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sexta-feira, 24 de junho de 2011

FILOSOFIA ESPÍRITA – VOL. 1 e 2 - JOÃO NUNES MAIA

 

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FILOSOFIA ESPÍRITA - VOLUME 1

JOÃO NUNES MAIA

DITADO PELO ESPÍRITO MIRAMEZ



Nota da Editora

“Por isso, estudar Kardec para conhecer e divulgar o Espiritismo, é o compromisso de hoje, que nos devemos impor os encarnados e desencarnados.

Como toda revelação é gradativa, as lições Kardequianas quanto mais estudadas melhor se fazem compreendidas em face do maior entendimento de quem as examina.

Bezerra de Menezes

(do livro Seara do Bem, psicografado pelo médium Divaldo Pereira Franco, capítulo 22).

Este é o primeiro de uma série de vinte livros, em que Miramez comenta as perguntas de O Livro dos Espíritos, objetivando orientar-nos no estudo dessa obra ímpar, sem qualquer pretensão, a não ser fornecer subsídios para melhor entendê-la e trilhar com segurança o caminho da Luz.

Por recomendação do autor, as perguntas e respostas não foram transcritas, pois a consulta direta à obra se torna indispensável em qualquer época. O que ele pretende não é decodificar O Livro dos Espíritos para o leitor, mas apresentar-nos alguns pontos para nossa meditação, a respeito de cada pergunta.

Para facilitar a leitura, esclarecemos que o número da pergunta de O Livro dos Espíritos (LE) analisada, está abaixo do título, em cada capítulo.

Rogando a Jesus que continue a abençoar o nosso humilde propósito de servir em Sua seara, entregamOS a você mais essa colaboração, esperando que, através da leitura destas páginas, possa entrar em sintonia com a bondade e a paz que são emitidas pelo Amor Maior.


Prefácio

Em quase tudo que falamos, partimos de um ponto que muito nos sensibiliza: a caridade, nos dois pontos da existência. Este livro é uma fração de caridade da sabedoria. O nosso companheiro Miramez comenta. as perguntas e respostas de O Livro dos Espíritos, desde a primeira até a de número cinqüenta e um, com grande simplicidade, nos mostrando a amplitude dos ensinamentos da Codificação.

A literatura mediúnica, principalmente no Brasil, é portadora de um acervo enorme de conhecimentos espirituais, que antes se encontrava escondido nas dobras do tempo e que as mãos dos benfeitores da vida maior tornaram conhecido como celeiro inesgotável dos preceitos imortais. No entanto, ainda existem os cegos e aqueles que não querem ver.

As páginas de luz estão espalhadas por toda a nação brasileira, como convites a todas as criaturas, indicando caminhos e traçando deveres, instruindo pessoas e educando homens, para que o amanhã não perca seu grande objetivo, o de ser o verdadeiro paraíso, onde haja abundância do mel da fraternidade e do leite do amor. Nós outros estamos trabalhando neste país em cujo futuro o Cristo confia sobremodo, refletindo a sua luz benfazeja por todas as outras nações, cujos Espíritos, ali estagiados, são nossos irmãos em Jesus. Aproximam-se as provas redentoras e coletivas da humanidade, como que um vestibular, no sentido de passar para outro curso, onde poder-se-á aprender com mais profundidade o que é a benevolência e o amor de uns para com os outros.

Este livro é um pequeno curso para despertar no estudante valores morais e espirituais. Ele pode abrir caminhos para que a caridade se solidifique nos corações dos leitores, ampliando o saber em seqüências admiráveis, pois as linhas dos livros que se baseiam na Doutrina dos Espíritos são assistidas pelo grande rebanho empenhado em difundir o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, nesta pátria abençoada, com reflexos no mundo inteiro.

Queremos, pelo querer de Jesus, que todos os filhos de Deus se dêem as mãos, e em um cântico da mais alta harmonia, compreendam os deveres mais urgentes da amizade, aquela que não pode esquecer o perdão, do perdão que não pode esquecer a fraternidade e da fraternidade que jamais poderá esquecer o Amor!

Meu companheiro, este livro é o primeiro de uma série, na mesma seqüência de conhecimentos, para que o princípio da Doutrina avance na estrutura de conceitos àluz da razão, buscando no mais além o que podes suportar. Se já fazes muitos tipos de caridade, concitamos-te a mais uma: a caridade do Livro. Com base no Evangelho, o livro desperta no coração o que nele dorme de mais sagrado e os domínios dos sentimentos do bem crescem e se abastecem na própria ciência da vida.

Se já conheces a Doutrina dos Espíritos, enriquecerás teus conhecimentos com esta obra e, se ainda não a conheces, procura lê-la conjuntamente com o livro que fez nascer a Doutrina Espírita. Assim, o teu entendimento aflorar-se-á, como uma luz que estava apagada, por falta de oportunidade.

O Livro dos Espíritos é um sinal das leis universais. Quem nele estuda, meditando em seus ensinamentos, e com a ajuda de outros livros que lhe dão seqüência, passa a compreender que os sinais são frases e que as frases são forças indicativas para a libertação da alma.

Estamos confiantes nos homens que dirigem as nações e nos que trabalham nos sentimentos das criaturas, porque Deus é Espírito, e em espírito e verdade Ele comanda tudo e todos que saíram das Suas mãos santas e sábias.

Que Jesus abençoe mais este esforço do nosso companheiro que faz do tempo uma matemática inesgotável, e do pequeno espaço deste livro um fenômeno, de onde refletirá muita Alegria.

Bezerra de Menezes

Belo Horizonte, 17 de dezembro de 1982.

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0001 / LE

A Suprema Inteligência

O primeiro interesse de Allan Kardec foi saber dos Espíritos que era Deus e eles responderam dentro da maior simplicidade, mas com absoluta segurança: Deus é a Inteligência Suprema, causa primária de todas as coisas.

Não poderemos nos sentir seguros onde quer que estejamos, sem pelo menos alimentar a idéia de uma fonte criadora e imortal. O estudo sobre o Senhor nos dá um ambiente de fé que corresponde, na sua feição mais pura, à vontade de viver. Sentimos alegria ao entrarmos em contato com a natureza, pois ela fala de uma inteligência acima de todas as inteligências humanas, de um amor diferente daquele que sentimos, de uma paz operante nos seus mínimos registros de vida. O Deus que procuramos fora de nós está igualmente no centro da nossa existência, porque Ele está em tudo, nada vive sem a sua benfeitora presença.

O Criador estabeleceu leis na sua casa maior, que cuidam da harmonia na mansão divina, sem jamais esquecer do grande e do pequeno, do meio e dos extremos, para que seja dado, a cada um, segundo as suas necessidades. Não existe injustiça em campo algum de vida, pois cada Espírito ou coisa se move no ambiente que a sua evolução comporta; daí resulta o porquê de devermos dar graças por tudo o que nos é colocado no caminho.

É justo, entretanto, que nos lembremos do esforço individual, e mesmo coletivo, de sempre melhorar, como sendo a nossa parte, para alcançarmos o melhor. Aquele que acha que tem fé em Deus, mas que vive envolvido em lugares de dúvida, com companheiros que não correspondem às suas aspirações de esperança, ainda carece da verdadeira fé, iluminada pela temperatura do amor. É a confiança que requer reparo.

Assim sucede com todas as virtudes conhecidas e, por vezes, vividas por nós.

Estudemos a harmonia do Universo, meditemos sobre ela, pedindo ao Mestre que nos ajude a compreender esse equilíbrio divino, porque se entrarmos em plena ressonância com a Criação, sanar-se-ão todos os problemas, serão desfeitas todas as dificuldades e todos os infortúnios cessarão. Somente depois disso, pelas vias da sensibilidade e pelo porte espiritual que escolhemos para viver, é que teremos a resposta mais exata sobre que é Deus.

Conhecer e Amar são duas metas que não poderemos esquecer em todos os nossos caminhos. Estes dois estados dalma abrir-nos-ão as portas da felicidade, pelas quais poderemos viver em pleno céu, mesmo estando andando e morando na Terra. A Suprema Inteligência está andando conosco e falando constantemente aos nossos ouvidos, em todas as dimensões do entendimento, porém, nós ainda estamos surdos aos seus apelos e passamos a sofrer as conseqüências da nossa ignorância. Todavia, o intercâmbio entre os dois mundos acelera uma dinâmica sobremodo elevada a respeito das coisas divinas, para melhor compreensão daqueles que dormem, e o Cristo, como guia visível através das mensagens, toca os clarins da eternidade anunciando novo dia de libertação das criaturas, mostrando onde está Deus e que é Deus, que nos espera, filhos do seu Coração, de braços abertos, como Pai de Amor.

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0002 / LE

A Grandeza do Infinito

O infinito, como que desconhecido para todos nós, é a casa de Deus, cujas divisões escapam aos nossos sentidos, mesmo os mais apurados. O Pai Celestial está, por assim dizer, no centro de todas as coisas que existem e, ainda mais, se encontra onde achamos a permanência do nada.

Se acreditamos somente naquilo que vemos e que tocamos, somos os mais infortunados dos seres, pois, desta forma agem também os animais. A razão nos diz, e a ciência confirma pelas inúmeras experiências dos próprios homens, que o desconhecido tem maior realidade. O que as almas encarnadas não vêem e não podem tocar definem a existência de força energética, senão inteligência exuberante, capaz de nos mostrar a verdadeira grandeza do infinito em todas as direções do macro e do microcosmo.

Se sentimos dificuldade para definir o que é a vida, certamente não sabemos explicar o que é o infinito, que está configurado na ordem dos mistérios de Deus. Compete a nós outros darmos as mãos em todas as faixas da existência e alistarmo-nos na escola do Senhor sem perda de tempo, sem desprezar o espaço a nós oferecido, por misericórdia do Criador.

Estamos situados em baixa escala, no pentagrama evolutivo. Falta-nos a capacidade de discernir certas leis que regem o universo, como as leis menores que nos sustentam todos em plena harmonia, como microvidas nos céus da Divindade. Devemos estudar constantemente, cada vez mais, no grande livro da natureza, cujas páginas somente encontraremos abertas, pela visão do amor. Nada errado existe na lavoura universal, o erro está em quem o encontra.

Basta pensarmos que o perfeito nada faz sem o timbre da sua perfeição, para crermos que tudo se encontra onde deve estar e onde a vontade do Senhor desejar.

Vivemos em um mundo de duras provas, de reajustes em busca da harmonia. O Cristo é a porta dessa felicidade, nos ensinando a conquistar este estado dalma com as nossas próprias forças, porque Deus sempre faz primeiro a sua parte em nosso favor, em favor de todos os seus filhos. Ninguém é órfão da Bondade Suprema.

O infinito é infinito para nós; para Deus é o seu Lar, onde vibra o amor e onde o perfume exalante é a alegria na sua pureza singular. É de ordem comum nos planos superiores, que devemos começar pelas lições mais elementares, que nos despertam o coração, primeiramente, para a luz do entendimento.

Querer buscar entender o profundamente desconhecido, sem se iniciar nos rudimentos da educação espiritual, é perder tempo e andar nas perigosas e escuras estradas da ignorância.

Se queremos conhecer alguma coisa, no que se refere ao infinito, principiemos na auto-educação dos costumes, observando quem já fez este trabalho, e copiemos suas lutas, que os céus da nossa mente abrir-se-ão e as claridades da sabedoria universal nos banharão com o esplendor da conscientização da Verdade.

Quem deixa para depois o conhecimento de si mesmo e tenta a sabedoria exterior, desconhece a verdadeira porta da felicidade. Cada Espírito é um mundo, um universo em miniatura, onde mora Deus e vibram todas as suas leis, em ação compatível com o tamanho da individualidade. Assim, para entender o infinito da Criação, necessário se faz começar a entender o infinito da alma.

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0003 / LE

Definição Incompleta

A Suprema Majestade do Universo é, por dignidade própria, o Inconcebível e o Incomparável. Não é digno de um raciocínio apurado dizer que Deus é infinito. Se não sabemos o que é o infinito, por faltar, ainda que seja uma abstração, sentido para tal, na mente dos povos, e mesmo dos Espíritos, ele passa a ter a sua existência; e, se ele existe, foi criado. Não pode ser, nem ter os mesmos valores do seu Criador. A dedução formulada surge, certamente, da pobreza de linguagem, nunca para diminuir a personalidade central de todas as coisas. Nada se pode comparar ao Arquiteto Universal; da sua vida estuante e vigorosa saem vidas com a marca do seu amor incomparável. Somos todos filhos do Amor.

Nós, os Espíritos encarnados e desencarnados, devemos nos contentar em sentir Deus em todas as coisas, sem pretender o conhecimento completo da sua magnânima natureza. Somente Ele conhece a Si mesmo

A nossa evolução, ou despertar, é gradativa em todas as circunstâncias. O saber sobre o Senhor nos vem pela força do progresso, que no-lo entrega pelas mãos do tempo. Se a natureza não dá saltos em campo algum de vida, comecemos a estudar a nós mesmos com grandes vantagens em relação ao conhecimento de Deus e, se quisermos avançar mais, entremos na escola do Amor, que ele poderá nos transmitir as primeiras lições sobre os atributos da Divindade.

Somos Espíritos imortais. Estamos inseridos, se assim podemos dizer, no bojo do infinito, cujo movimento lembra a inspiração e expiração que nos sustenta todos. Usamos de todos os meios disponíveis que já conhecemos para conhecer o desconhecido, pois é a razão, a ciência, a filosofia e a própria religião, que nos induzem a isso; no entanto, somente o amor mais puro é que nos faz sentir o nosso Pai mais próximo de nós, a pulsar dentro dos nossos corações e a nos dizer: A paz seja convosco, que traduz toda a felicidade na brandura e suavidade do seu calor espiritual.

Se o infinito passar a existir e for conhecido pelas almas com seus variados mistérios, não poderemos tomá-­lo como a causa primária de todas as coisas e, sim, como atributo da Inteligência Maior. Todas as comparações que fazemos de Deus, todos os relevantes postos que a Ele atribuímos O diminuem em vista da nossa pobreza de linguagem, porque Ele é, em essência, Incomparável.

Deus é infinito nas suas perfeições, nas qualidades inerentes a sua personalidade que se irradia em todas as direções, que sustenta e dá existência a todas as dimensões do existir.

Ele é o Todo que se vê e, muito mais, tudo o que os nossos sentidos não alcançam.

Ele é Espírito e importa, sim, que O adoremos em Espírito e verdade. Ele está presente nas claridades do máximo e na luz do mínimo.

Ele vibra nas formas das estrelas e canta nos movimentos dos átomos.

Ele faz mover todas as constelações e harmoniza todo o ninho cósmico.

Ele sorri para nós através das flores, e nos dá as mãos pelas mãos dos nossos benfeitores.

Deus é ternura, na ternura do seu coração.

Sabemos que toda definição, se referindo a Deus, é incompleta; todavia, vamos transcrever a do Apóstolo João, por não encontrarmos outra melhor: Deus é Amor. Ainda assim, entendemos que o Amor é atributo da Divindade.

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0004 / LE

Existência de Deus

A existência de Deus se expressa cada vez mais, com tonalidades fulgurantes, em toda a literatura humana, mostrando e fazendo sentir a todos os povos que o Criador se encontra mais perto de nós do que nós uns dos outros. Ele é a razão do nosso viver e, ainda se conclui, que Ele não tem forma definida e é capaz de tomar todas as dimensões, na proporção das necessidades de cada criatura. Deus está no máximo, mas desce ao mínimo, desde que haja urgência na evidência de suas qualidades aos sentidos mais apurados da alma.

O Senhor é a ponte de comando de todas as religiões, na feição em que estas podem se expressar, onde foram chamadas a servir. Ele vigia os véus que regulam o saber dos homens ante a própria ciência, para que o equilíbrio se manifeste, Os grandes missionários registram em tudo a sua presença infalível. Todas as filosofias falam da sua presença divina, pelos recursos que a linguagem alcançou, e o progresso é o seu agente revelador em todos os quadrantes do mundo.

Não existe alguém na face da Terra que não creia em Deus. Existem, sim, alguns que ainda não perceberam a sua paternidade, por orgulho ou ignorância, o que não deixa de ser a mesma coisa. Ele vibra em tudo e pronuncia a mesma mensagem em tudo que ocupa um lugar no seu “corpo ciclópico”, na imensidão universal. E cada um, em cada coisa existente, registra a sua presença insuperável, de acordo com o seu porte evolutivo; eis aí a justiça, o próprio Amor.

Computando valores e somando idades, na cronologia peculiar aos homens, a cada dia que passa, a cada ano que corre na tela do nosso tempo, o Arquiteto Divino fica mais presente na nossa visão e nos fala mais de perto, pelos registros dos nossos sentidos. Não que o Senhor se encontre mais ou menos longe. Ele está no mesmo lugar; nós outros é que, pelo despertar dos valores espirituais, vamos gradativamente abrindo as portas do entendimento, pelas mãos da maturidade espiritual.

Nenhuma pessoa, nenhum Espírito, nem algo que exista, é órfão da misericórdia, da bondade e da presença de Deus, que nos comanda todos. Essa é a grande esperança e a grande alegria que nos impulsiona a viver.

Se não há efeito sem causa, não precisamos de maiores explicações para provar a existência de Deus; basta levantarmos os olhos para a extensão infinita dos mundos, que bailam nos espaços, para a mecânica das galáxias, que viajam em velocidades incríveis na grande casa universal, para a vida dos sóis, para a harmonia do universo, e sentiremos constrangimento no centro da consciência, em negar a existência dAquele que fez tudo isso, e a nós também, por bondade e alegria.

E quando se fala na microvida, que são caminhos diversos do macro, apresentando os mesmos roteiros do infinito? Como negar aquilo que existe mais do que nós próprios? Nós, em Espírito, ainda estudamos os princípios da função biológica dos homens. O corpo físico é a síntese do universo, é a cópia perfeita do macrocosmo, que deverá funcionar em plena harmonia com a Divindade, quando o homem se conscientizar dos seus deveres perante a natureza. A maior maravilha da Terra, em se falando das coisas materiais, é o soma humano.

E os corpos espirituais a ele interligados, para que o Espírito se manifeste? E o Espírito, essa gema divina? E a harmonia de tudo o que existe?

Como não crer no Criador de todas essas coisas? Começa, meu irmão, a pensar pelo menos no sol que dá vida e sustenta o ambiente em que moras e não terás outro caminho a não ser aceitar um Criador que tenha, na linguagem comum, a Suprema Inteligência.

Repitamos o que afirmou O Livro dos Espíritos:

Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem, e a vossa razão vos responderá.

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0005 / LE

Intuição Divina

A telepatia entre os homens é um fato constatado. Constitui-se em experiências de todos os reinos do saber. Já se conhece as suas causas e seus efeitos, com largos exemplos, nos quatro cantos do mundo. Já se sabe que cada criatura pode transmitir as suas idéias aos seus semelhantes, por vezes sem estar consciente desse ato, comum a todos os seres. Muitos buscam a perfeição ou melhoramento nas transmissões dos seus pensamentos, através de escolas, ou exercícios específicos no silêncio das coisas que se operam na vida.

E é nessa verdade que encontramos outra mais sutil: se os encarnados podem se comunicar entre si, pelos fios dos pensamentos, os desencarnados igualmente o podem, e com mais propriedade, por se encontrarem livres das cadeias da carne. E, se os homens trocam suas idéias, na serenidade das vibrações, asseguradas por leis que sustentam a harmonia, e se esses mesmos homens desencarnados continuam esse processo de comunicação recíproca, como não pensar nas possibilidades de os desencarnados transmitirem seus pensamentos aos encarnados pelo mesmo mecanismo?

Eis aí a Mediunidade, que se estende em todas as direções, pelos caminhos da sensibilidade, na regência da lei do Amor, onde a fraternidade abriu caminhos por meios da Caridade. Os homens sensíveis, querendo, podem negar, pois têm livre escolha nas suas atitudes, porém, eles conhecem quando os pensamentos nascem da sua própria mente e quando procedem de fontes espirituais, dado o peso magnético das suas vibrações. A consciência registra todos os valores e dá a conhecer à mente instintiva e atuante a procedência da conversa mental.

Usamos as comparações acima citadas, para te dizer de algo excelente, para te dizer do avanço da razão, aprimorada na seqüência do tempo e pelas bênçãos de Deus:

queremos falar da intuição, que será a faculdade comum do futuro, por enquanto latente em todos os seres. E ela o veículo divino capaz de orientar todas as criaturas e fazê­las felizes, filha do progresso espiritual, nascida no amanhecer das almas, ao despertarem para a luz, para o entendimento das leis espirituais. Essa intuição, no seu princípio se chamava instinto, dominando animais e homens nos seus primeiros passos. E se os homens primitivos já possuíam em suas consciências a idéia de Deus e viviam em tribos espalhadas pela Terra, sem condições de comunicação entre si, qual a origem dessa consciência de um Poder Supremo? E se não existe causa sem efeito, nem efeito sem causa, essa causa será, certamente, esse Deus que tanto amamos, que fala a tudo e a todos da sua existência, pelos processos compatíveis com os que devem e precisam escutar a sua voz dentro da alma.

A certeza da existência de Deus é a de que Ele existe. Não há outra lógica no mundo das deduções humanas e espirituais, e tudo que vive canta louvores ao Criador, na dimensão que lhe é própria; e nós, já na condição de Espírito humano, como sendo as flores da grande árvore plantada por Deus no jardim cósmico, cantemos juntos, encarnados e desencarnados, o hino de gratidão ao Supremo Senhor do Universo, pelo que somos e atingimos na escala da vida! Esse cântico deve ser manifestado pela vida reta, mesmo nas estradas tortuosas onde nos situamos. Busquemos a intuição divina, para que a Divina Intuição nos ampare e nos desperte para a verdade que nos fará livres!

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0006 / LE

Produto da Educação

A educação nos estimula para as coisas mais nobres da vida, sabemos disso; no entanto, ela é gradativa, de acordo com a nossa evolução espiritual. O modo de assimilação da educação nos meios em que se estagia é diferente de uns para os outros, de acordo com os dons despertados em cada criatura. A consciência de cada alma seleciona o que recebe, como produto do meio em que vive e dá condições à inteligência, para que esta amplie os seus valores na pauta da sua existência, e recusa o que não lhe serve, por condições que já atingiu no avanço espiritual.

Toda herança é relativa, respeitando a posição do herdeiro na vida. Consultando as grandes vidas na Terra, a razão certificar-nos-á dessa verdade. Os Espíritos, mesmo os chamados primitivos, quando reencarnam em um meio mais evoluído, não assimilam o produto da educação oferecida, por não terem capacidade de entendimento na altura dos seus progenitores, das escolas e livros. A assertiva de que somos o produto do meio não encontra segurança nas leis da evolução. Podemos ser ou não esse produto, dependendo da faixa em que nos situemos, com aqueles com quem convivemos. E perguntamos: onde aprenderam os primeiros mestres? Qual a escola?

O aprendizado mais atuante surge das trocas de experiências entre pessoas e nações; entretanto, o surgimento do verdadeiro aprendizado das almas vem pelos processos de despertar das qualidades que, por vezes, dormem em todos os seres. Daí é que dizemos, como já falaram todos os profetas, que Toda sabedoria vem de Deus. Todo amor parte da sua magnânima personalidade.

A idéia de Deus, na grande população indígena que viveu na Terra e da qual ainda restam uns poucos elementos, é uma prova irrefutável de que Ele existe e que não foi produto do meio. Foi revelação dos próprios Espíritos que circundavam e protegiam esses elementos, nas seqüências evolutivas em que a vida os colocou.

Muitos dos senhores de engenho que dominaram o Brasil por muito tempo, alimentavam e divulgavam a idéia de que a vida terminava no túmulo e que escravos eram animais de carga. Todavia, mesmo de posse do poder da situação e da força, não tiravam dos cativos a crença da existência de Deus e das almas, que utilizavam nos batuques, os corpos dos sensitivos, para os animarem nas suas provações. Onde fica o produto do meio e da agressão? Quanto mais sofre o Espírito, mais despertam suas qualidades espirituais, mais a verdade o conduz para os caminhos da luz!

Certamente que não vamos parar no exercício sublime da educação e da instrução em todas as faixas de vida e da vida, porque é nessa persistência humana e divina que fazemos a nossa parte, junto à já feita por Deus.

Os sentimentos íntimos que todos temos, quanto à imortalidade da alma e à existência de nosso Pai Celestial, foi a primeira coisa divina colocada em nossos corações espirituais pelas mãos do Criador, em forma de luz que nos ilumina a vida. Essa certeza não se vende, não se dá, ninguém tira: é nosso patrimônio, que brilha em nós com alegria e esperança, a nos falar da felicidade eterna. A meta mais inteligente é educar e instruir. Por esses meios todos os talentos desabrocham e a vida para nós passa a ser uma vida em Cristo, na presença de Deus.

7

0007 / LE

A Matéria é Efeito

Indubitavelmente que a matéria tem vida. No seu seio mais íntimo notar-se-ão fenômenos que por vezes escapam à inteligência humana. Há, pois, obediência às leis sutis que governam e sustentam toda a Criação. Tudo isso que notamos na matéria e que a observação científica comprova são efeitos da Grande Inteligência, que denominamos, com toda satisfação, Deus.

Nós, no mundo espiritual, e na ação que nos cabe pesquisar, continuamos em estudos profundos sobre o Criador. Assistimos, em lugares apropriados, a luminares da eternidade expondo conceitos que já puderam comprovar sobre o Grande Foco, sua vida e sua interferência em todas as direções da sua casa universal. E eis que, para passar aos encarnados o que ouvimos é necessário que obedeçamos a certas regras da comunicação com os seres, ainda envolvidos nos fluídos da carne.

Deus é realidade absoluta; o que podemos dizer é que Ele vibra em tudo que existe.

Falando na mesma freqüência dos homens, Ele é personalidade distinta no centro das suas criatividades. Repitamos novamente: Ele é Espírito. Se assim podemos dizer, o Criador é único, porém, no seu gesto de trabalho se faz binário, O que podemos observar na extensão infinita é que Ele aparece e desaparece entre duas respirações do seu dinâmico poder de viver, e seu hálito divino interpenetra todas as coisas, marcando a sua presença, semeando vida e dinamizando forças.

Somente poderemos conhecer um pouco do Grande Espírito pelos seus atributos. Avançar mais, onde os nossos sentidos não alcançam, é perda de tempo e falta de compreensão e obediência a determinadas leis, que marcam os limites do nosso saber. Se queres entender mais, a meditação, depois do trabalho honesto, é um caminho excelente para o conhecimento mais acentuado do Criador, Nós O conhecemos mais, não pelos números, nem por ouvir falar; sentimos sua presença quando a consciência se apóia no dever cumprido. Os Espíritos puros sentem Deus na profunda sensibilidade e expressam uma tranqüilidade imperturbável no coração.

A matéria é a mais baixa vibração da Divindade, é caminho criado por Ele para o despertar dos seus filhos, que saem das suas mãos luminosas e voltam para o ser íntimo de vida. Essa viagem é um tanto ou quanto extensa, competindo a cada criatura fazer a sua parte, na aquisição da sua própria paz espiritual. Os sentidos dos homens, mesmo dos mais elevados, em comparação com a pureza espiritual dos benfeitores da humanidade, são apagados, pois se distanciam milhões de anos entre uns e outros na escala evolutiva, mas, alegramo-nos em dizer que eles também passaram por onde estamos, como estamos avançando para o reino onde eles permanecem trabalhando.

Voltando ao assunto inicial, dignamo-nos a responder que, no íntimo da matéria poderás encontrar Deus, porque as propriedades da matéria falam dEle, da sua grandeza espiritual, desde que tenhamos sentido para tal pesquisa. Porém, esses fenômenos não são o Criador; são efeitos da Causa Primária, manifestando-se nas formas transitórias. Pulsa na matéria a vida universal, o fluído cósmico vibrante, dirigido pela mente do Criador e obediente aos seus sentimentos. Ele sabe de tudo e está em tudo, através dos seus atributos espirituais.

A matéria, por mais evoluída que seja, não demonstra inteligência. Ela é movida pela Inteligência Suprema. Em se falando da Terra, somente no homem começa a despertar a razão, que é conseqüência do princípio inteligente, mesmo assim, sob o comando da Inteligência Maior, Deus.

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0008 / LE

O Que é o Acaso

O orgulho nos faz esconder Deus, pela fraqueza do entendimento, colocando-O como acaso, palavra que nada expressa na linguagem dos homens. E quem O desmerece esconde os seus próprios valores, porque dependemos da sua iluminada presença e da sua magnânima existência espiritual. Se o acaso não existe, como compará-lo a um ser que existiu sempre e que tem mais existência do que toda a criação junta? Absurdo dos absurdos!

Nada se faz por acaso. Para tudo existem leis que nos pedem obediência. Para que a harmonia se faça, é justo que observes o mundo em que vives. Não se pode viver sem que se tenha leis para obedecer, e ao infrator vem logo a corrigenda. As coisas espirituais obedecem às mesmas regras e o Comando Divino é vigilante, operando em todos os sentidos para que estas leis sejam cumpridas, no sentido de estabelecer a paz e o bem-estar em todas as direções da vida.

A alma já moralizada é obediente; ela estuda e compreende o que deve ser feito e respeita todos os direitos alheios; por isso é que vive em paz com a consciência. Enquanto não trabalharmos os caminhos traçados e vividos por Jesus, permaneceremos em guerra em nós mesmos e sofreremos as conseqüências da nossa ignorância.

A própria ciência dos homens desmente o acaso, porque para tudo tem uma explicação lógica. A gestação de um filho no ventre de sua mãe ou a formação de um fruto e de uma flor era debitada na conta dos mistérios, atribuída ao acaso, por não se saberem os fundamentos da própria vida estuante e vigorosa em toda a criação. Entretanto, agora, no século vinte, na hora da luz, quando os Céus se aproximam dos homens, ou quando os homens abrem os corações ante outras dimensões da vida, não se deve falar em acaso, por esse assunto marcar ou reavivar os caminhos da ignorância espiritual. O acaso, ainda que tivesse existido, teria morrido por falta de alimento.

Se todo efeito tem uma causa, na dedução comum entre os homens, eis que os efeitos invisíveis estão apoiados em causas mais sutis do que pensas. Em tudo, repitamos, existe um Comando Inteligente que de nada esquece, uma Onisciência operando para a harmonia de todas as coisas. Isso certamente nos dá muita alegria, e a esperança cresce para a dimensão do amor.

O respeito a Deus deve ser o primeiro ato de cada dia, como que uma oração de agradecimento por tudo que recebemos do seu imensurável amor, e esse ato nos colocará mais próximo da sua ação benfeitora. Cumpre-nos esclarecer que Deus está presente em nossa vida e faz o nosso viver, deixando a nossa parte para que a façamos com as nossas próprias forças. Mesmo assim, a sua misericórdia é tamanha que, se pedimos ajuda, além da que Ele nos dá naturalmente, pela sua inestimável bondade e o seu inesgotável amor a todos os seus filhos, Ele nos atenderá. Porém, não nos façamos surdos às suas leis, para que não venhamos cair em novas e piores tentações.

Esqueçamo-nos do nada e lembremo-nos do Tudo. Esqueçamo-nos da inércia e lembremo-nos do trabalho. Trabalhando, esqueçamo-nos do ódio e abracemo-nos, vivendo o amor, porque essa disposição à verdade nos garantirá a paz espiritual e a alegria permanente no coração.

Vamos nos lembrar de Jesus com todo o carinho, Ele que veio anunciar para todas as criaturas o Reino de Deus, lembrando-nos que nenhuma das suas ovelhas se perderia, e que não existe órfão na casa do Pai. Isso significa esperança para todos nós, encarnados e desencarnados, pela presença da Fé. E bom que deixemos bem claro que todas as combinações da matéria são forças de Deus na luz do teu entendimento.

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0009 / LE

O Orgulho e o Egoísmo

O Espírito orgulhoso, encarnado ou desencarnado, se supervaloriza, criando assim em torno de si, o seu próprio mundo, de sorte a querer desconhecer os valores que não lhe pertencem e, principalmente, a Fonte Criadora de todas as coisas. O orgulho está sempre ligado ao egoísmo, estado deprimente daqueles que o possuem. Nós, os moradores da casa terrena nos dois planos de vida, estamos fechando o círculo de provações e começando a perceber o fim do materialismo. Graças a Deus, está morrendo essa época de descrer da Paternidade Universal.

Compete aos próprios homens erguerem seus pensamentos às alturas espirituais, reconhecendo e fazendo com que os outros encontrem a segurança de todas as seguranças, que é conhecer Deus dentro e fora de si e ouvir sua palavra a nos educar por todos os meios e métodos de que Ele dispõe, pelas formas visíveis e invisíveis da sua majestosa criação.

O egoísmo contrai todas as forças do Espírito e atrofia as sensibilidades, fazendo-as perderem o contato com os agentes da Divindade, que nos trazem as notícias de vida em todos os planos da vivência espiritual. Nós podemos dizer, pelos meios de que dispomos, que nada existe sem vida, mesmo a matéria que chamamos inerte. Em tudo manda a vida como vida de Deus.

O ser orgulhoso deixa de conhecer os seus próprios poderes, inerentes à sua personalidade. O ser egoísta facilita condições para a sua angustiosa solidão e sempre é portador desses dois carrascos. Não desconfia de que está andando para o abismo sem o perceber.

Se queremos ser livres, procuremos educar-nos e instruir-nos, e o caminho mais acertado é Jesus Cristo. Ele é o Pastor Inconfundível de todos nós; o seu amor nos sustenta desde o princípio, nos abençoando em todos os caminhos e nos dando vida em todas as circunstâncias.

Meu filho, não duvides mais da existência de Deus. Se queres reconhecer seu valor, olha sua obra. Se tudo está em plena harmonia, certamente que o seu Criador é perfeito em todos os seus aspectos. Negar o Senhor nos dias que correm, é assinar o atestado de ignorância calculada, que desvincula o amor do coração e separa a fé do ambiente em que se vive. No lugar do orgulho, constrói a fraternidade, e na área do egoísmo, conquista o amor.

Não és diferente dos que já se realizaram na vida espiritual, e não existem outros caminhos que não sejam os delineados pelos grandes missionários da Caridade. Falar no bem e viver no bem é a meta do Espírito inteligente, que não se esqueceu da educação.

Quando admiramos uma pintura famosa, a primeira coisa que desejamos saber é quem foi seu autor. Pois bem, a natureza universal, de cujos benefícios desfrutamos, é a mais bela pintura, é a mais engenhosa construção que podemos contemplar. Façamos o mesmo, busquemos o seu autor. Encontraremos esse Deus de que sempre falamos com toda a nossa alegria, com toda a gratidão. A obra reflete a inteligência de quem a fez. Se ainda duvidas da nossa fala, procura-O nas diversas literaturas espiritualistas, busca meditar sobre Ele, que a sua presença tornar-se-á visível às tuas sensibilidades, bem como ao teu raciocínio. E Ele passará a ser teu companheiro permanente, porque abriste o coração à procura da sua benfeitora luz.

Já procuraste observar o teu próprio corpo e o seu funcionamento inteligente? Foi o acaso que o fez? Se desconheces o teu próprio corpo, foi alguém mais capacitado que o planejou; procura esse alguém, que O encontrarás sorrindo para ti, ajudando-te a desvendar os mistérios que existem em muitos outros ângulos da vida. Livra-te do orgulho e do egoísmo, que encontrarás as bênçãos do entendimento, encontrarás Deus dentro de ti.

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A Natureza de Deus

A natureza íntima de Deus escapa aos sentidos humanos, em toda a sua trajetória evolutiva. Somente Deus se conhece. E o que não acontece conosco; nós não nos conhecemos. Os mistérios a desvendar são infinitos, em relação à Divindade. Na profundidade, ainda desconhecemos a própria matéria que nos serve de veículo e, portanto, estamos longe de conhecer o seu criador. Parar de estudar a sua personalidade majestosa é desconhecer o valor do progresso, que sempre nos convida para avançar; porém, dar saltos incompatíveis com as nossas forças é quebrar a tônica da nossa capacidade.

A ansiedade de conhecimento pode nos levar aos extremos, no entanto, o bom senso nos chama a atenção para a harmonia que deverá nos guiar em todas as seqüências evolutivas.

Basta, por enquanto, saber que Ele existe e aprender algo mais sobre seus atributos, que o tempo, impulsionado pela nossa vontade, dar-nos-á ambiente favorável de sentirmos a Divindade em nós, o que já representa um grande avanço na esteira dos evos.

Se os homens ainda não se libertaram de muitos hábitos extravagantes e vícios perniciosos, como querer conhecer a natureza íntima de Deus? Cada vício é uma porta fechada em direção às belezas imortais da alma. Cada hábito inconveniente é uma tranca ajustada à porta, impedindo a inspiração superior de chegar ao coração humano.

Estamos muito apegados às coisas de criança, pela força do nosso tamanho evolutivo. A mente cresce no ritmo que as leis determinarem, sem com isso perturbar o andamento da ponderação. Não devemos entregar os nossos deveres a Deus. Ele está sempre presente pelos meios que acha conveniente; entretanto, a nossa parte temos de fazê­la, e, ainda mais, aprender a fazê-la bem. Enquanto permanecermos na ignorância, sofreremos as suas conseqüências. A justiça vibra em toda a criação como agente de Deus, acompanhada pela misericórdia do seu amoroso coração, que bate dentro do infinito, no ritmo da Luz.

Quando nos faltam sentidos para conhecer alguma coisa a mais dos nossos conhecimentos, o que fazer? Torna-se necessário estudar na área em que nos compete agir, procurar aprimorar os conhecimentos já adquiridos, fortificar em nossas vidas todas as qualidades nobres que começaram a se despertar em nossos corações. O trabalho é imenso, a lavoura é grande, sem que saiamos do nosso próprio convívio íntimo. Esquecer esse labor, é perder os princípios da verdadeira sabedoria. Vamos ainda gastar milhões de anos para conhecermos o começo das lições eternas. Como avançar agora para áreas cujos registros os nossos sentidos não suportam?

Se a luz do Sol físico, para chegar à Terra, passa por muitas filtragens e se divide em raios incontáveis para nos beneficiar todos, o que dizer da luz do Sol espiritual? A razão nos diz que ela tem infinitas modificações para ajudar, servindo de estímulo a todas as vidas.

Toda verdade é relativa ao ambiente a que deve chegar. Quem desconhece as leis naturais que vigoram no mínimo movimento dos átomos nos mundos que bailam nos espaços, não poderá conhecer essas mesmas leis que regulam a harmonia do seu próprio corpo, ou dos corpos que servem ao Espírito, para se expressar onde se encontra. Procuremos, pela meditação, entender quem nos governa e sejamos obedientes a essa força universal, que tudo se tornará sereno em nosso íntimo e ao nosso derredor.

Se queremos principiar o estudo da natureza íntima de Deus, é necessário termos a pureza de coração, que indica as primeiras letras dessa sabedoria do conhecimento de si mesmo. Os caminhos são infinitos, como infinitos são os nossos destinos ante o Todo Poderoso, que nos fez por Amor.

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O Mistério da Divindade

O mistério da Divindade está distante da compreensão humana, por faltarem ao homem sentidos para tal. As seqüências misteriosas dos Espíritos a Deus são infinitas e os caminhos são igualmente sem fim. O crescimento da alma vai lhe dotando de poderes, de sorte a conhecer mais profundamente o mundo espiritual e as leis que governam toda a criação divina; todavia, essas leis são agentes movidos pela sua poderosa mente, que abrange toda a extensão Universal.

No estágio em que nos encontramos, encarnados e desencarnados, não devemos pensar em conhecer a intimidade de Deus. É, pois, querer saltar para o inconcebível, desrespeitando a harmonia da gradatividade, da sabedoria maior. Alguns homens inexperientes afirmam que não existem mistérios para os espiritualistas. Como se enganam esses nossos irmãos! Quanto mais nos conhecemos, mais sabemos que nada sabemos, em se falando das dimensões que se escondem nas dobras da escala evolutiva e nos segredos da Divindade. Os que dizem conhecer tudo, nada sabem; são pseudo-sábios diante da sabedoria maior e lhes falta humildade e as primeiras chaves do conhecimento das regras de viver em harmonia consigo mesmo. Certamente que é o orgulho se movendo em seus sentimentos e a vaidade egoísta iludindo seus corações.

Quando Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, afirma que “fora da caridade não há salvação “, está nos mostrando que o ambiente da benevolência prepara e nos ajuda a despertar os talentos internos, de maneira a observarmos outras nuances das leis que até então não tenhamos percebido. A caridade, em todas as suas feições, é força divina no divino aprendizado de todos os Espíritos. É luz nas mãos de quem deseja ser iluminado, é chave que abre muitas portas do saber, porque a caridade é, por excelência, Amor. Quem quiser conhecer mais um pouco dos mistérios de Deus, que faça e viva a caridade, que ela dotará esse trabalho de poderes para essa visão interna, de sentidos apropriados para compreender os efeitos das leis divinas.

Outra coisa valiosa que recomendamos para todas as criaturas éo exercício da oração. Não devemos esquecer a prece em todas as circunstâncias. Ela desata e desenvolve os fios dos pensamentos, impulsionando-os em todas as direções, de acordo com os sentimentos que os geraram, tem a capacidade de recolher os frutos na mesma dimensão em que foram emitidos. Nós somos mundos com imensuráveis qualidades a se desenvolverem, dependendo do que quisermos fazer delas, do nosso esforço e fé nas nossas realizações para o bem próprio e da coletividade.

Se estás em busca de mistérios que muito te atraem, na verdade te dizemos que existem muitos mistérios no mundo íntimo de cada criatura e eis aí a grande oportunidade de estudarmos a nós mesmos e nos deliciarmos com os nossos tesouros íntimos. O amor é qual um sol que se divide em variadas virtudes. Vamos observar esse fenômeno maior dentro de nós, com honestidade nas boas obras, que os véus vão caindo em seqüências que suportamos e a serenidade dominar-nos-á a consciência. Esses são os mistérios menores, representando uma universidade onde deveremos permanecer por um tempo que não podemos determinar.

Despertemos para esse trabalho louvável e dignificante, de nos conhecermos a nós mesmos, porque conhecer a Divindade como pretendemos somente será possível depois que nos tornarmos Espíritos divinos, e, mesmo assim, vamos encontrar em nossos caminhos de luz, mistérios e mais mistérios a desvendar, o que haveremos de fazer com amor e alegria espiritual.

Que Deus nos abençoe nesta jornada infinita do acordar para a Luz!

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Pensamentos Puros

A elevação moral dotar-nos-á de pensamentos mais ou menos puros, capazes de perceber determinados mistérios, antes escondidos pela incapacidade humana. Nós, encarnados e desencarnados, estamos em uma grande escola de Deus, que converge os nossos sentimentos a depurações necessárias e urgentes, no sentido de enriquecer todas as nossas qualidades espirituais.

Quem está nos dando a honra de ler os nossos escritos e acompanha os nossos trabalhos no seio da coletividade, deve saber das nossas idéias, no que se refere ao esforço próprio que mais incentivamos, que é aquele intercalado com os dos nossos irmãos em caminho conosco. Ninguém pode realizar nada sozinho; é do nosso dever trabalhar em conjunto, para que a fraternidade seja um facho da luz de Deus.

Espírito algum está afastado da Divindade. Quando falamos que não podemos conhecer a natureza íntima de Deus, não quer dizer que estamos longe do Senhor, pelo contrário, Ele está em nós, vibrando com todas as suas perfeições, e fora de nós, nos iluminando com todas as suas qualidades superiores. A nossa integração com Ele depende da nossa disposição espiritual, pela força do tempo. É necessário que entremos na senda do amor puro, para que a pureza nos alimente no raiar de todos os dias e no percurso de todas as nossas existências.

