Histórico
Que entendeis por uma Nação, Senhor Ministro? É a massa dos infelizes? Plantamos e ceifamos o trigo, mas nunca provamos pão branco. Cultivamos a videira, mas não bebemos o vinho. Criamos animais, mas não comemos a carne. Apesar disso, vós nos aconselhais a não abandonarmos a nossa Pátria? Mas é uma Pátria a terra onde não se consegue viver do próprio trabalho?
Fala anônima de um italiano para o Ministro de Estado da Itália. Séc. XIX
A imigração italiana no Brasil foi intensa, tendo como ápice a faixa de tempo entre os anos de 1880 e 1930. A maior parte dela se concentrou na região do estado de São Paulo.
Os italianos começaram a imigrar em número significativo para o Brasil a partir da década de 1870. Foram impulsionados pelas transformações socioeconômicas em curso no Norte da península itálica, que afetaram sobretudo a propriedade da terra. Um aspecto peculiar à imigração em massa italiana é que ela começou a ocorrer pouco após a unificação da Itália (1871), razão pela qual uma identidade nacional desses imigrantes se forjou, em grande medida, no Brasil.
O século XIX foi marcado por uma intensa expulsão demográfica na Europa. O alto crescimento da população, ao lado do acelerado processo de industrialização, afetaram diretamente as oportunidades de emprego naquele continente. Estima-se que, entre 1870 e 1970, em torno de 28 milhões de italianos emigraram (aproximadamente a metade da população da Itália). Entre os destinos principais estavam diversos países da Europa, América do Norte e América do Sul.
Para compreender a imigração italiana no Brasil, é necessário analisar os aspectos do País no século XIX. A nação brasileira estava passando por um período de fermentação das idéias abolicionistas. Membros do Partido Liberal e do Conservador defendiam a libertação dos escravos, também defendida por intelectuais e jornalistas da época. A Grã-Bretanha, superpotência da época, também estava pressionando o Brasil a acabar com o tráfico negreiro. A Lei Eusébio de Queirós (1850) marcou o início do processo de abolição, proibindo o tráfico negreiro. A partir deste momento, começa a surgir falta de mão-de-obra nas zonas cafeeiras, limitadamente resolvida com a importação de escravos da Região Nordeste. É notório, porém, que a vinda desses cativos foi provisória pois, rapidamente, seu número se tornou escasso. Ao mesmo tempo, surge no Oeste Paulista um grupo de fazendeiros de origem burguesa que defende o uso da mão-de-obra livre nas plantações de café, se opositando àqueles do Vale do Paraíba, historicamente escravagistas. Novas leis, como a Lei do Ventre Livre (1871) e a Lei dos Sexagenários (1885) anunciavam o fim próximo da escravidão.
Enquanto isso, a Itália passava pelas guerras pela Unificação Italiana. Após o fim destas, a economia italiana se encontrava debilitada, associada a problemas de alta taxa demográfica e desempregos. Os Estados Unidos (maior receptor de imigrantes) passaram a criar barreiras para a entrada de estrangeiros. Tais fatores levaram, a partir da década de 1870, ao início da maciça imigração de italianos para o Brasil.
Imigração italiana para o Brasil, por décadas de 1884-1893, 1924-1933 e 1945-1949
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
Década
Nacionalidade 1884-1893 1894-1903 1904-1913 1914-1923 1924-1933 1945-1949 1950-1954 1955-1959 Total
Italianos 510.533 537.784 196.521 86.320 70.177 15.312 59.785 31.263 1.507.695
A colonização italiana no Sul
Plantação da uva em Caxias do Sul.Os primeiros imigrantes vindos da Itália chegaram ao Brasil em 1875. Os italianos primeiramente se instalaram no Sul do Brasil. Em 1850, o País decreta a Lei de Terras, em que só se podia ter acesso às terras através da compra das mesmas, e não apenas apossando-se delas, como anteriormente. O fator principal de o Sul ser o pioneiro na imigração italiana se deve ao mais fácil acesso às terras naquela região. Aos italianos, restou as terras mais inférteis ao longo das serras sulistas, pois as melhores terras já se encontravam ocupadas, sobretudo por imigrantes alemães.
Nessas regiões, o italiano se agrupou em colônias agrícolas, muitas vezes compostas exclusivamente por italianos. Desta maneira, o doloroso fato de abandonar sua terra natal se tornava mais ameno, a partir do momento que o imigrante tentava recriar em terras brasileiras características de seu país de origem. As primeiras colônias criadas pelo governo foram na Serra gaúcha, no Rio Grande do Sul, nas atuais cidades de Garibaldi e Bento Gonçalves.
