Presença antes da grande imigração
Não imigrantes, mas que estiveram no Brasil e que não podem deixar de ser citados, como originários da região onde hoje se situa a Alemanha:
O primeiro "alemão" a chegar no Brasil: o astrônomo e cosmógrafo Meister Johann, exercendo a função de náutico de Pedro Álvares Cabral. Natural de Emmerich, atual Alemanha, por ocasião da descoberta, emitiu o "certificado de nascimento do Brasil". Consta que também o cozinheiro de Pedro Álvares Cabral seria originário da região onde hoje se localiza a Alemanha. Assim, também existem indicações de que judeus e muçulmanos estiveram à bordo das naves marítimas dos exploradores portugueses de então.
Hans Staden (1525 - 1576), de Homberg, esteve no Brasil e foi quem escreveu o primeiro livro em língua alemã sobre o Brasil.
Os primeiros imigrantes alemães foram trazidos ao Brasil a mando do Rei Dom João VI. Em 1818, o governo assenta famílias suíças originárias dos Cantões Germânicos nas serras fluminenses. Estas fundam o município de Nova Friburgo. No mesmo ano, colonos alemães são mandados para a Bahia.
Em 1820, chegam os primeiros alemães a Nova Friburgo, no estado do Rio de Janeiro. Dom João VI tentava atrair mais imigrantes alemães. Em 1823, após a independência, foram criados os batalhões de estrangeiros, para garantir a soberania nacional. Então, a busca oficial por colonos (nesta fase, alemães) passou a ser uma política imperial.
Em 1824, os primeiros alemães chegam ao Sul do Brasil, sendo assentados à margem sul do Rio dos Sinos, onde a antiga Real Feitoria do Linho Cânhamo fora adaptada para servir como sede temporária dos recém-chegados, na atual cidade de São Leopoldo.
Em 1828, colonos alemães se instalaram nas adjacências da cidade de São Paulo (Santo Amaro).
A Alemanha, no início do século XIX, passava por novos desenvolvimentos econômicos: a industrialização teve um grande impulso, necessitando de mão-de-obra especializada, o que causou a ruína de muitos artesãos e trabalhadores da indústria doméstica. Sem poderem desenvolver suas atividades artesanais, esses trabalhadores livres começaram a formar um exército de mão-de-obra (barata) assalariada para a indústria que estava nascendo.
Com os novos maquinários, também houve o aumento de produtividade no campo junto à diminuição de mão-de-obra, causando o desemprego de camponeses. Como a Alemanha passava por uma desintegração de sua estrutura feudal, muitos camponeses que eram apenas servos ficaram sem o trabalho e sem o direito de morar nas terras, ao mesmo tempo em que a população aumentava. Sem a terra para viver, migravam para as cidades e somavam ao número de proletariados.
A imigração também não acontecia somente por insatisfação social com as novas perspectivas do século XIX. Nessas mudanças econômicas que agitavam o continente europeu, a indústria desenvolveu as cidades e causou o despovoamento dos campos. À medida que a riqueza aumentava, a saúde e o acesso a novos gêneros alimentícios melhoravam, e a população aumentava. Então a princípio, os governos europeus incentivavam e encorajavam a emigração, como válvula de controle do aumento da população. Com a introdução da máquina a vapor e inovações como o transatlântico com propulsão a hélice, milhões de pessoas se movimentavam entre os continentes, em uma emigração que não obedecia a nenhum planejamento, dependendo somente de decisões pessoais, entre elas a insatisfação, o medo, ou o desejo de uma vida melhor.
O governo alemão também encorajava grupos de empreendedores a conhecer novas terras para conseguir mercado para os produtos alemães. Para algumas colônias, chegou-se a fazer o planejamento, e a contratação de administradores e profissionais liberais para a formação das colônias, que vinham para o Brasil e formavam sua vida aqui. Embora desejadas, as relações comerciais entre as colônias alemãs e sua terra de origem foram modestas, muitas vezes restando somente aos colonos a identificação cultural com a terra de origem, pois não mais tinham contato com ela.