A evolução espiritual, ou despertar, simboliza uma escada como a de Jacó, referida no texto bíblico. De vez em quando alcançamos um degrau, respeitando mais além a força indutiva, que nos leva ao conhecimento mais elevado. O homem comum desconhece a engrenagem filosófica do aprimoramento, pois faltam-lhe sentidos para perceber esse mistério que somente a elevação espiritual pode conceber, O espiritualista, com idéias universais da sabedoria divina, começa a adentrar no grande arcano e sentir um novo mundo de saber, pelas belezas incomparáveis das sensibilidades do coração, e o santo, na verdadeira acepção da palavra, passa a perceber por meios que faltam aos demais, certas perfeições do Criador, sem por vezes ter condições de as transmitir aos que seguem os seus passos. No entanto, fala mais alto do que o verbo, a pureza da sua conduta, a vivência daquilo que prega aos seus semelhantes sobre a vida e a obra de Nosso Senhor Jesus Cristo.

São poucos na Terra, mas existem alguns cujos pensamentos já afinizam com o reino das idéias de grande pureza espiritual; e esses pensamentos lhes dão aspecto de missionários de Deus em exercício no mundo das formas. Estão no corpo, porém, vivem no reino divino pelo ambiente de luz da consciência. Este é o futuro de toda a humanidade, da qual somos parte integrante.

Podemos sentir com mais profundidade alguns

atributos de Deus, e a porta desse aprendizado é o “pergaminho de luz” que herdamos do Cristo. Jesus desceu dos altiplanos da Vida Maior para nos ajudar, abrindo a academia do Amor no plano em que habitamos, facilitando, assim, meios mais rápidos para o despertar dos nossos dons espirituais. Ele nos convida por meios variados e nos chama por modos diferentes. É necessário conhecermos a sua voz e seguirmos as suas pegadas.

A educação dos pensamentos na sua formação é a base na aquisição de luz, para que o nosso celeiro de conhecimentos nos integre e nos livre de todas as temperaturas que poderão advir nos caminhos tortuosos das trevas. Quem começou a viver as virtudes disseminadas pelo Evangelho está se ligando por fios invisíveis a algumas das perfeições do Senhor, e delas nunca mais se apartará, ouvindo sempre a voz do Comando Divino a dizer: Levanta-te e anda, que estarei contigo eternamente!

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As Qualidades de Deus

As qualidades de Deus são marcadas pelas nossas comparações pálidas, por não haverem outras em que possamos nos apoiar. Sujeitamos o Senhor às nossas fracas deduções em confronto com os nossos dons, colocando o nosso Pai Celestial dotado das nossas faculdades altamente aprimoradas. Que Ele nos perdoe as comparações.

Quando falamos que Deus é a Suprema Inteligência, é porque não encontramos recursos na linguagem para destacá-lO de outra forma. Inteligência e razão ainda são posses do Espírito comum; o Criador está acima de todas as colocações humanas, e mesmo espirituais, do nosso plano. Quando falamos que Deus é Amor, certamente estamos diminuindo o Grande Foco de Luz que nos sustenta todos. O amor é um dos seus atributos; Ele é muito mais que o amor. Ele é, pois, o Incomparável.

A ansiedade dos homens em conhecer Deus, seus atributos, sua intimidade, é impulso dos primeiros passos da criatura na escala evolutiva, e isso vai se arrefecendo de acordo com a seqüência do despertar espiritual; não que os Espíritos percam a vontade de conhecê-lo, pelo contrário: o que perdem é o interesse de passar dos limites das suas forças. Não desejando contrariar as leis, cumprem os seus deveres e esperam a sábia vontade dAquele que tudo conhece pela onisciência dos seus valores.

A magnitude de Deus ofusca todas as luzes e a sua bondade inspira todas as bondades do universo; o seu amor alimenta todo o amor da criação e o seu trabalho éo exemplo que deveremos operar constantemente. É muito bom falar de Deus, pensar em Deus e, se for o caso, escrever sobre Deus, porque é neste ambiente que passamos a conhecê-lo melhor e respeitá-lo condignamente. Enquanto assim agimos, estamos condicionando idéias elevadas acerca da sua inconfundível personalidade. Este exercício é de alto valor para a nossa integração com a Divindade, pois se processa uma operação de seleção de valores nas nossas intimidades, como no íntimo de quem, porventura, nos ouvir ou ler. É tempo que o próprio tempo aperfeiçoará nas bênçãos do Comandante Maior.

Uma coisa falamos com muita alegria: que as sementes dos atributos do Criador se encontram plantadas nas nossas consciências, na profundidade do nosso ser e, se assim podemos dizer, a força do progresso se encarregará de despertá-las para a luz e fazê-las crescerem para a fonte de onde vieram.

Ninguém foge desses caminhos delineados pela Grande Vida. A área da nossa liberdade é muito pequena para sabermos o de que verdadeiramente precisamos; tudo obedece à vontade dAquele que nos criou, tudo vem dEle e vai para o seu seio fecundo e celestial.

Quem deseja analisar a capacidade de Deus, que observe a sua criação, a harmonia e a mecânica do Universo. Tudo é luz na sua feição divina, mesmo o que pensamos ser treva, por nos faltarem dons desenvolvidos na busca da intimidade das coisas.

Oh! Homens que caminhais conosco, se quereis viver felizes, deixai despertar as luzes que existem em vossos corações, na conjuntura das vossas forças, agradecendo à Divindade e tomando as mãos do Cristo, que Ele vos libertará!

Sejamos fortes na educação de nós mesmos todos os dias, porque é na persistência do trabalho e no esforço do dever, que beijamos as flores da sabedoria como se fossem a face do Criador, nos dignando para um novo amanhecer.

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Unidade do Criador

Deus é uma unidade dinâmica, no seu caráter criativo e fecundo, mas único na sua majestosa intimidade de valores incomparáveis.

Ele não é produto das coisas e inteligências, disseminadas por toda a criação, pois causa e efeito são duas coisas distintas uma da outra. Basta um pouco de raciocínio para podermos harmonizar estas idéias, referentes ao Senhor de todas as coisas.

Em todos os momentos que voltamos a pensar em Deus, os nossos sentidos passam a vê-lo na sua unidade total, único na sua posição de benfeitor universal. Dividi-lo é contrariar a nossa consciência e sentir insegurança sobre a verdadeira paternidade. Registramos nas nossas deduções mais apuradas, no mundo espiritual, a unidade do Criador, como ouvimos os grandes missionários da luz, que descem até nós com as mesmas idéias, os quais nos mostram a realidade pelos fatos da própria natureza, engenhoso processo que reflete a presença da Grande Luz em todas as intimidades criadas.

Não nos preocupemos quando os homens pretendem adorar outros deuses, ou muitos deuses, como no passado. A verdade não se inquieta; ela se impõe porque é a verdade. No perpassar dos tempos, somente ela ficará de pé, diante de todas as deduções humanas. O que temos a dizer, com toda a sinceridade do coração, é que Deus é uno, é um ser individual, ligado por agentes sutis a toda a criação, e mais atuante na intimidade de todas as coisas.

Quando o Espírito encontra a si mesmo, passa a sentir Deus com mais intensidade, por ser essa a senda, a porta de partida para novos conhecimentos sobre a Divindade.

Começa, meu irmão, a estudar as tuas próprias reações, a analisar teus próprios feitos, a corrigir os teus próprios deslizes, no silêncio que é próprio ao iniciante da verdade, que conhecerás outras dimensões do saber. Estas sempre vibram ao nosso redor sem que as suas notícias nos atinjam por faltar o bater às portas da simbologia evangélica. Quando os nossos pensamentos se educarem na razão direta das qualidades superiores e a boca se esquecer de ferir, os olhos de perscrutar os erros alheios e
as mãos se tornarem somente instrumentos de ajudar, estabelecer-se-á a harmonia em nossos corações. Se Deus é Unidade, é de nosso dever criar a unidade do bem, do
amor e da caridade em nós, para que possamos refletir a Divindade em todos os nossos passos.

O homem inteligente procura não contrariar as leis naturais e, quando ele desencarna com essas mesmas intenções, sentirá na profundidade o porquê desta obediência. Ninguém é livre na totalidade da expressão. Somos todos servos do Senhor e essa deve ser a nossa imensa alegria, porque Ele sabe o que mais nos convém nas linhas do nosso despertar.

O panteísmo foi uma verdade “camuflada”, por encontrar uma humanidade sem condições de senti-la face a face. A verdade se torna, pois, relativa em todas as suas nuances de claridades espirituais. Agora estamos comungando com idéias mais puras sobre a Divindade e a maturidade nos aproxima mais da Luz que nos alimenta e nos sustenta a vida.

Por isso cremos na unidade de Deus, na sua justiça cheia de misericórdia e de Amor. Quanto mais conhecemos o Senhor, mais notamos as nossas deficiências em conhecê-lo, dada a sua grandeza de poderes e os seus atributos indescritíveis.

Crê, meu filho, em Deus, sê obediente ao Comando Maior, que tudo virá ao teu encontro pelas linhas do teu merecimento e de acordo com a tua capacidade de suportar. Não existe injustiça em quaisquer dos acontecimentos da vida, essa é a verdade.

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Visualização do Homem

Certos homens vivem visualizando o seu próprio destino, colocando a própria imagem nos caminhos dos deuses, unificando seus desejos para se tornarem um deus. Estes homens estão certificados dos poderes da Divindade, da sua existência e do seu comando sobre todas as coisas, mas partem do princípio errôneo de que poderão algum dia, no tempo que se chama eternidade, ser um Deus, como, e certamente, o Senhor a quem eles respeitam e obedecem. É tempo que se perde, é cogitação vestida de sonhos irrealizáveis.

No quadro em que se encontra a humanidade, diante das suas necessidades mais prementes, o dever de cada criatura deveria ser o cultivo das virtudes assinaladas pelo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo que, mesmo com a sua gradação espiritual elevada, gastará séculos incontáveis para harmonizar o planeta com as leis do Amor, virtudes essas que são reflexos dos atributos de Deus, recolhidas por Jesus pela sua sapiência, na universalidade iluminada dos céus, e entregue aos homens pela sua presença e vivência daquilo que ensinou pela misericórdia divina, o que não deixa de ser a materialização do Amor na Terra.

Apoiamos e incentivamos a visualização dos poderes espirituais, na escala que iremos mencionar: a alegria nos nossos caminhos, o perdão junto aos que nos ofendem e caluniam, o trabalho na altura das nossas forças, a dignidade na altura dos nossos conhecimentos, a fé que comporta os nossos corações, a caridade bem situada e o amor bem compreendido. Eis o princípio da escala que deverão percorrer as nossas visualizações. Mas, nos compararmos com a Divindade é dar vazão ao orgulho e voar com as falsas asas da vaidade. Mais ainda, estaremos indo de encontro às próprias leis que nos regulam o porte espiritual. É a mesma coisa que pretendermos apagar o brilho de uma estrela com os dois dedos que costumamos segurar um palito de fósforo.

Ganhemos tempo! Estamos na era da Luz; busquemo-la em todas as direções para que aquela que o Senhor colocou dentro de nós se acenda em todo o seu esplendor, nos libertando das trevas da ignorância! O pretensioso, quando prepotente, atrofia suas próprias forças e deixa de alcançar no tempo o que deveria: a liberdade de compreender a verdade e viver o ambiente de paz da sua consciência. Sejamos humildes em todos os entendimentos, respeitosos ante as ajudas para conosco, bons na frente dos que carecem de carinho e justos com quem caminha conosco, porque aquele que aprimora a si mesmo não tem tempo para devaneios e granjeia amigos por onde passa, encontrando amor por onde manifesta seus elevados interesses.

Se os homens desejarem ser parte de Deus, como nos informa “O Livro dos Espíritos””, na resposta número quinze, não é muito melhor nos sentirmos sendo os seus filhos? Nunca faltaram, em tempo algum, as respostas às perguntas que formulamos ao Criador. Elas vêm por muitos meios e cada vez que o tempo passa, o intercâmbio se aperfeiçoa, nos colocando com mais segurança a saber da verdade no seu fulgor mais apurado. Quantos livros não existem na Terra, respondendo perguntas de toda a natureza?

Basta procurarmos para encontrarmos. Quantos homens dotados de certos poderes, que estão capacitados para responder sobre variados assuntos sobre as coisas do Espírito? Hoje, só não aprende quem não quer. Começa pensando, prossegue orando e avança para o encontro da verdade que ela te aparecerá com os braços abertos para te libertar. Visualiza a Verdade e o Mestre, que Ele te instruirá dentro das tuas necessidades de viver melhor, no ângulo em que podes viver bem.

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Deus é Espírito

Se Deus é perfeito e é Espírito, não podemos compará-lo com as formas mutáveis. E sob o empuxo do progresso, tudo que existe na imensidão indescritível do universo, do átomo ao ninho cósmico, é, pois, criação ideada pelo seu poder fantástico, que ainda não podemos perceber, por nos faltarem sentidos para isso. Estamos limitados, ou condicionados, no mínimo das nossas forças, que por enquanto dormem no centro da nossa consciência, sem poder participar dos nossos mais profundos interesses.

Somos crianças em comparação às grandes almas. Crivamos de perguntas, por vezes, de pouco interesse, aqueles que achamos situados em grau mais elevado do que nós, com fome e sede de saber, em se referindo às coisas do Espírito, e nem sempre avaliamos a luz que realmente suportamos, pelas trevas que ainda nos circundam. Se todo pedido é uma oração, na filosofia do Espírito, a resposta não se faz esperar e vem gota a gota para nos conscientizar da existência da bondade divina e do amor que Ele dispensa a todas as criaturas.

Já falamos muitas vezes, repetindo a fala dos benfeitores maiores, que Deus é uma personalidade individual, e não o conjunto de todas as coisas criadas por Ele. Entretanto, Ele, a majestosa força divina, está em toda parte por meios que desconheces, por se tratarem de fluídos sutis operando em uma faixa que somente as grandes almas poderão constatar, pelos poderes inerentes às suas perfeições.

A primeira idéia de se comparar a natureza como sendo diretamente Deus, é que ela manifesta em todas as suas nuances, perfeita harmonia em todos os sentidos da sua atuação, porém, cabe a nós pesquisar e entender, descobrir e divulgar, que toda essa simetria é participação das leis criadas por Ele, no vigor da sua mente incomparável. É pois, a sua imagem, como um canal de televisão que reflete no vídeo a perfeita estrutura do real, sendo que, no caso com a Divindade, a perfeição é a tônica do ambiente. As imagens do Senhor são vivas e demonstram os seus mais puros atributos, nunca falhando nos seus mais delicados cinetismos, no sustentar da vida, O visual do infinito não é Deus na sua unidade perfeita, como o quadro não é o pintor. Comparando a obra com o autor, a primeira constitui um pálido reflexo da sua personalidade, viva e distinta no lugar que ocupa.

Parece que estamos falando muito sobre o Grande Arquiteto do Universo, mas esse é o nosso interesse, porque falar de Deus e viver na sua vibração constante é a coisa mais sublime da vida. Admiramos muito o Deus lhe pague,

o Deus lhe ajude, o vai com Deus e A paz do Senhor seja convosco, muito usados pelos homens. São mantras sagrados que nos cobrem de luz, quando pronunciados com amor e respeito. A Doutrina que faz de Deus um ser material, o faz por falta de notícias do mais além, ou por medo de pesquisar a verdade e seguir as rotas do progresso, que faz caírem os véus na gradação das forças humanas e espirituais. Nada devemos temer, desde que estejamos em planos de mutações para o nosso próprio bem.

O mundo espiritual que nos dirige, nos atende de acordo com as nossas necessidades, e não deixa de guiar e instruir quem verdadeiramente deseja aprender. Não devemos esquecer que Deus é um sol de vida, que alimenta e dirige todas as vidas saídas das suas mãos luminosas e perfeitas.

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Não é Permitido

Não é permitido ao homem conhecer o princípio das coisas na sua profundidade absoluta. Se o macrocosmo é infinito diante dos sentidos dos seres humanos, o microcosmo igualmente o é, na estrutura que lhe foi dada por Deus. O Espírito, na faixa em que se encontra na Terra, não desenvolveu sentidos ainda, para conhecer o que pretende, para pesquisar a infra-estrutura da matéria e desvendar os seus segredos.

A força poderosa que se esconde na forma não poderá, por enquanto, ser conhecida e dominada pelos homens, por lhes faltar amor no coração, o bastante para não usar sua expansão dinâmica nas guerras fratricidas, e contra a própria vida no planeta em que habitam. Basta o que já conhecem, como sendo uma misericórdia.

A fome que se passa na Terra, as necessidades de veste e de instrução, não significam falta, na realidade. Tudo isso existe com abundância em todos os pontos da casa terrena; somente o que falta é a fraternidade entre os povos e a educação entre as criaturas. Quando o amor for uma força dominante no seio dos homens, nada faltará, na sua expressão de todos os suprimentos. E a vida tomará nova feição em todos os ângulos do mundo, como sendo um reino de Deus florindo no reino dos homens.

A revelação é gradativa e o será sempre. A evolução científica deve acompanhar a moral, para que haja equilíbrio em todos os pontos de elevação e despertar. É justo que notemos, neste fechar de século, o interesse que os homens e Espíritos desencarnados têm pela difusão do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo e o esforço que se faz em todas as nações para a melhoria do homem, em todos os seus aspectos. Só não dá para se notar esse esforço com mais evidência, por estar ele no começo; no entanto, o terceiro milênio que se aproxima revelará essa verdade com acentuação expressiva, pois já existe uma preocupação de certos governantes na educação dos povos, no que se relaciona aos preceitos incomparáveis da Boa Nova do Mestre. Sem o Evangelho no coração das criaturas, jamais haverá paz no mundo, porque ele faculta a conquista da paz, em primeiro lugar, na intimidade de cada um.

Podemos observar no ar que respiramos e na luz que nos dá alegria de viver, o anúncio do fim dos tempos, dos tempos de inquietações, para que possa surgir o ambiente de verdadeira paz, aquele que deveremos conquistar juntamente com o Cristo à frente dos nossos destinos. Não é permitido às almas recuarem no tempo e no espaço. As leis de Deus estabelecem e comandam: a ordem é somente de avanço.

A escola do conhecer é infinita e livre na sua conjuntura educativa, entretanto, marca para todos os seres, conforme a sua escala evolutiva, pontos vermelhos, indicando basta, para que não venhamos a cair em novas tentações, pois o conhecimento sem amor pode nos levar à derrocada. De agora em diante o cerco está se fechando, para que possamos nos prevenir contra as grandes calamidades, pela força da educação, e aumentar a nossa confiança pelo muito que devemos amar, O Evangelho deve ser conhecido por todos os povos e disseminado para todas as criaturas, porque ele é força que nos garante a paz nos caminhos que percorremos.

Quanto ao interesse de conhecer a intimidade da matéria, não deve ser apagado, porém, esse saber vai surgindo pelo impulso da nossa evolução e as necessidades que forem surgindo no nosso aprendizado. Oremos juntos, homens e Espíritos livres da matéria, para que o equilíbrio não nos falte no nosso despertar para Deus.

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O Véu se Levanta

O véu se levanta à medida em que o homem cresce espiritualmente. A natureza tem seus segredos em toda a conjuntura da sua ação benfeitora e eles não foram feitos para ficarem eternamente escondidos das criaturas; revelar-se-ão no momento certo, em que o Espírito puder alcançar e suportar a luz da revelação.

Os caminhos da vida são eternos aprendizados; cada passo que damos corresponde a uma lição. Nada se perde, mesmo o tempo que chamamos de perdido. Atrás de todo acontecimento existem leis revelando sabedoria, de que o Espírito se certificará por processos de osmose espiritual, que por vezes escapam ao nosso entendimento. Os véus se levantam em todas as direções do saber, pelos esforços de cada um, entretanto, ele também é obediente à força do próprio progresso.

A nossa participação acelera a evolução, para que o despertamento surja com mais eficiência e fique em tudo, em relação ao nosso bem-estar, a nossa marca, como sendo a nossa conquista. Isso é muito interessante na pauta das nossas obrigações e compromissos.

Não podemos nos esquecer daquilo que nos toca como co-criadores dos nossos destinos, na influência de Deus pelas mãos do Cristo. À medida em que os véus vão se abrindo aos nossos olhos espirituais, se formará um campo de conhecimento apropriado na consciência e o coração passará a trabalhar em plena concordância com a inteligência. Os dois, juntos, determinam o uso de todos os poderes adquiridos, na formação da própria personalidade.

Ninguém pode crescer sem subir, nem subir sem esforço e sacrifício juntamente com a dor, pelo menos na área evolutiva a que pertencemos, no ambiente da Terra, e no grau que nos encontramos na escala dos valores espirituais. As experiências nos condicionam conhecimentos indispensáveis a nossa libertação. Isso também são leis que nos regulam o crescimento espiritual e moral. Mesmo que queiramos ficar para trás e não aprender, não conseguimos. É a mesma coisa que alguém, que nunca tivesse visto o Sol, desacreditasse, por isso, da sua eficácia. Ele, o Sol, sempre iria existir e, ainda mais, continuaria ajudando, mesmo os que o negassem.

Existem dois tipos de evolução: aquela que obedece às leis do automatismo espiritual, que impulsiona a natureza física e animal para o progresso, sem a participação da vontade, e aquela que recebe como coadjuvante os esforços dos homens, onde a inteligência tem sua grande participação. As faculdades dos Espíritos vão se desabrochando na esteira infinita do tempo e se apurando de acordo com o seu despertamento, quando o oculto vai sendo conhecido.

Diante dos mistérios desvendados, surgirá, no mundo da alma, um ambiente diferente, onde floresce uma alegria apoiada pelas forças do amor. E a alma amadurecida passa a conhecer a si mesma e a cuidar das suas próprias deficiências, como o médico que trata dos seus próprios desequilíbrios. Porém, é bom que nos cientifiquemos de que sempre encontraremos véus para serem desvendados e segredos para serem conhecidos. Não constitui uma grande esperança termos sempre lições para recebermos da bondade divina? O conhecimento total pertence a Deus, e conhecer a sua natureza íntima somente Ele o pode, por ser Onisciente.

O nosso maior empenho deve ser o conhecimento do como ser melhor, trabalhando na fraternidade universal; é preciso levantar o véu que empana a harmonia e sentir a vibração da paz de Deus no coração, conhecer os segredos do amor e passar a amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Torna-se importante descobrir a fonte da alegria pura e conquistá-la na sua plenitude. Com os véus se levantando nesse ritmo, seremos felizes.

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A Ciência Humana

A ciência tem condições de ajudar a revelar certos segredos da natureza, porém, dentro dos limites que a evolução humana comporta. Observando a própria história universal, nela encontraremos os grandes feitos e cientistas, por vezes, verdadeiros mensageiros do bem. Negar o valor da ciência e negar os próprios esforços dos homens por melhores dias, entretanto, Deus não está preso às limitadas condições dos seres humanos. Ele revela o que achar conveniente, pelos canais que desejar falar, e esses fatos são reconhecidos no mundo todo. Grandes descobertas surgem como se fossem por acaso e, pela roupagem abstrata do acaso, esplendem a força e a inteligência do Espírito. Eis aí a mediunidade em função benfeitora, a comunicação dos Espíritos entre os dois mundos!

Embora a razão apresente as suas faltas, ainda assim, em todos os campos de atividade é ela quem move a ciência que em muitos casos aceita mentiras no lugar da verdade e vice-versa. Os seres encarnados, e mesmo os desencarnados, que vivem na mesma faixa evolutiva, não precisam se preocupar com a seleção das coisas verdadeiras, pois elas aparecem à luz das boas intenções e no esforço permanente em busca do melhor.

Já falamos alhures que a verdade é relativa ao tamanho espiritual de cada criatura.

Deus, se quiser, poderá fazer conhecer a verdade mais acentuada por pessoas ignorantes, que passam a ser o instrumento da verdade pela influência do Senhor. Todavia, quando Ele acha conveniente, procura os meios científicos, e adota a linguagem sofisticada para falar aos doutos, e levá-los a auxiliar os sofredores na retaguarda.

Abençoemos a ciência humana, sem nos esquecermos do poder intuitivo das almas.

Quando se aliam essas duas forças a serviço da coletividade, aparece a luz beneficiando todos. As investigações científicas têm melhorado muito o homem. Há como que um preparo para a luz do entendimento que tem consumido vidas e mais vidas em favor dos próprios homens e vai conduzi-los a uma lógica, que não deixa de ser igualmente uma grande ciência. Religião e ciência não são incompatíveis. Elas, no fundo, gritam pela junção, porque o que falta em uma, a outra completa. O orgulho, a ignorância e o fanatismo é que fizeram os homens separarem a ciência da religião. Mas em futuro próximo iremos assistir à união destas duas forças da vida, para a melhoria das vidas que circulam na Terra.

Os homens têm recebido dádivas em profusão no sentido da descoberta. Elas estão em suas mãos. Necessário se faz que aprendam a usar bem essas bênçãos de Deus, doadas à humanidade por amor e misericórdia. As vias mediúnicas têm ofertado uma filosofia altamente espiritualizada, renovando todos os conceitos errôneos que fogem das linhas do amor verdadeiro e da caridade promissora. Estamos cercados de grandes tesouros, que podemos usar em todos os caminhos que porventura trilharmos, para que se estabeleça no mundo o reino de Deus.

Usa da ciência, se isso for do teu agrado, e faze o bem. Usa da religião, se te convier, e pratica a caridade. Usa do amor na sua plenitude e ilumina todo o instrumento da tua evolução, que o Senhor sempre estará presente nas tuas investigações e purificará a tua fé.

Nada existe que Deus não queira, mas, é justo e elegante que te revistas de bom senso, para usares com equilíbrio aquilo que foi colocado em tuas mãos. Até o próprio veneno, em doses vigiadas, é remédio salutar, enquanto o ignorante faz trabalhos compatíveis com a sua posição, na esfera das criaturas.

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Revelações Espirituais

Os sentidos físicos são valiosos recursos com que a natureza divina dotou o Espírito encarnado, para registrar as lições que poderá receber por todos os meios que a ciência alcança. Não obstante, os homens carregam consigo outros meios espirituais que lhes servem de canais, por onde podem vir — e vêm com freqüência — notícias mais sutis do mundo espiritual, revelações que escapam aos processos científicos.

A razão nos fala que devemos usar os dois meios para maior experiência daquilo que vamos aprender. Se estás no mundo da carne, é justo que tenhas recursos materiais para o enriquecimento e compreensão de todas as leis que vibram e sustentam todas as formas e, se estás sujeito a ela, é justo, também, que a respeites. O universo se congrega em camadas sobrepostas, como sendo um todo, apresentando em seu íntimo divisões sem conta, até encontrar Deus.

Um mundo pode se justapor a outro, mas em faixas diferentes e, por vezes, ocupando o mesmo lugar. São segredos a desvendar e quanto mais aprendemos, mais sentimos necessidade de aprender. A extensão do saber é infinita, e o Senhor, nosso Pai Celestial, representa a fonte inesgotável, centro de todas as cogitações da sabedoria universal. A Terra é, pois, um mundo de provações; se assim não fora, já teriam cessado as guerras fratricidas e os ódios milenares de nação contra nação, de homens contra homens.

As variedades de revelações, em se formando inúmeras religiões e filosofias espiritualistas, são provas irrefutáveis disso. Quando a humanidade começar a apresentar traços de fraternidade de uns para com os outros, quando as criaturas se amarem mutuamente na verdadeira acepção da palavra, quando a gratidão a Deus tornar-se um hábito de todos os dias, quando a caridade for um dever de todos os momentos, as religiões irão se fundir pela força da unidade dos sentimentos e haverá um só rebanho e um só pastor.

As divisões e subdivisões são o atendimento de Deus aos homens, pela ignorância que persiste nos corações dos Espíritos inferiores. Quando permanecer a idéia de que cada um está de posse da verdade, da verdade que ele suporta e não entregue a uma facção religiosa ou agrupamento filosófico ou científico, começarão a dominar os sentimentos de respeito e a própria grandeza de Deus, que não se esquece de seus filhos, quaisquer que sejam os lugares em que estiverem vivendo. Ninguém se perde, pois somos todos filhos do mesmo Pai!

As revelações espirituais e científicas não escolhem lugar. A prova disso são os fatos, e é nesse entendimento que deveremos despertar para a unidade de valores de todas as nações e de todas as criaturas, sem as barreiras que dividem os Espíritos pelo orgulho, pelo egoísmo, pela vaidade e pelo ciúme.

Os sonhos são atestados de muitas revelações. Eles, mesmo sem a compreensão dos seus arcanos, deixam na consciência uma revelação que cresce cada vez mais, dando certeza à alma de que a vida não termina no túmulo e, por vezes, revela ao Espírito encarnado algo das vidas anteriores que se encontra registrado na consciência profunda.

E as intuições que escapam aos aparelhos materiais? Por onde vieram? Vieram por canais invisíveis aos olhos físicos, mas entendidos pelas sensibilidades espirituais da alma, e com tanta certeza que fogem aos meios de comunicação. A escrita não tem recursos para expressar o que entendemos por dentro.

É bom que usemos de todos os meios lícitos e possíveis das revelações, e que o bom senso nos acompanhe em todas as investigações, para que no amanhã nasça em nossos corações a verdadeira paz, aquela que deve morar na consciência.

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Atividade de Deus

Deus jamais ficou, fica ou ficará inativo. Não podemos conceber um Deus sem ação permanente dentro da sua criação; Ele é o sol espiritual de vida, mantenedor de todas as vidas e a Ele estamos ligados.

Quando falamos que Deus criou o universo, é por faltar em nossa linguagem o verdadeiro significado de criação. Na dialética fraca dos homens, criação é dar existência, é usar a mente e as mãos para que algo tome forma ou feição. Escapa ao nosso raciocínio o que significa criar, no dicionário da natureza divina. Se Ele criou, onde buscou o princípio da formação das coisas? Essa é uma fórmula que Ele não achou conveniente que os homens soubessem. Nesse campo profundo, somente os Espíritos puros, altamente evoluídos, têm notícias dessa ciência espiritual, estendendo falanges e mais falanges em toda a extensão infinita, operando na dimensão que lhes é própria.

A matéria existe, desde a eternidade, como Deus? Somente Ele o sabe, nos informa o “O Livro dos Espíritos””. Só podemos dizer que a idade da matéria se perde para nós, na noite dos milênios incontáveis, e que o seu cinetismo é uma realidade, não que ela se movimente por si só mas porque se move por vontade dAquele que nunca fica sem atividade. Há segredos que ficarão por muito tempo sem serem desvendados, por nos faltarem sentidos e capacidade para suportar as revelações e saber fazer uso das belezas imortais, dos valores do Espírito.

Se podemos dar a Deus uma mente, ou vê-lo desta forma, ela tem uma corrente de idéias contínuas no verdadeiro sentido do verbo. Cessando a sustentação, desmorona-se todo o universo. Sabemos que esse fluído cósmico, ou hálito divino, desprendido da sua magnânima personalidade e incomparável poder é que nos dá vida e mantém o nosso equilíbrio espiritual. Somos dotados de sentidos apropriados, com valores desenvolvidos e a desenvolver, que transformam essa essência oriunda do Senhor, em fluído animal ou magnetismo humano, energizando seu valor com os nossos sentimentos mais ou menos puros.

O éter divino é sensível ao nosso caráter, como também grava as nossas deficiências.

O santo o usa na sua cândida feição, despertando os seus mais profundos valores, pela força do amor e da caridade para ajudar, servindo todas as criaturas que carecem de amparo e de socorro, O ser humano, mesmo encarnado, compreendendo a ciência das mutações, poderá fazer prodígios, se souber lidar com esses segredos da natureza em favor do bem, deixando estender a fé nos limites que ela pode socorrer os desfalecidos.

Isso corresponde às atividades de Deus, onde Ele for respeitado e amado. Para tanto, Ele criou leis que regem todas as atividades menores e estabilizam o equilíbrio de todas as coisas. É bom e justo que pensemos que não existe nada separado de Deus, no entanto, é melhor entender que a sua inconfundível personalidade é única no seio de todas as formas surgidas pela sua majestosa vontade.

Pormenorizar as atividades de Deus é salientar a nossa ignorância acerca dEle, pois, somente Ele se conhece e aos seus segredos mais profundos. Nós ainda temos de adentrar as primeiras sendas do conhecimento de nós mesmos, ambiente infinito de sabedoria, para depois começarmos a pensar, estudar e compreender o livro, da natureza, onde os atributos da Divindade estão em evidência. As portas pelas quais deveremos entrar para nos conhecer são ensinadas por Cristo, no seu Evangelho. A vivência dos preceitos que Ele nos ofereceu nos faz compreender o que se deve pensar acerca de Deus e da sua criação.

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Extensão da Matéria

A dimensão da matéria é sobremodo difícil de ser explicada na linguagem terrena, por escapar das mais puras deduções que o pensamento humano pode atingir. A matéria bruta que podes apalpar, sentir e cuja forma podes ver é, pois, a mais baixa vibração que o agregado de energia pode tomar.

As vezes, dois corpos materiais podem ocupar o mesmo lugar, por estarem cada um em uma dinâmica vibratória. Uma está expressa na forma e a outra, como fluídos sutis dentro da primeira. A ciência acabou provando que a própria luz é matéria, pela curvatura que faz ao passar por corpos sólidos e, se só matéria atrai matéria, ela não deixa de ser a própria matéria em outra dimensão, formando luz. Daí podes partir para outros estados da matéria na sua engenhosa purificação, sob o comando do progresso, que não deixa de ser trabalhada pelas mãos santas de Deus. O próprio perispírito tem muito de matéria. Mesmo dentro da sua sutileza espiritual, e para ser intermediário do Espírito ao corpo, é necessário que tenha nuances de matéria com antimatéria.

A escala da evolução da matéria é muito extensa: o caminho conduzido pela evolução é de uma grandeza incomparável, no campo da literatura espiritual. Tudo que existe é concentração de energia, tudo que falamos, no mundo das formas, ela aí está concentrada por lei de afinidade, sob a ação da vontade de Deus. A ciência humana está à procura do elemento primitivo, de onde partiram todos os outros, pelo avançar e recuar dos fatos; entretanto, este elemento primeiro está longe das cogitações humanas. Se o macro é infinito no seu avanço cósmico, o microcosmo tem o mesmo destino. As áreas de estudo oferecem a todos os sábios intermináveis lições, de maneira a mostrar a todos eles a sabedoria de Deus e a bondade de seu terno coração.

Tudo no mundo material e espiritual se encadeia; uns estão ligados aos outros por fios tenuíssimos, imperceptíveis pelos homens e que a própria ciência desconhece. A matéria, mesmo a que chamamos de forma impenetrável, guarda segredos que os homens do amanhã reconhecerão. Ela também evolui, despertando algo dentro de si que a purifica, tomando novas dimensões e sensibilizando sua própria estrutura. É como, se pudéssemos dizer, a matéria se intelectualizando no perpassar do tempo e na extensão infinita do espaço.

A própria aura que circunda os corpos físicos é matéria quintessenciada, em vibrações tais, que chegam a causar luminosidade em torno dos corpos físicos de onde ela promana. É um empuxo do progresso das formas, que alcança outro estado de existência. Daí é que devemos ter o maior respeito por tudo o que existe no universo, em todas as faixas que conhecemos, por se tratarem de vidas criadas em estados diferentes, pela bondade e misericórdia de Deus.

Se nada existe sem a sua vontade, qual o nosso dever diante dela? Eis porque Jesus nos pede para amarmos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. O nosso próximo é tudo o que existe ao nosso derredor, porque nada há sem vida, e sempre dentro das formas vibra algo espiritual a convidar o seu corpo, seja ele qual for, para as linhas da perfeição, para a grandeza espiritual.

O Espírito desce na matéria palpável e visível, em busca de seu desprendimento e, para tanto, usa como laço intermediário a própria matéria purificada. Por que isso? Devemos responder que ainda é segredo que se esconde, por respeito a nossa evolução. O que podemos dizer, para que não fique sem resposta, é que o Espírito reencarna porque Deus quer e acha conveniente.

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0023 / LE

O Que é Espírito?

Difícilmente se pode conceituar o Espírito. A sua estrutura íntima então foge ao campo de sabedoria que já dominamos. Devemos nos dispor à análise dos atributos da alma, estudando suas reações e certas leis que garantem a nossa existência. Se ainda o corpo físico é um mistério para nós outros, o que falar do Espírito? Para chegar a ele devemos percorrer vários outros campos que a alma usa como roupagem, na grande caminhada evolutiva.

Se existe a escola infantil para as crianças na Terra, a lei é a mesma em se falando do aprendizado do Espírito sobre as coisas espirituais. A humanidade, diante da ciência da alma, está na escola primária, não é justo que ela passe a freqüentar a universidade de um momento para outro. Somente a idade regula essa necessidade. Sobe-se os degraus gradativamente.

O Espírito está em faixa e dinâmica diferente do que se pensa e que não será justo violentar o modo de deduzir do ser humano. Todas as explicações até então dadas sobre o Espírito são equações que fogem da realidade, porque os que escrevem, desconhecem muitas coisas sobre si mesmos, e não passam de analfabetos da alma.

Conhecer o Espírito é quase conhecer Deus. Ele foge totalmente às comparações que se faz, usando os recursos materiais. Não tiramos o esforço nem queremos anular as pesquisas científicas acerca das coisas espirituais. Não é essa a nossa intenção. Somente pedimos a todos os nossos irmãos encarnados que comecem pelo princípio, e não dêem saltos nos caminhos científicos da vida. Aprendamos primeiro a harmonizar os pensamentos, a dominar o verbo, a criar condições dentro e fora de nós, para que o amor possa ser o nosso ambiente de viver. Diante disso, notaremos o desabrochar em nossos corações de outro tipo de conhecimento, que nos dotará de valores pelos quais a verdade nos revelará segredos até então escondidos nas dobras do tempo.

Como conhecer o Espírito, se ainda não sabemos o valor do perdão?

E como dominar o perdão, se ainda não perdoamos nos moldes do esquecimento das faltas cometidas contra nós?

E como conhecer a caridade, se ainda não vivenciamos essa caridade justa e proveitosa?

Como conhecer o Espírito, se ainda não conhecemos o amor?

E como conhecer o amor, se ainda não amamos na verdadeira acepção da palavra?

Meditemos na distância em que nos encontramos da conscientização íntima da alma... Eis porque o Evangelho vem nos convidando para uma reforma nos nossos costumes em primeira mão, para depois sentirmos que somos necessitados de maiores conhecimentos!

Meu irmão, é mais lógico dar os primeiros passos na grande senda do aprendizado espiritual, com Jesus, para que possamos conhecer determinados segredos da natureza.

O Cristo é o Mestre Incomparável; ouçamo-lo! Todos os dias, a sua voz se faz ouvir por todos os meios que desejarmos, basta que haja interesse em aprender com humildade.

Livremo-nos do orgulho e do egoísmo e abramos a mente para a verdade, que ela nos libertará. Não queiramos saber o que é o Espírito. Por enquanto, somente basta que saibamos que o Espírito é vida, sustentado pela Vida Maior — Deus. Nosso dever maior neste momento, e na fase em que nos encontramos, é compreender as leis e obedecê-las; é ativar a harmonia dentro de nós. Estaremos sentindo, desta forma, Deus na alma e o Cristo em nós, e a luz nunca se apagará em nosso coração. Todas as vezes que surgir a idéia de conhecer Deus e o Espírito, oremos com fé, que logo veremos e sentiremos a resposta que for conveniente as nossas necessidades de saber.

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0024 / LE

Atributos do Espírito

Na linguagem correta, a inteligência é atributo do Espírito e não sinônimo, por não ser igual à fonte de onde promana. Os valores da alma são inúmeros, por vezes incontáveis, na área do seu despertamento espiritual. As nossas comparações são pálidas, referindo-se ao Espírito. A realidade é mais profunda e os arcanos esperam pelo tempo, para serem revelados, obedecendo às leis da relatividade que regulam os conhecimento de todos nós.

Como é bom conhecer a luz das regras e ter de ser dócil à vontade dAquele cuja luz faz parte da própria vida!

O Espírito é uma chama onde se concentram todos os requisitos para a felicidade. No centro de seu energismo divino, vibra um acervo de faculdades ainda desconhecidas pelos sábios. A alma foi feita com todos os atributos da perfeição, por ter saído sob o fulgor da perfeição maior:

Deus. Assim, o que chamamos de evolução, podemos chamar de despertamento. Se escrevemos e falamos sempre sobre a evolução do Espírito, é por nos faltar recursos na linguagem, mas, nunca empregada com tal sentido. Todos já nascemos perfeitos, bastando para isso o despertar das qualidades inerentes ao nosso mundo interno, que somente Deus conhece, e nós outros temos algumas notícias.

Quando falamos da urgência de conhecermos a nós mesmos, é no sentido da educação dos hábitos arraigados, cuja permanência em nós entorpece os nossos sentidos espirituais mais dignos de serem mencionados, e não do conhecimento íntimo do Espírito. A distância a percorrer nos dá vertigem, pois a razão, mesmo a mais apurada, mesmo a inteligência mais lúcida são incapazes de registrar o conhecimento integral do Espírito. Entreguemos isso ao tempo, que ele nos falará pela vontade de Deus, na hora certa, o que nos for mais conveniente.

A vida é, pois, uma eterna busca, por esse motivo é que Jesus sentencia com propriedade: buscai e achareis. Nunca ficaremos sem resposta, jamais ficaremos sem o entendimento, na medida das nossas capacidades; no entanto, o esclarecimento vem, não atendendo a nossa vontade, mas, de acordo com a vontade do Senhor.

Os homens geralmente confundem os efeitos pelas causas. As causas sempre se escondem no mais profundo, no silêncio da sutilidade, na harmonia da própria vida, e cantam em todas as dimensões que poderão manifestar a existência, para a glória do Criador, O Espírito é a essência das essências, é a harmonia do Divino, é a luz das luzes que conhecemos; a sua candura retrata a sua genealogia.

Diferenciamos o Espírito das outras coisas pelo fator inteligência, que comanda a razão, pelo livre arbítrio na escolha do mais conveniente. Entretanto, se estudarmos a natureza mais profundamente, notaremos inteligências esplendendo em todos os seus reinos, como, por exemplo, no próprio corpo humano, onde há o trabalho inteligente no mundo celular, que é o metabolismo. Já tivestes oportunidade de estudar a vida de uma árvore na sua feição mais rica de valores? Nela existe uma força inteligente comandando seu ciclópico corpo, dividido em trilhões de partículas obedientes a um comando. A razão, a inteligência do homem, certamente que marca um passo a mais na evolução da morada espiritual, movendo o corpo físico, o que não quer dizer que somente ele tem inteligência. São atributos do Espírito todos os dons, como em tudo existe reflexo dormindo e desabrochando como sendo a luz de Deus, dentro de tudo que existe.

Estudemos, de mãos dadas, em todas as escolas do mundo, e ingressemos cada vez mais no estudo da escola espiritual, porque ela é um passo a mais para a nossa libertação.

Alcançaremos a paz espiritual pelo trabalho de luz, na luz de Deus.

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0025 / LE

Independência do Espírito

O Espírito não é uma propriedade da matéria. São duas coisas distintas, e a resposta de “O Livro dos Espíritos”” revela um segredo de difícil compreensão para os homens, dizendo que o Espírito se serve da matéria para intelectualizá-la. Sem o Espírito, a matéria não alcançaria esse empuxo espiritual e essa dinâmica inenarrável. Compreende-se, pois, que o estímulo do Espírito no reino das coisas materiais a eleva, de sorte a colocá-la acima do estado de inércia.