Casa de pedra em Nova Veneza, marco da colonização italiana.Os imigrados no Sul do Brasil eram, em sua maioria, do Vêneto, norte da Itália. Após cinco anos, o grande número de imigrantes obrigou o Governo a criar uma nova colônia italiana, Caxias do Sul. Os italianos se espalharam por várias partes do Rio Grande do Sul, e muitas outras colônias foram criadas por particulares, que vendiam as terras aos italianos.
Nessas terras, os imigrantes italianos começaram a cultivar uvas e a produzir vinhos. Atualmente, essas áreas de colonização italiana produzem os melhores vinhos do Brasil. Também em 1875, foram fundadas as primeiras colônias italianas de Santa Catarina, como Criciúma e Urussanga, assim como outras no Paraná.
Nas colônias do Sul do Brasil, os imigrantes italianos puderam se agrupar no seu próprio grupo étnico, onde podiam falar seus dialetos de origem e manter sua cultura e tradições. A imigração italiana para o Brasil meridional foi muito importante para o desenvolvimento econômico, assim como para a cultura e formação étnica da população.
Embora tenha sido a região Sul a pioneira na imigração italiana, foi a Região Sudeste aquela que recebeu a maioria dos imigrantes. Isto se deve ao processo de expansão das lavouras de café em São Paulo. Com o fim do tráfico negreiro e o sucesso da colonização italiana no Sul, o Governo Paulista passa a incentivar a imigração italiana com destino aos cafezais. A imigração subsidiada de italianos começou na década de 1880. Os próprios donos das fazendas de café tratavam de atrair imigrantes italianos para as suas propriedades. Os proprietários de terras pagavam a viagem e o imigrante tinha que se propor a trabalhar nas fazendas para devolver o valor da passagem paga.
Os imigrantes italianos, na maioria, imigravam para o Brasil em famílias e eram chamados de colonos. O governo brasileiro preferia atrair famílias inteiras para o Brasil. Nas plantações de café, todos trabalhavam: homens, mulheres e até crianças. [3] Os fazendeiros, acostumados a trabalhar com escravos africanos, passaram a lidar com trabalhadores europeus livres e assalariados. Todavia, muitos italianos nas fazendas de café foram submetidos a jornadas de trabalho maçantes como as enfrentadas pelos afro-brasileiros e muitos eram tratados de maneira semelhante a dos escravos. Essa situação gerou muitos conflitos entre os imigrantes italianos e os fazendeiros brasileiros, causando rebeliões e revoltas. As notícias de trabalho semi-escravo chegaram à Itália, e o governo italiano passou a dificultar a imigração para o Brasil.
.Embora a imigração italiana no Brasil fosse quase que exclusivamente rural, com o passar do tempo, muitos dos imigrantes começaram a sair das zonas rurais. Nas fazendas de café, a situação de semi-escravidão culminou, em 1902, num decreto do governo italiano proibindo a imigração subsidiada para o Brasil. Muitos imigrantes voltaram para a Itália, enquanto muitos se instalaram nos centros urbanos brasileiros. O imigrante italiano no meio urbano brasileiro foi de extrema importância, participando ativamente no desenvolvimento do comércio e de atividades urbanas. Em 1901, 90% dos operários fabris de São Paulo eram italianos. Foram um dos protagonistas no desenvolvimento dos maiores centros urbanos do Brasil.
Ao lado de brasileiros e de outros imigrantes, os italianos trabalharam ativamente nas fábricas que se multiplicavam pelo País. Os salários eram muito baixos, o que forçava os imigrantes a viverem amontoados em cortiços, podendo viver em uma única casa diversas famílias. Surgem, então, bairros como o Brás e o Bixiga, ainda hoje ligados ao passado operário italiano. O trabalho não era exclusivo dos homens: crianças e mulheres italianas formavam parte significativa dos trabalhadores. Com o passar do tempo, percebendo que as fábricas não eram uma boa opção de ascensão social, muitos imigrantes passaram a trabalhar por conta própria: artesãos, pequenos comerciantes, motoristas de ônibus e táxi, vendedores de fruta e vegetais, sapateiros, garçons de restaurante. Entre os imigrantes, surgiam grupos que se destacavam. O exemplo mais notável é de Francesco Matarazzo, criador do maior complexo industrial da América Latina do início do século XX, tendo sido um dos marcos da modernização no Brasil. Desta forma, membros da comunidade italiana passaram a compor a elite paulista: a maioria dos primeiros grandes industriais de São Paulo vinham da colônia italiana.
A imigração italiana no Brasil ficou marcada por ter vindo, sobretudo, do Norte da Itália. A grande corrente migratória veio do Vêneto, no Nordeste italiano, região outrora com grandes problemas nas zonas rurais. Foi notória, porém, a presença de pessoas originárias do Centro e Sul da Itália, sobretudo no início do século XX, nas plantações de café paulistas.