Os alemães que imigraram para o Brasil eram normalmente camponeses insatisfeitos com a perda de suas terras, ex-artesãos, trabalhadores livres e empreendedores desejando exercer livremente suas atividades, perseguidos políticos, pessoas que perderam tudo e estavam em dificuldades, pessoas que eram “contratadas” através de incentivos para administrarem as colônias ou pessoas que eram contratadas pelo governo brasileiro para trabalhos de níveis intelectuais ou participações em combates.
[editar] A imigração em números
Imigração alemã no Brasil por décadas de 1824 à 1969
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
Imigração Alemã
Décadas 1824-1847 1848-1872 1872-1879 1880-1889 1890-1899 1900-1909 1910-1919 1920-1929 1930-1939 1940-1949 1950-1959 1960-1969
Imigrantes 8.176 19.523 14.325 18.901 17.084 13.848 25.902 75.801 27.497 6.807 16.643 5.659
Os alemães nunca chegaram ao Brasil em grandes contingentes, como fizeram os portugueses e os italianos. Porém, a imigração durou um grande período, indo desde 1824, com a chegada dos primeiros colonos, até aproximadamente a década de 1960, quando chegaram as últimas levas significativas. Alcançou seu número máximo na década de 1920, após a I Guerra Mundial. Houve, de certa forma, dois ciclos de imigração alemã no Brasil: aquela voltada para a colonização, sobretudo nos estados sulistas, incentivada pelo governo brasileiro. O outro ciclo chegaria mais tarde, sem ser incentivado pelo governo.
Durante muitas décadas, os alemães chegaram a ser o maior grupo de imigrante a entrar no Brasil, superando inclusive os portugueses. Esse período aconteceu em grande parte do século XIX.
A imigração alemã no Brasil foi, inicialmente, uma iniciativa de colonização e povoamento. Este projeto foi arquitetado pelo Rei D. João VI e, posteriormente, pelo imperador D. Pedro I. A colonização continuou a ser efetuada pelo imperador D. Pedro II, durante o Segundo Reinado.
A concentração da colonização alemã no Sul do Brasil possui uma explicação: essa foi a única região do Brasil que, desde os tempos coloniais, apresentou uma colonização de povoamento. Em meados do século XVIII, famílias de açorianos foram trazidas para o Sul e se estabeleceram no litoral. Esses colonos não foram trazidos para explorar a colônia, como acontecia no restante do Brasil, mas para povoar e defender a região. Com a Independência do Brasil, a imigração portuguesa declinou por um certo tempo. O governo brasileiro se viu obrigado a procurar novas fontes de imigrantes: vieram alguns suíços, porém foram os alemães aqueles que ficaram incubidos de colonizar o Sul do País.
Em 1824 chegam os primeiros colonos alemães ao Rio Grande do Sul, sendo assentados na atual cidade de São Leopoldo. Os alemães chegavam em pequeno número todos os anos, porém eram em número suficiente para se organizar e expandir pela região.
Nos primeiros cinqüenta anos de imigração, foram introduzidos entre 20 e 28 mil alemães ao Rio Grande, a quase totalidade deles destinados à colonização agrícola. Os primeiros colonos vieram de Holstein, Hamburgo, Mecklemburgo e Hannover. Depois, passaram a predominar os oriundos de Hunsrück e do Palatinado. Além desses, vieram da Pomerânia, Vestfália e de Württemberg.
Outras colônias foram criadas na sequência, como Três Forquilhas, Nova Petrópolis, Teutônia, Santa Cruz, São Lourenço, Colônia Santo Ângelo, Colônia de Santa Maria do Mundo Novo, etc.
Mapa mostrando a dispersão das colônias alemãs no Sul do Brasil em 1905.Em algumas décadas, a região do Vale do Rio dos Sinos estava quase que completamente ocupada por imigrantes alemães. A colonização transbordou da região, se expandindo por outras áreas do Rio Grande do Sul. É notável que a colonização alemã foi efetuada em terras baixas, seguindo o caminho dos rios. Na década de 1870, praticamente todas as terras baixas do interior do Rio Grande do Sul estavam sendo ocupadas pelos alemães, porém, as terras altas não atraíam os colonos, permanecendo desocupadas até a chegada dos italianos, em 1875.