O Espírito é luz que vibra em alta ressonância na purificação do próprio ambiente e, se ele intelectualiza a matéria, o seu atributo desperta nela algo que dormia na profundidade física. A morada divina é o agente direto da Divindade onde quer que seja, na missão elevada de acender luzes e despertar valores.

Se o Espírito fosse uma das propriedades da matéria, seria de menor valor que esta. E o contrário que ocorre: a matéria é serva do Espírito em todos os ângulos da criação, é um instrumento do qual ele se serve, como condição ao seu aprendizado.

As coisas físicas constituem, para a alma, um regime agressivo, de maneira a despertar qualidades quietas na intimidade do ser espiritual. Foi esta a vontade de Deus quando a criou. A matéria é energia concentrada e a energia é a matéria em estado rarefeito. Existem muitas coisas entre um estado e outro, que escapam às nossas sensibilidades. Não devemos comparar nem dizer que a alma é filha da matéria. Espírito é Espírito, matéria é matéria.

Nossa independência é que nos caracteriza como individualidades mais ou menos livres de determinadas peias, criadas pela falta de liberdade, como os conglomerados físicos.

No amanhã serão conhecidos outros valores do Espírito, acima dos que já conhecemos e que dormem ainda no imo dalma, no berço da consciência, esperando o chamado divino da Divina Luz, que desperta os talentos mais valiosos, que a excelência da vida proporciona aos seres que completaram o curso do amor na faculdade da Terra, para começarem outro em dimensão mais pura.

O Espírito vai ficando cada vez mais independente das coisas inferiores, e integrado na dependência de Deus, como médium da luz, com a missão de transformar as trevas por onde venha a passar, divulgando conceitos altamente espiritualizados e ensinando pelo exemplo, para a concretização da harmonia em todos os corações e em tudo o que existe.

O Espírito não perde a sua individualidade como muitos pensam, ele é cada vez mais ele, na ascensão que deve percorrer e, o que é seu, é intransferível. Todavia, o celeiro de tesouros armazenados no seu coração espiritual é como que fonte doadora de recursos em todas as direções, como um sol a ajudar a vida e a enriquecer o ambiente, para que as vidas da retaguarda se conscientizem dos seus valores e acordem com as suas próprias forças.

Tudo que temos é conquista na direção que a Luz Maior nos capacitou a caminhar, porém, nunca conquistamos algo sem Deus. Ele é, por lei, o nosso motivo de viver. A matéria é um dos corpos do Espírito, intermediária dos outros na sutileza das afinidades, para que se complete uma unidade com várias divisões independentes.

O Espírito deve ser Espírito na luz de todos os entendimentos, e cada um, encarnado e desencarnado, deve se colocar naquela esperança da felicidade individual como também no esplendor do amor coletivo. Roguemos a Deus que nos ajude a compreender cada vez mais a independência da alma, pelo menos no tamanho em que ela se encontra, referindo-se a nós mesmos.

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0026 / LE

Espírito Livre

A ciência vem trabalhando, pelos meios de que dispõe, para encontrar o Espírito. Ela já sentiu a sua presença em muitas das suas pesquisas, e é por essa verdade que o procura.

Notamos o grande interesse de todo o mundo científico e filosófico na busca de mistérios, cujos fenômenos têm beneficiado todos os povos, desde os fatos sociais mais puros à fé humana e divina.

O Espírito é força, dentro da força maior, Deus, que o alimenta e sustenta em todos os rumos, condicionando valores e desatando luzes em todos os corações. A alma, mesmo presa à matéria, é livre na sua essência. Ela tanto cede aos processos inferiores, quanto se interliga com o bem, dando forma à energia, para trabalhar no campo imenso da expansão das qualidades elevadas, que vibra em tudo, pelo amor que irradia em todas as substâncias.

Pelo pensamento podemos deduzir que somos individualidade separada da matéria, e que a matéria é uma substância separada do Espírito, porém, no caso do Espírito encarnado, é forçoso compreender a necessidade da alma progredir e fazer com que a matéria avance com o progresso, desfazendo-se da sua própria letargia. Quanto mais estudamos, mais vamos tomando conhecimento dos segredos da natureza, compatíveis aos segredos do Espírito, e esses conhecimentos nos trazem certa luz e força, de maneira a nos libertar, ou ajudar na nossa libertação espiritual.

Podemos conhecer o Espírito sem a matéria. A experiência do momento pelo qual passamos nos dá meios para este conhecimento, não somente pelas experiências próprias, como pelas anotações e vivência dos outros. Cada trabalhador deste campo dar-nos-á uma parcela de confirmações da existência da alma livre da matéria. Os irmãos que carregam no coração a infelicidade de negar a sua própria existência como Espírito livre que sobrevive depois do túmulo, estão mentindo para si mesmos, esforçando-se para apagar a chama de verdade, acesa no coração pela mão divina.

Ninguém consegue contrariar as leis espirituais. A força de Deus as sustenta e dá vida. Negar o próprio Pai é desmantelo da consciência, e desajuste dos próprios sentimentos.

Não existe uma família, uma criatura sequer na Terra, que já não tenha constatado um fenômeno de ordem espiritual. Cada vez que o tempo avança, mais visíveis vão ficando as comunicações dos desencarnados com os que transitam na carne, trocando idéias, estimulando sentimentos e inspirando escritores em todos os campos do saber. Negar os fatos tão comuns entre os homens é torcer uma verdade que está desabrochando como o Sol do meio dia.

O Espírito é livre e comunica onde quer que seja, fazendo a vontade de Deus na instrução e no amparo a todas as criaturas da Terra. Quem nega o Espírito está recebendo seus benefícios pela água que bebe, pelas vestes que usa, pela comida que o alimenta, pelo ar que respira e pela paz que desfruta, porque os Espíritos do Senhor, em falanges do bem, têm ação em todos os reinos da natureza, para que surja a harmonia na criação. Se a própria ciência, nos dias que correm, já nos mostra muitas coisas que estavam antes invisíveis, e, se já desfrutamos destes véus que se suspenderam, como não crer no mais além?

A carne é um dos véus inúmeros na escala infinita dos segredos de Deus. Se estudarmos profundamente os fundamentos filosóficos, encontraremos verdadeiramente o Espírito envolvido em outros corpos, que lhe garantem a grande viagem evolutiva para Deus, o seu Criador. Entretanto, ele não depende do corpo para continuar a sua vida em outra faixa, o corpo é que depende dele para lhe garantir a forma que usa como homem.

Procuremos trabalhar para maior liberdade, que nesse esforço, sendo uma prece, os Céus nos atenderão, fazendo-nos cada vez mais livres.

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Duas Forças e Um Comando

A filosofia espírita é um assunto hiperfísico que enche a atmosfera de encantos e de esperança. A maior beleza dessa literatura é que ela nunca pára no tempo nem no espaço, além de ser movida pelo progresso, que estimula e dá uma feição divina às revelações.

Há duas forças distintas, consubstanciadas no mesmo princípio, e um comando central com personalidade independente, como comando único de todas as coisas:

matéria e Espírito, e Deus. Todavia, entre uns e outros, necessário se faz a existência de fluídos imponderáveis, cada vez mais puros, de conformidade com a pureza da forma ou da inteligência. Não podemos confundir essas divisões altamente distintas umas das outras, pelo seu modo de ser, pelas vibrações correspondentes ao estado em que se encontram, na posição de servos do Senhor.

Matéria é matéria, Espírito é Espírito e Deus é Deus, porém, a matéria vem do Espírito e o Espírito vem de Deus. Certos pormenores que desconhecemos, mais tarde nos serão revelados, quando a nossa evolução comportar tais segredos, na gravação das nossas necessidades. Por enquanto, devemos nos conformar com o que já nos foi dado através de inúmeras revelações e dados preciosos, por diversas vias que a Inteligência Suprema achou conveniente. Quando o discípulo está pronto, o mestre do Saber aparece, muitas vezes de forma surpreendente.

O homem inteligente deste fim de século está compreendendo a existência de fluído sutil na natureza, apresentando muitas escalas vibratórias, sentindo a comunicação deste fluído em todas as direções da vida. Ele é comandado pelo Espírito, mas, com alta ressonância da matéria. Ele é o intermediário entre um e outro, para que nada fique separado do comando central, que é Deus. Este fluído universal dimana do Criador na sua pureza virginal, e ao sair das sutilezas peculiares da sua fonte, começa a se transformar, obedecendo a regras e formando ambientes, sem que a nossa inteligência possa determinar os seus caminhos, por serem indescritíveis, até a matéria bruta de formas variadas.

Essas sendas percorridas pelo hálito divino, do Pai Celestial à matéria, e desta a Ele, nas inenarráveis corridas de transformações das essências, não se encontram ao nosso dispor para que possam ser reveladas. É bom e justo que esperemos, que elas surgirão na ordem que o mundo espiritual achar mais acertado. Se a natureza física não dá saltos, a espiritual se movimenta com maior harmonia do que se pensa. Deus é a síntese de todas as harmonias.

Nas modificações da matéria, para que ela se expresse em natureza diferente, sendo no fundo o mesmo elemento primitivo, existe a mão divina, O divino laboratório dos movimentos e o milagre, aparecem pela vontade do Comando Maior. O homem de ciência deve e pode estudar essas combinações; no entanto, quanto mais sabe, na faixa evolutiva em que se encontra, mais sabe que ainda não aprendeu o suficiente. Vive no mundo das teorias, nos conceitos mutativos, por não ter encontrado ainda a verdade.

A mediunidade operante com Jesus Cristo poderá ser um fulcro de mutações dos fluídos e magnetismo de variadas ordens, que aos homens chegarão de todas as direções para corrigir os desequilíbrios de variadas características. A mente humana, adestrada nos conceitos do Divino Mestre, que exercita todos os dias as virtudes anunciadas por Jesus e por Ele vividas, fica capacitada para fazer do éter físico o magnetismo puro que restabelece todas as coisas e harmoniza todos os corpos, doando ainda, a todos os seres, uma cota de energia, donde nasce a maior esperança para os sofredores: a esperança de viver e confiar na vida e em Deus. Essas transmutações nascem na fonte de um estado dalma divino, que se chama Amor. A matéria e o Espírito são como que um corpo, onde se move o Comando Divino, na sua maior expressão de ser o que é.

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A Missão da Palavra

Aconselhamos ao leitor reler, antes de iniciar esta leitura, o sábio comentário de Allan Kardec referente à pergunta número vinte e oito, para que tenha força para acalmar o impulso de saber, até onde deve ser alcançado, porque neste rumo das revelações não temos outra coisa a dizer além daquilo que ele expõe, inspirado nas mais altas forças de vida. É bom, e muito bom, que o coração ajude a palavra, inspirando-a na sua grande missão de falar construindo, e construir falando certo.

O verbo que o homem já domina com certa facilidade, seu filho de longa data, educado na boca do sábio, tem a missão junto a todos os seus recursos, de aprofundar-se nos segredos da natureza e fazer os mesmos homens compreenderem as belezas da criação, porém, é de ordem comum entre as coisas de Deus, que ele fale com toda a simplicidade, sem esquecer a clareza dos princípios.

A missão da palavra é sublimada, desde quando temos outros sentidos desenvolvidos para compreendê-la. Para tanto, o nosso dever é educá-la, naquela escola cujo mestre maior é Nosso Senhor Jesus Cristo. Com Ele a palavra atingiu os cimos da evolução, coroando, com a mais alta condecoração espiritual, o verbo, ao falar como o fez, quando da sua estadia divina junto a nós, da mais elevada virtude vivenciada nos caminhos da Terra: o Amor.

A sabedoria de Deus confunde o raciocínio humano. A essência divina, ao sair da sua pureza lirial, da sua unidade absoluta e indivisível, torna-se díade, manifestando-se em tudo com todos os valores correspondentes às suas mutações, para melhor servir, pela força e claridade do progresso. A razão é pobre para explicar os segredos do Criador. A evolução tem o poder de transformar a inteligência em sentido altamente dominante, na arte de conhecer. Dentro de nós existem, como sabemos, os talentos divinos, que são favos de luz colocados na nossa consciência pelo Senhor. Cada vez que são despertados — na expressão filosófica denominada Evolução — nos mostram rumos novos da sabedoria.

Deus, na conveniência de sua sabedoria, houve por bem criar inúmeras divisões na construção da casa universal. Cabe a nós outros estudarmos todos os princípios da sabedoria e procurarmos, com humildade, a obediência às leis naturais, que regem e sustentam toda a criação divina. Perder tempo com discussões sem sentido educativo é forçar o inconveniente a transformar-se em ignorância. Se ainda não entendemos o que almejamos conhecer, é bom guardarmos serenidade, e esperarmos a oportunidade, que o arcano do tempo tudo nos revelará no momento preciso, quando as nossas forças suportarem o impacto da verdade.

Tudo que existe obedece a uma seqüência estabelecida pela harmonia. A matéria que tanto estudamos tem sua vida própria sob a influência do Espírito, e o Espírito vive na atmosfera de Deus. A independência é, pois, até certo ponto, de concordância e as afinidades congênitas é que nos garantem a vida, na vida de Deus.

Existe algo de divino dentro da matéria e outro tanto vibrando no Espírito, que por enquanto desconhecemos. Até para os grandes benfeitores — pelo menos é o que ouvimos deles — Deus é um segredo absoluto. Não podemos decifrá-lo, por faltar em nós as qualidades de um deus.

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Propriedade da Matéria

Voltamos ao assunto da matéria, por ser ele um segredo engenhoso da natureza. Os descortínios humanos se perdem no infinito da matéria, buscando nela os seus arcanos reveladores. No entanto, esse empenho depende do estado evolutivo das criaturas, do uso que poderão fazer dessas coisas ocultas, altamente benfeitoras nas mãos dos Espíritos evoluídos, tornando-se em forças maléficas em mãos inescrupulosas.

Ainda existem muitos que procuram descobrir mais coisas sobre a matéria, muitas vezes através dos canais mediúnicos, não sabendo eles que os Espíritos, mesmo os mais evoluídos, não podem quebrar a seqüência estabelecida pelo Chefe Supremo de todos nós, que regula as revelações em todos os campos do saber.

A humanidade, no momento, não está precisando de mais ciência para viver melhor e, sim, de educação dos próprios sentimentos. É necessário que vigore, de agora para frente, o conhecimento sobre o amor e a aplicação prática desta virtude incomparável, que se divide ao infinito para ajudar com eficiência. Se Deus deixasse o homem, na escala de evolução em que se encontra, descobrir o que ele deseja sobre as propriedades mais profundas das formas, deixaria em perigo a sua própria moradia, pois apenas com o que já teve oportunidade de descobrir, poderá fazê-lo passar por vexames em futuro próximo. A força maior que a humanidade alimenta é o ódio, a ganância, a inveja, o orgulho e, acima de tudo, o egoísmo. As transações comerciais estão na frente de todos os sentimentos altruísticos e o Cristo foi esquecido na sua mais profunda esquemática de nivelar os homens, como sendo irmãos, filhos de um mesmo Pai, de empenhar com seus discípulos para pregar o Evangelho a todas as nações, a todas as criaturas.

Como descobrir mais segredos da natureza, se ainda estamos usando o avião, uma bênção dos transportes, para matar e dominar os povos, destruindo nações e relegando muita gente à miséria? Como dominar com mais propriedade as microondas e a luz, na sofisticada expressão da eletrônica, se estamos usando o rádio e a televisão para a discórdia e para o crime? Por esses dois exemplos podemos deduzir que já constitui muita bondade de Deus, o que já foi descoberto, O século em que vamos todos entrar, o início do terceiro milênio, é o século do amor, onde todos irão se interessar pela educação dos sentimentos, porque somente o amor sabe dirigir a ciência, para que, unidos, rasguem o véu. Aí poderemos compreender, conquistar e viver a felicidade.

O fluído universal toma formas variadas, de conformidade com as circunstâncias e com o ambiente, onde Deus acha conveniente a sua transmutação. A matéria é filha dos fluídos imponderáveis, porém, não se move por si mesma. Inteligências altamente evoluídas asseguram este trabalho divino, na divina expressão do Criador. Nada vive sem Deus. Todos nós obedecemos a sua coordenação. Não existe liberdade total diante do Criador. Ele foi, é e será sempre o nosso motivo de viver.

O homem já domina a gravidade, mas, não pode ainda descobrir meios para o isolamento da mesma, segredo que já é de completo domínio dos Espíritos superiores, cujos fenômenos são produzidos pelos santos de todos os tempos, com maior relevância em Jesus Cristo. Ela é relativa, porque fora da sua ação os corpos não têm peso. Segmentos da ciência têm trabalhado com afinco para tornar os homens e objetos invisíveis aos olhos dos próprios homens. Não conseguiram, por lhes faltar amor no coração, por não saberem usar esses meios para o bem da humanidade.

Enquanto as criaturas do saber terreno não se empenharem em conhecer a si mesmos, na razão direta da verdade, nada farão por sua própria saúde, por tomarem caminhos obscuros, antinaturais. Se não descobrirem a ação malfeitora do ódio, do orgulho e do egoísmo, como podem avançar desordenadamente nos segredos da natureza exterior para destruição das suas próprias possibilidades de evoluir? A ciência precisa se modificar, porque agora é a vez do amor, no preparo da vida, para que essa vida seja luz nos caminhos dos homens e bênçãos para os Espíritos de Deus.

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Formação da Matéria

A formação da matéria perde-se na eternidade do tempo e nos caminhos infinitos do espaço. O homem de bom senso contenta-se com o saber que surge na gradatividade dos seus próprios passos. Às vezes se encontra na Terra, revelações altamente iluminadas, mas somente as encontramos quando estamos preparados em Espírito e em verdade.

A verdadeira gênese da matéria, no modo pelo qual pensamos, escapa dos nossos sentidos, falta-lhes algo para os determinados registros da sua formação. No entanto, sabemos de alguma coisa que nos capacita a dizer: a forma vibra em uma baixa freqüência. A cadência é demorada para que possa ser vista, como o é palpável, e os laços que a envolvem são de um agente invisível que lhe sustenta e dá vida no estado em que se encontra.

Quem pensa e fala que a matéria está morta, não descobriu que também faz parte dos mortos de Espírito. Nada tem a inércia total. A vida palpita em tudo, com grande empenho de expressar o Criador. Tudo que pensarmos ser matéria primitiva, longe está da verdade, ainda estamos no princípio dos estudos sobre ela. Se o macrocosmo é infinito, o microcosmo obedece a mesma lei.

A formação da matéria segue leis que orientam a descida da energia divina, na mais perfeita harmonia que podemos pensar. Ao começar a sair do centro de vida do Criador, ela inicia a sua transformação de variadas conseqüências. A idade da matéria não pode ser contada pelos moldes que conhecemos, no acanhado mundo que vivemos e nas prisões em que se encontram os homens.

Estamos caminhando para um conhecimento mais concreto sobre as leis naturais, cujas forças fazem agregar-se elementos e desabrocharem energias sutis, guardadas no seio da própria forma, viajando na sutileza dos ventos, acomodadas nos ambientes suaves das águas e concentradas para despertar as consciências das árvores. O homem pode ficar de posse destes tesouros — maravilhas da natureza —desde que ele abra as portas do entendimento, sem que haja inversão dos próprios valores. Eles, esses tesouros, deverão ser usados na verdadeira acepção da palavra universal!

Ainda no seio da família humana vigora a contradição, desde que não apoiemos as idéias de quem as transmite, pois Deus não está sujeito às ordens humanas, nem os Espíritos superiores às leis feitas para nos disciplinarem.

Dás pouco valor à matéria, por viveres dentro dela e desconheceres o que desfrutas das suas qualidades. Ela registra tudo o que fazes, na sua mais íntima estrutura, para dar contas ao Criador. Quando ages em desacordo com as leis naturais, a única pessoa a quem enganas é a ti mesmo. Essa é a realidade, que a própria ciência haverá de afirmar no âmbito da sua evolução como ciência divina. Se queres compreender pela razão as mudanças da matéria, observa uma semente que plantas, acompanhando seu progresso na formação de uma árvore e, em seguida, os frutos. Nas entranhas da mãe, no aproveitamento das energias que nela são armazenadas, gera-se o corpo do filho, o mais perfeito aparelho surgido na Terra. O que fizemos para que isso acontecesse?

A transformação da matéria é um milagre, fenômeno esse ainda por desvendar, Os agentes deste acontecimento são Espíritos que aprenderam a amar, estudando o Amor como uma ciência do mais alto valor espiritual. Vamos dar as mãos, inteligências presas na carne e livres em Espírito, para que a escola do amor cresça em todos os rumos e estimule o coração a viver essa virtude incomparável.

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Modificações da Matéria

As diversas propriedades da matéria se originam de um só elemento primitivo, oriundo do seio do Criador. Compete ao homem estudar, analisar, que encontrará a verdade vibrando no centro da própria vida. Jesus já dizia: Batei e abrir-se-vos-á, buscai e achareis. A quem bate nas portas da verdade, elas se abrirão, e quem a busca pelos estudos sérios, certamente que a encontrará para o seu próprio conforto e enriquecimento espiritual.

A matéria primitiva começa a entrar em mutações quando sai do sopro divino. Em cada ambiente, em cada toque das necessidades, essa matéria una entra em variações, atendendo à vista e embelezando o universo. A lei das mutações opera em tudo e em todos. A própria ciência já conhece essa verdade, pelo átomo com os seus elétrons. A matéria se modifica com as mudanças do cortejo eletrônico que se chama vibração.

Assim como Deus é único em toda a criação, a matéria não poderia ser de outra forma, é una, em todos os seus aspectos, correspondendo à segurança da própria vida.

A lei estabelecida por Deus é também una, no entanto, ela se diversifica pelas necessidades dos homens e das coisas. A multiplicação é infinita, semelhante ao amor que cresce, de sorte a atingir toda a criação pelos processos do mesmo amor na dinâmica da caridade. É observando matéria e antimatéria, Espírito e corpos espirituais, que se notará a grandeza de Deus e a sua presença em toda parte. Ainda há muitos segredos para serem revelados e os maiores se encontram dentro da própria criatura, esperando que estudemos, e usemos do manancial divino que se acha em nós e a nosso favor.

A razão não pode explicar o infinito, mas, pode ter alguma idéia do que possa ser, como, igualmente, o raciocínio não tem capacidade de entender a personalidade de Deus.

Sempre encontramos mistérios. Mesmo que desvendemos alguns, existem mais, por ser a evolução uma força natural e permanente em todas as direções da vida. Estamos de posse, encarnados e desencarnados, de mínima parcela daquilo que deveremos saber. As distâncias são imensuráveis, de nós a Deus.

Se analisamos a matéria na condição de prece, é nela mesma que poderemos observar o próprio céu, pela beleza da sua magnitude e ordem, na sinfonia universal. A matéria é a presença de Deus, nos levando e nos fazendo entender o seu magnânimo amor, O tempo dar-nos-á noções elevadas sobre a Divindade, irradiando sua presença benfeitora na mínima partícula da matéria, até nos mundos que circulam no infinito, nos dizendo: Eu sou o Pai. Vinde a mim todos vós que sofreis.

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Substância Primitiva

Avançando no entendimento, necessário se faz que respondamos alguma coisa acerca dos estudos em atenção, no que tange à matéria propriamente dita. Em “O Livro dos Espíritos””, o codificador insiste em determinadoS assuntos, procurando a selva mais profunda dos conhecimentos a que se refere, neste caso, a matéria. É de lógica comum para os estudiosos, principalmente do espiritualismo, que a natureza é um segredo de Deus a expressar a sua própria sabedoria. Desvendar essa natureza requer qualidades que ainda não possuímos; no entanto, não é por isso que deveremos cruzar os braços frente ao saber universal - a revelação nos vem de acordo com a nossa subida.

O Espírito da Verdade chamava a matéria primitiva de molécula primitiva, porque os homens daquela época desconheciam o além da molécula, eles respondiam de acordo com o conhecimento humano, para serem entendidos. Quanto mais a ciência se aprofunda, mais se perde no regime das substâncias da molécula. Partiu para o átomo, elétrons, elementos ínteratômicos, e apoderou-se do sentido de que a viagem científica ao microcosmo é verdadeiramente infinita. Onde está a matéria primitiva? Perde-se nas nossas fracas deduções. Confunde-se a matéria com o Espírito, e este com Deus, o Criador de todas as coisas. Se não damos conta de dominar a matéria física, ainda mais o que existe por trás dela, como, por exemplo, os fluídos de onde ela se originou! A escala das substâncias é infinita. A ação de caridade é troca de substâncias que escapam à ciência da Terra, mas que é uma verdade no mundo dos estímulos. A sugestão que os magnetizadores usam e que negam a participação do que não vêem, não impede de circular, por leis universais, as trocas de uns para os outros de forças sutis, de acordo com os sentimentos de quem dá e de quem recebe.

Os clarins de Deus tocam pelas bocas dos anjos, a nos dizerem que chegamos no momento de modificarmos os nossos sentimentos, no que se refere à vida. Mudanças e mais mudanças devem se operar, para compreendermos o sentido da verdadeira vida e aprendermos pelo menos a saber perguntar aos luminares da eternidade o que realmente nos faz melhores na escala à qual pertencemos, na grande viagem evolutiva, no despertar dos valores dentro de nós.

A energia não tem forma determinada, a não ser na sua profundidade que desconhecemos. Ela é orientada por altas inteligências e vai baixando as vibrações. Nessa descida, vai tomando formas que garantem os valores da sua expressão. A sua natureza surge pela vibração, que congrega valores na obediência da lei de atração, formada em um campo de força, na gama das suas combinações elementares. É aí que fornece suas propriedades aos sentidos apropriados dos homens, como, por exemplo, o paladar, os perfumes e os coloridos que tanto nos agradam.

Os estudos são fascinantes e nos levam a crer em uma Fonte Suprema que tudo orienta na maior harmonia, e cujo amor escapa a todas as inteligências, porque interpretamos essa virtude singular de acordo com a posição espiritual que já atingimos.

O ato de caridade é uma troca de substâncias que escapam à ciência da Terra, mas que é uma verdade no mundo dos estímulos. No caso, por exemplo, dos magnetizadores, além da sugestão que eles usam, movimentam forças sutis, cuja existência muitos negam, por não percebê-las. Essas forças são permutadas, de acordo com os sentimentos de quem dá e recebe.

Jesus trouxe uma equação muito simples para a humanidade. A sua capacidade de sintetizar os valores eternos em poucas palavras, como fez no seu Evangelho de vida, é extraordinária. Ela alinhou conhecimentos em todas as escalas da subida espiritual, para que nenhum ficasse sem o conforto da sua assistência, para que ninguém ficasse órfão da bondade de Deus.

Antes de pensarmos em conhecer a substância primitiva da matéria, vamos pensar e pedir ao Senhor que nos ensine a perceber o amor primitivo do seu coração para conosco.

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A Força de Deus

Novamente surge o mundo molecular, para fazerem-se entender as questões da forma física e a sua expressão característica. Quando falamos da molécula primitiva, como narra “O Livro dos Espíritos””, é para se entender a matéria primitiva indivisível, e não a molécula divisível conhecida pelos homens. É necessário que nos reportemos à linguagem antiga, para melhor entendimento dos assuntos ventilados.

É de bom alvitre que percebamos a força de Deus em tudo o que existe e vive. A energia primitiva que circula em todo o universo toma formas variadas, de acordo com a vontade divina. Já começa a modificar-se ao desprender da forma geradora, e os Espíritos do Senhor, conhecedores da ciência eterna, trabalham em todas as operações de alta e baixa vibração da molécula primitiva, para que esta obedeça a todas as mutações que correspondem à vontade dominante, no grande laboratório da natureza.

Essa energia que recebe vários nomes ao aparecer nas telas dos conhecimentos humanos e espirituais, não muda nada por isso, é a mesma essência, sustentáculo da própria vida. No Oriente, os chineses a chamam de força Ki e os indianos de Prana, no Ocidente é conhecida por Éter Cósmico e pelos espiritualistas, como Hálito Divino, e assim sucessivamente, mas ela continua sendo o mesmo elemento primitivo, dirigido por Deus em toda a sua casa maior. Esse elemento, ao ser atraído pelo Espírito superior, mesmo encarnado, toma a forma e o caráter que os seus sentimentos lhe emprestam para determinada função, marcada pela sua compreensão.

Buscar mentalmente essa energia requer sabedoria. Familiarizar-se com essa energia divina é uma grande responsabilidade, porque ela pode nos servir para a tranqüilidade da consciência, bem como marcar em nossos caminhos duras provas, eis porque devemos usá-la na mais completa harmonia com Jesus Cristo.

O Espírito superior responde a Allan Kardec, “que tudo está em tudo”. Ele sintetizou a mais profunda sabedoria nesta curta frase. As diferenças estão nas mutações operadas pela vontade, ambiente e vibrações, sendo o mesmo alicerce primitivo, que denominamos força de Deus.

Não existe erro na esquematização do Senhor. A harmonia é a tônica da vida. Quando descobrimos os caminhos dessa serenidade, respeitando todas as leis de Deus, desaparecem dos nossos roteiros os problemas, os infortúnios e as dores, e começamos a andar com pés firmes dentro do paraíso, onde a paz e a felicidade formam o clima comum de todos os seus habitantes.

Recebemos sempre o que merecemos. Quem reconhece a bondade de Deus não desconhece esta máxima. É bom e racional que devamos fazer por merecer as bênçãos do Senhor, ou então, que assimilemos essas bênçãos que caem sobre os homens como os raios do sol, dependendo de cada criatura aproveitá-las, na qualidade de estudante da verdade.

Se queremos entender a força de Deus e o movimento dela oriundo, que dá todas as características às moléculas primitivas ao se comporem e desfazerem em formas infinitas na grande seqüência eterna, que desperta a luz em tudo que existe e se move dentro da Criação, voltemos os olhos e o coração à escola do Cristo. Sem ela, difícilmente entenderemos os nossos deveres para que possamos cooperar, mesmo dentro dos nossos limitados recursos.

Se ainda sentimos dificuldade em perdoar o nosso irmão, que porventura nos ofende, se ainda alimentamos o orgulho e o egoísmo há milênios, em nossos corações, se ainda desconhecemos os valores da caridade e do amor a Deus e ao próximo, como conhecer os segredos profundos da natureza e de Deus?

Beijemos a Terra com gratidão e humildade, pelo que ela tem feito por nós, para depois elevarmos os olhos aos céus, cantando louvores na orquestração vivencial e neste ambiente de luz, a consciência nos facilitará meios de dialogar com a Inteligência superior.

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Forma Molecular

Ainda focalizaremos o elemento primitivo. A matéria primitiva, devemos dizer novamente, está longe das análises humanas. Escapa aos aparelhos físicos porque se encontra configurada em dimensões diferentes das de ordem material. O elemento primitivo pulsa na dimensão espiritual do Espírito, como fluído sutil. Ele foge mesmo às vistas dos Espíritos, a não ser daqueles que se encontram em alta escala, como sendo Espíritos perfeitos.

Deus, pelo seu atributo divino, a inteligência, coloca nas mãos de cada criatura, somente o que pode suportar, e esconde o que ela ainda não pode ver, para o bem e a felicidade de todos os seus filhos.

A humanidade se encontra num fechamento de ciclo evolutivo, onde a terapia da dor não pode faltar. Somente ela desperta nos corações os mais profundos sentimentos de fraternidade, no entanto, pode ser aliviada. A moderação das catástrofes já se encontra nas cogitações do Mestre, desde quando os homens empreendam o esforço próprio em todos os rumos do aprimoramento espiritual. As religiões estão surgindo no mundo, por vezes com divisões para atender a todos, na qualidade de socorro espiritual.

A política se afoga em um mar de sangue, usando a própria ciência que deverá ser pacífica e benfeitora, para o morticínio devastador. Esperamos que o entendimento surja, porque mesmo a custo exorbitante ele virá. Enquanto isso, trabalhemos, e para tanto chamamos a atenção dos espiritualistas de todo o mundo, para que dêem serviço às mãos na caridade, e que isso seja na sua expressão verdadeira de amor. Antes de acender a luz no mundo exterior, erro de todos os aprendizes do Evangelho, despertemos essa chama divina dentro do coração. De outra forma não conheceremos a paz.

A ciência é uma divisão da sabedoria muito elevada, da qual todos precisamos; todavia, ela, sem amor, nada conseguirá de bom. Sem o amor ela se perderá em emaranhados de difícil recuperação. A pergunta em pauta é se as moléculas têm forma. No sentido determinado dessa partícula, pelos homens descoberta e batizada como molécula, a sua forma é transitória. O elemento primitivo que vibra no seio da natureza, não constatado pelo homem, tem forma determinada imutável, por ser uma energia pulsante como elemento além da luz, como sendo a fonte desta.

A molécula física secundária, que é formada de aglomerações da primitiva, como podemos dizer, acúmulos atômicos, se reúnem por afinidade, na formação das segundas e por determinação dos agentes altamente inteligentes da criação. Esses elementos fazem e desfazem de acordo com as necessidades do ambiente, das coisas, dos homens, e mesmo dos Espíritos em serviço na grande casa de Deus.

A inteligência com Jesus nos convida a estudarmos a ciência dos pensamentos das aglomerações de idéias que a nossa mente pode reunir no serviço da caridade. Cada pensamento é uma molécula secundária ao nosso dispor, formada por bilhões de outras, obedientes ao nosso comando. Quando essa formação existir nas bases do amor, receberemos de volta suas próprias vibrações, na compensação dos nossos valores.

Conhecer a composição das formas materiais não irá nos salvar dos infortúnios que os descuidos geraram. A tranqüilidade imperturbável surge na fonte do amor e da caridade, está na educação íntima das criaturas de Deus. As trevas estão cheias de inteligências e cientistas de renome, sofrendo as conseqüências das suas invigilãncias acerca da ciência mal aplicada e do desenvolvimento mental mal dirigido. Mas não existe um sequer, preso nas correntes inferiores, porque amou, porque fez caridade e porque usou o bom senso na sua perfeita educação espiritual.

Devemos conhecer, em primeiro lugar, a forma molecular do amor, pois é ele que nos garante a paz de consciência.

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Segredo do Espaço

Em todos os lugares da criação de Deus existem segredos. O segredo é a chama da esperança e nos dá um motivo para trabalhar, esperando o melhor e as mudanças, para a nossa felicidade.

Quantos perguntam se o espaço é infinito, ou se élimitado, e qual a resposta mais inteligente? Certamente é dizer que o espaço é infinito, caso contrário a pergunta seguinte será mais difícil: — “e depois do limite, o que existe”? Falando que é infinito, cessam as interrogações acerca da extensão do espaço, porque a mente humana não e capaz, mesmo com a razão mais apurada que seja, de perceber o que é o infinito. Falta-lhe sentido para tal reconhecimento, valor esse muito comum nas regiões superiores onde residem os Espíritos puros, formando a Grande Fraternidade a serviço do bem comum.

A humanidade vive em uma pequena terra que, em comparação com a vastidão infinita, nem existe, pelo tamanho que pode apresentar diante da criação de Deus. Em torno dela circula uma matéria mais ou menos rarefeita, denominada ar, que caminha com o planeta por onde quer que ele vá, ajudando na sustentação da vida no ambiente em que permanece. Esse ar é mais grosseiro, é mais físico, na medida que se aproxima mais da Terra, em grandes alturas ele é mais sutil, mais apurado na sua estrutura. Ele, como é matéria, está preso pela lei da gravidade, como que entrelaçado entre energia solar e raios de luz que as estrelas despejam em todas as direções. E o espaço entre os mundos, onde não existe ar, está vazio? Não, não existe vazio na criação. O Éter Cósmico interpenetra tudo como agente da vida, levando a mensagem de Deus em todos os rumos. Por ele é que se cumprem todas as leis, onde se expressa a vontade do Soberano.

Dá para deduzir que, se nós podemos constatar a matéria invisível na sua dinâmica de purificação, qual é a inteligência que tudo isso organizou? Se os maiores cientistas do mundo percebem uma mecânica universal perfeita em todos os rumos, foi alguém que a estruturou, pela feição inteligente da criação da natureza!... Como negar a intervenção de uma sabedoria maior atrás de tudo que existe? E se existe Deus, nós também existimos, e é isso que tentamos explicar e levar os homens a compreender: a necessidade do intercâmbio entre os Espíritos desencarnados e os encarnados, para que os segredos, ou alguns deles, sejam desvendados, e, neste rasgar do véu de Ísis, quanto conforto não aparecerá na filosofia para o bem-estar das criaturas? Eis a missão da Doutrina dos Espíritos que, cada vez mais, cresce no mundo das formas, induzindo os homens à modificação interior, à vivência dos preceitos ensinados e vividos por Jesus.

Se o espaço é infinito, tudo é infinito. O grande e o pequeno têm os mesmos valores.

E se nós disséssemos que o grande e o pequeno são do mesmo tamanho? Isso confunde de certa forma, as idéias dos homens, levando-os a pensar, pelo menos dentro do limite que a razão alcança. Se não há nem baixo, nem alto, as distâncias se confundem com o perto e o longe, e tudo que dizemos ser o mal, é o bem que se aproxima da criatura. Por enquanto, estamos vivendo em um mundo relativo, para depois entrarmos na vida eterna, na vida absoluta.

Desejamos às criaturas que nos ouvem, que despertem os valores, como luzes para os próprios caminhos. E que seja a fé a semente divina a nos levar para o maior entendimento das coisas necessárias, Os segredos de Deus são igualmente infinitos, e pela nossa vontade e esforço eles irão desabrochando diante de nós, em seqüências intermináveis.

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O Vácuo Não Existe

O nada, a própria palavra o indica, não existe. O que chamamos de vácuo é, pois onde falta o ar que tanto conhecemos, bafejando a velha Terra que habitamos, servindo para manter a vida na carne.

Toda a criação é tomada pelo Éter Cósmico, que não obedece à química ou física humana, nem tão pouco à máquina de sucção, com que queiram retirá-lo do seu campo.

Subordinado somente à vontade de Deus, não se submete a qualquer outra. E se pudéssemos retirá-lo do ambiente em que vibra, certamente alguém perguntaria: o que ficaria depois disso? É segredo de Deus ainda não desvendável, que não iria em nada melhorar os homens, se estes pudessem conhecê-lo. Conhecerás gradativamente, essa é a lei da evolução que nos cabe respeitar e agradecer a Deus.

Essa impetuosidade do ser humano, de querer saber o que lhe escapa aos sentidos, é comum, na faixa evolutiva em que se encontra a humanidade. As necessidades de conhecimento exato daquilo de que se precisa são esquecidas, talvez por conveniência, levando a conhecer a si mesmo, estudar suas próprias reações diante dos acontecimentos, livrar-se da persistência em coisas em que não se deverá insistir e do condicionamento de idéias inferiores. Como conhecer as coisas mais profundas, se ainda há guerra em quase todo o mundo, por simples pedaços de terra, por se sentirem feridos no orgulho, ou por outros povos aceitarem ideologias diferentes? Por que procurar a liberdade, sentindo obrigação política de tolher a dos outros, usando a força e a opressão? A política do futuro será o Socialismo Cristão, e não o carrancismo engendrado no orgulho, mancomunado com o egoísmo. O Cristo nos trouxe a melhor reforma, com uma constituição universal em um punhado de palavras simples, na profundidade do amor: o Evangelho, elo que poderá unir todos os povos, para que surja um só pastor e um só rebanho.

Sabemos somente de um lugar onde existe o vácuo:

é onde não existe amor, é onde faltam a caridade, a justiça e o perdão. A humanidade permanece em desgaste em todo o mundo, por faltar-lhe o desprendimento. O egoísmo empana nos corações todos os sentimentos de fraternidade, e a alma fica sufocada sem poder respirar a esperança e sentir a luz do futuro promissor. O que parece vazio para os homens de ciência, ao extraírem o ar, está ocupado por fluídos altamente sensíveis, capazes de registrar até os pensamentos com nitidez absoluta, e ainda gravar todos os sons e imagens emitidos, e o mais interessante é que o poder do Espírito é tão grande, que igualmente consegue fazer na consciência, a operação que se processa nesse Éter. Na consciência profunda estão registrados todos os atos da alma, de todas as suas vidas e, ainda mais, de todas as leis espirituais que garantem a criação divina, existindo ali, em perfeita harmonia, a presença do Criador. Este é, sobretudo um segredo sobre o qual devemos pensar, estudar e orar, para que possamos perceber alguma coisa nesse sentido maior e dar início a nossa própria educação espiritual, aquela parte que Deus nos outorgou fazer.

Convidamos os homens a aumentarem a cota de amor nos corações, a da disciplina na mente e a da fraternidade nos sentimentos, cotas essas que não se podem comprar nos supermercados, não são produzidas por máquinas, mesmo as mais sofisticadas, nem são doadas por outros homens. Esse tesouro de luz é despertado em cada coração, na luz do entendimento e do esforço próprio da claridade de cada dia.

Se continuarmos no vácuo da indiferença, no que tange a essas verdades espirituais, vamos ser considerados mortos diante da vida, até que decidamos despertar para ela, pela própria vontade, na vontade de Deus.

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Deus e o Universo

O termo DEUS é a partida para todos os assuntos, é a gênese de todo existir, e o universo é o seu trabalho, é o seu “corpo ciclópico” que fala para todos nós, mais de perto, da grandeza do Criador.

Deus é uma causa invisível, mas real. Constatamos sua existência pela sua criação visível, com o que apalpamos e enxergamos. Crer em Deus é função da inteligência. A própria ciência já não pode andar mais sem a convicção da existência de uma força superior que conduz e sustenta todos, na maior expressão que se pode ser, O que a história universal nos oferece está fora dos limites da percepção comum dos homens, os segredos, a ciência, a filosofia e a religião que se constatam no saber são sobremaneira avançados no sistema que a sabedoria nos expõe para que possamos entender, ou começar a entender, os primeiros passos da grandeza universal.

É tão amplo o campo de conhecimento na Terra, que está para nascer nela um homem que conheça todas as coisas em um só conjunto de sistema doutrinário. As divisões existentes em tudo o que se sabe, são para facilitar a compreensão de tudo que se quer aprender. É neste sentido que a medicina, o direito, a mecânica, a religião e a própria cultura se dividem em variadas especialidades. Tudo se divide para ser melhor compreendido e disseminado e para entendermos melhor. Se enchêssemos um saco de letras do alfabeto, nunca entenderíamos o seu grande objetivo, ao passo que se as ordenarmos com inteligência, divididas na harmonia que a mente determina, compreenderemos a sua incomparável missão de instruir as criaturas. Deus dividiu o seu saber pelas leis que determinou, e fez nascer o universo.

Homem algum é capaz de alcançar, e mesmo sentir, o que é a grandeza da vida universal. Mesmo da Terra, em que estagia, a mente humana não tem condições para sentir a sua extensão, visualizando as águas, os mares, as matas, as árvores, o ar, a luz, as trevas, o fogo, os minerais, os animais e eles próprios, cada um com o seu dever específico de acordo com a sua missão e os seus limites. Para tanto, os mesmos homens criaram as leis, e na intuição fizeram uma cópia das leis naturais, não tão perfeitas quanto elas, por não suportarem sua harmonia, mas nessa cópia, é que poderão viver mais ou menos em paz na Terra que habitam por misericórdia de Deus.

O universo não é Deus, no modo que muitos pensam ser. Ele está ligado ao Criador por fios que desconhecemos, por enquanto, porém é obra das suas mãos, na ternura do seu magnânimo coração. Deus fez tudo em perfeita harmonia, por ter em evidência o atributo do Amor. É bom que comparemos as coisas da Terra, no sentido de compreendermos a separação do Criador com as coisas criadas, separação no sentido de entendermos que uma não pode ser a mesma coisa que a outra.

Se no planeta em que vivemos não existissem homens inteligentes, estaria tudo dentro do padrão primitivo, mas, como existem há milênios, os seres capacitados de razão, encontramos grandes obras que revelam os criadores, porque, por si só elas não se fazem.

