus, porém contava com o Pai e consigo mesmo nos testemunhos decisivos. E, apesar dos bem divinos que disseminara entre os aflitos e sofredores, não obstante o devotamento a quantos lhe buscavam o socorro sublime, o Mestre viu-se absolutamente só, desde a prisão à própria Cruz.

Recebera muitos votos de admiração, palavras de reconhecimento, declarações de solidariedade, protestos de amor; entretanto, o exemplo final revela muitos ensinamentos aos aprendizes vigilantes.

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O problema da participação experiências de alguém nunca se resumirá numa questão de palavras.

No cenáculo do Senhor, notamos semelhante lição; Judas não pôde partilhar a vitória do Mestre em Jerusalém, como os demais companheiros não conseguiram partilhar a suposta derrota do Calvário.

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Lembra o Cristo, dá testemunho e segue firme, rumo à realização divina.

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Nas ilusões terrestres, não é possível fugir às dificuldades desse teor. No triunfo, lutarás contra a inveja e o despeito de outrem; no sofrimento, suportarás, muitas vezes, a traição, o esquecimento e o fel dos ingratos. Não desesperes, porém. É preciso esquecer os fantasmas e permanecer servindo ao Senhor.

Ciência e Religião

Toda controvérsia caprichosa é desarmonia.

Todo conflito pessoa é perda de tempo.

Toda guerra exige a recapitulação.

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A ciência no mundo é um conjunto de afirmações provisórias do cérebro, a caminho da sabedoria.

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A religião na Terra é um acervo de revelações parciais do Céu para o coração, a caminho do amor.

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Ciência e religião representam meios.

O bem geral é o fim.

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Não nos vale o dilúvio das palavras, mas um simples gesto de entendimento e de auxílio nos transforma para a elevação substancial.

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É justo o exame.

É aconselhável a indagação.

É sublime o ato de crer.

É divino o fervor da fé.

Mas, se buscamos o Amor e a Sabedoria, aprendamos a aproveitar as lutas, as aflições, às dificuldades e as sombras da Terra por materiais didáticos da sublimação.

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Um homem perdido na praia pode teorizar brilhantemente, sobre o grão de areia, exaltando a própria inteligência, mas, aqueles que consegue galgar uns poucos degraus do monte pode enxergar a paisagem e orientar os passos vacilantes de seu irmão.

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Estendamos nossos braços para a vida e auxiliemos sempre.

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O coração nas mãos para iluminar a mente, através do serviço, deve ser a nossa fórmula ideal de ascensão para os cimos da vida.

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Não nos esqueçamos de que o Sábio dos sábios, e o Anjo dos anjos, sem analisar o mundo e sem julgá-lo, amou e auxiliou, sofreu e sacrificou-se até a cruz, convertendo-se, então, em Luz Eterna a clarear-nos a senda para o Infinito.

Oração Ante a Ciência

Senhor Jesus!

Enquanto descortinas para o homem, através do próprio homem novos panoramas do Infinito, a fim de que nos conheçamos, na Terra, em toda a extensão de nossa pequenez – quando avaliados pela grandeza do Universo – auxilia-nos a derrubar as fronteiras de prepotência e de ódio que ainda nos separam no caminho da vida.

Deixa-nos perceber que a paz é impossível sem a certeza de que somos efetivamente irmãos uns dos outros, com a obrigação de amparar-nos mutuamente.

Faze-nos saber que os mais fortes são o apoio dos mais fracos, que os mais cultos são chamados a instruir os menos cultos, que não existe bem onde falha a disposição de sanar o mal, tanto quanto não se concebe luz que se recuse a dissipar as trevas!...

Auxilia-nos, por misericórdia, a suprimir de nossa própria natureza as taras da guerra que carregamos, no transcurso dos evos, para que o progresso nos abençoe, sem tributos de lama e sangue.

Não permitas venhamos a te malversar as concessões, transformando-te a cobertura de amor em motivos para hegemonias de opressão.

E, à medida que a Terra, com o facho da inteligência, se encaminha para conhecer outros astros, reúne-nos, como sempre, em Tua Bondade e ensina-nos, de novo – ó Eterno Benfeitor e Excelso Amigo! – que debalde nos alçaremos à glória do gênio se não te recebermos no coração.

Orai pelos que Vos Perseguem

Compadecei-vos de quantos se consagram a instilar a peçonha da crueldade nos corações alheios, porque toda perseguição nasce da alma desventurada que a invigilância entenebreceu.