A colonização em Santa Catarina
Ao contrário do que sucedeu no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina a colonização alemã não foi promovida através do governo, mas por iniciativas privadas. As colônias alemãs mais importantes foram criadas a partir de grupos como Hermann Blumenau e Ferdinand Hackradt (em 1850 a Colônia Blumenau) e pela Sociedade Hamburguesa (em 1851, a Colônia Dona Francisca, atual Joinville), ao norte do litoral do estado. A partir do início do século XX, imigrantes alemães foram trazidos do Rio Grande do Sul para ocupar novas colônias no oeste do estado. Essas colônias já não eram exclusivamente alemãs, pois também continham outros grupos de imigrantes, principalmente italianos.
Joinville, cidade de colonização alemã de Santa Catarina.
A colonização no Paraná
Embora menos numerosos, o alemães também marcaram forte presença no Paraná. A primeira colônia foi fundada em 1829. Entre 1877 e 1879, chegou número apreciável de alemães vindos da Rússia (os alemães do rio Volga, ver artigo: Alemães-Bessarábios). A maior parte dos imigrantes chegou no início do século XX, vindos diretamente da Alemanha, e se estabeleceram sobretudo nas regiões leste e sul (em cidades como Curitiba, Ponta Grossa, Palmeira, Rio Negro, entre outras). Em meados dos anos 1950, pessoas oriundas de colônias alemãs em Santa Catarina e Rio Grande do Sul migraram para a Região Oeste do estado.
A colonização no Rio de Janeiro
Rio de Janeiro foi o primeiro dentre todos os estados brasileiros a receber imigrantes alemães, tendo estes imigrantes chegado em 3 e 4 de maio de 1823[7], quando rumaram para a colônia suíça de Nova Friburgo. [8] Já em Petrópolis, a imigração alemã foi concebida pelo alemão (posteriormente naturalizado brasileiro) Júlio Frederico Koeler (ou Julius Friedrich Koeler), major do Império Brasileiro. O pitoresco do projeto de Koeler foi o fato de batizar os quarteirões com nomes de cidades e acidentes geográficos das regiões (Reihnland-Westphalen) de onde vinham os colonos alemães: Kastelaum (Castelânea), Mosel (Mosela), Bingen, Nassau, Ingelheim, Woerstadt, Darmstadt e Rheinland (Renânia). As terras foram arrendadas para Koeler e, através dele, aos imigrantes, resultando em um sistema de foro e laudêmio (enfiteuse) pago aos herdeiros de Dom Pedro II até hoje. Estes imigrantes chegaram em Petrópolis no ano de 1837.
A colonização no Espírito Santo
No Espírito Santo, os principais imigrantes de origem germânica foram os Prussianos e os Pomeranos (provenientes de uma extinta nação entre à Alemanha e a Polônia), foram os primeiros imigrantes à chegar ao estado (quase 50 anos antes dos Italianos), seus fluxos imigratórios se estenderam de 1817 até 1879, se estabeleceram principalmente no Centro-Sul do estado, a primeira colônia fundada foi a de Santa Isabel , lá foi construída a primeira igreja luterana da América Latina. A imigração alemã no Espírito Santo é pequena ao se comparar com, por exemplo, a dos italianos, enquanto 65% da população do estado é de ascendência Italiana, apenas 5% da população é de ascendência germânica.
O outro povo de origem germânica à se estabelecer no estado, foram os Pomeranos, originários de uma extinta nação entre a Alemanha e a Polônia, começaram a chegar no estado em meados de 1851, se dirigiram um pouco mais ao norte que os alemães, se estabelecendo principalmente em Santa Maria de Jetibá e Domingos Martins, a primeira colônia fundada foi a de Pós Mosser, os pomeranos estabeleceram suas colônias em total isolamento do resto do estado, preservando muito de sua cultura e hábitos, como por exemplo o idioma, sendo que a cidade de Santa Maria de Jetibá uma cidade bilíngüe. Por causa de tal isolamento e diferenças culturais com o resto do estado, os pomeranos até hoje são relativamente excluídos e lutam pela integração na sociedade.