Essa é a equação que devemos dominar, para reconhecer a existência de um Criador fora da criação, com a sua personalidade diferente, com a sua existência própria, a fazer leis, a construir mundos e sóis, estrelas, galáxias e universos sem conta, que fogem à capacidade humana e mesmo às espirituais.

A mente do homem é insignificante, em comparação com a mente divina, mas pode tornar-se gigante, se ela for obediente aos preceitos organizados pela fonte criadora. E, ainda mais, se o universo existisse de toda a eternidade, como Deus, não poderia ser obra sua. E se ele está submetido às leis, ele não tem vontade própria qual Deus, é uma mecânica dirigida por uma sabedoria, e esta é esse Deus de que falamos e que todos sentem na profundeza da consciência.

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Criação do Universo

O princípio da criação perde-se na noite da eternidade. Os sentidos humanos, senão os espirituais, não alcançam as respostas que as coisas podem dar, pelo estado de desintegração, por lhes faltarem as qualidades no registro mais profundo, da essência mais sutil que tudo gravou desde o amanhecer da vida.

As coisas, desde os átomos até os acúmulos de galáxias, fazem-se e desfazem-se pela vontade divina, em uma ação contínua, sem que haja princípio nem fim nas deliberações humanas. Os números dominados pela inteligência humana são fracos para essa contagem de ordem transcendental, que somente opera nas linhas dos segredos de Deus. Se queres saber como Deus criou o Universo, terás de estudar a existência da própria criação e, enquanto isso não ocorre, deves contentar-te com a inspiração de Moisés, na Gênese, que ainda vigora até o presente momento: Faça-se a luz! E a luz foi feita. Gênese capítulo 1º, versículo 13. É muita pretensão dos homens, mesmo dos que transitam na ciência, quererem compreender os detalhes do modo que usou a Divindade, para que tudo surgisse na extensão infinita da vida.

Ainda estamos, homens e Espíritos que viajamos com a Terra em torno do Sol, nos primeiros degraus do entendimento espiritual, em relação a tamanha profundidade de conhecer determinados arcanos da Luz. Para compararmos com o entendimento humano e sermos compreendidos com maior facilidade, diremos que Deus criou tudo o que se pode ver e o invisível, pela sua magnânima vontade e poderosa mente, capaz de tudo fazer pelo seu querer. No entanto, essa maneira de expressar diminui o Criador, nivelando-O com os homens.

Dentro dos homens escondem-se poderes sobremodo grandiosos, dependendo de determinado desenvolvimento, que se processa pelas mãos do tempo e do esforço próprio, para aquisição do Amor. Onde falta o Amor, estende-se a agenesia, desencadeando a morte, sem a esperança que de novo surja a vida, a não ser quando volta o cultivo da benevolência nos rastros da caridade. Para que entendamos melhor, observemos: se Deus é Amor, nada poderá surgir sem ele, porque não pode haver criação sem amor; portanto, somos filhos do Amor em todos os rumos da vida, dentro da eternidade.

Só podemos dizer que o físico é a condensação da antimatéria, espalhada em estados diferentes pela vastidão infinita da criação. São fluídos, no linguajar espiritualista, que obedecem ao comando divino, para a divina formação das diversas moradas da casa do Pai. Esses fluídos já são composições de outros mais sutis, que podem se perder nas nossas fracas deduções, e precisar as datas das coisas criadas ainda não temos condições, por nos faltarem meios que nos possam dar, pelo menos, certas diretrizes.

A Terra em que moras, onde pisas com firmeza e onde os próprios aparelhos estão assentados, podes estuda-­la examinando-a a olho nu, e até usando sistemas sofisticados que a ciência pode produzir e, ainda assim, não constatarás com precisão a sua idade.

Já várias idades lhe foram atribuídas sem que pudessem acertar, como querer saber a idade do universo? E se alguém afirmar que ele não tem idade? A matemática espiritual confunde os homens, para levá-los a aceitar os primeiros passos da senda, sem os caprichos da vaidade humana, de tudo saber e querer explicar sem o entendimento preciso.

Se o universo foi formado, conforme o entendimento humano, pelo amor, o nosso maior dever é procurar estudar esse amor, nas linhas da sua pureza, para que comecemos, senão criar, ao menos ajudar na criação do bem na Terra.

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Formação dos Mundos

É tamanho o interesse dos homens de ciência em saber quando se deu a formação da Terra e de outros mundos que bailam no espaço cósmico, que lutam com todas as possibilidades que possuem, através da matemática científica, da astronomia e do raciocínio ilustrado na mais profunda lógica humana. Dentro da ciência da natureza, estão extraviados, perdendo-se, muitas vezes, nas falsas somas de séculos e bilhões de anos, na contagem do tempo de formação da própria casa em que moram. Cálculos e mais cálculos já foram feitos, e sempre são ultrapassados por outros mais novos, e por máquinas mais sofisticadas...

“O Livro dos Espíritos”” nos diz que os parcos conhecimentos humanos estão longe das deduções acertadas, no domínio das idades dos mundos, que se perdem na noite da eternidade. Somente o Amor tem a capacidade da medição cósmica, dentro dos padrões universais computados por Deus e estendidos na vastidão infinita da sua criação.

Alguém, interessado pela ciência há pouco tempo, bate a mão num bloco de pedra, confabulando consigo mesmo: “isso que toco com a mão e que posso ver sem aparelhos é pura energia concentrada, por um poder que desconheço” Certamente que é, todos os corpos materiais se condensaram. Antes foram fluídos imponderáveis e, por vários processos esses fluídos tornaram-se sólidos, principalmente em se falando dos mundos e sóis que habitam o espaço. O tempo determinado, calculado por medição é que por agora escapa a razão, mesmo munida de aparelhos dos quais é portadora.

A energia disseminada por todo o universo se aglomera, não pelo acaso, que não existe. Os fluídos cósmicos são dominados pelos engenheiros siderais e esse éter é obediente às mentes destes grandes Espíritos, fazendo a princípio um campo de força, e depois, a concentração por atração magnética, de modo a formar a aglomeração de acordo com a vontade espiritual. Certamente que não fica somente nisto. E uma ciência de variações proporcionais ao que se vai fazer, mas tudo é feito pela determinação divina. Nada se faz ou se forma, sem que Deus determine, sem a sua participação engenhosa e justa.

Estamos longe de saber todos os pormenores da engenharia da criação, o esquema para surgimento, por exemplo, de um Sol com sua família planetária. Deus conta, na co-criação, com a participação de Espíritos altamente evoluídos que trabalham na fundição e refundição de fluídos para que, com o tempo de bilhões e bilhões de anos, na mais perfeita harmonia, numa cadência que somente os anjos compreendem, vai se formando na tela cósmica do espaço um simples sistema solar para que sirva de moradia e escola da mais alta segurança espiritual. São recambiados então, bilhões de almas de variados lugares, mais ou menos em sintonia, para uma determinada morada, que sempre é um ato de misericórdia.

Como já sabemos, os mundos se formam por condensação de fluídos altamente sensíveis. Eles são comandados, novamente afirmamos, por luminares siderais; entretanto, o mais interessante é a educação das criaturas, que são as mesmas almas revestidas de vários corpos, para alcançar o despertamento espiritual e que podem igualmente ajudar no preparo da retaguarda. Os problemas, as dores e todos os tipos de infortúnios ocorrem por falta de educação, por desrespeito às leis espirituais.

Quando todos reconhecermos as necessidades de harmonia em nossos passos, fazer-se-á luz em nossos corações e tudo se tornará em paz, dando-se a formação de todas as coisas, na mais perfeita harmonia, e é neste sentido que os mundos e toda a mecânica universal, se encontram em perfeita ordem e justa sintonia com o Criador.

É claro que para trabalhar na formação dos mundos é necessário sabedoria, no entanto, não pode faltar a ciência do Amor.

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Viajantes Siderais

Tudo que existe tem objetivos na área do seu domínio. A ignorância é que desmerece os valores que correspondem ao objeto, na sua valiosa missão de ajudar, mesmo que seja no silêncio da própria vida.

Aos cometas, a que aqui nos referimos como viajantes siderais, foi dado um trabalho no roteiro que lhes cabe passar, de purificação da matéria. Isso é feito em cadeia, deles desprendem algo em seqüência, por onde andam, para que o próprio fluído, que se estende ao infinito, se transforme e se alinhe, retornando às posições desejadas pelos engenheiros siderais, em plena coerência com a vontade maior, na formação, quando necessária, das genes das próprias galáxias.

Os semelhantes atraem semelhantes, é uma lei universal. Quando se dá o primeiro toque, pela vontade divina, o resto se faz na vigilância dos Espíritos luminares, mas sob a lei dos iguais. E quando a vida de um cometa chega ao término, ele é induzido, se podemos usar esse termo, para os buracos negros, caldeirões cósmicos de reformulação da matéria. E o nada se perde, na expressão divina da verdade espiritual.

Há muitos que sempre perguntam a respeito da influência dos astros sobre todas as coisas e nós entendemos que nesta hora deveremos falar alguma coisa que estiver ao nosso alcance. Certamente que todos nós não escapamos das influências astrais, e é neste sentido que Jesus nos falou com propriedade nestes termos: Conhecereis a verdade e ela vos libertará.

O Espírito altamente evoluído influencia os astros e não é influenciado por eles, comanda os astros e não é comandado por eles, domina os astros e não é dominado por eles.

Essa é a verdade; todavia o magnetismo astral desprendido dos corpos celestes tem o seu quinhão de domínio em todos os reinos da natureza, até o homem, se esse ainda não tiver condições de se libertar pela verdade.

Vejamos: quando um cometa se aproxima da Terra, causa muitos desastres ecológicos na lavoura e pecuária. Às vezes desprende um magnetismo inferior por onde passa, atingindo os meridianos terrenos, de sorte a perturbar o equilíbrio da vida, O organismo humano, igualmente, é afetado por esse viajante sideral, porque o corpo humano é semelhante à Terra, como se fosse uma sua miniatura. O Espírito conhecedor destas leis, mesmo encarnado, se defende por métodos inúmeros, a sua própria conduta formará um campo de força de defesa em torno de si, queimando esses resíduos astrais pela força do amor em cadência, criando como que uma área viva de amparo em seu redor. A caridade é um dos meios que nos ajuda a nos proteger destes inimigos astrais. Também os cometas são chupões da poluição magnética: descarregam a atmosfera do planeta situado em sua rota.

Estes corpos celestes não vêm somente com uma função: como não nascemos na Terra somente para procriarmos, nem somente para nos alimentarmos, somos marcados pela lei para uma infinidade de coisas úteis, objetivando o aprimoramento espiritual, o despertamento para Deus.

Não estamos querendo esmorecer quem estuda os astros, certamente que não. Todo estudo é nobre, desde quando tenhamos nobreza de sentimentos. A verdade está em tudo palpitando, dependendo da sinceridade de cada criatura, em se buscando o que lhe serve para aproximação da felicidade. Mas, é bom que não nos esqueçamos do estudo das leis espirituais, de procurarmos o Espírito e a verdade, na condição de filhos de Deus, que o Senhor darnos-à a chave, para que possamos abrir as portas do saber e do amor.

Que possamos, no amanhã, ser viajantes siderais, mas somente fazendo o bem, com as marcas da eternidade.

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Renovação

Tudo o que existe renova-se no turbilhão esquemático do Criador. Tudo para o qual foi estabelecido um princípio, sob as leis que regem a matéria, tem certamente um fim, na regência das mesmas leis.

Entretanto, no que tange ao Espírito, isso foge às nossas deduções, por não alcançarem elas o princípio desta lei e ser movido o Espírito por outras que lhe sustentam a vida, na vida de Deus.

Querer buscar os primórdios da alma é querer se fazer entendido naquilo que não entendeu o suficiente, explicar o inexplicável e falar o que escapa à nossa razão. Se ainda estamos começando a estudar matéria, como falar do Espírito, da maneira que a vaidade especula? Constitui isso uma grande viagem, que apenas estamos iniciando. Deus nada esconde de seus filhos, porém, nós outros é que não temos capacidade de entendimento, para compreender o que se encontra mais distante. Compete a nós avançar para sentir a verdade.

Nada se desfaz. As coisas se renovam e a renovação é o desfazer daquilo que foi feito. O envelhecimento é lei por toda parte, e o que não envelhece não pode morrer, O Espírito quando evoluído, quanto mais velho, mais novo fica e esplende uma eterna juventude por dentro, as suas modificações não são propriamente renovações, mas despertamento dos valores que dormem em seu coração espiritual, cuja gênese e destino desconhecemos. Somente somos conscientes de que em cada passo que dermos, estaremos mais próximos da felicidade. Não que esse bem-estar universal esteja longe de nós: nós é que nos fazemos distantes dele, pela nossa incapacidade. Tudo se encontra ao alcance das nossas mãos, dependendo apenas de conhecermos as vias do amor.

A matéria, quanto mais velha — velha da forma que tomou — mais se aproxima da desintegração. O Espírito, quanto mais velho — velho de despertamento —mais se integra na juventude, e a sua consciência avança para o infinito. A evolução da alma é, pois, sem limites, transcendendo os limites que os homens compreendem.

“Deus renova o mundo, como renova os seres vivos” respondem os Espíritos a Allan Kardec. A renovação dos seres vivos, na linguagem dos Espíritos, são as mudanças de corpos para o despertar da morada que vibra no seio da matéria. Não que ela se desfaça como a forma física, retornando à energia no grande suprimento, sem a consciência no estado de ser.

A chama divina que anima a matéria, em qualquer posição evolutiva, sempre cresce. Crescimento que falamos é despertamento dos valores depositados por Deus, no coração daquilo que vive para sempre, no seio divino. É bom que sejamos conscientes de que nada se acaba. Não existe morte, nem para a própria matéria, ela também tem sua ascensão, de escala a escala, e é infinita a sua purificação. A sua evolução, se assim podemos dizer, é feita sob os cuidados dos luminares da eternidade, na vigilância de Deus.

Se queres saber do princípio de tudo que existe, mesmo da matéria que podes sentir e tocar, usar e mover para o teu bem-estar, ouve: quanto mais avançares no estudo e nas deduções, quanto mais a razão ampliar as tuas normas de conhecimento, chegarás ao ponto de declarar que quanto mais sabes, mais descobres que nada sabes da genealogia dos segredos do Criador.

Os homens, mesmo os mais entendidos são, em relação à Inteligência Superior, menos do que a matéria em relação ao Espírito: estão dormindo em cima do livro do saber, sendo analfabetos. Não sabem nem ler nem compreender as lições escritas por Deus, nas páginas da natureza.

Se queres compreender as mudanças e transformações de tudo e o despertamento do Espírito, o porquê, necessário se faz amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo, esse é o princípio de toda a sabedoria humana e divina. Se não te interessares pelo amor, continuarás no centro da renovação universal e do despertar interior, pelas conseqüências do tempo e do espaço, até que a voz da vida dentro de ti, grite pelos canais da dor, o “basta” ao esquecimento das leis. Então, passarás a entender pelo sofrimento, pela leitura dinâmica da vida começarás a ter o maior respeito e a melhor vivência com a harmonia, por encontrares as sendas do amor verdadeiro pelo agente da agressão.

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Idade dos Mundos

Não podes fazer avaliação daquilo que foge aos teus sentidos. Podes sim, contornar os valores e perceber a grandeza da criação de Deus, como estímulo para novos entendimentos.

As portas são infinitas, como infinitos são os mundos. Entra por alguma, que estarás andando nos caminhos do saber, e a luz do entendimento despertará o teu coração.

Circunstanciar as coisas é nosso dever, desde quando não passemos dos limites traçados pela nossa evolução. A sabedoria vem de uma semente que Deus colocou em nossa consciência, que o tempo faz florescer.

Bater às portas, estimulados pelo progresso, é o nosso dever, porém, abri-las, compete a Deus, que nos dirige e sustenta todos. Quando queremos saber o indecifrável, surgirá uma trégua para que possamos pensar, porque a meditação colocar-nos-á na medida de compreendermos até onde podemos especular os segredos da divindade. É para tanto que queremos falar sobre as possibilidades dos conhecimentos, até onde eles poderão auxiliar no serviço do bem. A verdade que não suportamos poderá estragar nosso ânimo e desviar o nosso roteiro dos conhecimentos mais puros sobre todas as coisas. É como nos diz Paulo de Tarso, quando se refere às crianças espirituais: “Quando eu era criança, tomava alimento de criança, quando passei a adulto, mudei de alimento”. O alimento da verdade segue esse mesmo trajeto. O Espírito, quando está preparado, recebe uma verdade mais pura, por suportar essa verdade.

A idade da formação dos mundos se encontra distante do entendimento humano, porque foge ao tempo e ao espaço, escapa à matemática terrestre e alcança as equações espirituais, na simplicidade pura, dentro da conjuntura divina. Os homens formaram uma microcontagem, porque a sua vida gira dentro de acanhadas condições em que eles suportam viver. Esses acanhados recursos não poderão atingir os valores maiores, circunscritos à Criação Maior. Todos já sabem que as formas são aglomerações de energias, e que a energia disseminada no espaço é de segregação da matéria — são como que os dois tempos de respiração da Divindade, tempo esse incontável e inconcebível pelos processos humanos. Todos os cálculos são falhos, porque com o tempo são renovados. É o mesmo caso das teorias que a prática sempre desmente. No entanto, são caminhos que deves percorrer, que assinalam uma necessidade de aprendizado, um princípio do saber que Deus favorece aos homens, no alvorecer do despertamento espiritual.

Para que saber as idades dos mundos, se ainda não descobrimos a idade do ódio, gerado no coração do ignorante? Para que saber do tempo que passou para se formar a própria Terra, se ainda não compreendemos como nasceu o ciúme, o egoísmo e a vaidade nos nossos próprios caminhos?

Lutemos primeiro contra essas distorções da personalidade, gastemos o tempo que for preciso na desintegração destes inconvenientes, comecemos a formar os mundos do bem em nossos corações e a contar o tempo para que o homem do amanhã entenda a idade do amor, para o despertamento das almas.

Na faixa evolutiva da humanidade, pouco se pode dizer sobre certas verdades, pelo condicionamento de regras estabelecidas no passado, na mente coletiva, que ainda hoje vigora na literatura e na educação de todos os povos, O que temos a dizer com muita freqüência é o que foi dito por Jesus. O Evangelho mostra toda a ciência e filosofia que nos liberta, é passando por ele que visualizamos as alturas que nos compete atingir.

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Os Seres Vivos

Os planetas do sistema solar são filhos do grande astro, e é por essa afinidade que circulam em torno de sua gênese, por vínculos à harmonia de onde vieram que, na profundidade da palavra é Amor.

A Terra, nos seus primórdios, era como que uma luz líquida a se solidificar, assegurada por fios invisíveis que se chamam gravidade. A temperatura elevada vem comprovar de onde ela veio, e ainda resta no centro do planeta algo da fonte geradora, expelida para a superfície por alguns dos vulcões ainda existentes em vários pontos do mundo.

O germe da vida foi colocado por Deus em toda a sua formação, que passou a dormir no seu berço, esperando o óvulo da Divindade para dar início à formação dos seres vivos, no planeta já solidificado e refeito da grande confusão telúrica. Chuvas e tempestades assolaram toda a superfície, milhares de anos consecutivos, na formação dos mares, guardando no seu seio fecundo as águas, para que surgissem os rios. Lençóis e mais lençóis de água intercruzam-se nas entranhas da Terra, conservando-se e esperando as necessidades humanas, como bênçãos do Senhor.

E no cair das chuvas, outra chuva de fluídos aconteceu, processando-se a simbiose, para que os elementos primitivos pudessem acasalar-se com o que estava chegando e a vida se expressar de variadas formas. Foi no seio térmico dos oceanos que surgiram os primeiros passos da vida na Terra, com o encontro dos dois elementos: físico e espiritual. Tudo isso idealizado e amparado pelos instrutores da vida maior, sem perda de um segundo sequer, nas suas visões benfeitoras, tendo o Cristo como Comandante da casa de Deus. O Mestre traçou os caminhos a seguir e ordenou a execução, dando a sua magnânima assistência permanentemente.

Os seres vivos datam de bilhões de anos, sem que possamos nos certificar da verdadeira data por nos faltarem recursos para tais determinações. Os agentes vivos foram se agrupando por afinidade intrínseca, aparecendo os movimentos automáticos das formas unicelulares, que se dividiam dando nascimento a outras da mesma espécie, pela força do princípio espiritual. Eis que o progresso dominou e vários outros agrupamentos se processaram, sob a visão espiritual, e formas variadas foram surgindo na extensão infinita das águas, com a sua característica de conservação e com o ambiente necessário à proliferação dos ensaios protozoários, rumo às vidas aperfeiçoadas.

Nesta escalada evolutiva biológica, onde a ciência se perde na passagem da morada espiritual de corpo para corpo, séculos e milênios se evaporaram como simples fumaça nas ventanias do tempo, e surgiu como glória da própria evolução, o corpo humano, como o Cristo idealizou antes que a Terra fosse. O corpo humano é, pois, o retrato do universo em miniatura, filho de bilhões de anos, pelo empuxo da própria vida, vida de Deus.

Estamos, aqui, dando apenas alguns traços dos princípios dos seres vivos. O estudo é fascinante, entretanto, requer, para acentuada compreensão, muito amor. Sem ele, a sabedoria se perde nos labirintos das teorias. Convidamos todos os seres humanos que desejam entender e pesquisar as coisas do passado, a dar as mãos à reforma íntima, à auto-análise ao aprimoramento próprio. Somente por esta porta poderão entrar na escola divina dos conhecimentos da genealogia dos seres vivos, para depois buscar, com mais segurança, os caminhos do Espírito.

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De Onde Vieram?

Os primeiros pontos da formação dos seres vivos existiam latentes na própria Terra, esperando o momento oportuno para a sua proliferação, mas, é bom que repitamos, em todo o processo de vida, em qualquer lugar no universo, os seus primeiros impulsos são dados pelas inteligências superiores que os assistem em nome do Cristo, de Deus.

Desde os primórdios da sua formação, não há vida espontânea no sentido imaginado pelos homens. A espontaneidade é orientação dos Espíritos superiores, pelas linhas das leis espirituais criadas por Deus.

Não poderemos deixar margem para os que não queiram acreditar em Deus e nos Espíritos que assistem e amparam o processo em todos os lados. Nada se faz, mesmo que seja nos mais distantes pontos do infinito, sem que haja a presença do Criador, por intermédio dos Espíritos superiores, obedecendo à sua vontade e concretizando os seus objetivos.

“De onde vieram para a terra, os seres vivos”? Esta é a pergunta feita aos Espíritos superiores, e eles responderam que a própria Terra os tinha em germe, usando a mesma linguagem humana da época. Hoje, talvez falassem de maneira diferente, no modo de expressar, pela evolução da ciência, no entanto, as bases seriam as mesmas. Nós poderemos dizer que dentro do corpo humano existem os germes de vida biológica, que são os espermatozóides, mas eles, sem o campo necessário para a sua proliferação e, ainda mais, sem o encontro com o óvulo feminino, não gerariam vida física, sucedendo vidas. Mesmo nesta simbiose altamente superior do encontro desses dois elementos ultra-sensíveis do homem e da mulher, inteligências invisíveis estão, em nome de Deus, supervisionando a formação biológica para a continuação da espécie; todavia, o Espírito que irá comandar o corpo vem de Deus, é uma inteligência separada. A carne em forma humana é apenas instrumento da luz espiritual, que se apodera de um corpo para a sua evolução, no despertamento dos valores da consciência.

A Terra continha em germe os espermatozóides — ou óvulos — em estado embrionário e a Luz os acordou, na feição divina das suas sensibilidades, para o encontro com os elementos lançados pelos Espíritos encarregados por Jesus, de dar nascimento ou despertar a própria vida, no começo da vida no planeta.

Se queres saber de onde veio a vida, ela veio de Deus. E se queres saber quem é Deus, torna-te como Ele, se puderes, que O conhecerás. Ele é o mistério dos mistérios, que nos faz pensar e, pensando, nos sentimos felizes por ter um Pai bom e justo e que sempre nos ama e nos oferta o que há de melhor, para que possamos alcançar a felicidade.

Poderemos observar uma semente. Em lugar propício poderá se conservar por centenas de anos sem se alterar e quando lançada ao solo cresce e prospera como as outras, destacada do ambiente onde se formou. A vida não precisa vir de lugar algum, ela já existe em toda parte, pelas bênçãos dAquele que sempre foi e é a Fonte Doadora para todos nós.

Os seres humanos vivem fazendo teorias das coisas de Deus, até da sua própria conduta, e o tempo se esgota diante das grandes necessidades de se melhorar moralmente. O trabalho é muito sério. Tudo que fizermos para enganar, estaremos enganando a nós mesmos, porque para Deus ninguém pode mistificar.

O alarido que a ciência faz sobre a sabedoria divina é para fazer esquecer os próprios desvios. Hoje, ela mesma já repudia a arte de descobrir remédios para curar os enfermos, porque quanto mais os faz, mais se estendem doenças e proliferam desequilíbrios em todo o campo orgânico e psíquico. Ela, a ciência, quase perdeu o fio da meada da harmonia, e se debate no turbilhão de teorias, sem pelos menos, descobrir as causas de muitas enfermidades. E se perguntam: — Que fazer? Respondemos juntamente com a verdade: Amar! — ciência divina que a humana esqueceu, ou de que se fez de esquecida.

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Origem dos Elementos

O germe de vida dormia no seio da Terra, na vastidão dos oceanos como semente de um fruto, e o princípio vital se encontrava à mercê dos Espíritos, no estado de quintessência. Quando conveniente, eram lançados à Terra para que surgisse a vida física, a servir de instrumento ao Espírito imortal. A escala das formas é infinita. É, pois, um longo caminho que a morada espiritual haverá de percorrer, para as devidas ascensões que lhe competem atingir, em busca da sua própria glória.

O corpo físico é uma bênção de Deus que, para chegar no ponto em que se encontra, passou por inúmeras etapas, alinhando coisas e aperfeiçoando condições. Ainda continua em estado de ascensão, para que no amanhã possa servir a Espíritos de alta linhagem espiritual, no sentido de um maior aprimoramento dos seus próprios dons.

A Suprema Inteligência faz parte, como Criador, dos câmbios e recâmbios de tudo que existe. Ela está em todas as pulsações do éter, como que a vida que o sustenta. A ciência espiritual nos dá uma abertura sobremodo ampla, de sorte a nos fazer entender com mais plenitude os segredos da própria vida e a esperança cresce dentro dos nossos corações, como que a fé no seu avanço grandioso. O homem precisa muito mais da fé do que do próprio alimento, mas, não devemos entendê-la como sendo coragem ideada pela capacidade intelectual. A coragem, para ser fé, haverá de ser disciplinada pelo Amor.

A vida na Terra não tem mais necessidade de espontaneidade para surgir. Pelos processos estabelecidos nas formas existentes, ela já encontra canais suficientes para sua formação aprimorada, como a semente que já pode ser germinada pelo fruto e resguardada por ele. No entanto, não podemos dizer que a vida não está disseminada por toda parte. Está onde quer que toquemos com a ponta do dedo, no universo. Aí há vida, há força, aí está Deus com todos os seus recursos e possibilidades maiores.

Meu filho, se for do teu agrado nos acompanhar nos nossos trabalhos, a nossa orientação é que podes procurar os elementos morais do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, que também se encontra em toda parte, vibrando vida e fazendo viver onde toca. Quando alcançares o conhece-te a ti mesmo, quando acalmares as tempestades do teu mundo interno, quando tiveres o completo domínio das tuas emoções inferiores, poderás estudar os elementos de fora, que as belezas exteriores aproximar-se-ão do teu coração.

A Doutrina dos Espíritos é, verdadeiramente, o Consolador Prometido; todavia, acima de consolar, ela educa e instrui em todos os sentidos, despertando os homens para a fé, mas a fé renovada, purificada pelo amor.

É bom que escutes mais uma vez, ou muitas vezes mais, que estamos no fim de um ciclo evolutivo, que se encontra fechando, com grandes necessidades dos homens, e nós fazemos coro neste aviso: é como que o último clarim tocando, para a modificação das criaturas, O objetivo maior é o Amor, somente ele estabelece a harmonia em todos os nossos corpos, favorecendo a paz em todos os corações.

Grandes Espíritos já estão vivendo na atmosfera da Terra, para ficar mais perto da humanidade e ajudá-la mais diretamente, o tanto quanto puderem. Pedimos que os homens usem o perdão, que deixem crescer a fraternidade em seus corações, e que o amor não falte nos seus sentimentos. Os primeiros esforços dependem das suas decisões!

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Espontaneamente

A espontaneidade a que necessariamente devemos nos referir é a de formação de animais mais evoluídos, e não a de surgimento de bactérias. Já nos encontramos em um mundo capaz de gerar pela espécie, dada à idade do planeta, na escala dos mundos. A geração espontânea é induzida por forças espirituais, ou seja, os benfeitores da espiritualidade maior trabalham no seio bendito da matéria, para que esta alcance maiores valores e abra as comportas de forças ativas, para estimular outros campos de vida, dentro da vida natural.

Sejamos estudiosos. Não percamos tempo. As oportunidades são poucas e difíceis no campo do aprendizado. Tudo o que resta depende de nós porque Deus já fez a parte dEle, e sempre nos ajuda a empenharmos na nossa. Como cruzar os braços? Problemas sempre existiram, infortúnios são presentes no caminho e a dor é o ajudante inesquecível da humanidade. O nosso dever é lutar com todas as forças, sem esquecer a fé que estimula o trabalho no bem.

A ciência desempenha um grande papel na face da Terra, o progresso, de certa forma, assenta-se nela, porque o saber, notadamente, é comandado pelos Espíritos superiores que Jesus colocou em várias divisões científicas. Entretanto, a ciência do futuro, nos campos que deve progredir, entrelaçar-se-á com a religião, porém, com relação a esta última, é necessário compreender seu verdadeiro objetivo, que é o de levar a mensagem do Amor por onde passar.

A espontaneidade pela qual deveremos nos interessar, portanto, é aquela que nasce nos sentimentos e que se relaciona com os valores correspondentes à fraternidade universal, à educação das criaturas, enfim, ao aprimoramento da alma em tudo o que tange à elevação espiritual.

A humanidade caminha sempre para frente, não há retrocesso nas leis estabelecidas por Deus. Há diversidade dos caminhos que escolhemos, porém, todos eles nos levam igualmente à perfeição espiritual. O tempo, cada vez mais, vai desaparecendo na pauta das nossas cogitações, e o espaço perde a sua existência, cedendo lugar a outras modalidades de vida, com a seqüência evolutiva dos Espíritos.

Sê espontâneo para realizar a caridade nas divisões que te compete enriquecer, mas, deves te interessar mais pela caridade contigo mesmo. Se parares para pensar um pouco, para fazer um auto-exame em tua vida, perceberás o quanto tens a fazer na correção de ti mesmo, e é o que deve ser feito. O que vier a mais, serão conseqüências desse trabalho de luz. Os maiores inimigos que te perseguem não estão fora, mas dentro, dominando talvez os teus sentimentos. Os acontecimentos exteriores apenas despertam o que mora no íntimo do coração. O valente é aquele que teme a si mesmo, mas que sempre tem coragem para lutar contra as próprias imperfeições e vencê-las. Não deves abandonar as corrigendas, porque o campo de aperfeiçoamento é muito grande, e quando quiseres deitar sementes que constroem e edifiquem, busca Jesus, recorre ao imenso celeiro que é o Evangelho, porque a nossa paz depende de nós, de nossa parte que está por fazer.

Sê espontâneo na cordialidade. Ninguém poderá viver sozinho. A vida é um entrelaçamento de amor entre as criaturas. Todas as vezes que esqueceres teu irmão em caminho, ou que tiveres oportunidade de o ajudar e não o fizeres, retardarás teus próprios passos.

Queiramos ou não, somos todos entes interligados uns aos outros, com as bênçãos de Deus.

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Origem do Homem

O corpo físico certamente é filho da Terra, como é filho do espaço cósmico, como é obra de Deus, que o estruturou pelas mãos sábias do Cristo. Nas várias mensagens falamos sempre um pouco da formação do homem-corpo, como falamos do homem-Espírito, os dois afinizando-se para uma luta em comum. Tudo evolui no grande esquema de Deus.

O corpo humano vem de priscas eras, de degrau a degrau, em uma subida indescritível no sistema de despertamento dos valores, aqueles talentos espirituais que existem em tudo e desabrocham em todos os lugares em busca de Deus. Nada existe morto no universo, tudo vive e tudo pulsa em função de engrandecer-se. O esquema do corpo humano foi feito há bilhões de anos pelos engenheiros siderais. Foram marcados de etapa a etapa os escalões evolutivos, para que o Espírito pudesse despertar mais depressa as qualidades que lhe dormem no fundo dalma. Tudo foi feito com a perfeição dos que construíram, faltando apenas o despertamento dos valores.

A usina humana que serve ao Espírito imortal ainda tem muito que melhorar, para que no amanhã possa servir de instrumento a Espíritos altamente evoluídos e, por vezes, tornar-se um corpo quase fluídico. Isso é trabalho do tempo, juntamente com o espaço e os esforços assinalados pelas inteligências encarnadas e desencarnadas, que trabalham na Terra

Podemos fazer uma fraca comparação, que serve para certo esclarecimento: o espermatozóide da Terra, acasalando-se com o óvulo do espaço cósmico, foi progredindo e avançando de transformação em transformação, até chegar na marca do tempo, para nos mostrar a beleza da vida onde o Espírito pudesse ingressar para novos aprendizados, preso na vestimenta da carne. O corpo humano é uma glória da natureza, correspondendo à ambição do Espírito para que este se libertasse das condições grosseiras e abrisse os olhos à luz do sol espiritual.

O homem veio da Terra, como não? É o homem-corpo, que volta para ela, retornando à sua origem. O ser espiritual passa para o mundo que lhe é próprio, em seqüência de fazer os céticos crerem em um poder maior, que a tudo dirige na maior harmonia que se pode perceber. Essa força é o Deus de que todos falamos, e ao qual sempre pedimos as bênçãos: é o Deus do Amor.

Se o corpo veio da Terra, encontra o Espírito que veio de Deus, para uma missão grandiosa no enriquecimento dos valores que correspondem aos encontros. Para tanto, existe a reencarnação quantas vezes forem necessárias, até o término do curso que lhes cabe fazer, envolvidos nos limites da matéria.

Concitamos a todos que estão na Terra, dependendo dela para elevar-se, que aproveitem as oportunidades. As condições de se educar são muito grandes e os meios de aprendermos são favoráveis. Principalmente no momento que atravessamos, descem dos céus chuvas de livros ao toque da música celestial, nos mostrando como aprender, como servir, como entender, e como amar, nos ajudando a libertar das peias da ignorância. Os livros espíritas são cursos espirituais, como sendo a misericórdia divina, ajudando os homens a compreenderem melhor a vida, aproveitando o tempo nas urdiduras do espaço. Lê, mas estuda, sem esquecer a aplicação no dia-a-dia. Pedimos a Jesus que abençoe os teus esforços.

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Aparecimento do Homem

Até então não podemos determinar a época em que surgiu o homem na Terra, bem como os seres vivos em geral. Essa data se perde nos arquivos da natureza. Somente é dado revelar aos homens aquilo que se lhes pode falar. A evolução é um livro que vai se abrindo aos poucos, para aqueles que crescem pela força do progresso. O que se pode fazer é uma estimativa, como sempre. A idade é como se fosse um registro humano, as barreiras se interpõem à vontade e nos perdemos nas nossas deduções.

Somente sabemos que o homem é o ser mais novo na casa terrestre. Ele é, pois, a herança de gigantescos esforços da natureza, que vem subindo de degrau a degrau, assinalando a sua posição como tipo aprimorado no laboratório da vida. Nós estamos em época de ganhar tempo e fazer crescer a fraternidade na Terra. Se nos empenharmos somente em conhecer os primórdios dos nossos ancestrais, se somente nos preocuparmos com as ciências que nos levam a conhecer o corpo somático, diminuiremos os nossos conhecimentos sobre a alma, dos quais tanto carecemos. Procuremos estudar o Espírito e, por vezes, seus corpos que lhes servem de instrumentos na grande jornada evolutiva. Que as outras ciências fiquem para depois, depois que aprendermos a amar e a reconhecer a necessidade de servir.

Quanto mais se descobrem remédios no mundo físico, mais surgem doenças e desequilíbrios. Remédios podem servir para remediar as situações, enquanto não se conhece a verdadeira fonte dos infortúnios. A medicina oficial se esqueceu e ainda não tem condições para diagnosticar as causas verdadeiras de todas as doenças, para então encontrar o remédio eficaz, de todas as enfermidades. Será que não é melhor procurar saber quando é que apareceu o ódio na Terra? Iremos assombrar-nos com a sua idade e esse medo nos levará a combatê-lo pela raiz. Assim seria com o ciúme, a inveja, a maledicência, etc.

Todos sonhamos com um paraíso terrestre e espiritual, para nós e toda a humanidade, mas esquecemos que esse paraíso haverá de ser conquistado, formado dentro de nós, para que ele se enraíze por fora. Não podemos ser felizes com a infelicidade alheia. Qualquer coisa que estivermos desperdiçando, provocará falta em algum lugar. O homem espiritualizado tem o dever de orar, pedindo na súplica a ajuda de Deus, para que ele possa fazer o que deve ser feito.

Esse desequilíbrio que notamos na economia de uma nação, e certamente na Terra, é prova evidente dos desequilíbrios das criaturas. E o carma pesado, individual e coletivo, da humanidade. A solução é a mudança de costumes dos homens, é a transformação dos conceitos da vida, é começar na grande escola que existe e que se chama lar. Ele é, pois a célula que pode garantir a harmonia de todos os povos, se o Evangelho for vivido dentro dele. O culto do Evangelho no lar é o primeiro passo para o despertamento espiritual. Ao nascer, a criança recebe as primeiras sugestões do Amor através dos ensinamentos do Cristo, e essa criança vai crescendo envolvida na dignidade e no dever, no amor de uns para com os outros, dedicando-se à caridade por onde passar. Encontraremos, então, uma juventude esclarecida, com uma visão maior do futuro. E neste regime poderá aparecer o novo homem na Terra, o homem de luz, que desconhece as trevas. As escolas que o orientam são escolas de paz.

Depois que a Terra for transformada na esperada terra da promissão, não haverá mais guerras, nem fome, peste ou contradições entre os homens. Tudo será harmonia. A humanidade, desfrutando a felicidade, perderá essa ansiedade de querer saber o impossível. Somente desejará o que a própria evolução comportar. E o homem verdadeiro começará a surgir, desde essa época, na Terra.

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Do Gérmen ao Homem

O aparecimento do homem na Terra não aconteceu diretamente, do gérmen a ele, sem as devidas escalas, sem as variadas formas organizadas pelas inteligências superiores. Há um progresso em tudo que existe, cuja força vem de Deus, que comanda tudo por intermédio de seus filhos maiores, encarregados do aperfeiçoamento de todas as coisas.

Depois que os corpos, tanto dos homens quanto dos animais de todas as ramificações, tomam as posições desejadas, a forma delineada pelos engenheiros siderais, neles mesmos contém a semente da continuação da espécie, que prolifera em todas as direções. Quem acredita na evolução das espécies e estuda o assunto com profundidade, passa a entender e sentir a mão divina, em todas as nuances da vida.

Já paraste para meditar na transformação de um protozoário unicelular, pelas mãos do tempo e de Deus, a se expressar em um homem da atualidade? Já pensaste também nos caminhos percorridos? Todos os cálculos de tempo feitos estão sujeitos a reparos, porque a distância é muito grande. E um verdadeiro mistério, dentro dos mistérios maiores.

Existem leis organizadas no universo, modificadas para cada casa planetária, de acordo com a sua própria evolução, e essas leis são vigiadas pelas inteligências superiores, que as abrem em misericórdia, quando necessário, e impõem a justiça, quando é preciso. O “ninguém recebe o que não merece” e uma verdade absoluta em todas as dimensões da vida, e é neste sentido que o Evangelho nos concita ao amor e à caridade, na extensão infinita do bem, para que esse bem volte a nós enriquecido pelas fulgurações da fraternidade. Quando temos de falar de “O Livro dos Espíritos”” detalhadamente, como ocorre neste caso, haveremos de repetir muitos assuntos e, nesta repetição, os valores são aflorados, como que nos favorecendo a oportunidade de um aprendizado mais seguro e um estudo mais amplo sobre os assuntos ventilados.

O mar faz como que o papel de útero da Terra. As águas foram criadas sob a supervisão de Jesus Cristo, e nelas foi colocado algo divino que, pela própria natureza, pudesse desenvolver o início da vida, para formas aperfeiçoadas no decorrer do tempo. A forma humana era a desejada, para que o Espírito encontrasse nela o instrumento para as suas grandes experiências na Terra. E eis aí, há muito tempo, em sociedades, os homens avançando e progredindo na escalada que lhes é própria, cumprindo, assim, uma determinação de Deus.

Do gérmen ao homem há uma escalada que devemos todos estudar, examinar os nossos ancestrais, mas é bom que não nos esqueçamos do fundamento das nossas vidas, que é Deus, cumprindo aquilo que Jesus nos pede: amá-lo sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Em tudo que fizermos sem Deus, desaparece a estabilidade e os nossos esforços serão enfraquecidos. Se nós procuramos a gênese de tudo que se refere à matéria, porque não buscarmos a nossa própria genealogia, e reconhecer o Senhor como nosso Pai que está nos Céus? Ele é que nos dirige todos, a quem devemos obediência. Ser-nos-á de grande proveito entendermos as lições de Jesus e procurarmos a vivência do seu Evangelho.

O princípio do homem está nos segredos de Deus, guardado na nossa consciência profunda. Um dia poderemos consultá-la, sem perda e gasto de tempo. Antes disso, procuremos melhorar as nossas condições morais e espirituais, aumentando a nossa resistência e alargando as nossas capacidades de trabalho e de amor, que o amor verdadeiro nos salva de todas as imprudências passageiras dos nossos caminhos. Que Jesus nos abençoe.

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O Primeiro Homem

Vamos transcrever aqui a resposta dos Espíritos a Allan Kardec: “Não, aquele a quem chamais de Adão não foi o primeiro e nem o único a povoar a terra”. Certamente que não foram Adão e Eva que geraram a humanidade. Essas duas figuras apenas simbolizaram as raízes do povoamento da Terra. Adão, como gérmen primitivo deitado nos primeiros ensaios do globo, e Eva como o elemento que chegou depois dela já resfriada, no ponto da fecundação. A Bíblia nos dá a notícia de Adão e Eva, na linguagem alegórica, de forma que o tempo pudesse trazer condições para as devidas interpretações desse texto, como agora o faz a Doutrina dos Espíritos.

O surgimento do homem no planeta ocorreu de forma coletiva, tanto assim que em todas as épocas deixaram registros de sua passagem em várias partes da Terra. Quando foram descobertas as Américas, já se encontravam nelas milhões de criaturas. De onde vieram? São segredos que se perdem no tempo. Já conheciam a flora, já faziam casas e viviam da pesca. Reuniam-se em agrupamentos e tinham leis que asseguravam a harmonia do conjunto. Eram conhecedores da justiça e tinham noção do respeito às outras tribos.

o homem surgiu na Terra de uma escalada do progresso biológico. Foi a sábia natureza quem estruturou o corpo humano, saído da argila abençoada por Deus, que trabalhou sem tempo ou espaço, de degrau a degrau. O Cristo, no comando, traçou as diretrizes, organizou meios e determinou condições para que aparecesse o Homem, na plenitude da vida, como prêmio de todos os esforços. E o mesmo Mestre se fez homem para experimentar as condições que Ele mesmo se dispôs a realizar em benefício de bilhões de Espíritos.