O Brasil foi o único país do mundo onde a maior parte dos imigrantes italianos veio das regiões setentrionais. No restante do mundo, predominou o imigrante meridional. A preferência do governo brasileiro pelo imigrante do Norte italiano era evidente. Os vênetos eram pequenos proprietários de terra na Itália, e viam na imigração para o Brasil a possibilidade de se tornarem grandes fazendeiros. Os imigrantes do Sul da Itália, por sua vez, eram braccianti, gente muito pobre que trabalhava em terras alheias Ademais, os vênetos têm a pele mais clara que a maioria dos italianos e, em contrapartida, os meridionais têm a pele mais escura. Idéias racistas faziam parte do governo brasileiro daquela época que pretendia, através da imigração de europeus, branquear o povo brasileiro.
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Região de Origem Número de Imigrantes Região de Origem Número de Imigrantes
Vêneto 365.710 Sicília 44.390
Campânia 166.080 Piemonte 40.336
Calábria 113.155 Puglia 34.833
Lombardia 105.973 Marche 25.074
Abruzzo-Molise 93.020 Lácio 15.982
Toscana 81.056 Úmbria 11.818
Emília-Romagna 59.877 Ligúria 9.328
Basilicata 52.888 Sardenha 6.113
Total : 1.243.633
Rio Grande do Sul
Ver artigo principal: Imigração italiana no Rio Grande do Sul
Monumento aos imigrantes italianos em Caxias do Sul.O estado do Rio Grande do Sul recebeu a primeira leva de imigrantes italianos a chegar ao Brasil. Os primeiros imigrantes desembarcaram em 1875, para substituírem os colonos alemães que, a cada ano, chegavam em menor quantidade. Os colonos italianos foram atraídos para a região para trabalharem como pequenos agricultores e lhes foram reservadas terras selvagens na encosta da Serra Gaúcha.
Na região foram criadas as primeiras três colônias italianas: Conde D’Eu, Dona Isabel e Campo dos Bugres, atualmente as cidades de Garibaldi, Bento Gonçalves e Caxias do Sul, respectivamente. Com o tempo, os italianos passaram a subir as serras e a colonizá-las. Com o esgotamento de terras na região, esses colonos passaram a migrar para várias regiões do Rio Grande. A base da economia na região italiana do Rio Grande foi, e continua a ser, a vinicultura.
No centro do estado foi criada a Quarta Colônia de Imigração Italiana, o primeiro reduto de italianos fora da Serra Gaúcha e que originou municípios como Faxinal do Soturno, Dona Francisca e São João do Polêsine. Nesse último, está a localidade de Vale Vêneto, nome dado para fazer homenagem a tal região italiana.
Outras colônias italianas foram criadas e deram origens a cidades como Caxias do Sul, Farroupilha, Bento Gonçalves, Garibaldi, Flores da Cunha, Antônio Prado, Veranópolis, Nova Prata, Encantado, Guaporé, Lagoa Vermelha, Soledade, Cruz Alta, Jaguari, Santiago, São Sepé, Caçapava do Sul e Cachoeira do Sul. Essas são as principais colônias italianas do estado. Estima-se que imigraram para o Rio Grande 100 mil italianos, entre 1875 e 1910. Em 1900, já viviam no estado 300 mil italianos e descendentes.
Atualmente, vivem no Rio Grande do Sul três milhões de italianos e descendentes, representando cerca de 30% da população do estado.
Santa Catarina
Os primeiros imigrantes italianos chegaram ao estado de Santa Catarina em 1836, oriundos da Sardenha, fundando a colônia de Nova Itália (atual São João Batista). Esses imigrantes pioneiros chegaram em número reduzido e pouco influenciaram na demografia do estado. Foi mais tarde, a partir de 1875, que passou a ser assentado no estado número maior de imigrantes italianos. Neste ano, foram criadas as primeiras colônias italianas do estado : Rio dos Cedros, Rodeio, Ascurra e Apiuna. Diversas outras colônias foram criadas nos anos seguintes, sendo o sul de Santa Catarina o principal foco de colonização italiana do estado. Os imigrantes se dedicaram principalmente à agricultura e à indústria de carvão.
A partir de 1910, milhares de gaúchos migraram para Santa Catarina, entre eles, milhares de descendentes de italianos. Esses colonos ítalo-brasileiros colonizaram grande parte do Oeste catarinense.
Atualmente, vivem em Santa Catarina três milhões de italianos e descendentes, representando cerca da metade da população catarinense.