Colonização no restante do Brasil
O Sul do Brasil recebeu a esmagadora maioria dos imigrantes alemães, porém, a presença germânica no Sudeste do Brasil é notável. Em São Paulo, os primeiros imigrantes chegaram em 1829 e se instalaram em Santo Amaro, mas a maior parte chegou no início do século seguinte. Em Minas Gerais, a maior colônia alemã estabeleceu-se em Juiz de Fora, onde em 1858 chegaram aproximadamente 1.200 colonos, o que representava cerca de 20% da população da cidade na época.
Mais recentemente, a partir da década de 1970, sulistas descendentes de alemães têm migrado para a Região Centro-Oeste do Brasil em busca de melhores condições de vida no campo.
A política imigratória
A princípio, o governo brasileiro sempre reconheceu, desde a independência, que a imigração estrangeira seria indispensável para o crescimento do país. Mas a política oficial para a imigração alemã teve início quando o governo viu a necessidade de povoar as províncias do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, para proteger e defender as fronteiras do sul do império, além de que desejava criar uma classe média de pequenos agricultores que pudessem produzir alimentos para o mercado interno. O governo brasileiro controlaria a vinda dos imigrantes e pagaria a passagem para os colonos, também incentivando com lotes de terras gratuitos, já demarcados, além de subsídios em dinheiro ou em instrumentos de trabalho.
Casa alemã na cidade catarinense de Joinville.Por iniciativa de Dom Pedro I, foram criadas colônias alemãs de norte a sul do Brasil, porém com enfoque nos estados do Sul. (1824) Os imigrantes alemães se reuniam em grupos e formavam as colônias, onde podiam exercer suas profissões, e não tinham restrições em relação ao idioma, religião ou tradição. Por muito tempo diversas colônias ficaram isoladas, algumas até esquecidas e desprovidas de ajuda, gerando grandes lutas de sobrevivência dos colonos alemães nas novas e isoladas terras, com clima diferente e em muitos casos, ataques ou hostilidade por parte de brasileiros (índios ou não). As vias de acesso que foram prometidas não foram cumpridas, e, se chegaram, foram décadas mais tarde. A construção de uma infra-estrutura básica também falhara, com o governo descumprindo suas promessas iniciais.
Algumas colônias sobreviveram, mesmo que de forma precária, voltando a um estilo precário de vida, havia muito tempo já extinto na Alemanha. Outras colônias conseguiram se desenvolver e se expandir demograficamente, desenvolvendo sua economia e novos trabalhos, alguns desconhecidos dos brasileiros, pois tinham técnicas diferentes, ganhando mercado de trabalho nacional e também internacional, através da venda de produtos coloniais e matérias-primas, e a importação de manufaturados e equipamentos que não eram produzidos no Brasil.
Devido às falhas na política de imigração, o governo brasileiro resolveu mudar as regras, pretendendo assim atrair somente colonos com condições econômicas de se estabelecerem no país e se desenvolverem. Os colonos passariam a arcar com os custos da viagem e também a pagar pelas terras.
Assim sendo, a imigração que inicialmente tinha uma política de povoamento, de ocupações de espaços vazios e demográficos, agora tratava de garantir que os imigrantes se tornassem mão-de-obra para as lavouras de café.
Com a expansão da lavoura cafeeira (1840) e com a proibição do tráfico de escravos (1850), o governo brasileiro sentiu a necessidade de aumentar a quantidade de trabalhadores livres, o que se intensifica com a chegada das leis que pré-anunciavam a abolição por completo da escravidão. Para suprir a falta de mão-de-obra, medidas foram tomadas para atrair mão-de-obra européia, e o direito de trazer imigrantes, antes sob o controle do governo imperial, foi aumentado, assim cada província poderia ter sua própria política de imigração e promover como quisesse maneiras de realizá-la.