A Terra é uma bênção de Deus e a reencarnação é uma misericórdia da Luz Maior, em favor daqueles que vieram da inconsciência para a luz da razão.

Os corpos humanos apareceram qual os corpos dos animais de todas as espécies, em avalanches, qual aparecem flores e frutos, como o trigo na lavoura. Não houve privilégio para que um aparecesse primeiro e dele surgissem os outros. Adão pode ser um tronco de raça com vários outros. O ponto de vida dormiu na Terra, esperando o momento propício para acordar e crescer, e foi justamente no amanhecer, porque a luz que veio de Deus fecundou a esperança na Terra, fazendo surgir o milagre da vida em muitos lugares do planeta ao mesmo momento. Há muitos segredos a desvendar na face da casa terrena e eles serão conhecidos na medida em que os homens estiverem preparados para tal.

Já que estás dotado de razão, que usas do raciocínio como instrumento para viveres melhor, usa-o para o bem-estar espiritual, respeitando as leis que nos regem a todos, que essas mesmas leis te assegurarão a paz.

Vamos procurar saber qual foi o primeiro homem, que nos ensinou os meios mais acertados para a nossa libertação, que nos ensinou a conhecer a nós mesmos. Ele está sempre em nosso meio, procurando morar em nossos corações. Ele se fez homem, como Ele mesmo diz, para nos mostrar a salvação. Ele é o incomparável Mestre dos mestres — Jesus, o Cristo de Deus. Ainda Ele é desconhecido, pelo valor que tem dentre os homens. Para que possas comparar a sua grandeza, basta analisar o que Ele mesmo falou: Antes que a Terra fosse, eu era. Antes que fosse formada a Terra, Ele já era o Cristo, dotado de todos os poderes para nos governar. E está governando com Amor, que ainda não aprendemos a retribuir.

A nossa gratidão por Ele deve ser grande em todos os sentidos, e que Deus possa nos ajudar a compreendê-lo, pelo que dispomos de sentimentos no coração. Que Deus nos abençoe a todos.

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Tronco de Raça

Espalhou-se como um raio dentre as comunidades terrestres a idéia que Adão foi o primeiro homem da Terra, e isso serviu para explicar aos ansiosos por notícias, a genealogia das criaturas, mesmo porque a verdade não seria bem entendida, dada à capacidade das pessoas da época. Ainda hoje, nos dias em que estamos escrevendo, onde o progresso já atingiu alturas quase inconcebíveis, não se pode dar certas notícias sobre os segredos da natureza e, certamente, sobre o princípio das coisas, nos seus mínimos detalhes. Se falta preparo mesmo entre os conhecidos como sábios na Terra, o que dizer há milênios?

A verdade é uma luz que se manifesta em seqüência, de acordo com a evolução da própria humanidade. Em particular, entretanto, há muitos homens que a conhecem com mais profundidade, recolhendo aqui e ali, em diversos pergaminhos, mesmo pelo processo sutil da intuição espiritual. É força daquela frase muito conhecida entre os iniciados: Quando o discípulo está pronto, o mestre aparece, ou então, Quando o estudante está preparado, o conhecimento surge.

Se todas as fontes afirmassem, ou mesmo os Espíritos, a Allan Kardec, que verdadeiramente Adão foi o primeiro homem a aparecer na Terra, viria pela lógica outra pergunta: E como surgiu Adão? Agora, no século vinte, até o público responderia de maneira evasiva, para fugir ao problema, esquecendo as responsabilidades.

A natureza não precisa desses saltos. Se Deus o quisesse, até que poderia, mas Ele criou tudo para andar numa marcha harmoniosa, passo a passo, granjeando valores e expandindo condições, enriquecendo a consciência e desabrochando os dons espirituais sem violência. Não podemos negar as trocas de experiências de mundos a mundos, porque são todas as casas-famílias ligadas por fortes elos de amor, porém, no caso da Terra, o surgimento do homem foi evolução da espécie. Todavia, não devemos nos esquecer da assistência dos Espíritos superiores no empuxo evolutivo de tudo que existe na Terra e no universo.

O homem do futuro viajará de mundos a mundos, desde quando tenha ordens superiores para isso. Ainda falta descobrir alguns segredos, no que tange a combustíveis na expressão de fluídos que poderão colher, onde quer que seja. A mente é um dínamo poderosíssimo, que a nada se compara em se falando da ciência da Terra. Ela é força do Espírito, que pode dinamizar muitas dimensões e suspender qualquer aparelho no cosmo, sem se impressionar com tamanhos. O primeiro passo é a educação do homem, na disciplina que o leva à paz. Por enquanto, o Espírito belicoso dos seres terrestres domina os seus próprios valores, fazendo-os esquecer a fraternidade, como luz da própria felicidade.

Vamos pensar em Adão como um tronco de raça, e não como o primeiro homem surgido no globo terrestre, esquecendo a probabilidade de sermos visitados por homens extraterrestres, coisa que no amanhã poderão fazer, operar essas visitas de cordialidade e troca de valores conquistados. Mas, antes disso, desse amanhecer vitorioso, é de regra espiritual que preparemos os corações para os grandes encontros das várias famílias das casas de Deus.

A Terra está subindo, de degrau a degrau. O tempo passa e somente o que fica de pé é a verdade, que tem a força e a luz para nos clarear e libertar todos. Não importa que alguns não acreditem no progresso, ele é força de Deus que não depende dos homens. O homem primitivo não iria acreditar se alguém, na sua época, lhe falasse em transplante de órgãos, ou que a criatura poderia voar; no entanto, isso é hoje, uma realidade. O homem de hoje ainda nega, quando se fala da restauração da saúde pela harmonia mental, O homem de amanhã vai gozar dessa faculdade e sentir, cada vez mais, Deus palpitando em seu coração.

Pensemos em Adão, como nosso irmão, filho do mesmo Deus, e não como aquele que nos deu origem.

Fim

FILOSOFIA ESPÍRITA – VOLUME 2

JOÃO NUNES MAIA

DITADO PELO ESPÍRITO MIRAMEZ

PREFÁCIO

Um livro espírita é sempre uma luz que se acende na escuridão da ignorância. É pois, um ato de benevolência, a despertar os homens para a verdade. Estamos na época dos desdobramentos das verdades espirituais, nos quais deve colaborar a mediunidade em exercício: trazer à Terra novas mensagens sobre as coisas do espírito. Sendo a revelação contínua, por que não falar mais, diante de tantas interrogações que surgem na razão, cada vez mais esclareci­da? As alas conservadoras existem em todos os ramos do saber, no entanto, elas não impedem as renovações que aparecem com novas luzes de entendimentos, se fundam, tendo como orientador o Cristo, para que possamos conhecer melhor a Deus.

A Bíblia foi um livro intocável por muito tempo. Só podiam falar dela os sacerdotes e os escolhidos por eles mesmos, porém, o mundo espiritual, não aceitando a incubação das verdades, fez surgir a Reforma, como primeiro passo para tornar livre o sagrado livro de Deus. Custou muitas vidas essa liberdade, mas, quando se trata de ignorância, não existem outros processos; são lobos devorando lo­bos, para nascer a luz. E hoje temos milhares e milhares de livros inspirados naqueles pergaminhos sagrados, orientando e estimulan­do a humanidade à paz e ao amor. Mais tarde é que, os que preten­deram libertar a mensagem de Deus, passaram a conduzi-la à sua conveniência interpretativa.

As obras de Allan Kardec não tinham outro caminho que não fosse o progresso. E o tempo, que tem mais força do que todos eles, contribuirá para que a liberdade se faça quando o Senhor achar conveniente. As obras do codificador da Doutrina dos Espíritos não podiam ficar nas mãos dos homens, porque o destino delas não é o monopólio de pessoas, sujeitas à ignorância humana. Elas estão sendo, e continuarão a ser estudadas e assimiladas à luz da razão com beneplácito do progresso espiritual, e somos nós, encarnados e desencarnados, pela graça de Deus e pela bondade de Jesus, que estamos sendo instrumentos dessa continuação das obras basilares do espiritismo. Não estamos subordinados a esse ou aquele media­neiro; servimo-nos do instrumento que o Senhor determinar, em qualquer lugar do país, em qualquer nação do mundo, desde quando esse aparelho mediúnico seja dócil ao chamado para os trabalhos de Nosso Senhor Jesus Cristo, de consolação às criaturas e de instru­ção para todos os povos.

Estamos confiantes no que já foi feito até agora, e continua­mos a confiar, porque o nome já indica: Doutrina dos Espíritos. Dis­pensa favores de quem quer que seja, esse movimento doutrinário. Quem a ele se integra é que se beneficia através da caridade universal das mãos de Deus, sob as bênçãos do Cristo.

O livro que ora apresentamos — da lavra de nosso compa­nheiro Miramez — o segundo da série de muitos outros que deverão vir, mostra e comenta com muita simplicidade as perguntas e res­postas de “O LIVRO DOS ESPÍRITOS”, ajudando assim, aos iniciantes, a entenderem melhor a obra básica desta maravilhosa Doutrina, que estabelece seus alicerces no Evangelho do Divino Mestre.

Abre, meu irmão, O Livro dos Espíritos, e lê a sua mensa­gem, para que a tua mente busque mais além o que as bênçãos do progresso te favorecem. Este livro é uma forma de caridade para os corações famintos de luz.

Belo Horizonte, 16 de dezembro de 1983.

BEZERRA DE MENEZES

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DIVERSIDADE DAS RAÇAS E DAS COISAS

A diversidade em toda a criação de Deus é mostra de Sua in­teligência soberana. A beleza que constitui as coisas do Senhor está nas variações sem perda da harmonia, que sublimam todos os ritmos. Tudo muda, de segundo para segundo, embelezando cada vez mais a natureza, nas linhas a que fomos chamados a servir. Um dia não é igual ao outro. O Céu que se contempla da Terra mostra dife­renças dia a dia e noite a noite. As pessoas têm suas mudanças e reações variadas. Os animais e os pássaros, a flora e a fauna se alteram constantemente. Todas as formas se integram e desinte­gram com freqüência, pela força do progresso. Se assim podemos dizer, tudo que existe está em contínua modificação. Esta é uma lei cósmica que opera em toda a criação. Não há somente diversidade nas raças humanas, mas variedades em todas as coisas que Deus criou e nós, na profundidade das nossas consciências, gostamos de variações. Sentimos um prazer indefinível nas mutações.

Em se falando do espírito encarnado, as diferenças físicas vêm da vontade do Criador, que certamente achou melhor que as­sim fosse, para a nossa própria alegria. Entretanto, estabeleceu leis que pudessem regular essas mudanças, como sendo um aprendiza­do para determinada faixa evolutiva das criaturas e dos próprios animais, vegetais e minerais. Primeiro, uma raça humana desceu para a carne, com certo preparo no mundo espiritual, para esse ou aquele continente, trazendo as características adequadas ao lugar onde iriam nascer. Depois, foram reforçados os caracteres próprios do local aonde foram chamados a viver.

O corpo de carne é, pois, obediente às leis físicas, bem como atende às heranças do empréstimo biológico. Tudo que existe na Terra foi idealizado nos planos do espírito por engenheiros siderais, que copiam e entendem a lei de Deus, executando sempre a Sua vontade. Se existe diversidade no mundo físico, muito mais no mun­do moral de cada criatura. Se no mundo moral há diversidade em tudo, no mundo espiritual muito mais. Existe uma infinidade de divisões, sem que a natureza se mostre aflita ou deixe faltar alguma coisa para a sua própria segurança.

Bastou que o mundo dos espíritos preparasse um casal de seres de cor, para que reinasse uma prole enorme na região escolhi­da. Assim ocorreu com todas as raças de todos os viventes que existem na Terra. Bastou que os benfeitores espirituais, em nome de Deus, materializassem uma semente de uma determinada espécie, para que ela enchesse a Terra com infinitos descendentes. Assim sucede em todos os reinos. Aí está a chave da diversidade das coi­sas, de tudo que existe no mundo e nos mundos.

O senhor assegurou para tais diversidades os climas corres­pondentes, criando a lei da afinidade para sustentar assim aquilo que deveria ser. Deixou para o homem alguma coisa a ser feita, no sentido de que ele pudesse cooperar nessas mudanças, formando novos tipos de acasalamento de raças diferentes, como também animais e plantas, dando novas cores às belezas já estabelecidas pela Divindade.

Deves estudar mais a natureza, no livro da vida que se abre nas páginas do tempo, que ele te dirá algo mais daquilo que não po­demos dizer. A consciência de quem estuda despertará em sua ple­nitude, pela observação sincera de filho de Deus, porque ela guarda todos os mistérios da vida, com a capacidade de revelar gradativa­mente as leis, na seqüência das necessidades. Isto é Deus em nós, operando em nós!

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NASCIMENTO DO HOMEM

A raça humana surgiu em diferentes pontos da Terra e, em épocas variadas, invadiu o solo terreno em busca de lugares ade­quados para a sua sustentação biológica, bem como para se apre­sentar sob diferentes formas, mas sendo o mesmo homem, com a função primordial de subir despertando seus talentos em estado de sono, no centro dalma. Observa a filogenia das espécies e no­tarás as variações das coisas e dos seres viventes, na procura do mais perfeito, que a razão te dará a resposta. Tudo é movido para a frente; tudo empreende jornada procurando a luz e melhorando as próprias condições físicas, morais e espirituais. Esta é a lei que sustenta a harmonia da criação e, certamente, é vontade de Deus.

As raças surgiram por afinidade a determinadas regiões, e ali trabalharam e cresceram, entretanto, nunca uma raça foi entregue ao seu próprio destino, como se fossem o espaço e o tempo que cuidassem das suas necessidades. Deus é Pai bondoso e santo! Todas as raças, desde o princípio, foram tuteladas por falanges de es­píritos angélicos, que cuidaram e cuidam das suas ascensões. Eles são os benfeitores que não se esquecem dos seus tutelados, que dão mais assistência aos homens do que estes possam imaginar. Procuram por todos os meios para colocá-los nas escolas, onde po­derão ser educados e instruídos e se empenham, com todos os es­forços, para que a humanidade reconheça a sua filiação espiritual.

Ninguém está só nos caminhos do mundo. Em quaisquer cir­cunstâncias, estás acompanhado por entidades espirituais, de acor­do com tuas intenções, porém, mesmo que os sentimentos atráiam companhias inferiores, o comando da Luz não te perde de vista, e na hora exata te chama à realidade, induzindo-te para diretrizes eleva­das, por meios que eles conhecem serem os melhores. Mesmo que a marcha seja árdua, ninguém se perde. Todos, algum dia, aquecerão no peito o sol do entendimento, onde nascerá o Cristo dizendo: A paz seja convosco! E encontraremos Deus dentro de nós.

As diferenciações das raças não fazem espécies distintas, como as diferenciações de nomes e sabores das laranjas não fazem com que elas percam a designação de laranja. As raças foram feitas para se mesclarem umas as outras, e essa disposição foi entregue aos homens. É pois, a tua parte. E nesse cruzamento surge a frater­nidade e o respeito entre todos, como também o perdão e o amor.

O comércio, que hoje se estende por todas as nações da Terra, é para que os homens se confraternizem e sintam o mesmo valor em outras raças, aquele direito por que lutam, a fim de o pre­servarem, em benefício próprio. É bom que vejamos que a natureza não se esqueceu de guardar valores na superfície e no seio do solo de uma nação, que na outra não existe; que propiciou faculdades de trabalho a determinadas raças, coisa que outras encontram dificuldades de execução. Pelo princípio do assunto que tocamos, podes deduzir outras coisas. E tudo isso, para que se processassem as trocas, muito comuns entre os povos, e com isso, a convivência al­tamente necessária ao despertamento do amor ao próximo, tão falado no Evangelho e necessário à paz das nações!

O homem nasceu em diversos pontos do globo; todavia, são todos irmãos, filhos do mesmo Deus. Não podemos nem devemos fugir do nosso dever para com os nossos semelhantes, porque não podemos viver sem eles. Façamos qual o ar e as águas que servem todas as nações do mundo com o mesmo interesse de ser útil, re­petindo quantas vezes forem necessárias, esse ato de caridade. As­sim deve ser o nosso empenho.

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FONTE UNIVERSAL

Somos todos filhos do mesmo Pai, Deus, única força reconhecidamente livre e poderosa, que criou e assiste todas as coisas geradas no Seu seio. Ninguém vive à parte do Criador.

Se, porventura, alguma alma fosse desligada da fonte univer­sal, ela pereceria, porque vivemos e nos alimentamos nela. As va­riações de raças que existem não impedem a nossa irmandade e nos favorecem numa tônica altamente grandiosa, por constatarmos a grande inteligência dAquele que nos fez.

Todos os homens são irmãos em Deus, certamente que o somos, e são esses laços de originalidade que nos levam a amar aos nossos semelhantes, depois que o nosso amor já provou a gra­tidão ao nosso Pai que está nos céus. Além da afinidade profunda com os nossos semelhantes, a palavra irmão não se aplica somente no reino dos homens; ela avança e domina todos os reinos da natu­reza, naquele aconchego eterno, porque entre os homens e eles se processa uma troca interminável de valores, que amplia cada vez mais as forças que nos sustentam a todos. E saindo da faixa em que vivem, os homens podem regalar-se, por serem irmãos igual­mente dos anjos, agentes divinos do Senhor, que trabalham e ali­mentam a vida em todas as direções do infinito.

A humanidade atual está ansiosa para conhecer o desconhe­cido. Na verdade, terá sempre o desconhecido pela frente, porém, devemos trabalhar para desvendar os segredos da Divindade, sem deixar a porta de entrada mais próxima e verdadeira, para buscar entradas distantes e ilusórias. A ciência exterior é de grande valor e deve ser pesquisada, mas, a porta de ouro por onde deves entrar, na senda da busca, não está fora, mas dentro de cada criatura; não está longe, mas ao toque das mãos. Deus colocou a gema da vida vi­brando em cada criatura, com a perfeição das Suas próprias mãos; nunca fez algo imperfeito, por ser Deus.

Todas as divisões que existem na casa maior partem da mesma fonte, nasceram de um só elemento primitivo, que o cine­tismo cósmico faz transformar em espécies diferentes, para que o belo se expresse com todo vigor, em nuances indescritíveis, na la­voura do Senhor. Eis aí a igualdade de tudo que vive e se manifesta no universo. No esquema divino ninguém está perto ou longe; todos estamos na eternidade juntos, vivendo e desfrutando da vida do grande Foco Universal, como filhos da Luz.

A lei de amor nos prova o quanto temos em comum com os nossos semelhantes, como as necessidades que temos das vidas dos outros, na Terra e nos Céus. Onde se vive melhor é onde exis­tem mais Espíritos reunidos e despertos para o bem da coletividade. A separação nos traz a carência de muitos valores e o egoísmo nos atrofia, o orgulho nos cega, e o ódio nos faz esquecer a esperança no futuro. Precisamos e temos necessidade de viver juntos, e desse encontro com os nossos semelhantes, se processa uma troca de experiência, que abre nossos caminhos ao alcance da paz. Somente a ignorância induz a criatura à separação.

A vida exterior é de grande importãncia para todos nós, onde quer que estejamos na escala de ascensão, todavia, se não pas­sarmos pelos caminhos interiores, cheios de obstáculos e carrega­dos de espinhos, não vamos ter olhos para ver o belo na feição do todo. Devemos repetir, quantas vezes nos convier, que todos somos irmãos em Cristo, filhos de Deus.

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MUNDOS HABITADOS

Dependendo da forma de vida sobre a qual queiramos saber, ela existe em todo lugar! Tudo que saiu das mãos do Criador es­plende vida, no entanto, em se tratando de vida física, com pelo me­nos as aparências da que existe na Terra, a resposta toma outras direções.

Se alguém que não conhecesse a Terra tivesse uma visão de todas as casas nela construídas, e perguntasse se todas elas são habitadas por seres humanos, o que responderíamos? — “Certamente, que nem todas. Muitas delas estão desabitadas; outras fo­ram feitas com determinados objetivos que não o de moradia; outras serão destruídas por já terem cumprido suas missões”... e, assim, sucessivamente. O mesmo se dá com os mundos que circulam no universo de Deus. Nem todos são habitados por seres humanos, por formas visíveis. A lógica nos leva a essa realidade, constatada du­rante nosso aprendizado, nas oportunidades de visitar alguns mun­dos desabitados, estudando a missão dos mesmos em outros ru­mos da harmonia divina, quando tivemos a ventura de constatar mundos habitados por seres com aparência idêntica à dos compa­nheiros da Terra, uns mais adiantados, outros mais atrasados. Ébom que salientemos que não existe algo inútil no seio da criação, pois, se Deus é a Inteligência Suprema, como iria fazer coisas sem proveito? Isso não cabe na mente do homem dotado de raciocínio e dominado pelo saber.

Cabe-nos dizer que o homem deste século se encontra ansio­so para conhecer outros mundos, e o prêmio dos esforços consecu­tivos será as próprias descobertas. Entrementes, é preciso que os cientistas materiais descubram-se e ensinem aos seus irmãos a se descobrirem. Cada espírito é um universo em miniatura e as leis de fora são as mesmas de dentro das almas. Basta sejam estudadas e respeitadas, para que a luz se faça nos caminhos das criaturas. O que existe fora, existe dentro; o que está no alto está no baixo, O empenho na Terra é o de educar os outros, o que muito louvamos, mas necessário se faz que nos eduquemos em primeiro lugar.

Quando estamos viajando, temos de aprender primeiro os caminhos do lugar objetivado; e os caminhos para a grande viagem dos conhecimentos exteriores começa por dentro do coração. Mui­tos insistem, perguntam e estudam, as prováveis vindas de seres superiores à Terra, por veículos siderais, e mesmo nos perguntam se são prováveis essas visitas. Respondemos que sim, com toda a certeza. No entanto, é necessário o preparo, e o Evangelho de Nos­so Senhor Jesus Cristo é a melhor cartilha para tal empreendimen­to. Podes trocar experiências com irmãos de outros mundos, essa éa lei, mas, é bom te conscientizares do que deves fazer dessas ex­periências assimiladas dos companheiros de pátrias mais elevadas que a tua. E quando alcançares igualmente outros mundos, que es­tejas preparado para levar a mensagem da fraternidade nas linhas do amor. Essa é a cooperação de uns para com os outros, no servi­ço do bem imortal.

Deus está vendo tudo o que se passa em todas as Suas ca­sas, por intermédio dos Seus agentes, que moram em todos os mundos, e através das leis que palpitam em toda a criação.

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A CONSTITUIÇÃO FÍSICA

A constituição física dos mundos que circulam no universo apresenta algumas diferenças, principalmente naqueles que não são da mesma idade sideral. A matéria primitiva é a mesma em todos os mundos; a maturidade é que modifica a sua composição. Podemos observar pelos olhos da própria ciência oficial da Terra, pelo trabalho que realiza nas suas pesquisas sobre os planetas vizinhos, que são encontrados neles, segundo seus aparelhos de observação, ele­mentos que existem na Terra e, certamente, outros que escapam às sensibilidades dos instrumentos dos homens. Entretanto, os próprios cientistas revelam as diferenças na atmosfera, umas mais pesadas, outras rarefeitas, as diferenças na gravidade e a liberdade que têm os raios cósmicos, por não encontrarem a camada protetora de ozõnio, de que a Terra foi merecedora, a falta de mares e, conseqüentemente, de vegetação, não sendo constatada a presença dos animais. Há muitos mundos que já foram habitados e vivem em outra função que não é a de moradia para espíritos reencarnados, entretanto, no fundo são todos iguais, por terem nascido da mesma fonte universal, por terem saído das mãos benfeitoras de Deus.

As revelações para os homens deverão ser gradativas. So­mente o tempo pode nos dizer quando devem ser descortinadas de­terminadas verdades. A verdade fora do momento é bem pior que a mentira, cabendo aos instrutores da humanidade regular as mensa­gens e estabelecer os momentos das revelações. No momento, sa­ber ou não, se os mundos são constituídos dos mesmos elementos, pouco importa. A urgência da atualidade é outra bem diferente: é estudar o amor, analisá-lo e vivê-lo, ou procurar viver essa virtude por excelência. O de que mais precisamos é, pois, do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo no coração, e que ele seja pregado em toda parte, de todas as formas que já existem no mundo. É pura pretensão julgar que estamos com a verdade e as outras religiões e filosofias de posse somente da ilusão. Todos temos trabalhos a rea­lizar diante de Deus e de nossa consciência. Todos somos irmãos, filhos do mesmo Pai. Condenar quem está fazendo o bem é querer impedir a sua propagação.

A perfeição ainda escapa aos nossos sentidos, mas devemos buscá-la com todo ânimo, com toda a boa vontade. O Livro dos Espíritos é um manancial onde poderemos buscar assuntos e con­versar sobre as belezas da criação e das suas leis naturais; todavia, há muitos livros que devem ser respeitados pelas doutrinas que re­velam e pelos conceitos que expõem, que devem merecer o nosso respeito e a nossa atenção. Há certas palavras que, por vezes, foram alteradas nas obras básicas, por haver dificuldade da interpre­tação do sentido das mesmas. Quantos dicionários da mesma língua não diferem no sentido das palavras?

A constituição física dos mundos tem algumas diferenças, porém, tem muito mais igualdade do que diferença em tudo que se refere, desde a forma até os elementos. Certas mudanças ocorrem por força da maturidade da própria matéria, pois esta é uma lei em todos os globos do universo. Não estamos com isso deturpando respostas dos Espíritos, que foram dirigidas a Allan Kardec e sim, querendo colocar mais luz no assunto, para que o leitor se inteire da verdade. A nossa conversa é para valorizar as leis que existem em toda parte, e não destruí-las; é para procurar ajudar no esclareci­mento do que foi dito, e não contradizer.

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ORGANIZAÇÃO FÍSICA

Certamente que existem diferenças na organização física dos mundos habitados. Elas acompanham o estado evolutivo dos mun­dos e o comportamento da matéria de que são constituídos, na es­cala de amadurecimento.

Se nos encontrarmos num planeta onde a alimentação dos seus habitantes é rarefeita, onde eles já não precisam mais dos pe­sados manjares dos homens na Terra, é lógico que a organização fisiológica tem de ser diferente, por não precisarem mais de certos órgãos como estômago, intestinos etc. Se uma civilização planetária já enxerga sem usar os olhos, é desnecessário esse instrumento da visão, que se atrofiará com o tempo, desabrochando outro sentido que se sobrepõe aos olhos com maior riqueza de detalhes.

O mundo tem a forma que lhe cabe pela sua própria evolu­ção, e isso não altera nada nas leis naturais; antes, as embeleza em todos os sentidos. Queremos dizer que a gênese em todos os globos do universo é a mesma, movida pela mesma lei; no entanto, o tempo e o espaço requerem dela mudanças engenhosas; também o Espírito é o mesmo, só que nos graus de ascensão se afiguram gran­des diferenças. Temos provas, mesmo na Terra, das diferenças, em se tratando dos diferentes reinos da natureza, e mesmo nestes reinos, notaremos as mudanças com a paciência que lhe é devida, para que não se expresse em violência. Tudo obedece a um ritmo de as­censão sem quebra de harmonia, que é a base da própria vida universal.

A razão nos pede para observar os nossos ancestrais quando movidos em corpo físico.

O tempo, pela força das mudanças, busca o mais perfeito, porque o belo é o ideal da vida, e agora, na velocida­de da época em que estamos vivendo, notam-se as diferenças de comportamento de pais para filhos. A distância, em se tratando de evolução, é mínima. A mudança de hábitos, e até as mudanças fi­siológicas, o processo de alimentação, tudo muda para melhor, em todos os reinos da criação de Deus.

Existem mundos mais atrasados e mais adiantados que a Terra, onde por vezes temos de reencarnar, e para tal, em ambos os casos, temos que fazer adaptação, às vezes demorada, até rece­bermos novos corpos no planeta em que iremos nos manifestar fisi­camente. Todavia, o espírito é o mesmo e a matéria é a mesma, por todos os quadrantes do infinito, mas, obediente às leis que vigoram nos mundos e nos espaços da criação.

Escrevemos o que sabemos, mas nem tudo o que sabemos podemos escrever. Deus é sábio e justo. Somente recebemos o que podemos suportar na escala que já atingimos. O Senhor gosta das diferenças e mutações, portanto criou as leis que as regulam e as­sistem, e nós devemos fazer o mesmo. Somos todos irmãos uns dos outros, com os mesmos direitos e deveres na pauta da vida. Não existe nada inferior para o grande Arquiteto do Universo; tudo é perfeito e está na mais perfeita ordem, compatível com a harmonia divina, só que estamos em estado de despertar. Em uns já afloraram maiores valores, em outros menos, mas carregam consigo to­dos eles, como bênção do Doador Maior. Não podes pensar que as diferenças físicas, morais e intelectuais possam criar barreiras intransponíveis. Elas são escolas que devemos estudar com amor, para aprendermos com humildade as lições que todas elas nos oferecem.

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A VIDA E A LUZ

O sol não é a única fonte de luz do universo. Até as crianças deste século conhecem esta realidade. As primeiras lições de astro­nomia nos ensinam essa verdade, mostrando-nos a classificação das estrelas. Os sóis são inumeráveis na extensão infinita da cria­ção. Se o nosso sol é uma estrela de quinta grandeza, e as classifi­cadas na quarta, terceira, segunda e primeira? Sem estar ao par da quantidade dos sóis, mas, para dar uma idéia, são do nosso conhe­cimento bilhões deles, alguns iguais ao nosso e outros em melhores condições, onde se concentram energia, dando e alimentando vida em todas as direções do cosmo.

Ninguém é privado das bênçãos de Deus. Todos nós recebe­mos o que necessitamos para viver. É de raciocínio comum que não podemos dizer que onde não há calor não existe vida, que onde falta a luz visível, escapa a inteligência. Os recursos da Divindade são inumeráveis, os Espíritos tomam corpos diferentes nos diferentes mundos em que habitam. Há almas que pouco dependem do exte­rior; elas vivem na própria luz que as circunda. O ambiente que co­nheces na Terra ainda se apresenta muito grosseiro diante de mun­dos venturosos, onde espíritos de alta hierarquia estão estagiando, bem como existem planetas inferiores em comparação com o teu, em que os seres, se podemos dizer, humanos, estão desabrochando os primeiros traços da razão, e a sua inferioridade na escala de as­censão requer um mundo de constituição pesada, de ar, alimentos, água e tudo o mais, nas mesmas condições.

Deus fez de tudo com abundância, dependendo das inteligên­cias procurarem ser obedientes às Suas leis. Cada globo se apre­senta na escala dos planetas com diferenças inumeráveis, no tem­po e no espaço, por motivos diversos, e essas diferenças é que tor­nam o universo em harmonia e beleza indescritíveis. É o cinetismo divi­no que faz gerar e despertar os valores da vida. É certo que existem muitos segredos a desvendar, e sempre vão existir, pois eles nos dão esperança e nos fazem trabalhar, buscando a própria vida na sua plenitude.

A vida não depende da luz do modo que pensas; a luz é que depende da vida que a sustenta e dá a expressão no universo.

Nunca podemos dizer que somente existe vida onde houver condições iguais às da Terra; nunca poderemos dizer que todas as formas físicas dependem de carbono, ar, água e outros elementos indispensáveis ao corpo na Terra. Isso seria diminuir a sabedoria de Deus que, assim como fez o clima da Terra, para viverem nele o homem, o vegetal e os animais, poderia fazer mundos diferentes para viverem neles outras raças com corpos compatíveis com o ambiente. E essa é que é a verdade. Não penses que o homem é o rei da criação: todos são irmãos, na irmandade divina do tempo, porque tudo que existe saiu das mãos generosas do Criador.

O teu sol, em comparação com a grandeza de outros que brilham no infinito, não existe. É uma simples luz bruxuleando no universo, como que riscada por um fósforo. E tudo vem de Deus, que ora chamamos a Grande Luz, por não compreendermos, nem conhecermos outra expressão que Lhe possa retratar a grandeza. A vida e a sabedoria são muito engenhosas, e cabe a nós buscar seus valores permanentes. Podemos dizer a todos que nos seguem pela leitura, que as próprias trevas são luzes que dormem, porque o Se­nhor vibra em tudo, e é tudo que vive.

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O DIA DA CRIAÇÃO

O dia certo da criação da Terra e o momento em que surgiu o homem na face da mesma escapa a qualquer inventiva que deseje oferecer os dados exatos, para a curiosidade humana. Alguns es­critores modernos atiram críticas desrespeitosas ao velho livro iniciado pelo Legislador Hebreu, por este dizer que a Terra foi feita em seis dias apenas. Esquecem-se esses defensores da verdade que a própria verdade, em se visitando a humanidade, veste a capa da relatividade, para não ser um veículo de perturbação. Muitos se­gredos existentes na Bíblia estão em forma de parábolas ou envolvi­dos na letra, para oferecer conforto às variadas classes de criatu­ras. Encontramos esse processo de comunicação no próprio Novo Testamento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele usou as parábolas para falar à multidão. Esse modo de falar por vezes atravessa sé­culos e mais séculos, conduzindo a mensagem para quem tem olhos de ver e ouvidos de ouvir, como Ele mesmo Se refere aos an­siosos pela verdade. A própria ciência moderna nos dá uma visão da paciente mutação das coisas. Vejamos a transformação do carvão em diamante, feita pela natureza em milhões de anos. Nada é feito com violência. Observemos a petrificação de animais encontrados nas rochas, e a própria pedra que já foi água em passado de difícil demarcação.

Se o crítico de hoje se colocasse no lugar de Moisés, o que iria escrever sobre a criação? Talvez os mais endurecidos disses­sem que não escreveriam nada, para não dizer da forma que foi dito. Por isso é que nenhum desses foi Moisés, porque era preciso iniciar, do modo que o mundo espiritual achasse mais conveniente. O Le­gislador foi um instrumento dos Espíritos superiores. Deu início a uma obra grandiosa que persiste até nos dias em que vivemos, ad­mirada e seguida, respeitada e comentada, vivida e interpretada à luz de todas as épocas.

O fanatismo em torno da Bíblia é obra dos homens que ainda não alcançaram o bom senso, pois ele existe em todas as religiões, senão na própria ciência ou filosofia. Compete a cada um de nós um estudo sério sobre a matéria e uma meditação respeitosa sobre os assuntos ventilados no Livro Sagrado, chegando à conclusão de que o bem feito por ele em todo o mundo ultrapassa as nossas esperan­ças em outras fontes. O próprio Jesus a chamou de lei, dizendo:

Não vim destruir a lei, mas dar-lhe cumprimento. E o Novo Testamento sentiu-se seguro ligado ao Velho, como criança obe­diente ao pai, para depois ajudá-lo no seu roteiro de novas eras. O mestre tinha grande zelo no cumprimento das escrituras, pois foi Ele mesmo, do mundo espiritual, quem enviou Moisés e os profetas, no anúncio de todas as verdades, do modo que elas foram pregadas, para depois consolidá-las com a Sua própria presença, que o mundo recebeu como um prêmio dos Céus, para nunca mais se esquecer dessas bênçãos de Deus aos filhos da Terra.

Não te preocupes em demasia com o dia da criação, na exati­dão do termo, nem com o momento em que foi criado o homem, e sim, com a urgência do despertar interior das criaturas, dos valores imortais do espírito, onde mora Deus no trono da consciência. Adão é, pois, um símbolo da criatura; podemos tê-lo como um tronco de raça, como houve muitos. Quem desejar descobrir qual foi o primeiro homem, que faça isso primeiro: descubra qual foi a primeira flor de uma gigante mangueira florida, que a razão dará a resposta exata do que queremos dizer. Que Jesus nos abençoe.

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AS DIVISÕES DOS SERES

As divisões dos seres são inumeráveis, no reino da Terra; contudo, eles se encontram existindo com a mesma força espiritual de Deus. As divisões dos reinos são escalas, onde cabe a cada um existir e viver do modo que a sua constituição comportar, pelo des­pertar de valores existentes na gradatividade das eras. Os seres a que chamamos inorgânicos estão se preparando, no seio do tempo, para alcançarem organismos compatíveis com as suas necessidades de viver melhor. Todos os seres da Terra, todos os animais e mesmo as plantas, começaram há milhões de anos como sendo unicelulares, para depois serem transformados em formas variadas, pelas mãos invisíveis dos benfeitores da eternidade, espíritos angéli­cos que se ocupam com o despertamento dos dons que dormem nos animais, nos homens e na natureza.

Classifica-se, na Terra, por seres inorgânicos, aqueles que não têm movimento próprio, tais como os minerais, a água, o ar etc., assim nos diz O Livro dos Espíritos, entretanto, esses seres têm uma grande atividade interna: a vida no seu interior é sobrema­neira grandiosa, dirigida igualmente por leis espirituais que regulam e fazem crescer todas as criações de Deus. O espírito passa por uma fileira interminável para alcançar a razão, dom que veio se transfor­mando nesta viagem, por leis que ativam e regulam as qualidades da alma.

Os seres que têm movimento próprio se encontram em uma escala mais elevada de vida. A árvore está em estado de sonho, com o seu psiquismo em fase de formação, já com certas sensibili­dades que retratam algumas emoções. Os animais tanto mostram os movimentos internos dos seus órgãos, como os externos, e o próprio instinto se consagra em uma escala maior do que nas árvo­res. Os homens já mostram as claridades evolutivas como criaturas superiores, porque são dotados de razão. Nesses, a inteligência se manifesta pela força da evolução — se esse é bem o termo —, que põe a pensar todos os sábios do mundo, principalmente os mate­rialistas, que sempre perguntam no silêncio dos laboratórios: de on­de vem a inteligência? Somente a presença do espírito no corpo po­de responder. Verdade é que eles ainda não acreditam, mesmo ven­do e tocando, negam por imaturidade espiritual. Deus não fez nada escondido: nós é que não temos qualidades para assimilar as verda­des estabelecidas pelas leis do Criador, porém, a maturidade nos confere os meios de descobrir segredos escondidos desde o princí­pio, nas dobras do próprio tempo, de acordo com as nossas neces­sidades.

Não devemos nos afligir com verdades que ainda não supor­tamos; tudo vem a seu tempo, por aquiescência dAquele que nos criou a todos; toda a sabedoria parte de Deus, todo amor está nEle, que é a fonte. Toda a vida promana de Seu seio.

Os homens não devem desprezar nenhum dos reinos da na­tureza, nem se afastar de nenhuma das raças suas irmãs. Tudo que existe na Terra é criação dAquele que sabe mais que todos nós, e nos empresta meios invisíveis para que possamos viver em paz. Enquanto vigorarem o egoísmo e o orgulho nos caminhos humanos, a miséria não se afastará da Terra, e os mais miseráveis são os usur­padores dos bens que não lhes pertencem. E foi por essa necessi­dade de melhorar os sentimentos dos povos, que Deus enviou Seu filho do coração para nos ensinar a viver, nos moldes que a harmo­nia pudesse dominar todo o ambiente da casa terrena.

Queremos dizer a todos que possam nos ler, que a vida existe em tudo que foi criado por Deus, no grau que a forma certamente atingiu.

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MATÉRIA DIFERENTE

Há diferentes estados da matéria, dependendo do grau que ela se encontra na pauta da ascensão, entretanto, em se buscando o princípio, ela é a mesma em qualquer-lugar a que foi chamada a servir. O agente ideador de todos os corpos que buscam a perfeição épois, o movimento. As forças se intercruzam em um campo formado pelo cinetismo e formam corpos diferentes, com diferenciação na própria matéria; essa é a riqueza das coisas que foram estabeleci­das pelo grande Arquiteto do Universo. A Inteligência Suprema é sá­bia e soberana, e se nós outros achamos que existem muit os segre­dos na natureza, na verdade existem muito mais do que imagina­mos. É, pois, infinita a lavoura de pesquisas. O que os homens, e nós mesmos, já conseguimos entender e, por vezes, dominar, ainda não é um traço na imensa escrita divina nas mãos dos arcanos da divindade.

Os corpos orgânicos e inorgânicos mostram alguma diferenciação no que toca a sua presença, todavia, nos seus fundamentos é a mesma matéria primitiva a obedecer ao tempo, à força da gravi­dade e ao agente universal que encontra campo de afinidade na profundidade do seu seio e ali ativa outros movimentos, objetivando o despertamento dos valores que em tudo existe, doados pelo amor dAquele que nos deu a própria vida. Devemos saber que toda a matéria é visitada por fora e por dentro por esse agente universal, entretanto, nos corpos que já mostram maturidade e que passam a ser corpos orgânicos, ele encontra coesão, animalizando a própria matéria e dando aspectos de mais vida. Ele, esse agente divino, é que lhe faz surgir movimento próprio, caindo o corpo na classificação de outro reino, que é o dos corpos orgânicos.

O que tentamos escrever sobre esse assunto são leves tra­ços, para que possas achar “onde enfiar a linha na agulha e costurar livremente” a vida toda. Cada criatura é um pesquisador, e é da sua obrigação estudar, meditar, examinar e chegar às conclusões que correspondem à verdade. Cada um de nós temos de dar a nossa co­operação na grande estrutura universal do saber, porque todos nós estamos procurando saber o que Deus escreveu no grande livro da natureza, e isso é altamente compensador; desperta no nosso co­ração uma alegria grandiosa pelo domínio que vamos alcançando nas direções que nos compete percorrer. Não podemos nunca des­prezar a matéria. Ela é o primeiro passo para o nosso aprendizado. Se o espírito não precisasse da matéria, ela não existiria, O Espírito é irmão da matéria em toda a sua extensão de vida, a luz é irmã das trevas, onde quer que estejam essas duas forças, e Deus é Pai de tudo que existe e que, porventura, venha a existir.

Tornamos a repetir que a matéria primitiva é a mesma onde quer que estejas. Ao sair da fonte universal, ela vai tomando ca­racteres diferentes até chegar à sublimação. Em todos os planos existe matéria, na rarefação que o progresso a faz atingir. Não po­demos separar a matéria do espírito em nenhuma circunstância, como não podemos nos separar da fonte de vida que nos gerou — Deus é Deus de tudo e de todos.

A matéria nos corpos orgânicos está animalizada, nos diz O Livro dos Espíritos, e ela, nos corpos psíquicos, está espiritualiza­da. Para que entendas melhor essas leis, deves somente entrar pela porta do amor, que as tuas faculdades de entendimento abrir-se-ão até o desconhecido, e cada vez mais avançarás em direção a Deus.

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A ANIMALIZAÇÃO DA MATÉRIA

Já dissemos e tornamos a repetir: o agente divino interpenetra tudo. Ele é como que o hálito de Deus auscultando toda a criação nos seus mínimos detalhes, no entanto, a matéria mais ou menos amadurecida, com ele afiniza e fica em estado de vivência animali­zada, em um processo que a própria ciência deixa escapar, por en­quanto, nas suas pesquisas, mesmo as mais profundas.

Todo espiritualismo, e principalmente a Doutrina dos Espíritos, nos fez entender o respeito que devemos demonstrar por tudo que existe, porque em tudo existe igualmente o traço da divindade, para que a vida ali prolifere e esplenda nas belezas que os Céus desejam. Nada existe por si só. Em cada coisa e em cada alma, a proteção de Deus não se faz esperar. Ele é presente em todos os instantes, nos inspirando e protegendo, em todas as modificações e avanços espi­rituais.

Allan Kardec, na sua razão profunda sobre quaisquer temas a analisar, sentiu a profundidade das respostas dos Espíritos superiores, diante das suas perguntas inteligentes, e viu um novo mundo a se abrir para a religião, a ciência e, certamente, para a filosofia, procurando por todos os meios possíveis ajudar a erguer esse grande edifício doutrinário, capaz de esclarecer o mundo todo, por vias já usadas antes, mas não disciplinadas.