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Monstro invisível, senhoreando idéias e sentimentos, é qual fera à solta, transpirando veneno, a partir das próprias vítimas que transforma em carrascos.

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Quase sempre, surge naqueles que vascolejam o lixo da maledicência, buscando o lodo da calúnia para as telas do crime, quando não se levanta do charco ignominioso da inveja para depredar ou ferir.

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De qualquer modo, gera alienação e infortúnio naqueles que lhes albergam as sugestões, escurecendo-lhes o raciocínio, para arrebatá-los com segurança ao cárcere da agonia moral no inferno do desespero.

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Ventania de lama espalha corrente miasmáticas com o seu hálito de morte, agregando elementos de corrosão em todos os que lhe ofertam guarida.

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É por isso que, ante os nossos perseguidores, é preciso acender a flama da caridade, a fim de que se nos não desvairem os pensamentos espancados de chofre.

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Olhos e ouvidos empenhados à sombra dessa espécie; são rendições ao desânimo e à delinqüência, à deserção e à enfermidade.

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Eis porque, Jesus, em Seu Amor e Sabedoria, não nos inclinou à lutar contra semelhante fantasma, induzindo-nos à bênção da compaixão, qual se fôssemos defrontados pela peste contagiante.

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Perseguidos no mundo; mantenhamo-nos constante no trabalho do bem a realizar, e, ao invés do gládio da reação ou do choro inútil da queixa, aprendamos, cada dia, entre o perdão e o silêncio, a orar e esperar.

Más Rogativas

“Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites”.

(Thiago, 4:3).

Em todas as instituições de vida útil e séria, sobre o mundo, o fornecimento de recursos envolve delegação justa de responsabilidades. A administração concede possibilidades com o direito natural de exigir a relação das despesas havidas, analisando sua natureza e finalidade, em favor do bem geral.

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Se entre os homens falíveis palpitam semelhantes preocupações, que não dizer do sistema perfeito de justiça na Vida Superior?

Quantas criaturas se entregam, por aí, ao ato de rogar irrefletidamente” Imploram-se facilidade econômicas, posições de evidência, expressões de poder e autoridade.

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Aqui, suplica-se a cessação das lutas purificadoras, acolá se solicita providências descabidas, que deslocariam, por completo, o equilíbrio do bem comum.

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Segundo a observação de Thiago, muitos pedem e não recebem, porque pedem mal, apenas com o fito de utilizar as concessões para fins egoísticos da personalidade.

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Tais pedintes, por vezes, abandonam as orações, acusam o Céu, desdenham, puerilmente, o próprio Deus, em razão de não se lhes atender ao propósito criminoso.

No entanto, o que acreditam ser olvido Celestial representa misericórdia do Altíssimo. Mandando que semelhantes súplicas sejam anuladas, os Mensageiros Divinos praticam a caridade na sua justa significação.

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Impedem que os pedintes vagabundos sejam criminosos, auxiliando-os a preservar a paz de seu próprio futuro.

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Legítima Defesa

O recurso a legitima defesa é naturalmente um direito comum a todas as criaturas.

Nem há que duvidar de semelhante prerrogativa.

No entanto, importa considerar que esse direito não consiste em subtrair a existência do próximo, invadindo atribuições que pertencem a Deus.

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Dispomos do privilégio da defensiva, aplicando anos mesmos os artigos da Lei Divina obedecendo-lhe as determinações que nos garantem responsabilidade e equilíbrio.

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Defender-nos-emos contra a incursão em novos débitos, abstendo-nos de alongar a despesa de cada dia, além da receita que nos compete.

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Estaremos agindo contra as hostilidades alheias, ofertando aos outros, simpatia e cooperação.

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Não cairemos no fogo da calúnia, desde que vivamos em guarda contra a leviandade e a maledicência.

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Elevar-nos-emos, além da vasa do crime, submetendo-nos ao culto incessante do bem, segundo os nossos deveres, e fugindo ao império da tentação.

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Respiraremos libertos da irritação e da cólera se dermos ao companheiro de caminho o respeito e a compreensão que desejamos dele próprio, em nosso favor.

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Distanciar-nos-emos das extravagâncias da vaidade e do orgulho, sustentando, em nós mesmos, a humildade que a vida nos aconselha.

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Cristo é o nosso Divino Médico, ensinando-nos a observar os mais avançados princípios de imunologia da alma, na preservação dos valores eternos do Espírito.