Surgiram as companhias de colonização, criadas para promover a colonização no Brasil, que compravam terras baratas e as revendiam caras aos colonos. Os proprietários das companhias de colonização enriqueceram rapidamente, enquanto muitos colonos se endividaram e voltaram à Alemanha.
Surgiram também jornais alemães especializados e destinado aos emigrantes, como o Allgemeine Auswanderungs-Zeitung (1847-1871), de Rudolstadt, e o Deutsche Auswanderer-Zeitung (1852-1875), de Bremen. Estes jornais publicavam informações sobre imigrações, como informações sobre os países que recebiam imigrantes, reportagens sobre as colônias, listas dos navios e datas de partidas, preços de passagens, anúncios, etc...
Blumenau, cidade fortemente marcada pelos alemães.Investiu-se em propagandas para atrair os imigrantes para o Brasil, onde tratavam o Brasil como sendo o paraíso. Cartazes, jornais, folhetos, livros e fotografias eram distribuídos na Europa, através de agências contratadas e com ajuda das companhias de colonização, para estimular a vinda dos imigrantes.
O governo alemão proibiu em 1859 a emigração para o Brasil devido a um forte movimento que surgiu na Alemanha contra esta emigração, devido a diversos problemas.
Os problemas começavam já na vinda para o Brasil, nos navios, em viagens que poderiam durar cerca de 3 a 4 meses pelo Oceano Atlântico. Em algumas situações, imigrantes esperavam o navio por cerca de dois meses no porto de Hamburgo, em condições precárias, onde inclusive ocorriam óbitos. Muitas viagens foram feitas em navios com excesso de passageiros, onde as pessoas viajavam espremidas, com alimentação deficiente e má higiene, quando não aconteciam inúmeros óbitos por causa de epidemias. Também muitos imigrantes morriam ao chegar ao Brasil, por causa de doenças tropicais.
Ao chegar ao Brasil, os imigrantes alemães sofreram para se adaptar ao clima brasileiro, ao idioma e às novas condições de vida, normalmente primitivas, que já não tinham em seu país de origem.
Em alguns casos, chegavam no Brasil e por não estarem suas terras demarcadas, ficavam alojados em prédios ocupados antes por escravos, aguardando durante meses o assentamento em seus lotes. Também por problemas na demarcação de terras, muitas brigas surgiam.
O isolamento das colônias também dificultava na medida que faltava acesso médico para doenças ou partos, (quando a colônia não tinha seu próprio médico) e muitos morriam por não chegarem a tempo na cidade mais próxima, pois dependiam de transporte por tração, o que era lento e poderia levar horas ou dias. A distância, mas também a falta de dinheiro, dificultavam o acesso a tratamentos.
A situação precária para sobrevivência causava muita decepção e desgosto, pois não eram as perspectivas que tinham quando decidiram emigrar. As promessas de que iriam para o “paraíso” aumentavam o sofrimento, quando estavam frente a frente a matas fechadas para derrubarem a machado, onde inclusive as mulheres ajudavam.
A espera pelo cumprimento de promessas como o desenvolvimento da região com a construção de vias de acesso e a promessa de subsídio com dinheiro ou instrumentos de trabalho (ferramentas, sementes, gado, material de construção) não foram cumpridas na maior parte das colônias alemãs. A liberdade de culto de religião, apesar de declarada, era somente tolerada, pois ia contra a constituição brasileira. Para tanto, os imigrantes protestantes não poderiam construir prédios que tivessem a aparência de igreja, como usando sinos e cruzes.
Muitas terras recebidas pelos imigrantes eram simplesmente “ingratas”: secas e ácidas, sem capacidade de boa produção de alimentos para a própria subsistência. Até descobrirem quão inférteis eram aquelas terras, já haviam investido trabalho, sementes e tempo ao tentar cultivá-las, e entre a espera da colheita e a frustração de não conseguir colher nada, passavam fome.
Quando os imigrantes eram empregados em alguma fazenda, muitos se viram na condição de “semi-escravos”, quando trabalhavam por horas a fio, e não recebiam tudo o que fora prometido pelo trabalho, isso quando não eram maltratados pelos donos das fazendas.