Nós vivemos, esta é a verdade, ligados a vários mundos e em plena comunicação com eles, e eles conosco, mesmo inconscientemente. Quando passamos a ter conhecimento disto, as comunica­ções melhoram, e as trocas de experiências se fertilizam em um processo de simbiose consciente, no qual o amor e a verdade se manifestam com maior solicitude. Existem véus para serem soer­guidos em todos os campos do saber, esperando de nós a disposi­ção de alunos corajosos e trabalhadores, para saber e compreender os deveres diante das realizações e dos nossos compromissos.

O Espírito desejoso de conhecer a si mesmo e o ambiente on­de vive é aquele que está disposto a dar o primeiro passo na eterni­dade dos esclarecimentos espirituais, e não perde tempo, no tempo que passa a nosso favor. A matéria é a presença divina a nossa frente. Pode-se dizer que é o seio da geração que transforma cons­tantemente os seus próprios valores, em claridades benfeitoras. Tu­do na vida é fecundado. O sexo vai desde a forma unicelular até os anjos, em uma ascensão de esplendor, dando e fazendo ambiente para que a vida se expresse nas bênçãos de Deus. O princípio vital fecunda a matéria, que vira mãe por se consubstanciar em movi­mento, expressando a vida com maior fulgor e mostrando tonalida­des de belezas em todos os seus gestos e que, conseqüentemente, busca outras formas mais elevadas.

O estudo das transformações já é fascinante, e se torna muito mais, quando nos conscientizamos destes valores em nós mesmos. O ser espiritual, encarnado ou desencarnado, quando começa a auto-educação, no silêncio de cada dia, sem reclamar, sem discutir, ou sem exigir, mesmo em detrimento de sua própria paz transitória, com o espaço de tempo acenderá uma luz no seu próprio céu interior, em conexão com a luz que sustenta e gera vi­das, que lhe bafejará todo o ser, garantindo-lhe uma paz imperturbá­vel no coração e no reino da consciência, mostrando-lhe que valeu a pena sofrer, lutar e confiar no trabalho empreendido por dentro, por­que todo o exterior passou a lhe obedecer, para a conquista da feli­cidade que todos almejamos. Abençoemos a matéria, pois ela é nosso veículo de trabalho e de esperança!

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O AGENTE DIVINO

Deus, o sustentáculo da vida em todos os quadrantes do infi­nito, deixa escapar de Si um agente divino, cujo fulgor não podemos descrever, pois, os nossos sentidos são frágeis para registrá-lo na sua totalidade absoluta. Podemos passar a chamar esse fluido puríssimo de força cósmica que, desde que nasce das mãos do divino Doador, dá início às suas intermináveis modificações, visitando, aqui e ali, todos os departamentos da Casa do Senhor.

A força vital muito falada em O Livro dos Espíritos é filha da matéria universal, já também modificada. Esse agente magnético, ao tocar a matéria em estado de inércia, empresta-lhe movimento e esta lhe dá o seio, em um estado de fecundação valorosa, correspondendo, assim à própria vida. Quando a matéria assimila a vitali­dade, ela modifica a sua interestrutura, e abre-se como uma flor na sensibilidade peculiar ao princípio da vida que ali fecundou, pelo beijo da luz de Deus.

A matéria, para receber o espírito, filho de Deus, na expressão do Evangelho, é necessária à sensibilização pelo fluido vital, intermediário entre um e outro, ponte pela qual os dois se conhecem na intimidade. Se Deus opera constantemente na Sua posição de Soberano do Universo, tudo se move, para que a vida se expresse na fulguração da luz imortal.

A matéria bruta é O primeiro estágio; o tempo a coloca em estado receptivo, e a força vital dar-lhe-á movimento. Assim, ela avança pelo desabrochar das suas qualidades intrínsecas, buscando vida, modificando estruturas e criando condições para servi de cor­po ao espírito imortal, na qualidade de filho mais próximo do Se­nhor. Tudo vem de Deus. A própria Bíblia afirma essa verdade, e ela realmente é filha do Criador em todos os seus aspectos. Tudo se processa em variadas concordâncias, na luz universal. Devemos estudar para conhecer, para discernir, e a razão não deve ficar está­tica; ela também obedece à lei da ascensão, a que chamamos de evolução, caindo com o tempo em um reino mais amplo, o da Intuição. Esta avança com o tempo e nas bênçãos do espaço, buscando pela maturidade o estado de conscientização, que é o fenómeno da consciência, antes dividida em vários estágios, em um só volume unificado, reunindo todas as experiências absorvidas em inúmeras reencarnações, mostrando todas as qualidades como em um livro, a quem quer que seja. É a luz em cima do alqueire a que se refe­rem os ensinamentos do Senhor Jesus.

Temos muito que aprender, todos nós, na qualidade de alunos do Grande Mestre, e é isso que devemos buscar todos os dias, me­ses e anos, porém, aprender sempre com amor, na causa e pela causa de Deus.

Estamos em um começo difícil na estrutura em que nos apoiamos. Estamos passando pelas dificuldades que criamos em um passado distante, mas, se soubermos desempenhar esses de­veres, alcançaremos a vitória e uma explosão de luz vai acontecer no nosso mundo íntimo, abrindo portas para a nossa libertação espi­ritual. Convém a nós outros aproveitarmos o tempo que passa, pisarmos firme no batente da porta que se nos abre para a Luz, e, se a lei em todo o universo é de modificações, compete a nós todos entrar e respeitar essa lei, modificando o nosso mundo íntimo, nas regras estabelecidas por Jesus, ao alcance de Deus.

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0064/LE

A TERCEIRA FORÇA

Entre a matéria e o espírito existe uma tercera força que re­cebe variados nomes, inclusive este, energia vital. A força vital percorre todo o corpo, afinizando-se com ele em todas as suas nuances e sensibilizando-o, para que o Espírito possa nele morar temporariamente e dominá-lo em todos os seus impulsos. E graças a essa incorporação do espírito na matéria, onde a maturidade se dá na alma e por força evolutiva da mesma, vão se criando novos cor­pos, de acordo com as necessidades que o espírito manifesta, atin­gindo a sua plenitude. Entretanto, a matéria primitiva continua a ser a mesma em todos os estágios de vida manifestada. As diferenças são processos criados. pela natureza, de conformidade com o anseio do ser na sua ascensão para Deus.

A força vital é um agente divino, na divina extensão do univer­so, filha do fluido cósmico, que nasce nas mudanças de vibrações ideada pelo Grande Soberano; entretanto, é bom que fique bem claro que, por trás de todas as mudanças de comportamento da energia divina operam as mãos dos engenheros siderais, Espíritos altamente evoluídos, encarregados na co-criação do Senhor de todos os mun­dos. É de se notar que todos os ensinamentos espiritualistas modernos e antigos, que conhecemos por filosofias e religiões, falam do tríplice aspecto do universo: matéria, energia e espírito. São va­lores que se confundem, e um não pode ter vida sem o outro; essa é uma realidade dentro do ninho cósmico. O espírito, para comunicar ou manifestar-se na matéria, tem seu agente propondo a sensibili­dade entre um e outro extremo. Esta é uma lei estabelecida em tu­do. Mesmo no mundo haverá de existir os intermediários, para que se processe o equilíbrio e a harmonia.

Basta meditarmos no que tange à vida na Terra, nos seus lances diários, para que possamos nos certificar dessa verdade: a terceira força. A luz do sol não pode vir diretamente à Terra. Ela é polarizada no sentido de seus raios serem mais úteis, como benfei­tores que são; desta maneira, é coada por um terceiro corpo em forma de gás, para que a vida se regale e cresça em profusão, em todos os sentidos. Em um lar existem pai, mãe e filhos. Faltando uma destas forças de vida, começa a surgir a desarmonia com mais freqüência. No comércio, sempre existe o intermediário. Este é quem classifica a mercadoria, dentro de tais responsabilidades. Até no amor na Terra, e mesmo nos céus, existe o terceiro agente, que são as leis que garantem essa amizade divina, estabelecendo direitos e deveres para os que se dispuseram a se amar mutuamente.

A vida é uma sublimidade! Quem quiser vivê-la sob todos os aspectos, observe a harmonia do universo; copie sua cadência e procure viver e respeitar todas as suas nuances. Quem fugir das normas da natureza divina criará situações de difícil solução, em to­dos os seus caminhos. É por isso que O Evangelho Segundo o Espiritismo nos indica que Fora da Caridade não há Salvação. A caridade se realiza quando respeitamos todas as leis criadas por Deus, para garantir e sustentar a sua grandiosa criação. Fugir dela, ou delas, é procurar sofrimentos em toda parte. Somente voltando à casa do Pai, somente nos voltando para as coisas naturais, é que a consciência nos dará trégua, nos deixando em uma tranqüili­dade imperturbável. A felicidade tem raízes na obediência, que é filha do Amor.

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O PRINCÍPIO VITAL

O princípio vital tão comentado em O Livro dos Espíritos nasce, como ele mesmo afirma, do fluido universal, que se transforma criando aspectos diferentes, de acordo com as mais variadas ne­cessidades. Ele toma características múltiplas, de conformidade com o corpo onde passa a atuar. Já falamos alhures da sua rele­vãncia ao contato com a matéria, sensibilizando-a, desde quando esta se encontre amadurecida para tal empreendimento, o de de­monstrar vida na feição da própria vida. Entretanto, ele não faz isso por si só, por faltar-lhe a inteligência capaz de programar os fatos nas linhas da harmonia. Espíritos de alta hierarquia espiritual dedica­dos ã co-criação, almas altamente sábias, comandam toda essa explosão de vida, dentro dos preâmbulos traçados pela inteligência Divina e Soberana.

Nada se faz por acaso na construção universal. Tudo é pla­nejado e seguido por inteligências superiores, que assistem e co­mandam os fenômenos da natureza, a que chamamos de evolução, e que o progresso nos faz crer como sendo despertamento espiritual das coisas e dos homens, senão dos Espíritos livres da matéria pe­sada. Ainda temos muito que aprender na escola da vida. Por enquanto estamos balbuciando as primeiras letras do alfabeto univer­sal. Mesmo aquele que sabe mais, descobre logo que pouco sabe a respeito da vida, ou mesmo do próprio corpo que lhe serve de ins­trumento. Os maiores cientistas do mundo, que conhecem a biologia na Terra, professores de alta qualidade nas universidades, que ensi­nam aos seus alunos com a empáfia dos Doutores da Lei, sofrem todos os tipos de enfermidades orgânicas, por desrespeitarem as próprias leis biológicas da harmonia que sustentam e dão vida ao complexo humano.

Enquanto a humanidade confiar somente em pílulas, injeções e xaropes, ela continuará doente, porque todos os meios de equilíbrio orgânico e psíquico estão ao alcance das mãos, na natureza e dentro de cada um, no seu íntimo, esperando o despertamento da criatura, no que tange a sua própria felicidade. Esse princípio vital que se afiniza no mundo interatômico do organismo, emprestando-lhe movimentos rit­mados, é o mesmo, como sendo força magnética em abundância, espraiada no universo, captada pela mente adestrada neste campo de saber, e que poderá ser usada para o equilíbrio e a paz de todas as criaturas, como também é sempre usada por mentes desequili­bradas, para a desarmonia, na feitura de guerras permanentes. Contudo, cada um responde pelo que faz dessas bênçãos de Deus. Mas, é bom que se saiba que esse agente vital sempre se modifica de acordo com o lugar, as intenções e o caráter do corpo que ocupa. Nunca é o mesmo frente a variadas circunstâncias. A transformação é lei universal em todos os mundos e em todos os reinos.

No corpo humano essa força vital, tornamos a dizer, é a inter­mediária entre a matéria e o espírito imortal: ela sensibiliza e o espírito comanda; ela movimenta e o espírito dá expressão; ela prepara to­dos os canais do corpo, e o Espírito fala demonstrando a razão, o saber e o amor. O princípio vital igualmente cresce, acompanha a evolução do corpo e da alma, e serve nos dois planos da vida, para que os homens que moram na Terra reconheçam a verdade dos Céus, e se preparem para o inevitável, que é o renascimento e a volta para o lugar de onde vieram.

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0066/LE

FONTE UNIVERSAL

O princípio vital de que temos ouvido falar, e por certo conhe­cemos, é oriundo de uma fonte universal, parte do suprimento divino. No entanto, sem perder o nome, nem seus objetivos, ele demonstra modificações na sua trajetória. Ele se modifica nas suas mais Intimas estruturas, de acordo com o corpo que passa a animar. Esse fluido valioso, ao interpenetrar a matéria, dá-lhe movimento. Se po­demos dizer, ele condiciona o corpo em seu profundo cinetismo, dando-lhe atividades inúmeras, nos fazendo sentir a diferença da matéria inerte, que também o deixa transitar, mas sem nenhuma afinidade molecular. Escapa-lhe a expressão de atividade própria, mas é bom que se note, essa atividade ainda não é a vida; ele recebe da fonte energética do suprimento maior, e não a dá. Convém distinguir esse aspecto, para que se possa compreender melhor os segredos da natureza, dos movimentos e dos espíritos.

Já falamos alhures que a matéria evolui. Ela, com o passar dos tempos, desperta suas qualidades, que dormem em seu seio, em busca da perfeição. Assim a força vital, assim o Espírito, nas suas mais altas qualidades, em se falando da matéria bruta. Cada cria­tura está sendo constantemente envolvida por essa vitalidade e in­terpenetrada por essa luz da divindade, e esta energia sublimada é, pois, modificada, de acordo com a elevação da alma que a recebe. Onde há razão, ela recebe e dá, com valores enriquecidos ou detur­pados, o tesouro que a misericórdia de Deus oferta, dependendo do amor rradiante do coração em pauta.

Compete ao leitor, ao estudante espiritualista, compreender seu dever ante as suas próprias necessidades e procurar todos os meios de melhorar. Na verdade, não há outro caminho melhor que o delineado por Nosso Senhor Jesus Cristo no Seu Evangelho de vida. São preceitos que nos educam e instruem, capacitando-nos a todos para entender o amor e amar; certificarmo-nos da caridade e fazê-la; sentir a necessidade do perdão e perdoar. Os elementos — ou o elemento — das matérias, em verdade, é um só, e é nesta descoberta que sentimos e compreendemos a grandeza de Deus. Ele Se divide ao infinito, de acordo com as circunstâncias que o ambiente precisar. Instiga-nos o raciocínio, pois ainda não sabemos quase na­da do que se refere à matéria, quanto mais à força vital e ao espírito! No entanto, a intuição nos segreda que devemos continuar a es­tudar nesse livro maravilhoso que é a natureza, nas suas primeiras páginas humanas, depois nas divinas, onde se encontram os princí­pios da sabedoria de Deus.

Estamos tentando falar alguma coisa da matéria e dos fluidos que lhes dão movimento, entretanto, ainda não é o Espírito que es­capa ao nosso entendimento, mesmo sendo nós espíritos? É o que ocorre com o corpo físico; os encarnados estão revestidos dele e, por incrível que pareça, desconhecem quase por completo as suas funções, que têm muito a ver com a harmonia do universo. Rogue­mos a Jesus que nos ajude a compreender essa maravilha que nos foi entregue por misericórdia, para o nosso aperfeiçoamento espiri­tual.

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O AGENTE VITAL

A vitalidade desenvolve-Se quando irradia em um corpo, impulsionando-o para o movimento. No encontro do corpo com ela, expressa-Se a vida, por isso é que dizemos sempre que a vida é mo­vimento. O espírito também é vida, não obstante, ele alcança valo­res maiores que a própria vida, que ainda poucos conhecem; o tem­po falará mais adiante sobre alguns tesouros da alma, quando em plena ascensão.

Para melhores deduções sobre a força vital em um corpo, pode-se analisar uma corrente elétrica quando aciona um motor e faz mover um maquinário. Ela, ao chegar, dá vida, porque faz mover os aparelhos antes inertes. Pode-se observar o feto no seu ambiente gerador: com poucas semanas recebe uma corrente vital que o faz mover-se, de sorte que o coração, ainda um rudimento desse órgão sagrado, começa a bater, impulsionando assim o fluxo sangüíneo, permitindo aos órgãos em formação um estado saudável, em dili­gência ativa na formação do corpo. Sem esse agente vital não pode haver vida, e ele, sem a matéria, não pode encontrar a expressão da própria existência, para a visualização dos homens.

O espírito ainda tem muitos corpos, bem desconhecidos na ciência humana. Os mais estudiosos já entendem que existem, sem contudo compreender seus objetivos, e mesmo suas organizações e trabalhos junto à alma. Cabe à Doutrina dos Espíritos a revelação dessas verdades, de acordo com a elevação dos homens, sem contudo abalar a estrutura de conhecimentos de cada um. Tudo de­ve ser gradativo, para que o mal não grasse e a consciência não se altere.

Esperamos que, com o decorrer do tempo, a própria ciência dos homens se interesse pela ciência do espírito e a estude com sinceridade. Aí vamos encontrar muitos instrumentos com capacida­de de receber os valores das revelações espirituais. Essa é a nossa alegria: de nos confundirmos com os seres humanos nas suas ne­cessidades e falar-lhes frente a frente com todo o desembaraço. A vida, assim, ficará mais fácil para os que se revestiram de carne.

A força vital pode decrescer em um corpo, e este ficar des­provido do magnetismo animal, falecendo; entretanto, uma alma bem adestrada nessa ciência poderá, com os recursos da mente, atraí-la com a mesma facilidade que respira o ar, pois essa fonte de vida está disseminada por toda a parte. Os espíritos sábios estão dispostos a ensinar-lhes, dependendo de encontrarem os homens preparados para as modificações que correspondem à afinidade com essas bênçãos de Deus. Na verdade, o amor é a chave de tudo e de toda vida, bem como de um corpo saudável; entretanto, há outros aspectos que devem ser observados, para que se tenha felicidade, e felicidade com abundância.

Tudo que existe se integra em uma corrente de vida universal, em busca do despertamento de todas as suas qualidades, e esse inter­câmbio, essa união de todas as coisas, é força do amor de Deus para a paz e a luz de todas as criaturas. Homens! Uni-vos no bem e vos sentreis melhor! Todas as portas se abrirão como que por encanto! Eis aí Deus e Cristo a vos ofertarem os caminhos para que possais compreender as leis que governam e assistem a todos. E quando todos passardes a amar, a força vital que vos estimula a vida será mais ativa e vos mostrará ângulos mais convenientes para seguir­des em direção a Deus.

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A CAUSA DA MORTE

A causa da morte de um corpo é o esgotamento orgânico. Quando se processa a velhice, os órgãos enfraquecem e a vitalidade diminui. No entanto, a morte por desastre interrompe por vezes o movimento orgânico e a interligação de uns órgãos com os outros. A força vital desapropria-se da área que comandava e tudo entra no caos, por faltar harmonia no conjunto. A verdadeira causa da morte é de difícil comprovação, dado o engenhoso esquema espiritual, tra­çado à luz do carma de cada Espírito, bem como, e certamente, do seu livre arbítrio. O poder da vontade soma como bênção de Deus e pode modificar o cronograma, assim como os homens podem e mu­dam de vez em quando as suas próprias leis.

A morte de cada corpo humano não é um determinismo. A vi­da pode se estender o quanto for necessário, desde que os agentes da espiritualidade maior acharem conveniente tal decisão. Assim, as provas, infortúnios e sofrimentos tanto podem aumentar como diminuir. O mundo espiritual, que comanda a existência dos homens na Terra, escolhe o melhor para cada um. Surgem questionamentos quanto ao fato de um homem de bem morrer jovem, sendo que o in­conveniente à sociedade permanece até a velhice. Isto porque os espíritos que dirigem a humanidade têm olhos para ver as necessida­des mais profundas de cada um. Não há injustiça em campo algum de vida, cada qual recebe somente o que merece nas linhas que percorre. Devemos procurar estudar mais as leis de Deus, que en­contraremos a Verdade, como se respira o ar e se sentem os raios do sol.

A morte é sinônimo de desagregação da forma física, sem que desapareça a vida do corpo, e muito menos a do espírito. Tudo criado por Deus tem vida imortal. O que ocorre são infinitas trans­formações, que se processam no seio daquilo que existe. E quando nos é facultada a oportunidade de falar sobre o Espírito, geralmente usamos termos conhecidos pela humanidade, porém, todos eles são pobres para explicar o valor da alma. Alhures dizemos que o espírito é vida , no entanto, a vida é atributo do espírito, como o amor, a ca­ridade etc.. Todos os valores que conhecemos são atributos dessa chama divina, que acordam em si e com a sua presença. Qual a de­finição que poderemos dar para Espírito? Onde encontraremos ter­mos adequados? A pobreza da linguagem nos enfraquece a razão; sentimos o que é o espírito sem ter condições de descrever o que realmente ele é. Por aí, pode-se deduzir o que Deus representa para nós, e as dificuldades que temos para falar sobre o Soberano Se­nhor. Pouco passamos do entendimento do índio e, se quisermos avançar, diremos, repetindo João Evangelista: Deus é amor. E com mais propriedade repetiremos Jesus, quando nos ensina: Pai nosso que estás nos Céus...

A morte que muitos temem na Terra é uma renovação, é uma mudança de dimensão da alma, para que esta compreenda melhor as leis da vida. Muitos perguntam se a inteligência é o espírito, e nós repetiremos que ela é um atributo, um dom que acordou, como muitos outros, na forja divina da consciência. E é nessa linha de en­tendimento que notamos que nada morre; tudo vive na vida de Deus. E quando começamos a despertar para Cristo, os caminhos que se abrem são infinitos, rumo à felicidade imortal, nos ensejando alegria duradoura e a paz imperturbável do coração. É, pois, o conhecimento da verdade que nos liberta das trevas para a luz, de sorte a somente conhecermos a vida e tirarmos da mente a preocupação com a morte.

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MÁQUINA DIVINA

O coração é uma máquina divina, que corresponde às exigên­cias dos dois planos da vida. Ele é um músculo cuja sensibilidade ultrapassa todas as deduções da ciência humana, porque atinge a ciência espiritual. Todos os órgãos são sensíveis ao carinho. Esse fato foi comprovado por muitas experiências; no entanto, o coração é muito mais que todos eles, acudindo ao pedido da mente com ime­diata presteza, principalmente quando se fala a ele com afeto, por­que o amor faz mudar o seu próprio ritmo.

O centro de força cardíaco é responsável pela vida desse ór­gão sublimado, onde o espírito repousa parte de suas forças, as quais são transformadas em sentimentos, que o Cristo tenta educar na Sua profunda sabedoria. A vida é engenhosa, na engenhosidade do amor de Deus que nos cerca e nós somos eternos alunos na es­cola universal do nosso Pai que está nos céus. Certamente que o coração não é o único órgão vital, pois ele faz parte de um conjunto para que a vida humana se expresse, servindo ao espírito para que este cresça diante do Senhor. No entanto, pode se dizer, em se tra­tando das coisas materiais, que o coração é a sede do amor, de sorte a se manifestar para todo o corpo. Todos os órgãos vivem em harmonia, sustentados por fios invisíveis do amor que parte desse fulcro de luz.

A ciência oficial na Terra tem muito a aprender sobre esse assunto, e os terapeutas do mundo deveriam procurar se instruir na filosofia do amor, como coadjuvante divino, para a cura de todos os enfermos. Mesmo os animais rracionais, tudo que existe, responde ao carinho com trocas indescritíveis, no regime dessa virtude incomparável.

O coração do feto começa a bater no ritmo do universo, com apenas quase três semanas de vida, pelo impulso da força vital que acorda o micro-homem para uma vida na dimensão física. É a luz que se acende nas entranhas da mãe, pelo amor de Deus, usando os recursos do chacra em movimento. Devemos, de vez em quando, conversar com o nosso coração, da maneira que Jesus ensinou quando instruía Seus discípulos, para orarem sem parecer escândalo diante dos outros. Ele sente o que falamos, mas, antes, eduquemos a voz e aprendamos a conversar com amor. Devemos entender que os nossos atos de cada dia são preces ao coração, como a todos os nossos órgãos, todo o nosso corpo, que nos atendem no momento ou depois. Jesus foi e é o educador por excelência, de quem herda­mos as maiores lições para que possamos viver em paz com nós mesmos, respeitando aos outros nossos irmãos em caminho.

A ciência chegou ao ponto de trocar órgãos. Louvamos com carinho esse esforço dos homens, todavia, o futuro nos irá ensinar que devemos trocar o modo de vida anti-natural que o homem civilizado engendrou na ilusão de longevidade. A sabedoria somente nos traz felicidade quando acompanhada da educação. O corpo humano é um complexo que só fica bem quando está em harmonia com a cria­ção universal, e o Evangelho nos ensina a retornar às coisas natu­rais, distribuindo para todos nós um conjunto de virtudes, filhas do amor, como caminhos para a felicidade e para a saúde do corpo e da alma.

Ninguém foi feito para viver doente; nada foi feito para viver desajustado; tudo está pronto para que aprendamos; a nossa felici­dade agora depende de nós, porque Deus e Cristo já fizeram a maior parte em nosso favor. A escola e o mestre andam conosco, por on­de andemos, a luz está acesa desde o princípio, esperando que abramos os olhos para iluminar a máquina divina que trabalha em nosso peito, o coração.

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0070/LE

MATÉRIA E FORÇA VITAL

Quando cessa a vida nos seres orgânicos, a matéria se decompõe, por força de determinadas leis que a sustentam e regulam.

O princípio vital na criação move os canais de circulação no corpo, deixa-o, após um tempo, retornando à sua fonte e volta a circular no universo em todas as direções, em movimentos sublimados na or­denação da vida.

Essa energia divina dá entrada no embrião humano, com duas semanas e meia, pelo ajustamento do chacra cardíaco do perispírito, ao corpo em formação. Daí é que começa o primeiro impul­so do coração, em movimento, mesmo disforme, para a circulação interna do sangue, abrangendo o cordão umbilical e a placenta. O tamanho do coração que começou a pulsar é muitas vezes maior, em proporção ao do adulto, porque é uma bomba para irrigação de três áreas.

Essa força vital é inquietante. Ela se esgota por meios diver­sos mas, se abastece por variadas formas que devemos estudar e compreender. Assim como os pulmões extraem o oxigênio do ar para purificação do sangue, aliviando a tensão do cérebro para equilíbrio do corpo, os centros de força extraem do mesmo ar, e fora dele, o hálito divino, na divina seqüência dos seus movimentos, abastecendo de força vital a forma física, para que ela continue com os seus movimentos instintivos e as suas defesas naturais, no regi­me de vida que deve levar. O homem ainda tem outra fonte dessa bênção de Deus, que são os alimentos. Eles, bem triturados, deixam escapar da sua estrutura intrínseca essa força poderosa que, restaura quase todos os desequilíbrios físicos, de órgãos por vezes em decadência. E, ainda, mais, a mente não deixa de ser um fator muito importante neste trabalho, quando ela é educada nos moldes que a ciência do espírito estabelece, reforçado no Evangelho de Jesus.

Compete a cada um de nós saber, para viver melhor. Nunca faltaram escolas de aprendizado, porém, o que falta sempre é boa vontade para aprender. O agente vital sensibiliza o corpo para que o espírito possa manejá-lo de acordo com as suas necessidades, as­sim como a eletricidade o faz com um aparelho, colocando-o em movimento sob a vigilância do homem. Para cada ser humano há uma cota de energia vital, que pode ser diminuída ou aumentada, de acordo com a capacidade de cada um. A morte do corpo é, pois, a ausência dessa força. Nunca poderemos determinar linhas nem ana­lisar meios, sem variantes. Há casos que contrariam as próprias leis por nós entendidas, dos quais destacamos as provações da alma. No processo reencarnatório, o perispírito traz marcas, como no caso das doenças, que podem se esgotar, de acordo com as provações, a força vital, para que a lei divina esteja à disposição da justiça. E o reparo dessa energia nesse caso tornar-se-á difícil, mas, também nunca impossível, em se tratando de espírito dotado de muita boa vontade na conquista de si mesmo. Este é um tema que nos fasci­na, pelo seu engenhoso descortino, de dar somente a quem merece, e os merecimentos se abrem em todas as direções do viver; sobre ele poderíamos escrever um livro sem fugir do mesmo assunto.

Na vida, nada se perde; a própria matéria tem o condão mara­vilhoso das mutações. A força vital é o beijo da luz em seu cinetis­mo permanente, e o espírito é o amor de Deus, como atributo do Seu coração para os corações de Seus filhos, mostrando-lhes os caminhos que levam à felicidade.

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0071/LE

A INTELIGÊNCIA É UM ATRIBUTO

A inteligência é um atributo do espírito. Ela existe na alma desde seus primórdios, obedecendo a uma escala descendente, para depois ascender nesta mesma ordem, desabrochando todas as suas qualidades inerentes aos poderes do espírito. A faculdade de pensar e de raciocinar dos seres humanos foi o mesmo instinto do animal que desabrochou pela força dos evos e pelas bênçãos do Criador. Esse mesmo instinto esteve antes na vida da árvore, como presença divina estabelecedora da harmonia vegetal. E, descendo mais, va­mos encontrá-la na pedra, coordenadora da sintonia atômica, na mais perfeita agregação de elementos, ramificada na inteligência di­vina. Esse atributo do espírito, no anjo, livre dos embaraços terrenos, passa a chamar-se intuição, faculdade esta conhecida pelos santos e sábios. É bom que meditemos sobre esta frase: “O homem come­ça a entrar na senda da felicidade, quando esquece o raciocínio”, por alcançar outro estágio desse atributo divino, no coração que ama, no amor dos anjos.

O espírito reencarna para despertar certas qualidades no centro da sua consciência. Preso na carne, as condições são mais favoráveis e, na mesma oportunidade, sensibiliza a matéria, que também tem sua ascensão marcada no progresso de todas as coi­sas criadas por Deus. Não devemos ignorar as leis estabelecidas pelo Soberano Arquiteto do Universo, nem julgá-lo, quando não ocorre no nosso raciocínio o porquê das coisas. Ele nada fez nem faz errado. O Universo está em plena harmonia, desde a matéria primitiva, muito distante da ciência perceber, até os ninhos cósmicos, em viagens vertiginosas no espaço infinito da criação. O espírito encarnado está muito longe de conhecer os dons que possui. Todos os aparelhos descobertos pelos homens, de grande utilidade na Terra, são pálidas imagens dos tesouros espirituais, que dormem dentro destes mes­mos homens. É por isso que sempre falamos que o corpo é um uni­verso em miniatura e o espírito, um pequeno deus em ascensão, com todas as qualidades de perfeição em estado latente, como faculdades da alma.

A inteligência não é o espírito, é um dos seus atributos em expansão, sujeito a variadas metamorfoses, porém sempre ascen­dendo. E é nesse ascender e crescer que a Doutrina dos Espíritos aparece nos nossos caminhos, nos propondo meios e facultando métodos mais racionais, no condicionamento da verdade, visando à nossa libertação. Certamente que a inteligência só pode manifestar-se por meio dos órgãos materiais, mas, para os que estão na maté­ria; é lógico, de espírito para espírito, que a inteligência é patrimônio espiritual, manifestada por recursos que a alma alcançou.

O espírito encarnado somente pode demonstrar a sua inteli­gência pelos Órgãos materiais, sensibilizados pela força vital, qual a eletricidade sensibiliza o aparelho de rádio e televisão, para se ouvir a transmissão e ver as imagens. A vida é, pois, muito linda. Podemos chegar ao êxtase quando aprendemos a senti-la, porque Deus está em nós, esperando que acordemos para vê-lo, sensibilizando todos os nossos dons para ouvi-lo e entendê-lO, como Amor e Luz que nos dá a vida.

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0072/LE

A INTELIGÊNCIA DO HOMEM

Quando falamos da inteligência do homem, estamos nos re­ferindo, certamente, ao ser pensante. A nossa inteligência, de certa forma, está ligada à Inteligência Suprema, na qualidade de sua filha do coração, sem contudo ser uma fração dessa, mas, criação da grande potência universal. Ainda escapam para nós outros os pro­cessos naturais da formação da mônada espiritual. Os detalhes pertencem à excogitação do tempo, pelos canais do espaço. A ver­dade é disseminada para todos e para cada um, na própria dimensão em que vive. Não há violência para nenhum reino de vida.

O Criador dispõe de Sua sabedoria soberana, de forma a nos conduzir para os nossos irmãos menores, no sentido de que eles possam aprender conosco e, ao mesmo tempo, nos leva para os instrutores maiores, de modo a aprendermos com eles. As expe­riências são cambiáveis por lei de compensação e por lei de amor, e nessa escola divina nasce a fraternidade entre as criaturas. A fonte da nossa inteligência é Deus, mas não como sendo uma parte da inteligência divina, mostrando assim que não há enfraquecimento do Supremo Comando ao nos criar. A criação é uma ciência, ou, se po­demos dizer, uma receita que não foi ensinada aos co-criadores. A inteligência da alma é mais ou menos livre, na extensão dos seus inumeráveis caminhos, para usar, dentro do seu âmbito de liberdade, a sua própria liberdade de pensar e de agir no mecanismo da vida. A nossa mente, de encarnados e desencarnados, absorve coisas no ambiente em que vive. Ela pode assimilar, registrando idéias alheias; ela está sujeita ao condicionamento do que vê e ouve. No entanto, tudo isso tem um limite que as leis de Deus não esquecem, e agem pelos engenhosos processos da consciência de, com o tempo, sele­cionar o que ouve e o que vê: é a presença de Deus em nós, pelos meios que muitos desconhecem, mas que constitui uma verdade. O futuro irá nos mostrar coisas incríveis e inimagináveis em relação aos nossos dons.

Sempre falamos na evolução dos espíritos; empregamos alhures esse termo; no entanto, na verdade existe um desperta­mento de nossas qualidades, por já sermos perfeitos dentro da per­feição do Absoluto. Estamos acordando e vamos continuar a acordar gradativamente. Em comparação com os anjos somos mortos, ou, se quisermos dizer, estamos dormindo.

A inteligência, onde gera a razão nos proporciona a individualidade. Podemos pensar e fazer o que nos convém, sendo que a lei nos faz responder pelos nossos atos, O plantio está na nossa liberdade, porém a colheita é obrigatória, para nos ensinar a sermos bons semeadores. Não absorves a inteligência, da maneira que absorves o oxigênio na atmosfera em que vives, e nós, o hálito divino na con­dição de desencarnados. Não. Quando surgimos das mãos santifi­cantes de Deus, trazemos dentro de nós, como herança divina, to­das as qualidades da perfeição, que acordam de passo a passo, que desabrocham de primavera a primavera, sob o comando do próprio Criador, por intermédio, no nosso caso na Terra, de Jesus Cristo.

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0073/LE

O INSTINTO EM MARCHA

Já falamos algumas vezes que o instinto é uma inteligência rudimentar sem a conquista do raciocínio, é um atributo do espírito em marcha para a perfeição. No animal ele é, pois, o primeiro clarão da alma, esforçando-se para chegar às condições do humano. A mão divina atende a toda a criação, de acordo com a sua elevação espiritual. O animal, na sua condição instintiva, nos mostra com clareza, o quanto já viajou, desde os primeiros movimentos da mônada, procurando se expressar em um corpo. Como é infinita a as­censão, ele não pára de buscar e nesta busca encontra as inúmeras possibilidades do despertamento das suas qualidades, onde Deus deu o toque de vida.

Dificilmente poderemos constatar onde termina o instinto e começa a razão. Esses dois valores se confundem e se aprimoram no decorrer da vida, em busca de Deus. A transmutação é vagarosa, entretanto, nunca se estaciona. Ela avança em todas as direções, procurando sempre o melhor, por ser o seu objetivo a perfeição. O animal, além de encontrar programado nos rudimentos da sua cons­ciência o que deve fazer, recebe, paralelamente, essa bênção, coadjuvante para as suas necessidades, que é o instinto, dando or­dens e formando atitudes, sem que entrem nesse movimento os pensamentos, por não haver capacidade de formação das idéias. Se o animal não pensa, escapam das cogitações todas as probabilida­des de raciocinar.

A razão se desperta no homem, numa gradação quase imper­ceptível. O homem primitivo é quase igual ao animal, mas, com pos­sibilidades de, a qualquer momento, começar a surgir em si idéias, de maneira a melhorar as suas próprias condições de vida. Partiu desse primeiro passo o que aconteceu à humanidade: chegar ao ponto a que chegou, da razão altamente desenvolvida, de maneira que em muitos já começam a surgir os rudimentos da intuição, re­sultado do raciocínio aperfeiçoado. Daí, partem outras qualidades que até então fazem parte do desconhecido. Aquele a quem se chama de santo, gênio ou místico já se entrega à intuição divina, e é por isso que ele acerta mais que o homem comum. A razão é limita­da para determinadas coisas.. Ele não alcança o que podem alcançar os valores do espírito, na elevação que liberta de todos os interesses materiais, vivendo em completo equilíbrio entre as leis que governam matéria e espírito. É de se notar que Deus está presente em toda a parte. Ele criou leis, de maneira que elas possam vigiar onde vi­bram, em um esquema computável sem erro, na mais perfeita har­monia de vida.

Todos os reinos demonstram harmonia nas ações que corres­pondem às suas necessidades e às qualidades do espírito, que são inúmeras; despertadas, são as mesmas que existem nos outros reinos, só que estão em forma de rudimentos, esperando o tempo e a vontade do Criador para crescer e prosperar.

O modo que podemos entender até agora é este: todos so­mos filhos de Deus com as mesmas possibilidades e os mesmos direitos, por herança divina, porém, para os homens, se movendo em plena razão, a vida mostra que devem se esforçar para conquistar, por serem filhos adultos que já sabem o que fazer. Não nos esque­çamos de Jesus porque, para nós, Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida. Passando por Ele, encontraremos com mais segurança, Deus. E com Jesus, o instinto se transforma com mais fulgor, em dons mais aprimorados.

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0074/LE

INTELIGÊNCIA E INSTINTO

Não se pode determinar onde termina o instinto e começa a inteligência, contudo, um e outra têm funções diferentes no âmbito da vida, e dá para perceber no homem evoluído, a imposição de um e a ascendência da outra. O instinto é a mesma inteligência em es­tado primitivo e a inteligência é o instinto aprimorado, porém, a divisão de um para com o outro é bastante sutil para que se possa constatar com os nossos sentidos.

O instinto é uma espécie de condicionamento divino, na divina estrutura do espírito; é pois, uma espécie de programação da Divin­dade, na formação da alma. Podemos analisar os animais: a cada espécie é determinado desenvolver um tipo de vida, e todas as gerações fazem o mesmo, por lhes faltar a razão, sendo ela o fator primordial no aprimoramento de métodos de todas as criaturas hu­manas. É bom se notar que o homem de ontem não teria as mes­mas condições de vida dos homens de hoje. Tudo melhorou, de mo­do que o bem-estar cresceu, por ser fruto da inteligência. E, como já dissemos, também a inteligência irá ceder lugar à intuição, que tem aparências de instinto, mas vibra em faixa muito diferente: o primeiro é terreno e a segunda é divina. Em tudo no mundo há ordem para crescer e iluminar.

O instinto, no espírito encarnado, não atrofia da maneira que muitos pensam, para que a inteligência o domine com toda a exu­berância. Ele não desaparece. Notamos sua ação orientadora no mundo inteiro, como sendo uma mente instintiva, a orientar todos os órgãos, senão todo o mundo celular e, como inteligência, notamos sua ação benfeitora no campo externo, desenvolvendo as condições exteriores para a sua própria felicidade. Quando os sentimentos se iluminam, ajudam o raciocínio a beneficiar a coletividade, pela força do amor. A inteligência é prova evidente da maturidade da alma, e éneste momento que Deus acha conveniente que o espírito fique mais livre e caminhe com os próprios pés, que entre na fase de conquistar a sua paz e, notadamente, responder pelo que faz com as suas faculdades. O instinto é cego no tocante a escolhas por si mesmo; éuma programação, se assim podemos dizer. Já a inteligência tem a capacidade de selecionar e saber o melhor. Ela faz parte mais diretamente da consciência e tira dela informações sobre as leis natu­rais da vida e das vidas sucessivas.

Tudo isso é motivo de muitas pesquisas ainda, para que a luz se faça. Não podemos deixar de escutar assuntos como esses, tão fascinantes, nos levando a crer que grande parte da nossa felicidade se encontra ao nosso alcance, depois, da dependência de Deus. A Doutrina dos Espíritos veio abrir um campo grandioso de estudos so­bre a vida espiritual, e a mediunidade em todas as dimensões de vida nos pode fornecer muitas informações valiosas acerca da vida, da alma e de todos os seus sensíveis corpos, para que possamos nos expressar e avançar para o Senhor.

O instinto impõe o caminho que a alma deve percorrer, a inte­ligência analisa, observa, e convida o espírito para experimentar com parcimônia, e a intuição tem plena consciência dos caminhos a per­correr.

Que Deus nos abençoe, para que possamos entender melhor a vida que vivemos.

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0075/LE

NASCENDO A RAZÃO, O INSTINTO SE ATROFIA?

O alicerce de uma obra aparentemente desaparece quando o prédio está pronto; no entanto, passa a existir com muito mais se­gurança do que antes, pela sua solidez no seio da terra. O instinto não atrofia ao surgir a razão. Ele perde o comando mais visível, como existe no animal, entretanto, ajuda a inteligência nas suas difíceis soluções, no silêncio da própria vida, inerente ao seu estado.

O nada se perde atinge igualmente os dons da alma. Os ta­lentos se intercruzam em uma fraternidade perfeita, uns ajudando os outros, e todos formando um conjunto, de sorte a trazer ao mundo da consciência a harmonia divina. Compete a cada Espírito compre­ender a ordem e trabalhar para que ela se estabeleça, com todas as suas diretrizes de amor no centro da consciência e esta redistribuir as bênçãos de felicidade a todo o mundo interno.

O instinto é a base da conscientização de todo o saber; é co­mo que um livro invisível, porém real, onde estão escritas todas as leis reguladas pelo tempo. A razão é esse mesmo instinto na feição de maturidade; é o alicerce da inteligência, que se apoia neste princípio divino, ordenado e estabelecido por Deus, como sol da vida.

Podemos comparar o instinto aos pés dos homens e a inteli­gência ao exército da razão. Apesar dos meios de transportes sofis­ticados da época, eles sempre precisam dos pés para tudo o que fazem. Mesmo que se lembrem pouco deles, eles são a base da lo­comoção dos encarnados. A Doutrina dos Espíritos, no seu conjunto doutrinário, nos oferece muitos meios e métodos agradáveis, para exercitarmos todos os nossos dons, de maneira a que eles possam crescer ampliando seus valores. Uma escada, mesmo usada por muitas criaturas, deve conservar os primeiros degraus, sem os quais não poderá ser usada, além de que são eles que garantem a segu­rança dos outros. O instinto, o raciocínio e a intuição constituem uma escada evolutiva, são estágios variados do mesmo dom da vida que, juntos, garantem a estabilidade e nos proporcionam meios mais sóli­dos para vivermos em paz. Nada se acaba na vida; tudo se funde e refunde em busca da perfeição.

O homem não pode desprezar o instinto porque possui a inte­ligência, nem o super-homem pode abandonar a inteligência, por ter conquistado a intuição. Todos os valores são úteis na engrena­gem evolutiva de todos os seres. Entrementes, deve-se saber usá-los na hora certa, como no momento exato servir-se do raciocínio. O conhecimento é a base do equilíbrio e a compreensão, o estímulo de todas as forças do bem que, somadas, esplendem-se no amor. O instinto nunca se transvia, por ser programação da Divindade, no centro das vidas menores, e a razão obedece ao livre arbítrio da criatura, que necessita de experiências para que sua disciplina se alie ao bom senso.