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Perdoemo-nos uns aos outros, setenta vezes sete, em todas as nossas falhas na jornada evolutiva; amparemos o vizinho, tanto quanto lhe reclamamos o entendimento e o auxílio e, amando-nos reciprocamente no padrão do Senhor que nos protegeu até o sacrifício supremo, estaremos praticando a defesa legítima; único baluarte de nossa segurança e de nossa paz.

Nos Grandes Momentos

E todos os seus conhecidos e as mulheres que juntamente o haviam seguido desde a Galiléia, estavam de longe, vendo estas coisas”.

(Lucas, 23:49).

A solidão de Jesus no Calvário é uma lição viva aos discípulos do Evangelho, em todos os tempos.

Quase sempre os aprendizes procuram impor ao próximo o seu modo de sentir. Às vezes, quando menos avisados, raiam pela imprudência, ansiosos da renovação imediata de amigos, conhecidos, familiares.

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Suas atividades se convertem num conjunto de inquietações indevidas. Andam esquecidos de que cada um será compelido ao testemunho nos grandes momentos.

E, quando chegado o ensejo, devem contar, acima de tudo, com Deus e consigo próprios.

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Jesus, no apostolado da luz e do bem, junto ao espírito popular, formara compacta legião de amigos.

Todos os beneficiários de sua obra o seguiam em admiração constante.

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Volteavam-lhe em torno dos passos não só os admiradores, os aprendizes, os curiosos, mas, também os doentes da véspera, reintegrados no tesouro da saúde, à força da sua dedicação divina.

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No grande momento, porém, quando as sombras do martírio lhe amortalhavam o coração, todos os participantes de suas caminhadas se recolheram à distância da cruz, contemplando-o de longe.

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Não se ouviu a voz de nenhum beneficiado ao pé do Calvário.

Ninguém lhe recordou, no extremo instantes, as obras generosas, perante os algozes que o apupavam.

E o ensinamento ficou para que cada aprendiz, no decurso do tempo, não esqueça a necessidade do próprio valor.

Jovens e Adultos

No momento atual do mundo, quando se repetem por todos os recantos os impositivos da revisão do tratamento em favor da juventude, é razoável se aplique o mesmo critério para a madureza.

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Nem conceituação de irresponsabilidade para os jovens.

Nem alegação de inutilidade para os adultos.

Em se corporificando na Terra, o Espírito, inicia uma viagem que vale por estágio educativo; e, num estágio educativo, todas as fases são importantes.

Ninguém conquista certificado de competência numa faculdade de ensino superior sem haver passado nas letras primárias, e ninguém consegue caminho seguro em semelhante iniciação sem apoio naqueles que amadureceram na escola da experiência.

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Os jovens pedem a liberdade de crer em sua própria capacidade de realização.

Os adultos devem acreditar em sua capacidade própria de valorizar e aperfeiçoar as realizações da vida.

Na esfera do acatamento recíproco, os jovens podem criar campanhas de ação construtiva e os adultos precisam estabelecer campanhas contra a inação destrutiva, na qual muitos deles se põem a esperar improdutivamente a morte do corpo físico, qual se houvessem perdido a possibilidade e a obrigação de trabalhar.

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Os jovens podem improvisar a formação de novos padrões para a existência e os adultos são naturalmente chamados a selecioná-los para que se conservem os que se mostrem bons, - tudo isso nas bases do respeito mútuo.

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Não vemos qualquer conflito mais grave agora que noutras épocas, entre os mais moços e os menos moços.

O que existe é o anseio da juventude no sentido de se edificar segundo a sua própria vocação, tanto quanto anotamos na madureza a necessidade de aproveitar, com mais segurança e com espírito mais amplo de reconhecimento a Deus, os benefícios que a Providência Divina lhe propicia, através da ciência humana, a fim de viver, com vistas à permanência, tanto quanto possível, mais longe e mais útil nos quadros de serviço terrestre.

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Concluindo, reconhecemos que tão livre e robusta  é a mocidade para zelar, disciplinadamente, pelos seus próprios interesses, quanto robusta e livre é a madureza para defender a sua própria felicidade, pela aceitação da lei do trabalho que nos cabe a todos, em qualquer lugar, tempo, circunstância e condição, desde que se mostre agindo ponderadamente.

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E, com relação a jovens e adultos que se transviam, desertando dos compromissos que assumem ou caindo no desrespeito à própria consciência, isso é outro problema, que não interfere com os nossos estudos, em torno da evolução.