Foi no século XX que chegou a maior parte dos imigrantes alemães ao Brasil. Só na década de 1920 desembarcaram 70 mil alemães no país. A maior parte desses imigrantes não mais iam para as colônias rurais, pois rumavam para os centros urbanos: eram operários, artífices e outros trabalhadores urbanos, professores, refugiados políticos. A cidade de São Paulo recebeu a maior parte dessa nova onda de emigração alemã: em 1918 viviam na cidade cerca de 20 mil alemães. Outros rumaram para Curitiba, Porto Alegre e Rio de Janeiro.
Comemoração da oktoberfest na cidade gaúcha de Igrejinha.A mistura de imigrantes de diversas partes da Alemanha não criou conflitos e nem divergências no Brasil: com o passar do tempo, criou-se uma identidade teuto-brasileira compartilhada por todos. Um exemplo claro são os pomeranos. Esse povo foi, durante séculos, marginalizado pelos alemães, o que levou milhares deles a emigrar. Apesar de não se considerarem alemães, no Brasil os pomeranos acabaram sendo agrupados entre os alemães. A cidade de Pomerode, colonizada por pomeranos, é conhecida por ser a cidade mais alemã do Brasil, mesmo que os antepassados da população da cidade nem ao menos se consideravam como sendo alemães.
Em diversas localidades do Brasil, mas em especial na Região Sul, são evidentes as marcas dos imigrantes alemães. O estado de Santa Catarina é considerado o mais alemão do Brasil. Aproximadamente 35% da sua população é de ascendência alemã, a maior porcentagem dentre os estados brasileiros. As cidades do interior do estado ainda preservam a arquitetura germânica das casas, bem como a língua alemã e festas populares, como a Oktoberfest, são marcas fortes da imigração alemã no Sul do Brasil.
Os descendentes de imigrantes alemães que se fixaram nas colônias rurais do Brasil durante o século XIX acabaram por criar uma identidade teuto-brasileira. Embora nascidos no Brasil, esses colonos mantinham laços culturais estreiros com a Alemanha natal: a língua alemã era falada pela maioria e os hábitos continuavam os mesmos, inclusive houveram vários jornais de língua alemã nas colônias.
A língua alemã do Sul do Brasil
No ano 2004, a imigração alemã ao Brasil meridional completou 180 anos. Apesar de seu abandono e da falta de reconhecimento pelas autoridade como capital cultural intangível e mesmo, periodicamente, vítima de políticas exterminatórias agressivas, o idioma alemão perdura como um falar regional brasileiro.
A beleza das cidades germânicas do Brasil, como Gramado, atrai milhares de turistas.Resumidamente, pode-se dizer que a maioria dos brasileiros que cultivam a língua alemã, juntamente ao português, fala o dialeto Riograndenser Hunsrückisch (que poderia ser traduzido como Hunsriqueano Rio-grandense), o Pommersch ou Pomerano. Outros muitos falam outros dialetos minoritários também distintos.
Ao mesmo tempo existe, uma pequena porção de brasileiros bilíngües que falam o alemão padrão culto Hochdeutsch, como por exemplo a internacionalmente renomada autora rio-grandense Lya Luft. O ex-presidente Ernesto Geisel também pode ser citado, sendo que lia Goethe em seu texto original.
Vale notar que o idioma alemão, praticamente ao longo de toda a história do Brasil, foi cultivado entre as elites brasileiras, sejam pessoas das artes, do comércio, da corte, das forças armadas, dos meios intelectuais ou acadêmicos.
Nos anos mais recentes, vem surgindo uma cultura de interesse, aprendizado e prática dessa língua por todo o território brasileiro, mais notavelmente em São Paulo e no Nordeste. Mas também precisa ser mencionado que em 2005 ocorreu um grande aumento, especialmente em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, de escolas públicas que passaram a ensinar o idioma alemão (ou outros idiomas locais, como o italiano nas zonas de colonização tipicamente italianas ou o espanhol nas regiões fronteiriças ao Uruguai e Argentina).