De fato, o instinto é uma inteligência rudimentar mas, que guarda no seu seio celeiros imortais que, desenvolvidos, ultrapas­sam as belezas da própria inteligência e mesmo da intuição, pelo fato de que o despertamento da alma é infinito, na extensão gran­diosa do crescimento sem limites, do espírito.

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0076/LE

DEFINIR O ESPÍRITO

A definição do espírito propriamente dito, a sua gênese nos profundos segredos de sua constituição elaborada por Deus, ser-nos-á difícil, por nos faltarem palavras para tais definições. Se obe­decemos às leis que regulam o crescimento espiritual, achamos bem melhor pensar no respeito que devemos a todas as criaturas, que devem aprender gradativamente, de acordo com as necessida­des de ascensão. A violência em todas as ordens, e principalmente no saber, é contrária ao progresso de todas as coisas, mormente para os seres inteligentes.

A ciência, mesmo com os seus limites, pode nos falar de muita coisa referente a nossa marcha para a conquista da liberta­ção, entretanto, se não estivermos preparados na escola do amor, o que faremos com esses conhecimentos? Para que conhecer, se não aprendemos a discernir, se não aprendemos a aplicar com entendi­mento, se nos falta o amor aos nossos semelhantes? Não devemos fugir do saber, porém, saber como convém saber. Definir o espírito em todas as suas particularidades, por enquanto, nos traria certa confusão, por sermos ainda crianças, com necessidades para as primeiras letras sobre a vida. Definir a vida é bastante difícil para quem ainda permanece na morte. Acordemos primeiro, para depois sabermos alguma coisa sobre os que vivem.

Os encarnados, por enquanto, como grande parte dos desen­carnados, desconhecem o corpo físico, suas inúmeras funções, seu engenhoso movimento que busca sempre integrar-se na harmonia universal. O corpo de carne e músculos, fibras e ossos, é o mais perfeito aparelho. É, pois, a maior maravilha entre todas as outras existentes no mundo, exposta à vista humana, para ser ainda co­nhecida. Como desejar conhecer os outros corpos usados pelos es­píritos e, ainda mais, conhecer o próprio espírito? Devemos começar pela Terra, para sentir e perceber o Céu. Se queremos ser obedien­tes à harmonia, sejamos disciplinados, seguindo as linhas traçadas pela gradatividade, como as letras que aqui usamos para que os nossos pensamentos sejam entendidos. Deus não tem segredos para com os Seus filhos, mas pede preparo para que possamos su­portar as revelações espirituais.

As forças do espírito são ilimitadas, todavia, desabrocham gradativamente na alma, que sabe usar seus tesouros; do contrário, estabeleceria uma confusão no seio da sociedade. Alguns acham que muitos não deveriam saber o que sabem, e estão enganados: a cada um foi e é dado o que realmente merece. A definição do espí­rito, que muitos desejam, não está sendo negada por Deus: ela está sendo dada, pelos meios que correspondem às necessidades das almas, através de vários livros e em inúmeras mensagens escritas por intermédio da mediunidade no Brasil e em todo o mundo.

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0077/LE

ORIGEM DO ESPÍRITO

De onde originou-se o espírito? Ele é parte do Criador, ou ge­rou-se espontaneamente? São freqüentes essas perguntas em to­das as classes, em quase todas as religiões. Não nos cabe respon­der da maneira que muitos querem saber; a especulação é muito profunda para a faixa a que pertencemos na escala evolutiva em que, por enquanto, estagiamos. Nós outros precisamos conquistar mais para saber mais. Na verdade, a origem do espírito se perde nas noites de bilhões de anos, de maneira a escapar às deduções e às especulações humanas.

Temos a dizer que ele é criação de Deus, e não parte do Todo Poderoso. A alma é máquina divina feita pelas mãos de luz do In­concebível, de sorte que somente Ele entende e conhece a Sua obra. Pouco ainda conhecemos sobre as Suas leis e nos perdemos nos primeiros ensaios dos conhecimentos do corpo físico. Como querer conhecer o espírito, de onde ele veio e para onde ele vai? Basta, por enquanto, estudarmos e começarmos a praticar as regras ensinadas por Jesus, que neste clima perceberemos os pri­meiros elos que nos prendem ao Criador, e o objetivo da própria vida.

Muito se tem escrito sobre a vida da chama divina que tem o direito de revestir-se de carne, no entanto, pouco se aproveita em tudo que já se falou. Esse assunto é qual o garimpo de pedras pre­ciosas: remove-se muito cascalho para se encontrar fração de va­lores, quando se os encontra! Porém, o bom senso nos fala que de­vemos procurar o elo perdido, porque é na procura com dignidade e respeito, que certamente vamos encontrando os vestígios da ori­gem da Luz, que nos promete a felicidade. Sejamos fortes e traba­lhadores, intensifiquemos esforços na aquisição de valores morais e lutemos dentro de nós mesmos a fim de nos vencermos e nos con­quistarmos, para que nasça o sol da liberdade no mundo dos sentimentos. E nesse espetáculo de vida, abramos os braços para Deus, para que Ele nos ajude a sentir o Cristo em nós, com a sagrada mis­são de nos libertar.

No século atual pode-se observar as grandes invenções dos homens. Pois bem, são suas filhas, e não o próprio homem. E Deus, sendo a Inteligência Suprema, claro que Sua criação é mais perfeita do que a dos homens. Ele não vedou os conhecimentos aos Seus filhos, porém estatuiu leis para regularem a sabedoria, de acordo com a própria evolução, e isto o fez para o bem e a paz das criatu­ras. Dotou-nos de todas as qualidades, de modo que esses tesouros desabrochassem no tempo certo e no momento exato, sem nos perturbarem, antes, nos favorecendo em todos os rumos frente à eternidade.

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0078/LE

OS ESPÍRITOS TIVERAM PRINCÍPIO?

Se foram criados, certamente que tiveram início. O início e como foram criados permanece como mistério de Deus, entretanto, a luz virá quando o Senhor achar conveniente. Devemos nos preparar como o aluno que domina todos os cursos, nas bênçãos do tempo, para receber o diploma. A aflição a nada nos leva. O nosso procedimento é crer em Deus sobre todas as coisas, e confiar na ajuda do próximo, juntando com o nosso esforço, no sentido de que a luz se faça em nosso entendimento. Que queremos mais, se estamos já recebendo muito? Basta olharmos para trás, que notaremos o quanto aprendemos da bondade de Deus.

Todos já conhecem que o universo é montado na mais profunda harmonia, sem nenhuma fração de desequilíbrio, e se todos os nossos corpos, como nós mesmos, somos micro-universos, é de ordem natural que procuremos viver em harmonia com o macrocosmo. Esse é o caminho que deveremos conquistar. E se por fora de nós chamamos essa ordem de harmonia, dentro de nós ela passa a se chamar amor, carregando consigo o ambiente do próprio Criador.

Tudo que existe é criação de Deus, dos vírus aos homens e destes aos anjos, da matéria interatômica aos mundos, e desses aos ninhos galáticos. Estamos todos e tudo ligados por fios invisíveis do amor de Deus que, por vezes, não percebemos; no entanto, nem tudo é espírito, nem tudo é matéria. As divisões são enormes na seqüência evolutiva de todas as coisas. Devemos passar a compreender cada coisa em seu lugar com os direitos e deveres de uns para com os outros. O nosso amor deve atingir a tudo que existe, em todas as freqüências de vida, que por ele recebemos o que doamos, com acréscimo da misericórdia do Senhor.

Os espíritos tiveram, sim, um princípio, sob o comando daquele que gera a vida e que alimenta tudo que existe no estirão da eternidade. A questionamentos entre pessoas, uns afirmando que existem os mistérios, outros negando. Todavia, mistérios sempre existiram e vão existir por toda a eternidade, em relação a nós, as criaturas, porque nunca seremos iguais ao Criador. A nossa evolução ou despertamento é eterna, mas Deus está fora da eternidade que conhecemos e compreendemos. As suas leis não tem ação sobre Ele.

Devagar vamos descobrindo que as leis foram criadas porque nós ainda somos inferiores. No mundo existem prisões por causa dos desobedientes, existem escolas para ensinar a quem não sabe, existem hospitais por causa dos doentes. Quando houver o equilíbrio de todas as coisas e de todos os seres, tudo mudará. Deus nunca erra! Para que leis para ele? Esta é, pois, uma lógica que não merece discussão. É bom afirmar que vivemos para sempre.

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0079/LE

A DIVINA UNIDADE

Deus é a Unidade Suprema. A sua vida é um mistério escondido nas dobras da eternidade, de modo que os espíritos, seus filhos, passam a compreender algumas das suas nuances, pelo processo de despertamento dos dons recebidos da grande fonte, desde a sua formação. Buscando a profundidade das coisas, vibrando no seio da divindade, Ela, em Deus, é una quando sai de seu campo de força, se podemos empregar este termo; a partir daí, se divide pelas condições do próprio ambiente, compreendendo que, no fundo, é a mesma essência, porém, tomando expressões variadas, com objetivos inúmeros, obediente ao comando da Suprema Inteligência. Quem pode dizer ou afirmar a quantidade de divisões da essência unificada no Criador? Ninguém sabe, pois as expressões desse fluído são incontáveis. Nele pulsa a vida na Terra e em todos os mundos, no espaço chamado vazio e em todas as dimensões espirituais, em um cinetismo indescritível.

Essa matéria primitiva, ou energia cósmica, como a queiramos chamar, desprendida da lúcida mente do Senhor, é o agente que atende a todos os reclamos da vida, que faz perceber toda a casa universal, como se estivesse presente em toda a parte. O homem na Terra pode deduzir essas transmutações, pelo que é feito e observado nos próprios laboratórios através das mudanças dos elementos, sendo a forja divina o próprio tempo; a lavoura e a pecuária nos dão uma idéia, e mesmo a vida humana nos fornece campo para essas deduções.

Existe uma escala periódica dos elementos que compõe as coisas, os elementos atômicos. Diminuídos ou acrescentados, muda-se a estrutura da matéria e, as vezes, a sua forma. Somente a matéria primitiva, certamente quem a criou, são imutáveis e escapam todas as pesquisas humanas e mesmo espirituais em nosso reino, ou por assim dizer, na faixa de vida em que vivemos.

Todos os estudiosos buscam com interesse a genealogia do espírito, de onde ele veio e para onde vai, na ância de saber o seu próprio destino. Até certo ponto não tiramos a razão deles, no entanto, é imperioso que reconheçamos que essa marcha é vagarosa. É uma subida lenta, a do saber, e deve obedecer, por lei, à evolução de cada criatura.

Certamente que o espírito nasceu da mesma fonte de onde saíram todas as coisas, porque tudo que sai de Deus é divino, com qualidades sublimadas a serem despertadas, e o tempo é o processo desse crescer. Se notarmos os feitos dos grandes homens, o seu amor por todas as coisas sem distinção, dá para entendermos que somos todos irmãos, pela unidade universal de toda a criação. Cada um e cada coisa vive em dimensão diferente, entretanto, carregam no centro da vida o próprio Criador, de maneira a ouvi-lo e senti-lo na sua vontade poderosa e santa. Tanto elemento material, como afirma O Livro dos Espíritos, como elemento inteligente do universo saíram do hálito divino e estão em processo de despertamento, pois tudo e todos somos filhos da Unidade Divina.

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0080/LE

CRIAÇÃO DOS ESPÍRITOS

As pesquisas que são feitas sobre o espírito são pálidas ima­gens em relação à realidade. A sua formação foge aos nossos sen­tidos, mesmo os mais apurados. Os espíritos foram criados, é o que podemos dizer aos estudiosos. Deus é o Criador de tudo que existe, no entanto, a técnica empregada por Ele na formação das almas continua a ser mistério para nós outros. Por enquanto, a nossa evo­lução não comporta tamanha grandeza. Os véus de Ísis vão sendo retirados da nossa frente, na gradação que convém ao Todo Podero­so. Continuemos o nosso interesse de saber, sem aflição, como o aluno inteligente que espera a sábia solução do tempo. Toda assi­milação é demorada. A verdade de Deus não pode ser mudada pelos homens e, sim, obedecida. O mundo universal foi tocado pela harmonia divina e ela nos deixa sentir a necessidade da mesma harmo­nia dentro de nós. E a harmonia é amor. Por esse fato, é que não pode existir vida sem amor.

Os espíritos foram criados e continuam a ser criados pela mente suprema, capacidade esta que foge às nossas análises, porque a criação não tem capacidade de compreender o Criador, e sim, entender mais ou menos seus objetivos, como saber que a inteligên­cia divina é perfeita. Se Deus criasse ou tivesse criado tudo nos princípios da eternidade, estaria inerte, contrariando as Suas próprias leis. Ele opera constantemente, nos diz Jesus. Tudo que se expressa e muda de forma, é pela Sua magnânima ação. O senhor nunca parou de trabalhar, nem sequer um minuto, na contagem hu­mana, e a Sua glória consiste nisso: o labor divino é vida, na profu­são do Seu amor.

Para sentir um ponto de entendimento acerca do que estamos falando, basta observar o corpo humano, forma grandiosa, no de­grau de despertamento do espírito. A sua vida é movimento. Nada nele pára. Observemos os protozoários e os próprios mundos: tudo se move, tudo cresce para o seu criador, em busca da unidade. Não é necessário ir muito longe para compreender a dinâmica do Criador; basta analisar os próprios pensamentos e verificar que eles são ati­vos, na atividade da vida.

Estamos na escala dos espíritos que começam a receber as primeiras lições sobre a vida. Ainda desconhecemos muita coisa so­bre o corpo humano, que é, pode-se dizer, o primeiro degrau da es­cada evolutiva, O aprendizado é infinito em todos os reinos, cabendo a nós outros agradecer a Deus por essas oportunidades e aprovei­tá-las em todas as suas seqüências, sentindo e vivendo essa har­monia de Deus, tocando a canção de vida desde o átomo até os grandes acúmulos dos mundos. Sejamos fortes no trabalho do bem e hábeis no serviço da caridade, que os nossos sentidos se abrirão para melhor compreendermos a vida e participarmos da divina cria­ção, como co-criadores, onde quer que estejamos.

Deus jamais deixou de criar coisas e espíritos, e a receita ain­da permanece no mistério que o tempo encobre, esperando certa­mente a maturidade dos Seus filhos. Porém, enquanto se espera, façamos o que está ao nosso alcance, porque intuição para o traba­lho não nos falta. Jesus é o grande inspirador dos nossos passos e

o Evangelho, o código que poderemos e devemos consultar todos os dias. Ele traça para nós todas as diretrizes que nos convêm, por amor. O nosso desejo é reflexo da vontade do Pai, de criar também.

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0081/LE

FORMAÇÃO ESPONTÂNEA

Acreditar que os espíritos se formam espontaneamente é desconhecer as leis do Criador, a Sua ação benfeitora em todo o universo. Por não dispormos de outro termo mais adequado, cabe-nos dizer que Deus nos criou pela Sua potente força de vontade. Écomo se encontra na gênese: Faça-se a luz, e a luz se fez. Em relação ã alma, podemos dizer que o Senhor disse: “Faça-se o espí­rito, e o espírito se fez, não deixando de ser um simbolismo divino, na divina estrutura da criação. O tempo na contagem humana, que se gastou para que o espírito se expressasse como alma inteligente, está perdido no próprio tempo. A formação da alma, de certo modo, não deixa de ser espontânea, mas sob a ação permanente do grande Arquiteto do Universo.

Nada se opera no esquema de Deus sem o trabalho perma­nente dEle mesmo e dos Seus filhos maiores, disseminados em toda a criação universal. Quem pretende entender que a criação es­pontânea prescinde da Grande Inteligência, é bom que compreenda que não existe criação espontânea desta forma. A Suprema Inteli­gência do Universo não deseja esconder os Seus segredos da hu­manidade encarnada e desencarnada, porém, a revelação deve ser gradativa, para evitar perturbações naqueles que não suportam uma verdade mais acentuada. Devemos intentar andar de passo a passo e, quando o progresso nos chamar, busquemos acelerar nossa mar­cha, por já suportarmos o entendimento.

Estamos todos interligados ao Criador, por processos que desconhecemos, mas que são reais. Bebemos a vida nEle, e se nos alimentarmos em Seu amor magnânimo e santo, na verdadeira acepção da palavra, não existirá formação espontânea em nada. Em tudo encontramos as marcas das mãos da Divindade, que deixa o selo da perfeição. Tudo que Ele fez está perfeito; a ignorância é que nos faz ver erro onde não existe. Estamos todos em processo de despertamento espiritual, e aí é que encontramos a desarmonia, sem que ela exista realmente. Se Deus nos criou à Sua Semelhança, no que devemos crer, estamos de posse de muitas qualidades, que apare­cerão com o tempo, que fará desabrochar os nossos talentos pelas bênçãos do próprio Criador. Somos Seus filhos, e já que moramos no mesmo lar, somos herdeiros diretos do Seu amor. Compete a nós outros sabermos usar esses dons espirituais, como sementes que devemos semear, de sorte que devemos saciar a fome com os seus frutos.

Analisemos os nossos pensamentos e a seleção que temos o direito de fazer. Parece que eles surgem espontaneamente, no que tange ao que sentimos, no entanto, eles têm um princípio na nossa mente ou em mentes exteriores. Não se formam espontaneamente, e eis que se trata de pensamentos. No que se refere ao espírito, a coisa é muito mais séria. Seria sua formação espontânea? Certa­mente que não; é uma programação divina, a Sua mais perfeita cria­ção. Nada existe imperfeito, saído das Suas mãos de luz. O entendimento da formação das coisas e dos espíritos nos leva ao maior respeito por tudo que nos serve e que nos ajuda a ascender para o infinito. Agora, devemos pedir a Jesus para nos ajudar a compreender com mais acerto certas leis que nos assistem e nos comandam.

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00821LE

OS ESPÍRITOS SÃO IMATERIAIS?

Os espíritos, como criaturas divinas, são realidades, por te­rem sido criados; são almas nas quais despertam valores capazes de fazê-las sentir os atributos de Deus.

Os espíritos são imateriais, pelo compacto da matéria que se conhece, no entanto, na profundidade do termo, eles passam a ser constituídos de matéria que escapa aos sentidos humanos, como no dizer de “O Livro dos Espíritos”: matéria quintessenciada. Dentro de sua pureza, esquece o estado primitivo, onde se pode ver e pegar, onde se manifesta em formas.

O espírito não tem forma definida. Se podemos comparar, mesmo que seja com pálidas imagens, vamos dizer que ele é qual a água ou o vento, que toma a forma da vasilha ou do ambiente em que é colocado. No caso do espírito superior, ele pode tornar a for­ma que desejar e o seu comando é a mente. Quanto às particulari­dades, ainda é cedo para que possamos conversar e entender. Por isso é que podemos chamar o espírito de ser incorpóreo, por não ter ele precisamente um corpo, como se entende as formas. A linguagem humana é fraca para se conversar sobre os assuntos do espí­rito, mas, toda tentativa é válida, por se entender alguma coisa acerca de assuntos de relevância como este. Que Deus nos aben­çoe em todos os nossos esforços, que marcam um aprendizado de luz!

Recorremos sempre a imagens para melhor sermos entendi­dos, mesmo que sejam as mais simples. Vejamos a massa de trigo para o preparo do pão, no processo de fermentação! Assim é a ma­téria quintessenciada nas mãos do Criador. Antes, era um todo, de­pois, o próprio tempo a separou em individualidades que Deus achou conveniente, qual a massa que se transmuta em pães: individualizada, porém, carregando a mesma essência de vida e da vida maior. A massa fermentada destacada em pedaços vai ao forno quente, no sentido de tomar uma feição de alimento saudável. Assim é o espí­rito individualizado: vai ao calor das bênçãos do Pai Celestial para que a razão se expanda no tempo e no espaço, garantindo a sua personalidade, que caminha para novas conquistas, conscientizando-­se de tudo e sentindo a necessidade de libertação, conquistando a si mesmo e assistindo no palco da consciência ao desabrochar dos valores inerentes a sua própria vida.

O espírito é uma luz diferenciada que acode as suas próprias necessidades, como ajuda aos seus irmãos de caminho, naquilo que o Senhor determinar. É uma chama divina consciente, mas, à qual ainda falta conhecer muitas coisas, no que se refere à sua própria existência. Pelo menos no estágio em que nos encontramos, há muitos mistérios a desvendar, no que tange ao espírito.

Os espíritos são imateriais pelo estado de matéria que se co­nhece, no entanto, tudo que existe nasceu da mesma fonte divina, e desse nascimento até ao espírito, ocorreram diversas transmuta­ções de todas as ordens, para que a luz maior irradiasse no centro da vida, e a harmonia se fizesse no seio da luz, obedecendo à vonta­de do Criador, como sendo um sol inteligente, filho de um sol maior.

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0083/LE

OS ESPÍRITOS TÊM FIM?

Inicialmente, reafirmamos que o espírito encarnado sofre grandes limitações no que concerne à capacidade de maior entendi­mento, principalmente sobre a vida espiritual. Também nós sofre­mos, como espírito fora da carne, incapacidade de responder a de­terminadas perguntas, feitas pelos homens. Nem tudo nos é dado a saber. O conhecimento sempre acompanha o crescimento espiritual e é uma lei de equilíbrio em favor das próprias criaturas.

A pergunta, se os Espíritos têm fim, certamente foi feita ins­pirada na razão, por saber que ele teve princípio, no entanto, deve­mos dizer que as leis no plano maior da vida nem sempre têm rela­ção com as que existem na Terra e que são conhecidas pelos ho­mens. O que é impossível para os homens não o é para Deus, como igualmente o que se conhece por princípio se perde na grande equação da Divindade. O que se entende como sendo fim sofre di­ferenciação no seio dAquele que tudo gerou. Já falamos alhures que a linguagem humana é deficiente para conversar sobre as coisas transcendentais. Podemos assinalar por ela algumas coisas, o que já constitui uma misericórdia para todos nós.

O espírito que respondeu a Allan Kardec sobre o assunto, li­mitou-se a dizer ao codificador: “Dizemos que a existência dos espí­ritos não tem fim”. E acrescentou mais adiante: “É tudo o que po­demos, por agora, dizer”. É certo que, em geral, os homens têm an­siedade pela vida. Se ela terminasse no túmulo, e com isso o espí­rito tivesse fim, seria fator de desestímulo para todos os homens da terra e dos outros planetas habitados para os quais a evolução e o progresso não existiriam. Porém, a bondade de Deus é tamanha que Ele nos fez à Sua semelhança, palavra divina que ilumina, con­sola e se transforma em felicidade para todas as criaturas. Se so­mos semelhantes ao Criador, somos eternos, e o tempo para nós, como espíritos, servir-nos-á para a renovação interior: quanto mais velhos, mais novos...

Muitos espiritualistas reclamam da nossa conversa que, di­zem, se parece com parábolas de difícil entendimento. Desejam coisas mais claras, mais objetivas. Se estivesse ao nosso alcance, falaríamos com todo prazer, porém, para sermos bem entendidos, épreferível falarmos pouco por faltar na linguagem humana, recursos e mesmo preparo por parte dos homens para ouvir determinados assuntos, que se simples para alguns, em outros poderão suscitar dúbias interpretações. Estamos na escola divina, todos juntos, àprocura dos mesmos ideais. Para o nosso consolo e alegria, cumpre refletir que fomos criados por Deus, a Suprema Inteligência, a Su­prema Perfeição, que não iria fazer algo imperfeito. A harmonia vibra em tudo que Suas mãos tocaram.

No mundo espiritual, estudamos e pesquisamos os mistérios de Deus, que são muitos. Descem ao nosso plano grandes almas, para nos ensinar algo mais sobre o amor, a ciência e a própria filoso­fia, e devemos dizer que há assuntos para os quais nos falta ainda o entendimento. Usamos a oração para compreender, na gradação das leis, o que é nos dado a conhecer. Do que compreendemos, al­gumas coisas passamos para os homens, pelas faculdades mediúnicas dos mesmos. Devemos repetir, para o bem-estar geral, que somos eternos na eternidade de Deus, mesmo com todas as trans­formações sofridas.

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0084/LE

O MUNDO DOS ESPÍRITOS

A razão nos diz que, se existem espíritos, haverá de existir o mundo onde eles habitam, que chamamos de o mundo dos espíritos. E é de senso comum entre os espiritualistas, que as dimen­sões de vida são inúmeras em todos os quadrantes do universo, caminhando com a Terra em torno do sol, e com este no espaço in­finito. Existem muitas faixas onde se organizam e se movimentam Espíritos com a mesma afinidade de vida. São levantados países, ci­dades e colônias sem conta, postos de socorro e variações de as­sistência por todos os lados, para o bem-estar de todas as almas que estagiam neste abençoado campo de vida. A Terra é uma cópia dessas construções, que podemos chamar fluídicas.

O mundo dos espíritos é mais real que o físico. A vida dos es­píritos é semelhante à dos homens, porque estes, antes de reencar­narem, aprendem naquele plano o que devem fazer na Terra. Graças à Doutrina dos Espíritos, eles estão mais conscientes desta grande verdade. A missão das religiões de todo mundo deveria ser a de colocar a criatura mais próxima do mundo espiritual, possibilitando aos dois planos trabalharem juntos para a conquista do amor e da sabedoria.

A ciência dos homens está avançando para o espírito, por ve­zes sem o perceber. A qualquer hora, a bondade de Deus irá propor­cionar o ambiente para o encontro, de sorte a alicerçar a fé, esten­dendo essa confiança pelas linhas da fraternidade. Hoje, já se sabe que a força mais poderosa se encontra oculta, e o estudo da perso­nalidade humana está trazendo aos homens de ciência uma realida­de mais profunda. Vive-se a era dos computadores em formas variá­veis, mas que obedecem à programação da inteligência humana. Com toda a perfeição que possam ter, eles não raciocinam, pois lhes falta a inteligência, um dos atributos do espírito.

Muitos cérebros humanos têm sido dissecados e alguns se­tores da ciência, ao não encontrá-la, ainda perguntam: onde está a inteligência? A própria ciência está muda a essa pergunta. Os espí­ritos, pela mediunidade dos próprios homens, vêm dizer, responden­do à pergunta que inquieta a humanidade, que a inteligência é um atributo do espírito. Ela não foi gerada no corpo físico; é dom do es­pírito imortal. E é essa mesma inteligência que haverá de descobrir de onde ela veio e para onde vai, como muitos outros segredos da própria natureza, na gradação que é conveniente ao estado espiritual em que a criatura se encontra.

Agora já se sabe muito mais que antes, com o advento do es­piritismo e outras filosofias que vêm surgindo, por misericórdia de Deus, para o esclarecimento dos homens. Não importa que neguem a existência de Deus e- a Sua magnânima bondade. Ele, sendo Pai, espera o crescimento do filho e o coloca na escola da vida, no mesmo caminho por que passaram os outros mais velhos. Somos todos iguais diante do Senhor.

Os conhecimentos sobre os fatos espirituais que existem na Terra são enormes. Basta buscarmos com humildade, que se acu­mularão celeiros de conhecimentos, por amor de Deus, para o des­pertar dos homens, de sorte que eles possam reconhecer a fonte de onde promanaram e para onde devem ir, para a glória da vida e para a felicidade que o Senhor nos prometeu no Seu seio de amor. Na verdade, assim como existe um mundo material, existe também o mundo espiritual, onde a vida será mais vida, quando amarmos da maneira que Jesus nos ensinou.

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O MUNDO PRINCIPAL

Dos dois mundos a que nos referimos, o principal é, pois, o espiritual, que preexiste e sobrevive a tudo. Ele é constituído de matéria rarefeita, capaz de resistir aos impactos da própria natureza. Há pessoas que não entendem a moradia dos espíritos, por estarem encarnadas, e o contacto com a matéria os faz esquecer o plano que existe na dimensão do espírito.

Os luminares que ditaram O Livro dos Espíritos, disseram que os espíritos povoam o espaço infinito, dando início a uma nova era de conhecimento sobre o mundo espiritual. No entanto, sendo o espiritismo uma filosofia religiosa e científica, elástica, adotando o progresso como necessidade para a paz de todas as criaturas, a sua revelação é contínua. Os espíritos superiores sopram onde quer que seja, trazendo novos ensinamentos e desvendando novos segredos sobre aquilo que existe no mundo espiritual. É bom que se observe, quantas notícias já chegaram à Terra depois da codificação da Dou­trina dos Espíritos, em uma seqüência grandiosa, e esses ditados estão sendo supervisionados pelos luminares encarrregados de falar com os homens, pelos processos da mediunidade, fenômenos que, embora sejam de todos os tempos, evidenciam-se cada vez mais.

Existem, portanto, no plano espiritual, cidades, colônias, edifícios e casas de todos os tipos, de conformidade com as necessida­des espirituais, destacando os motivos educacionais de todos os seres. E ainda existem outras coisas, que somente o tempo poderá revelar, obedecendo as necessidades dos Espíritos que se reunem, por sintonia, nesses lugares abençoados. Tudo que se faz nesses sítios de luz é por ordem da Divina Sabedoria, e usa-se a mesma matéria, de forma diferente da que se aplica na Terra, por ser ela rarefeita e obediente aos pensamentos, capazes de movimentá-la com toda a maestria, dando-lhe tonalidades que se desejar e cons­truindo as moradias que se lhe convierem. Existem igualmente jar­dins, lavouras etc.. Também existem regiões no astral onde se con­gregam os animais fora da forma física, que também são utilizados como se usa na Terra, para que eles sintam a presença do espírito, e destes absorvam algo que lhes sirva para o próprio despertamen­to. No entanto, nem todos são usados nos trabalhos; depende do estágio de cada um e de cada espécie.

Não se tenha dúvidas de que estamos mais próximos dos homens do que eles pensam. Trabalhamos e vivemos no seio da humanidade, contudo, temos a nossa moradia, onde a vida mani­festa mais vida e onde o amor se expressa com maior discerni­mento, desde quando despertemos para Cristo.

Existem planos astrais inferiores, com as mesmas caracte­rísticas da Terra e muitos deles bem mais inferiores, Também ali se reünem espíritos com seus iguais. Se queremos boas companhias, tornemo-nos bons; se buscamos luz, façamos claridades dentro de nós, se desejamos amor, esforcemo-nos para amar. Eis aí a chave da vida: a nossa felicidade depende de nós, porque Deus já fez a Sua parte a nosso favor. O mundo espiritual é a nossa moradia eterna; a física é transitória, como sendo estágio que buscamos para o nosso despertar.

Deus separou um mundo do outro, para o nosso bem, mas, nos dotou de dons capazes de atingir um e outro plano, no sentido de conhecermos, e a vida nos tornar cheia de esperança. Ninguém pode negar em sã consciência que existe outro mundo extra-físico. Hoje, até os chamados materialistas já confirmam a existência da anti-matéria, que não deixa de ser o prenúncio do anti-mundo, o mundo espiritual. Basta descobrir que o mundo material é pálida có­pia deste mundo da verdade, que todos deverão conhecer, ou reco­nhecer, sentindo assim a presença de Deus em toda parte e a força de Jesus Cristo no coração.

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OS DOIS MUNDOS

Falamos dois mundos, um material e outro espiritual, mas na verdade, existem inúmeras esferas de vida no plano do espírito, de acordo com a evolução dos mesmos e, por vezes, umas interpe­netrando as outras. No mundo físico, existem igualmente muitos estágios de vida, sem que uns fiquem invisíveis aos outros, como ocorre no plano do espírito. Porém, no plano espiritual, os superiores podem observar os inferiores, mas estes não têm capacidade de vê-los, a não ser quando os luminares acham conveniente.

Não pode existir violência em campo algum de vida. A lei nos pede respeito aos direitos dos outros, principalmente pelo que eles expressam na escala da evolução espiritual. Há alguns espiritualis­tas que perguntam: Por que existe o plano físico? O espírito não po­deria evoluir sem investir-se da matéria? Isso não nos compete res­ponder, mas podemos analisar desta maneira: sendo Deus a Inteli­gência Suprema, a Perfeição sem mescla, não iria fazer o mundo fí­sico sem necessidade. Logo que foi feito, necessitamos dele. Esta éa lógica. Qual a necessidade que temos e a posição que adotamos, para julgar o Criador? Precisamos do estágio na matéria bruta, como porta para o despertamento gradativo das nossas qualidades, e um mundo de certa forma está interligado com o outro, às vezes de manera que se desconhece, mas um é motivo de trabalho e expe­riências para o outro, na pauta das escalas espíritas.

O mundo físico, ou seja, a Terra, está sendo sempre visitada por grandes personalidades espirituais em trabalhos que escapam aos sentidos humanos, em intenso movimento de amor. E a presen­ça deles incentivar-nos-á para a benevolência, no empuxo da grande fraternidade cósmica, onde fazem parte as entidades redimidas, on­de existe a pureza do amor.

Não se deve pensar que, por estar na Terra, o espírito se en­contra órf ão da bondade de Deus. O Senhor está presente muito mais do que se imagina ou mesmo pensam os santos. Deus e Seus agentes estão presentes nas águas que se bebe, no ar que se res­pira, nos alimentos que garantem a vida física. Ele está nas trevas e na luz, na alegria e na dor, na paz e nas tribulações. Ele, o Senhor, éa vida que pulsa em toda a parte. Para que Ele fique mais visível ain­da, basta que busquemos encontrá-lo, e os meios acertados são aqueles ensinados por Jesus Cristo. Não se deve perder tempo em pensar e dizer: “por que Deus fez isso ou aquilo”? O que Deus fez está certo e Ele ainda estabeleceu leis de modo a serem cumpridas. Não existe outro caminho para se encontrar a felicidade.

O mundo físico, na profundidade que devemos crer, é o mes­mo mundo dos espíritos, onde a matéria tomou outra dimensão, a dimensão divina. E a matéria não deixa de ser energia sublimada que se coagulou por bênção desse mesmo Deus. No fim, reconhecemos que tudo veio da Suprema Inteligência e como filhos do Seu coração, somos todos irmãos, interligados uns aos outros pela luz benfeitora do amor dessa mesma Divindade.

Lembrando o assunto desta mensagem, o mundo material poderia deixar de existir sem que o mundo espiritual se perturbasse, se, repetimos, Deus o quisesse. No entanto, se Ele fez os dois pla­nos de vida onde habitamos, agradeçamos ao Senhor por tamanha dádiva, e procuremos compreendê-lO até onde suportamos.

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HÁ DIVISÕES NO ESPAÇO PARA OS ESPÍRITOS?

Há inúmeras divisões no espaço para os espíritos, nas quais a vida que levam é de acordo com os seus estados espirituais. Em to­do lugar onde estagiamos há um traço da nossa própria elevação espiritual, a nos mostrar o que somos; no entanto, a misericórdia di­vina interfere em tudo, nos dando sempre um pouco a mais como bênção do Criador.

No espaço infinito há mesmo divisões que se interpõem aos espíritos que ali se radicaram por necessidade, sem condições de vi­sitarem outras comunidades, porém essas, como que prisão, são transitórias; o tempo lhes dará meios, juntamente com o esforço próprio, de se libertarem, tendo o espaço como a sua própria casa, sendo cidadãos universais. Para os Espíritos puros não existem bar­reiras e eles visitam todos os reinos como se fossem o seu próprio ninho familiar. Mas, para tanto, haveremos de vencer a nós mes­mos, iluminando a nossa consciência, aparando as nossas arestas e convertendo os nossos impulsos de ódio, ciúme, orgulho e egoísmo em amor, Àquele que Se transmuta em sol e faz livre os sentimentos, para que a caridade tenha trânsito desimpedido, com todas as suas nuances.

É de se notar que na Terra há igualmente muitas divisões, onde o inferior não tem acesso ao superior, no entanto, este pode tran­sitar em todos os outros. Devemos buscar a superioridade, que deve ser patrimônio comum de todas as criaturas, conquista de todos os seres, pelo esforço individual. Os espíritos povoam verdadeiramente o espaço infinito, reunindo-se por vezes, em sociedade, como convi­vem com os homens de maneira que muitos desconhecem. Eles estão ligados à Terra por compromissos assumidos de ajudar os encarnados nas suas necessidades, e trabalham incessantemente, dando-lhes intuição das coisas corretas da vida; entretanto, se fecharem os ouvidos à transmissão de idéias nobres, abrir-se-á campo propício para a manifestação das trevas, que também têm como moradia a Terra, por ela ser o lar mais afeito às suas aspirações.

Chegou o momento das mudanças. Nosso Senhor Jesus Cristo bate às nossas portas espirituais, nos pedindo para mudar, ajustando os nossos conhecimentos para maior entendimento das leis espirituais, de sorte a nos libertar da ignorância; e para isso Ele nos deixou como herança divina o Evangelho, contendo preceitos que nos marcam os caminhos, por onde encontraremos a vida, en­contrando a verdade.

A convivência com a Doutrina Espírita, em estudo permanente das suas consecutivas revelações, fornecerá os meios e dará mes­mo facilidades de se reconhecer quem são os espíritos mais ou me­nos livres e, pela viagem astral, poder-se-á constatar com mais visibilidade outros reinos onde habitam espíritos. O tempo, sobre a di­reção da Divindade, conferirá essa oportunidade. A vida é como uma flor: vai desabrochando na seqüência do próprio tempo.

Os espíritos moram por toda parte e servem de agentes de Deus no engrandecimento de tudo. Podemos observar legiões de entidades no ar, nas águas, nas florestas, no reino animal e nas so­ciedades humanas, em trabalhos permanentes em nome dAquele que tudo criou por amor. Esperamos que o entendimento neste as­sunto não se faça esperar, e que o esforço de cada um, para me­lhorar, seja a esperança de todos para o encontro da felicidade, por­que tudo está pronto, esperando de nós o momento da decisão.

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FORMA DOS ESPÍRITOS

Muitos intentam saber se os espíritos têm forma. Preocu­pam-se com certos detalhes que escapam às suas possibilidades de analisar de sentir. Eles não têm formas da maneira que de um modo geral se concebe, por viverem em uma faixa diferente da vida física. Se tomarem alguma forma para se fazerem reconhecidos, po­dem mudar imediatamente, na hora qe lhes for conveniente. Sua mente é, pois, uma força poderosa que a tudo transforma, com as bênçãos da sabedoria e do amor, conquistadas através dos evos. To­davia, para Deus, o espírito tem um esquema, tem uma forma idea­da por Ele, imutávelna sua constituição divina.

A vida, principalmente do homem, é um eterno perguntar. E quem pergunta é porque desconhece as leis de Deus vigorando no universo grandioso. Nas regiões superiores não se pergunta; há outro. processo de aprendizado, por não existir ignorância, e quando se ou­ve a fala é a do Mestre, dentro da Sua espontaneidade, de maneira que os que ouvem assimilam o que corresponde as suas necessidades. Há algumas diferenças no que tange aos planos de vida. Certamente que os que vivem em regiões inferiores têm necessida­des que são dispensadas nos planos elevados. Porém, todos cami­nham para a libertação espiritual. Há regiões no espaço em que habi­tam espíritos de formas grotescas, que tomam aparências de ver­dadeiros animais e vivem como tais. Os sentimentos lembram as formas, e eles passam a viver naquele reino por vezes com as ne­cessidades que convêm àquela classe.

A vida nos dá o que pedimos pela vivência, na região em que estagiamos. E os homens na carne não escapam a essa lei. O espí­rito animalizado na carne não consegue transformá-la, no entanto, tem as aparências do reino em que vive e pensa. E a luz que nos cir­cunda nos fala quem somos com clareza, pois é do dito evangélico que ninguém engana a Deus. As leis do Senhor agem onde quer que seja, com a plenitude da sua força, nos dando de acordo com o que somos e nos fazendo ser o que conquistamos.

A reencarnação é uma bênção para os espíritos inferiores, que eles próprios desconhecem. A carne é uma esponja absorvente das mazelas, quando isso acontece. A carne é um esconderijo, senão um conforto, para os prisioneiros da consciência. É justo que abençoemos o mundo físico, mormente quando passamos a conhecê-lo na profundidade dos seus objetivos, O corpo humano, para o Espírito, é a bondade de Deus visível aos que não têm olhos para ver o que não se pode ver com os olhos da carne.

Os espíritos não têm forma, sob o ponto de vista da forma como pensas. No entanto, é uma chama divina, é uma luz, que o Senhor dotou de todas as qualidades a serem desabrochadas, de modo a enriquecer a vida, lembrando o seu Criador.

Não devemos parar de pesquisar as belezas espirituais, po­rém, devemos fazer isso pelos processos ensinados pelo Evange­lho, estimulando todas as virtudes no centro do coração, para que essa luz seja um sol a fim de confortar-lhe a consciência.

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VELOCIDADE DO ESPÍRITO

Certamente que o espírito gasta algum tempo para percorrer distâncias, no entanto, essa velocidade tem variações infinitas, de acordo com a evolução da alma. Existem determinados espíritos tão materializados, que os seus meios de locomoção são os mesmos dos homens e, por vezes bem piores, bem como há entidades alta­mente evoluídas, que viajam grandes distâncias com a velocidade do pensamento. Não podemos determinar uma velocidade igual para to­dos os espíritos, pois que cada um se encontra em uma faixa evolutiva, considerando que a volitação depende de determinados proces­sos interiores, que cada alma sabe usar para seu proveito próprio e, certamente, em favor dos que carecem dos seus trabalhos espiri­tuais.

Encontramos espíritos angélicos que escondem sua própria iluminação, para ajudar aos que se encontram nas sombras, sendo que seus poderes internos são os mesmos e podem, pelas forças adquiridas, conduzir muitas entidades, transportando-as das regiões inferiores para as casas de reajustamento espiritual. Em determina­dos casos, usam meios de locomoção primitiva, desde que achem conveniente tal meio. Igualmente existem aparelhos eletro-magnéti­cos, no mundo dos espíritos, que também são usados para esses trabalhos, sendo muito usados em assistência aos que sofrem e em transportes usuais.

Se o espírito evoluído rasga os espaços e tem a velocidade do pensamento, podemos raciocinar como Deus está em toda parte permanentemente e como Jesus está presente onde alguém se reúne em nome dEle, em qualquer lugar da Terra.

O espírito é uma chama divina, consciente, e o pensamento é seu atributo, cuja força pode levá-lo aonde quer que seja, desde que tenha condições para tais viagens. O universo é uma casa grande, mas nem todos os espíritos podem andar nos departamentos desta casa de Deus. Existem muitos limites, de acordo com a posição da alma na escala a que pertence. Há muitos Espíritos que, ao desen­carnarem, não saem das casas onde viveram como encarnados; outros, ficam ligados aos despojos nos cemitérios, e outros, ainda, fi­cam perambulando pelas ruas e lugares que se afinizaram com os seus sentimentos. O ódio em demasia faz pesar o corpo espiritual; assim a inveja, o ciüme, a maledicência, o orgulho e o egoísmo, de modo que a volitação fica difícil para essas entidades, e os seus corpos ficam chumbados ao solo terreno.

O pensamento é uma propriedade elástica do espírito e seus poderes ultrapassam as pálidas deduções dos homens. Dependendo de quem pensa, podem os pensamentos, emitidos em determinados lugares, trazerem de volta à mente as imagens e as impressões do ambiente que se deseja e deste modo ficar sabendo o que se passa. A força mental do espírito superior é como um verdadeiro milagre, sob o comando da sua vontade, O poder da mente do espírito puro é sem limites, porém, mesmo dotado de todas essas conquistas, respeita, dentro da ordem do universo, os seus irmãos menores, que estão passando por certos aprendizados, sob o controle da dor. Todavia, há casos em que eles intervêm com a misericórdia de Deus, em nome da mesma lei de justiça, ajudando aos que sofrem, quando a condição do sofredor pede esse amparo, para que possa servir melhor, aproveitando oportunidade difícil de ser granjeada. Os recur­sos são diversos e Deus é Amor!