O acesso à língua via Internet, não só em sua forma escrita mais em áudio e vídeo, em muito tem facilitado ganhos não só no meio estudantil mas em outros mais, como nas antigas colônias alemãs do Brasil meridional. Por exemplo, a cidade de Pomerode, para citar um exemplo, possui seu sítio oficial tanto em português como em alemão. A presença de muitos brasileiros e brasileiras em países de língua alemã na Europa, principalmente na Alemanha e Suíça, também é bastante notável e veio comprazer um novo segmento dentro do universo cultural teuto-brasileiro.
Estima-se que haja 200 mil falantes de alemão no Brasil.
Assimilação e miscigenação
Na década de 1930, o presidente Getúlio Vargas declara guerra à Alemanha e proíbe o uso da língua alemã no Brasil. Isso afetou imediatamente as colônias alemãs do País. Foi a partir desse momento que as colônias que ainda se mantinham isoladas no campo passaram a se abrir para a cultura brasileira e à miscigenação com outras etnias.
Nas colônias mistas do Sul do Brasil, o casamento entre alemães e italianos tornou-se um fenômeno comum. Mesmo nas colônias étnicamente alemãs, torna-se cada vez mais raro ver-se pessoas com ascendência puramente alemã: o casamento entre descendentes de alemães com italianos, portugueses, poloneses e com mestiços tornou-se algo comum.
A etnia teuto-brasileira
A imigração alemã no Sul do Brasil deixou marcas profundas na etnia da população. Nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, a cada três pessoas, uma tem origens alemãs. Números menores se encontram no Paraná, em todo o Sudeste e Centro-Oeste do país.
Personalidades brasileiras de origem alemã
O ex-presidente Ernesto Geisel era filho de alemãesDiversas figuras importantes no Brasil são de ascendência alemã, incluindo diversos atores, cantores, modelos, religiosos e políticos. O Brasil já teve três presidentes da república de ascendência alemã:
Ernesto Geisel- Filho de imigrantes alemães luteranos, tornou-se o primeiro presidente protestante da História do Brasil.
Fernando Collor- Ascendência alemã distante do lado materno.
Itamar Franco- Ascendência alemã distante do lado paterno, de sobrenome Stiebler.
Outras personalidades:
Francisco Adolfo de Varnhagen - Historiador e diplomata.
Gisele Bündchen - Modelo mundialmente famosa.
Vera Fischer - Atriz e ex-miss Brasil.
Jorge Gerdau Johannpeter - Presidente do Grupo Gerdau, líder na produção de aços longos nas Américas.
Dom Odilo Pedro Cardeal Scherer (21 de Setembro de 1949 - ) Arcebispo de São Paulo.
Dom Frei Paulo Evaristo Cardeal Arns, O.F.M. (14 de Setembro de 1921 - ) Arcebispo emerito de São Paulo.
Dom Frei Cláudio Cardeal Hummes, O.F.M. (8 de Agosto de 1934 - ) Prefeito da Congregação para o Clero
Dom Frei Aloísio Cardeal Lorscheider O.F.M. (8 de Outubro de 1924 - ) Arcebispo Emerito de Aparecida
Dom Alfredo Vicente Cardeal Scherer (5 de Fevereiro de 1903 - 8 de Março de 1996) Arcebispo Emerito de Porto Alegre
Dom Eusébio Oscar Cardeal Scheid (8 de Dezembro de 1932 - ) Arcebispo do Rio de Janeiro
Referências
↑ http://www.mre.gov.br/ingles/politica_externa/relacoes/europa/alemanha.asp
↑ "Brasil alemão" comemora 180 anos, <http://www.dw-world.de/popups/popup_printcontent/0,,1274817,00.html>. Acesso em: 20 de outubro de 2007
↑ Etnias catarinenses <http://intra.santur.sc.gov.br/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=132&lang=>. Acesso em: 20 de outubro de 2007
↑ Cronologia da Imigração, <http://abeiler.vilabol.uol.com.br/crono.htm>. Acesso em: 20 de outubro