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CONSCIÊNCIA EM VIAGEM

O melhor sinônimo que se encontra para espírito é luz. Esta chama de vida pode percorrer distâncias vertiginosas, sem perceber por onde passa, no entanto, se se dispõe a analisar os pormenores dos caminhos, tem capacidade para isso, desde que a sua evolução o permita. Tudo é possível, quando o espírito tem as condições de pureza espiritual, e é neste sentido que Jesus desceu à Terra, em nome de Deus, deixando o Evangelho como herança e esquema divi­no, para que pudéssemos conquistar as qualidades de ouro, que são os dons imperecíveis da alma.

O espírito puro, quando deseja fazer viagens longas no seio do universo, entra em preparo espiritual. Desfaz-se dos invólucros mais grosseiros, aliando-se ao éter cósmico, onde poderá deslizar com uma velocidade que, em se comparando à luz, esta não passa de tartaruga. A mente humana não tem condições de analisar tal velo­cidade. Mas ele nunca faz tais viagens por distração: sempre a serviço do bem comum de todas as criaturas, ou em alto aprendizado espiritual. Se deseja observar as belezas universais, pode fazê-lo; senão, a sua mente poderosa o levará ao lugar idealizado, como se estivesse meditando, sem perceber a grande viagem.

Os espíritos em viagens interplanetárias sempre as fazem em grupos afins, O mesmo se dá com os homens em viagens na Terra:

gostam de fazê-las em companhia de colegas com eles afini­zados. Não obstante, se na Terra há inúmeras dificuldades para grandes viagens, estas também existem no mundo espiritual, e com maiores problemas: não pode faltar harmonia no que tange à mente de cada ser. A desarmonia mental pode levá-los a ambientes dese­quilibrados, desviando-os das rotas desejadas. Em muitos casos, os benfeitores espirituais costumam levar os seus tutelados em certas viagens, quando estes atendem todas as normas dos seus guias es­pirituais. Isso sempre acontece, favorecendo ao aprendizado dos discípulos. Na verdade, são experiências deslumbrantes, sendo que todo esforço por parte do candidato para merecê-las ainda é muito pouco em relação às belezas do universo, que encantam e instruem, a nos mostrar o Criador palpitando em tudo que tocamos e presen­ciamos.

Quantas civilizações existem em uma só galáxia? Muitas e muitas, com diferenciações enormes, a nos mostrar como Deus gosta das variedades: há mundos e mundos com cambiantes diver­sos e policromia exuberante. A forma humana não é uma só, como a que existe na Terra; também é variável. A beleza é o porte eleva­do dos mundos superiores, sendo a simplicidade a tônica nas casas planetárias de escala superior.

A Terra ainda está classificada entre os mundos inferiores, pelos sentimentos inferiores dos homens. O homem, em geral, ébelicoso. As guerras são quistos encravados no planeta em que mora, no entanto, são reflexos dos pensamentos da própria humani­dade. O Cristo, podemos dizer, foi um sol que despontou nas som­bras do mundo, para libertar os homens de todas as calamidades, mas eles ainda não entenderam o Seu verdadeiro amor para com seus destinos. Ele deixou os recursos para banirmos o monstro das incompreensões e fazermos desaparecer o ódio de todos os povos: o Evangelho, como facho de luz. E os homens ainda não entenderam o objetivo desse legado santo, com a força da santidade de Deus. Aquele que viver os preceitos do Senhor, poderá viajar em todas as direções do universo sem, contudo, sair do corpo, gozando a felici­dade do seu íntimo.

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O ESPÍRITO ANTE A MATÉRIA

Quando falamos de espírito, procuramos mostrar seus atri­butos valiosos, para que se possa sentir a diferença da matéria pro­priamente dita, em relação à chama divina dotada de consciência. Questionados se a matéria opõe obstáculos ao espírito, os Espíritos responderam com clareza: não. Certamente que o espírito é livre, que matéria nenhuma opõe obstáculos a ele, no entanto, é bom que compreendamos que estamos tratando do espírito superior que, pela sua elevação, domina todos os obstáculos físicos.

No que tange aos espíritos inferiores, a matéria pode ser obstáculo incalculável para eles, por se encontrarem materializados e, certamente, sem condições de atravessá-la, como os espíritos puros, ou mais ou menos evoluídos. O espírito mais grosseiro se re­veste de um perispírito compatível com o seu estado evolutivo, e ao passar pelo fogo pode-se queimar, e em certos casos, ao entrar nas águas, dificilmente se sentir bem. As próprias paredes lhes servem de obstáculos. A chave da sua liberdade está na mente, ligada à emotividade: enquanto desconhecer esse poder grandioso, sofrerá muitas conseqüências, oriundas da ignorância.

Estamos no século do mentalismo e é por este motivo que quase todas as nossas mensagens lembram a educação da mente. No mundo espiritual, em todas as casas de adestramento das al­mas, se estuda o poder da mente, e como aplicar esses valores diante da vida. Os Espíritos superiores têm a consciência impertur­bável e é esse o caminho que deveremos trilhar: estudar e praticar todos os meios lícitos, para nos libertarmos dos obstáculos que nós mesmos criamos por desconhecermos a verdade. O Cristo é o ponto alto da nossa educação. Se nos apegarmos a Ele, o tempo será aproveitado e passaremos a compreender o modo pelo qual deve­mos aplicar os nossos dons espirituais, em favor da nossa paz e da paz dos nossos semelhantes.

Para o espírito primitivo, quase tudo serve de obstáculos, por vezes até o próprio ar, as tempestades, e mesmo o sol e a chuva. Todavia, o espírito superior aprendeu a dominar certos obstáculos e continua estudando em busca da sua definitiva libertação, tornando-se cidadão universal. Alguns dos nossos relatos por intermédio da mediunidade, podem parecer contos ilusórios, para quem se encon­tra na carne, sem domínio nenhum sobre a matéria, mas, racioci­nando com uma razão mais apurada, se notará o campo em que atuamos, chegando à conclusão de que certamente podemos fazer o que fazemos. É o que temos falado em nossos escritos, sobre o domínio que temos sobre a matéria que envolve os encarnados na Terra.

A obsessão é um caso típico do que falamos. São espíritos li­gados um ao outro, sem o poder de se livrarem. É a lei de atração em plena concordância; é matéria prendendo espírito e espírito ligado à matéria. Quando passarem a conhecer a verdade, eles se liberta­rão um do outro, pelos processos ensinados por Jesus. A matéria é, pois, o primeiro degrau para a ascensão do espírito, mas, não se de­ve apegar a ela, porque tanto ela solta como prende alma, nas condições que desejar. A matéria não opõe obstáculo ao espírito, porém, é necessário que este alcance, ou comece a alcançar, a sua libertação, pelo conhecimento da verdade.

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UBIQÜIDADE

Falamos que o espírito é uma luz, por não encontrarmos ter­mos mais adequados que possam retratar com fidelidade seu porte espiritual. Pode-se dizer que a luz é seu atributo, pois sai do seu ser e irradia qual o sol o faz. Pode ser estudada e analisada em labora­tórios, se estes estiverem capacitados para tal empenho. O futuro vai mostrar que essa luz é uma energia divina, na dimensão que, por enquanto, escapa à análise humana.

O espírito não se divide; quando, por vezes, aparece em vários lugares diferentes; o que chamam de ubiqüidade, é seu poder de ir­radiação que pode tanto transmitir anúncios — como no caso de mensagens para os sensitivos — como suas próprias imagens, apre­sentando-se em muitos lugares ao mesmo tempo. Pelas coisas materiais pode-se analisar as espirituais, mesmo que as compara­ções sejam pálidas. É o caso da televisão: pode-se projetar a ima­gem de um homem ou um fato em todas as direções, sendo vistos em vários lugares no mesmo instante. E o poder do Espírito? É bem maior que o dos aparelhos feitos pelos homens. Certamente que po­de acontecer com maior evidência, O Cristo pode aparecer nos lu­gares que desejar na Terra no mesmo instante, a todas as pessoas que achar conveniente, pelo poder da Sua mente, e transmitir men­sagens diferentes para cada pessoa ou agrupamentos. Ele é o diri­gente máximo de toda a Terra, conhecedor da ciência divina e pode usá-la quando Lhe aprouver.

Há alguns espiritualistas que compreendem esse fenõmeno como divisão do Espírito. Estão enganados; o espírito é indivisível, contudo, tem o poder de irradiação em todos os sentidos, sendo que cada um arregimenta forças diferentes, de acordo com a sua eleva­ção espiritual.

O centro consciencial da alma ainda está para ser estudado. O professor que se chama Tempo pede que esperemos no espaço, a maturidade. Enquanto usarmos o raciocínio, a compreensão desta verdade escapará ao nosso entendimento. Esperemos que outros dons possam surgir para nossa maior capacidade moral e intelec­tual, e que o espírito atinja maior dimensão de entender sem pesqui­sar, de sentir por maturidade e de conservar a pureza mental com maturidade.

Os poderes do espírito superior ultrapassam todas as somas de valores reduzidos, alcançados pelos homens. O homem encarna­do vive encarcerado e, mesmo sendo espírito evoluído, se encontra tolhido na manifestação dos seus próprios valores, como encontra dificuldades de analisar e registrar os fatos, mesmo com os seus dons, ao contrário do espírito na sua liberdade, sem o fardo de car­ne, que pode fazê-lo de forma total. São dois estágios bastante di­ferentes um do outro, e para que não haja um choque maior no desenlace, ao se passar de uma dimensão para outra, a Doutrina dos Espíritos vem preparando, ensinando as primeiras letras do alfabeto espiritual, para que se possa sentir mais segurança e maior fé, no momento em que se deverá passar pela porta estreita e ver a Luz com maior beleza, ver surgir as promessas da ressurreição, que é encontrar a si mesmo, sob a luz da Verdade.

Ainda temos muito que aprender acerca dos poderes espiri­tuais, mas é bom que comecemos onde nos encontramos, porque Deus está presente em toda parte, e para encontrá-lo basta querer, entrando assim em condições de aprender com Ele. E os melhores processos são os ensinados por Jesus Cristo, Nosso Senhor.

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0093/LE

PERISPÍRITO

Assim como damos formas aos nossos pensamentos e, de certo modo, vida às nossas idéias, nós somos o produto dos pen­samentos de Deus e recebemos vida pelo Seu poder magistral, pela arte que tem de criar. Somos filhos de Deus, como somos pais dos nossos pensamentos. Tudo que criamos povoa a nossa mente, a nos entregar os resultados das nossas intenções. Desde quando fomos criados pelo Senhor, começamos a viajar, do alfa ao ômega e do ômega ao alfa, porém, necessitamos de instrumentos para essa grande viagem, assim como na Terra precisa-se de roupas para vestir e de carros e outros instrumentos para viajar. Essa é a lei universal.

O espírito reveste-se de uma roupagem a que chamamos de perispírito, sem que esta seja definitiva. Ela é apurada, conforme a evolução do espírito, ou suprimida, de acordo com o mundo em que ele habita. Existem ainda variedades de corpos usados pelos espíri­tos de que muitas escolas espiritualistas igualmente dão notícias, pelas suas pesquisas. Compreendemos o caso de uma complexida­de muito grande, mas fascinante, de modo a nos atrair a atenção para estudos mais sérios, dada a engenhosidade de sua formação.

Podes observar o fruto de uma árvore, o mais simples que seja: o seu líquido, a essência ou, se assim podemos o chamar, o néctar, sempre se encontra protegido por vários corpos, para que possa cumprir o seu dever de nutrir homens e animais, insetos e aves.

Verifiquemos o mel das abelhas, alimento salutar, fortificante incomparável para os homens, como vem sendo ele guardado pelas operárias de um apiário: é revestido por muitos processos, que os próprios homens não aprenderam ainda, por serem todos naturais, sem nenhuma perda da substância alimentícia e medicamentos, O espírito propriamente dito não foge a essa lei: se reveste de muitos corpos e destitui-se dos mesmos quando deles não precisa mais. Enquanto cresce, vai-se desvencilhando das roupagens, que são sempre grosseiras, e tornando-se livre, na liberdade de Deus, Nosso Pai e Criador.

O perispírito, para nós na Terra, é de grande valor: ele nos li­vra e nos protege de certos enervamentos ou contrações, que o es­pírito poderia sofrer sem a sua proteção, ante o ambiente negativo e carregado de magnetismo inferior, O espírito reveste-se de corpos de acordo com o ambiente em que estagia, ou em que vai trabalhar, qual o vaqueiro que usa a roupa de couro, além da sua costumeira, para correr dentro do mato, como usa o cavalo que o protege e o ajuda no seu mandato. Eis aí o porquê da necessidade dos corpos usados pelos espíritos na sua jornada terrena.

O perispírito, para o espírito, ainda é uma veste grosseira, no entanto, para os homens, além de ser invisível é, uma substância delicada, com um poder ideoplástico extraordinário, obediente à vontade da alma que o usa como veste temporária. Ele se unifica em torno do Espírito por uma lei de atração criada pela chama divina que o sustenta e dirige, até quando lhe aprouver. Tem muitas fun­ções, uma das quais é ser intermediário entre o corpo de carne e a alma. Por meio dele, o mundo físico é vitalizado, mantendo a coesão molecular, como a própria vida instintiva dos órgãos. Ainda existem outros pormenores que, com o passar dos tempos serão descober­tos. Só temos a dizer que o perispírito é uma grande maravilha para os espíritos ainda em condições materiais.

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O ENVOLTÓRIO DO ESPÍRITO

O hálito divino sai de Deus na sua unidade perfeita, contudo, ao situar-se no universo como fluido cósmico, toma características diferentes, em mutações diversas, de acordo com o ambiente onde vai prestar serviço, pela vontade do Senhor. Em cada mundo, o magnetismo que envolve os espíritos é diferente um do outro, consi­derando a evolução dos povos que o habita. Os fluidos são corres­pondentes à escala evolutiva dessa mesma humanidade. Eles se mudam um pouco, até de país para país, na própria Terra. Verdadei­ramente, podemos afirmar que se muda o campo fluídico de pessoa para pessoa. E é sobre essas mudanças que queremos conversar, no que tange ao envoltório do espírito.

Há muitos espíritos que vêm à Terra em trabalhos assisten­ciais, entidades de muita elevação, que, ao chegarem no nosso mundo, mudam de roupagem fluídica, para suportarem o ambiente que acolheram para trabalhar, como acontece com quem sai de um lugar muito quente para uma região fria; necessariamente começa a usar as roupas do ambiente em que vai permanecer. O perispírito é, pois, uma roupa do espírito, trocável, igual às roupas humanas, di­ferenciando-se das vestes terrenas pela sua estrutura, na capacida­de de assimilar e de obedecer à vontade do espírito. Em comparação às da Terra, tem uma natureza divina.

O perispírito é o condutor dos centros de força, capaz de obe­decer fielmente à engrenagem da alma que ainda está escondida nos segredos da vida, e que faz uma ligação perfeita com as glân­dulas endócrinas do corpo físico, e dessa harmonia é que teremos e desfrutaremos dos princípios da felicidade.

O magnetismo que reveste um planeta habitado evolui com a evolução dos espíritos ali estagiados. Tudo se depura pela força do progresso, obediente ao tempo e às bênçãos de Deus. Em um mun­do inferior onde existem espíritos primitivos, certamente os fluidos que o cercam são de natureza pesada, compatível com os seus ha­bitantes.

Qualquer espírito de natureza superior que tiver de reencarnar neste mundo, haverá de trocar as suas vestes de luz por outras mais densas, evitando, assim, o impacto mais forte da luz com as trevas, sem a necessidade de sofrimentos, que podem ser evitados. Certamente que uma alma evoluída, ao trocar suas vestes de luz por outra mais grosseira, renuncia, porque passa a sofrer uma agressão do próprio ambiente que aceitou como moradia. No entanto, a sua capacidade de amor ultrapassa todas as investidas do que chamamos de trevas.

O mesmo não ocorre com os espíritos primitivos, que não su­portariam viver em mundos altamente evoluídos: perderiam a razão e de nada serviriam suas estadas nesses mundos. Seriam inúteis todos os esforços para as reencarnações destes espíritos em mun­dos superiores.

Podemos, com isso, imaginar o quanto sofreu Jesus no am­biente da Terra. A cruz é um traço sem importância na Sua vida na Terra, em se falando de sofrimento, O que mais Lhe causava inquietação era, certamente, o ambiente negativo, o magnetismo ex­sudado do planeta Terra, chegando, em momentos de oração, a Sua vibração atingir o ápice do que se pode atingir na Terra: e Ele, aí, transpirou sangue, pela violência do ambiente.

Como se sentiria um homem civilizado, se fosse preciso vestir uma roupa de couro cru por toda a vida e ainda precisasse exempli­ficar a vivência do bem e do amor a todas as criaturas? Vejamos is­so, para que possamos sentir a posição de Jesus, quando veio à Terra nos ensinar!

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O PERISPÍRITO TEM FORMA?

O perispírito não tem forma, no entanto, ele é obediente àdeterminação do espírito, e conserva aquela que o espírito lhe dá, inspirado na forma esquematizada pelos instrutores da humanida­de, que se reflete no corpo físico. Assim como o perispírito toma as dimensões engendradas pelo espírito, o corpo físico obedece às re­gras do perispírito na sua formação congênita.

Mas, o corpo de carne herda , até certo ponto, muitos traços dos seus ancestrais. A lei de hereditariedade é um fato que a ciência do mundo reconhece. Até certas doenças são assimiláveis para os descendentes, com muita propriedade, e essas hereditariedades, em casos diversos se interpenetram por vibrações afins. Os males psicológicos são também transferíveis e, em muitos casos, passam pára o mundo biológico, e por vezes, de forma bem acentuada. A desco­berta do cientista russo Pavlov dos reflexos condicionados é um ponto de partida e apoio para as doenças herdadas ou, por vezes, assimiladas por nós, quando ouvimos alguém falar em doenças, e mesmo a criação de idéias e suas materializações, na psicosfera da Terra, pelos homens decadentes mentalmente.

Tudo que se cria mentalmente toma forma e passa a viver no campo propício da vida de quem criou. A ciência oficial fala muito em hereditariedade, contudo, examina essas leis somente no corpo fí­sico. Porém, ela tem mais amplitude na seara mental e é muito mais absorvida pelas emoções semelhantes às dos criadores.

O corpo perispirítico é de natureza extraordinária no que tange à sensibilidade. O sistema nervoso do complexo humano recebe do perispírito cargas e mais cargas de energias, de acordo com os sen­timentos, capazes de equilibrar todo o soma, como de desarmonizar todos os seus princípios harmoniosos. Depende da educação da al­ma, e foi sem explicar particularidades que o Evangelho apareceu no cenário do mundo, na sua mais profunda simplicidade, para educar o ser humano; entretanto, se estudado cientificamente, torna-se o livro mais científico do mundo, por falar das principais verdades liga­das à alma, com todos os seus possíveis corpos e a sua mais ele­vada harmonização.

O perispírito não tem forma definitiva, mas tem forma relativa com o ambiente onde foi criado. O homem, ou mesmo o espírito de­sencarnado, conhecedor dessas verdades, passa a educar a mente, usando todos os recursos possíveis. É pelos pensamentos que nas­cem as idéias, e são elas que determinam a qualidade do espírito e o plano em que ele vive na escala dos seres.

Os impulsos inferiores desqualificam os sentimentos, ener­vando as energias sublimadas e tornando-as em magnetismo inferior, de sorte a pesar a carga vibratória e endurecer as sensibilidades do corpo astral, que serve ao espírito como carro de condução, e ele, animalizado, torna-se pesado e de difícil manejo. É qual o animal lerdo que, mesmo sob os mais drásticos açoites, ainda é insensível ao comando. A Doutrina dos Espíritos, sob a influência do Cristo, vem nos ajudar a sair desse letargismo primitivo e alcançar o des­pertamento, dos dons espirituais, de maneira a nos libertar da escravidão da ignorância.

O perispírito é semimaterial, pela sintonia que deve ter entre o espírito e o corpo; ele faz a junção dos dois, para que o espírito al­cance a luz. Com o tempo e a reforma do homem, pode tornar-se puro, de sorte a ficar mesmo invisível a alguns olhos espirituais, como pode, em muitos casos, ser tão material ao ponto de confun­dir-se com os próprios homens.

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IGUALDADE DOS ESPÍRITOS

Os espíritos são iguais na sua genealogia, mas, diferentes no que se refere ao despertamento espiritual. Cada um se situa no grau de evolução conquistado; cada alma é, pois, um mundo diferente em todos os aspectos que se possa conceber, nos seus vários níveis de saber. A igualdade no aprimoramento se perde na infinita pauta da sabedoria universal. E Deus, onisciente, criou leis justas e sábias, no sentido de dar a cada um o que esse realmente merece, de acordo com o que oferta.

A grandeza da criação está na variedade, e a natureza nos dá uma amostra dessa beleza na fauna e na flora. A diversidade em to­dos os reinos do mundo mostra-nos a mão de Deus na construção do belo, nas mudanças de formas de tudo que existe. Em cada uma nota-se uma força inteligente no comando, com toda a certeza do que está fazendo.

Os espíritos são de diferentes ordens, pelo grau alcançado por cada um, e certamente isso é uma hierarquia espiritual, não por imposição ou dádiva, mas, por conquista. É o próprio tempo que tra­balha na maturidade do espírito. A superioridade alcançada pelo despertamento espiritual se faz onde quer que seja, sem afrontas, sem agressão e sem comércio; é uma luz que se irradia em todas as di­reções, abençoando e amando com um único impulso no coração, o da verdadeira fraternidade. No mundo físico pode-se observar como espelho, o corpo de carne de um simples camponês e o de um es­tadista, de uma doméstica e o de uma rainha. Os corpos são seme­lhantes sem que haja grandes diferenças, todavia, pelas conquistas alcançadas de uma faixa para outra, nota-se que cada qual se situa em um plano de vida diferente. Ao se verificar mais adiante, e ob­servará que o corpo de um santo e o de um pecador são iguais nas suas estruturas. A formação biológica é a mesma, porém, a vida de um é diferente da do outro, mas Deus dá a ambos a mesma assis­tência. O que ocorre, é que o santo assimila mais as bênçãos do Se­nhor, compreende Suas leis e as respeita e o pecador ainda se en­contra cego e surdo ao chamado de Deus. No mundo espiritual existem igualmente essas divisões, não por favorecimento, mas por justiça. Colhemos justamente o que plantamos na lavoura da cons­ciência, e ela nos responde fielmente pelo que somos. Eis aIo amor dAquele que fez todas as leis, e assiste todas as criaturas, filhas do Seu magnânimo coração.

Nunca faltam escolas para todos, e cada um recebe o de que precisa na escala a que pertence, porém, o modo de ensinar de Deus é bem diferente do dos homens; Ele, o Senhor, ministra ensi­namentos a cada um separadamente, atendendo suas necessidades com todo empenho de servir e todo o amor de Pai que nunca esque­ce Seus filhos. Nós outros é que somos, às vezes, rebeldes e cus­tamos a aprender as lições, e em muitos casos aparece em nós a dor, para nos mostrar com mais energia os caminhos do aprendizado.

Estamos passando uma fase dolorosa na Terra, um fecha­mento de ciclo, de duras provações individuais e coletivas. É, pois, uma necessidade de limpeza cármica, como sendo a de um tumor na sociedade a que pertences. Não há outro recurso, a não ser o da própria dor, em formas variáveis, para despertar o coração da hu­manidade para o amor, aquele que Jesus viveu e ensinou. Um dia, certamente seremos todos iguais, mesmo em se falando daqueles espíritos que já atingiram a pureza: basta atingirmos a maturidade que eles já conquistaram!

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A ESCALA EVOLUTIVA

Dificilmente podemos traçar uma escala evolutiva para os Espíritos, encarnados e desencarnados. As linhas divisórias escapam à nossa análise; entretanto, podemos fazer, como fazem na Terra sobre as classes, dividindo-as entre alta, média e baixa, sendo, para todas elas, a escala infinita. Assim como o Espiritismo preocupou-se em se lembrar das escalas dos espíritos, outras escolas espiritua­listas também fizeram as suas divisões, da maneira que acharam mais conveniente. No fundo, nada muda sobre as leis naturais da vida.

Para melhor compreendermos o que é um espírito, ou o que somos, é bom que nos conscientizemos disso: cada alma se encontra em uma escala diferente. Nunca dois Espíritos são totalmente iguais, no que concerne à evolução: sempre existe algum traço de diferen­ça, mesmo entre os que têm perfeita sintonia espiritual. Os que con­sideramos espíritos perfeitos, o são em relação aos homens e não diante de Deus.

A perfeição universal, a pureza total, somente o Senhor a possui, em todas as suas atribuições, portanto, não temos meios para elaborar uma escala perfeita dos espíritos, o que, nos parece, nem Deus a fez. Ele criou as leis e desde quando passamos a co­nhecê-las, vamos entendendo o porquê de todas as coisas do uni­verso.

O que Jesus fala no Evangelho, que mesmo os escolhidos serão enganados, dá para percebermos o quanto ainda somos inferiores. Somos escolhidos, por vezes, para determinada tarefa, po­rém, temos muita ligação nas trevas, pelo passado ainda próximo ao nosso presente, e é nessa influência que poderemos ser enganados: não pelos espíritos inferiores, mas, por nossas inferioridades, que vi­bram em nossos caminhos.

A superioridade é demorada e constitui a nossa conquista es­piritual. É, pois, o resultado do esforço individual, de passo a passo, e foi Nosso Senhor Jesus Cristo quem nos ofertou todos os cami­nhos, nos mostrando a verdade e a vida, facilitando as nossas es­colhas; mas, o trabalho é nosso. Enquanto necessitarmos de vestir o burel de carne, ainda estaremos longe da perfeição espiritual. De­vemos nos preocupar pouco com a escala a que pertencemos como espíritos, mas, dar uma demão à nossa auto-educação em todos os sentidos, no que tange à moral; todavia, necessário se faz que en­tendamos o que seja moral em primeiro lugar, para não cairmos em piores condições. Se não tivermos estrutura para viver os altos pre­ceitos do Evangelho, será bem difícil apresentarmo-nos como mes­tres dos que procuram aprender.

No mundo físico as divisões das classes são determinadas pelo poder aquisitivo, e, mesmo assim, dificilmente podes determi­nar a qual classe pertencem certas pessoas. No mundo moral, as dificuldades são maiores, porque sempre escondemos o que de mal fazemos aos nossos irmãos, e anunciamos com todo vigor algum dever, que não passa mesmo de dever de cada alma. Deixemos quem quiser julgar a qual classe pertencemos, o que não nos interessa muito. O que o Cristo nos ensina é escolher a melhor parte, é trabalhar dentro do nosso mundo íntimo, por saber que o céu está em nós, bastando encontrá-lo, e se o encontrarmos, certamente vamos encontrar Deus e Cristo. Cada criatura, se desejar, pode ana­lisar a si mesma, observando a que faixa pertence na escala espiri­tual.

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ESPÍRITOS BONS

Os espíritos a que chamamos de bons pertencem a uma va­riedade de categorias, mas na escala geral, está na média, em se falando das três de que nos fala O Livro dos Espíritos. Os que ha­bitam a média ocupam uma extensão imensurável, entretanto, todos eles têm tendências para o bem e esforçam-se para melhorar, e é dentro deste esforço contínuo que eles melhoram e vão alcançando, passo a passo, a sua libertação, posição onde se encontram os espíritos puros.

Considerando a vida infinita na imortalidade da alma, devemos dizer que o espírito leva um tempo incontável, na cronologia dos homens, para chegar à perfeição.

Os espíritos bons, mesmo cheios de boa vontade, ainda têm de sofrer determinadas provas; é o pas­sado ainda ligado ao presente, por fardos que não foram descarrega­dos, mas que o serão. Não é com isso que se deve esmorecer. Ainda mais quem já se encontra na escala dos bons, pois se encontram no meio do caminho, e isso já constitui grande vantagem. O tempo maior é gasto na inferioridade. Quando começamos a despertar, os meios a que a natureza recorre fazem acelerar as nossas condições para alcançar e compreender as leis de Deus e respeitá-las, para o nosso próprio bem.

A alma, para conquistar a perfeição, haverá de conhecer to­das as coisas referentes ao amor e à sabedoria, dominar todas as emoções onde elas surgirem e, como prêmio, receberá a tranqüilidade de consciência em todos os aspectos. O espírito, na pureza em que falamos, não tem mais nada que aprender na Terra; em sua es­trutura espiritual, atrofia-se a razão, para florescer, em seu lugar, a intuição. Não precisa raciocinar para conhecer, porque lá conhece.

A Terra está cheia de espíritos da terceira ordem, e bastante da segunda, porém, os de primeira ordem vêm, por misericórdia, a ela, como bênção de Deus, para abençoar os de boa vontade e for­talecê-los cada vez mais no bem que pretendem fazer. Pode-se ob­servar como cresceu a fraternidade na Terra, como houve um gran­de impulso de caridade entre os homens, e foi por esse crescimento que as trevas se arvoraram no orgulho e no egoísmo, onde se vê o aumento das guerras fratricidas, os assaltos e o crime, que são realizações normais da inferioridade, quando nota a preponderância da luz. Nada está piorando nas civilizações que ocupam a Terra; isso é normal em todo fechamento de ciclo, para abrir outro, despertando a potencialidade dos corações que vão viver e dirigir materialmente os destinos dos povos, sob a influência dos espíritos superiores, em nome de Cristo, que dirige os destinos dos Espíritos até a consuma­ção dos séculos.

Os espíritos bons passarão a ser espíritos puros na forja do tempo e nas bênçãos da dor. Verifiquemos o quanto Deus é bom! A ajuda visível de Nosso Senhor Jesus Cristo, por todos os meios, na sustentação da vida, tem adiado muitas catástrofes por causa de alguns que estão aprendendo a amar e se exercitando na caridade. Pedimos que continuem, porque enquanto houver alguma luz acesa, ela dominará as trevas e afastará o monstro de todas as discórdias.

Que os Espíritos bons, encarnados e desencarnados, possam se tornar melhores, de forma que os melhores possam orientar-se no equilíbrio, favorecendo a todos na conquista do amor verdadeiro e santo.

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ESPÍRITOS INFERIORES

Essa é uma categoria de espíritos que nunca podemos deter­minar dentro de uma só espécie. Existe nela variedade de senti­mentos, como de posição na escala de elevação espiritual, contudo, são almas ainda inferiores que desconhecem o valor do bem, e não sentem tendência alguma para a caridade, antes, procuram menos­prezar o bem e mesmo atrapalhar quem começa a melhorar as suas condições de benevolência. São espíritos zombeteiros, brinca­lhões e muitas vezes, maus, mentirosos, egoístas e orgulhosos. Adoram discussões, por saberem que as irritações que fervem nas idéias incompatíveis desarmonizam o ambiente. Por esses senti­mentos inferiores, os sensitivos passam a conhecer quem está se aproximando das suas faculdades e devem corrigir e desconfiar dos seus próprios procedimentos.

Os espíritos inferiores dominam grande parte dos homens na Terra, em todas as suas atividades; na política, na ciência e na reli­gião são onde eles mais atuam, encontrando médiuns que com eles se afinam completamente, sem desconfiarem da existência dessas companhias indesejadas. São falanges espraiadas em todo o globo, e infelizmente encontramos muitos deles nos lares onde se vê muita discórdia e mesmo separações. É nesse sentido, de desativar essas falanges de espíritos inferiores e educá-los, que aconselhamos o Culto do Evangelho no Lar, força poderosa, capaz de devolver a paz entre os irmãos, que aceitaram viver juntos. As organizações de caridade são também muito atuadas por eles, que não têm outro ser­viço, a não ser perturbar os ambientes que desejam e trabalham para a paz. O melhor remédio para a defesa dessas entidades é a educação individual. Cada espírito, encarnado e desencarnado, deve praticar a auto-educação, não entrando em sintonia com essas enti­dades malfeitoras; é o Evangelho vivido, e não somente pregado, como se vê em todo o mundo.

Os nossos pensamentos podem ser um ninho de espíritos in­feriores, como a boca depende do uso que fazemos das nossas faculdades. Os que querem ser enganados estão alimentando senti­mentos inferiores, e os poucos que gostam da verdade, da honesti­dade, do perdão, da caridade e do amor na verdadeira acepção da palavra, trabalham para a sua própria paz íntima.

O quadro da Terra é algo triste, no que tange ao ambiente in­terior, não obstante, os recursos estão e vão ser usados para o de­vido saneamento espiritual. Cabe a nós outros, já despertados para o bem comum, fazer parte daqueles que saiam a semear com Je­sus, sem reclamar, sem exigir e sem blasfemar, para que não per­cam as sementes de luz deitadas nas leiras dos corações. A última categoria dos espíritos não se compõe de almas totalmente más, no sentido da palavra expressa, mas que carregam consigo toda espé­cie de deturpação da verdade. O seu ambiente constitui um ninho de serpentes, de todas as más qualidades que se possa imaginar... En­tretanto, são irmãos que precisam da nossa assistência, mas, ao dá-la, é sempre bom nos lembrar da advertência de nosso Senhor Je­sus Cristo, quando nos fala: Vigiai e orai. Muitos deles confundem-se com os encarnados, pelas aparências de sentimentos, mas a Doutrina Espírita, na feição do Evangelho Redivivo, está no mundo para limpar a eira das nações e colocá-las à frente de todas as decisões que possam tomar a palavra e a vivência daquilo que conheces pelo nome de Amor.

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0100/LE

ESCALA ESPÍRITA

A escala espírita não é definitiva, nem muda nada nas leis naturais de Deus. É qual a flora e a fauna na organização dos ho­mens: não passa de um sistema de classificação das plantas e dos animais em qualquer lugar na Terra. Dividindo o reino das almas em três dimensões, ficaremos conhecendo a qual pertencemos, pelos impulsos que nos assaltam e os sentimentos que nos envolvem mesmo em espírito, estando livres de quaisquer, pelas humanas, ou ordem que porventura nos seja dada, partindo da Terra ou dos nos­sos companheiros espirituais. Isso é para que se possa ter uma idéia sobre a que faixa pertencem os Espíritos, tirando uma base pelas suas intenções e, certamente, pelos seus pensamentos.

Sabemos que todos desejamos pertencer à classe dos puros espíritos; no entanto, tal fato depende primeiramente de Deus e, de­pois, de nós mesmos. Vamos buscar no Evangelho o melhor enten­dimento para esse assunto, quando Jesus responde à mãe de Tiago e João ao desejar ela que o Mestre colocasse seus filhos ao Seu la­do. Vejamos a sua resposta: Bebereis o meu cálice? ... Mas, assentar-se à minha direita ou à minha esquerda não me compete concedê-lo; é porém, para aqueles a quem está re­servado por meu Pai. Marcos, capítulo 10º, versículos 38 a 40.

E quando depende de Deus, depende de cada criatura, de es­forço e da posição que já conquistou no avanço do tempo. Enquanto esse tempo não chegar, passaremos por todas as provas que nos le­vam ao despertamento espiritual, ao amadurecimento dos dons espiri­tuais.

O que os Espíritos puros podem fazer por nós é somente o que eles receberam dos que os antecederam na marcha para a luz:

exemplos de pureza, de honestidade, de amor e de caridade.

Os espíritos ignorantes, por vezes, desconhecem, mas existem muitos e muitos seus irmãos da luz, trabalhando em benefício deles. Somente o futuro lhes mostrará o quanto receberam dos seus ir­mãos maiores; no entanto, a decisão cabe a eles em todos os as­pectos, como sendo a vontade de Deus. Cada alma tem uma certa liberdade, e o que toca a ela de livre arbítrio, ela usa de acordo com a sua elevação. Eis aí a escala que funciona dentro da sua escala, lhe dando toda assistência, de modo a compreender e seguir o seu próprio caminho.

Somos todos iguais, sabemos disso, porém, situados em lu­gares diferentes e com idades variáveis diante do Nosso Pai. Somos como frutos da grande árvore, Deus, e como os frutos de uma ár­vore não amadurecem de uma só vez, assim são os espíritos, mas nenhum se perde. Como filhos de um Pai de amor, não haverá Ór­fãos.

Novamente falamos em escala espírita, para teres uma idéia e te esforçares no aprimoramento, cultivando todas as virtudes e desenvolvendo todos os dons do saber. O que interessa ao espírito já consciente da verdade é se libertar da ignorância, porque onde existe ignorância, existem dor e problemas sem conta.

Os espíritos superiores não se incomodam com as classifica­ções dos homens, em nenhuma fase do viver, quer seja na socieda­de, política ou mesmo religião. Eles são o que verdadeiramente são. Os inferiores ainda se apegam a velhos tabus, como sejam os de pureza de sangue, raça e preconceitos. E, ainda mais, são apega­dos aos bens materiais que, ao invés de ajudá-los no grande trajeto para o lado de Jesus, crucifica-os no lenho da consciência...

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0101/LE

ESPÍRITOS IMPERFEITOS

Essa classe de espíritos a que O Livro dos Espíritos chama de espíritos imperfeitos, é de uma extensão imensurável na Terra. Dela fazem parte tipos diferentes de entidades, com sentimentos variáveis do mal. Desde o brincalhão até o belicoso, que hora faz parte de todos os movimentos das armas em todo o mundo, investidos com a capa de defesa e de justiça. Pode se observar que, de vez em quando, aparecem na mente pensamentos indesejados, que o bom senso fala não terem nascido dos próprios sentimentos. Eles vêm de alguma classe desses espíritos inferiores, porque lhes sobra muito tempo e a prática lhes devolveu a razão, para a perturbação na comunidade da Terra. Ignoram que são sementes que eles deverão colher mais cedo ou mais tarde, no mesmo ambiente em que semearam. Pelos pensamentos que surgem na mente pode-se portanto, analisar de onde eles vieram, qual a fonte que os estruturou...

A palavra imperfeição é usada por limitação de nosso vocabulário, em se tratando dessa modalidade de espíritos, porque Deus, sendo perfeito, não iria fazer algo imperfeito. Poderíamos tratá-los por Espíritos primitivos, cujas faculdades ainda dormem, mas que serão despertadas à luz do sol divino. Há uma variedade dessas en­tidades por todo o mundo, e as variações se ajustam em cada país, de acordo com as leis que as atraem por afinidade.

Os espíritos chamados de inferiores não têm, evidentemente, completa culpa de serem assim, observando o despertamento grada­tivo das almas. E esse empuxo espiritual constitui uma lei. Contudo, fi­ca em nossas mãos aproveitar a luzinha que for nascendo em nosso coração, para o nosso próprio bem, e é essa luz nascente que o mundo espiritual se dispôs, em nome do Criador, a alimentar, para que o candidato desperte e se conscientize dos seus próprios deveres ante seus compromissos. A palavra despertar é muito adequada para essas entidades, porque Deus, na Sua criação universal, nada es­queceu ao criar os espíritos. Em todos nós existem todas as quali­dades espirituais, esperando o tempo e a nossa compreensão para crescer, como cresceram os anjos. Estes também vieram de onde viemos, como partimos do mesmo ambiente divino dos espíritos primitivos.

É muito importante a afirmativa dos Espíritos em O Livro dos Espíritos, de que Deus nos criou simples e ignorantes. Mas, acrescentamos: com todos os valores em estado latente que, a qualquer momento, acordam para a felicidade por que foram cria­dos. O índio ou o bugre têm as mesmas qualidades dos santos e dos sábios, e recebem de Deus as mesmas bênçãos. A diferença é que os primeiros dormem, e os segundos já acordaram e conheceram a Verdade que os libertou.

A Terra passa por um período de provações difíceis, por estar sob a influência de espíritos trevosos, em quantidades maiores qe os Espíritos bons, da segunda classe. Mas, os bons, mesmo em menor número, sairão vitoriosos, e a casa terrena passará a ser dirigida por eles, com intuição dos espíritos angélicos. O raciocínio dos espíritos ignorantes é de que tudo morre com o corpo, que não há proteção espiritual para a humanidade, que cada criatura menor vive sob a agressão da maior, que Deus, se existe, não tem tempo de olhar tudo que criou, e assim sucessivamente. São idéias de espíritos que desconhecem a realidade da vida espiritual, devido às faixas em que vivem.

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0102/LE

CLASSIFICAÇÃO DOS ESPÍRITOS

A classificação dos espíritos é infinita, no entanto, obedece a certa ordem para um melhor entendimento. Vamos falar nesta mensagem sobre os espíritos impuros, nos quais podemos identificar fraquezas, no que tange ao convívio com os outros, seus próprios irmãos.

É fácil reconhecer a que classe pertence tal ou qual espírito, pelos seus pensamentos, pelas suas idéias e, certamente por suas ações.

O espírito impuro somente idealiza o mal, e nisto procura homens de sua estirpe, para que a sua convivência seja em perfeita harmonia, e transmite para seu instrumento as suas idéias de vin­gança, de ódio, de maledicência, enfim, de todos os tipos de discór­dia. Devemos ter cuidado com os espíritos impuros, para não ser­mos influenciados por eles e não cairmos na ordem dos escandalo­sos. É melhor que nos conscientizemos de que, se a natureza não dá saltos, eles somente entenderão a verdade com o passar dos tempos. É necessário que tenhamos paciência, sem conivência; que tenhamos tolerância, sem apoio às idéias maléficas. Eles preci­sam mais de serem educados pelo exemplo, pelo trabalho e pela oração, que traduz perfeitamente o perdão das ofensas. Oremos por eles, na mais pura fraternidade!

A Terra está cheia de espíritos dessa classe, pois nela pre­domina sempre o mal, por existirem mais espíritos impuros que es­píritos elevados. Aos trabalhadores da verdade, nós pedimos que não esmoreçam na luta, porque a luz sempre espanca as trevas. Vamos amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, seja qual for esse próximo, porque no passar dos dias e anos, os espíritos que sejam da mais baixa escala, mudarão e despertarão para a luz do entendimento. O Mestre dos mestres veio à Terra para modificá-los e entregou-Se à sua fúria como sendo ven­cido, para vencê-los pelo Seu amor. Todos conversamos uns com os outros por quaisquer meios, despejando o que temos de dentro para fora, e quem escuta se encontra em melhor posição para anali­sar quem é o que está falando. Geralmente, as pessoas pensam que o que fala mais na Terra é sábio. Como se enganam! O mais sábio é o que sabe falar bem.

Devemos conversar somente na dimensão do Cristo, colo­cando-O no nosso lugar e nos perguntarmos: se fosse Jesus, será que Ele diria isso que acabo de falar? Graças a Deus existe no mun­do muita gente já preocupada em melhorar, o que transparece na sua busca, pelo seu comportamento ante os outros e pelo trabalho que realiza, desde quando seja em silêncio.

O objeto dos espíritos impuros é guerra em todas as linhas que a discórdia possa manifestar. Mesmo ouvindo e sentindo os frutos da colheita, deles se esquecem imediatamente, por sentirem fome de inferioridade. Eis porque estamos empenhados no livro espírita; mais livros e sempre livros, porque o livro educador não discute: ensina no silêncio, de modo que o leitor aprende também no silêncio, devido à consciência registrar o estímulo com mais eficiência, e os assuntos serem leis estabelecidas por Deus. A verdade está em primeiro lugar para ser anotada. Entrementes, os que já têm o costume de trabalhar dentro de si mesmo, querendo melhorar suas próprias condições de vida, devem continuar nesse exercício, por não existir outro caminho para a libertação. O maior valor do homem é procurar a sua própria educação. O aprimoramento deve ser a primeira meta do estudante da verdade. Quem desconhece os seus próprios erros, errando, é o cego da parábola, e quem guia ce­go sem ter luz própria, é pior do que o guiado.

Fim