Paraná
Em 1900, viviam no estado do Paraná trinta mil italianos, espalhados por catorze colônias etnicamente italianas e outras vinte mistas. No início, a maior parte dos imigrantes trabalhou como colonos autônomos porém, com o desenvolvimento do café, passaram a compor a mão-de-obra da região. As maiores colônias prosperaram na região metropolitana de Curitiba. A influência italiana se faz presente em todas as regiões do estado.
Atualmente, representam cerca de 40% da população do estado.
[editar] São Paulo
O Memorial do Imigrante, antiga Hospedaria dos Imigrantes, no bairro da Mooca, em São Paulo.O estado de São Paulo possui a maior colônia italiana no Brasil. Atraídos para trabalharem nas colheitas de café, no ano de 1900 já viviam no estado 800 mil italianos. Com o fim da escravidão no Brasil, o país começou a atrair imigrantes a fim de substituir a mão de obra africana. São Paulo concentrava a maior parte das fazendas de café e, por isso, recebeu 70% de todos os imigrantes italianos que vieram para o Brasil.
Com a decadência da produção cafeeira, os italianos passaram a rumar cada vez mais para o centros urbanos, onde chegaram a compor a maior parte da mão-de-obra nas indústrias paulistas. A influência italiana em São Paulo é evidente tanto no interior do estado, como nas regiões urbanizadas, em bairros como a Mooca ou o Bixiga.
Atualmente, vivem em São Paulo treze milhões de italianos e descendentes, representando cerca de 32,5% da população do estado.
Minas Gerais
Ver artigo principal: Imigração italiana em Minas Gerais
Minas Gerais tornou-se um dos maiores redutos da colônia italiana do Brasil. A imigração ficou dividida em dois segmentos: colonos agricultores que foram atraídos para os arredores de Belo Horizonte e trabalhadores para o café, atraídos para o Sul de Minas. Em 1900, já viviam no estado 70 mil italianos.
Atualmente, vivem em Minas Gerais 1,5 milhão de descendentes de italianos, representando cerca de 7,5% da população do estado.
O Cruzeiro Esporte Clube foi fundado em 1921 pelos italianos, como Società Sportiva Palestra Italia e só alterou seu nome devido a Segunda Guerra Mundial.
Rio de Janeiro
Ao contrário do que sucedeu no restante do Brasil, no Rio de Janeiro os imigrantes italianos eram majoritariamente urbanos, trabalhando principalmente na indústria e no comércio. Em 1900 viviam no estado 35 mil italianos, a maioria na própria cidade do Rio de Janeiro, e o restante nas colheitas de café.
Atualmente, vivem no Rio de Janeiro 600 mil italianos e descendentes, representando cerca de 4% da população do estado.
[editar] Espírito Santo
O Espírito Santo abriga uma das maiores colônias italianas do Brasil. Os imigrantes foram atraídos para o estado a fim de ocupar inicialmente a região das serras. Os imigrantes foram obrigados a enfrentar a mata virgem e foram abandonados pelo governo à própria sorte. A situação de miséria vivida por muitos colonos fez com que, em 1895, o governo italiano proibisse a emigração de seus cidadãos para o Espírito Santo. De qualquer forma, a contribuição italiana para a cultura e economia do estado foi de fundamental importância e, hoje, o estado possui a maior porcentagem de ítalo-descendentes do Brasil, atualmente prósperos na Capital ou nas cidades do interior, onde mantêm as tradições seculares de seus antepassados.
Devido ao isolamento de mais de um século, as colônias italianas do interior do Espírito Santo ainda mantêm costumes dos imigrantes e muitos dos descendentes ainda falam dialetos italianos.
Atualmente, vivem no Espírito Santo 1,7 milhão de italianos e descendentes, já bastante miscigenados com outras etnias, representando cerca de 65% da população do estado.
Centro-Oeste do Brasil
Praticamente não houve imigração italiana para a região Centro-Oeste do Brasil. A maior parte das pessoas de origem italiana da região são migrantes oriundos do Sul do Brasil. A partir da década de 1970, a falta de oportunidades no interior do Sul fez com que milhares de sulistas migrassem para o Centro-Oeste, em especial para o Mato Grosso do Sul. Entre esses migrantes, figuravam milhares de ítalo-brasileiros.
Atualmente, vivem na região Centro-Oeste 400 mil italianos e descendentes, representando cerca de 4% da população da região.
Norte do Brasil
Semelhante ao que ocorre no Centro-Oeste, na região Norte do Brasil a maior parte dos ítalo-descendentes tem origens no Centro-Sul do país.
No Pará, os imigrantes eram em sua maioria oriundos da região sul da Itália (mais notavelmente Calábria, Campania e Basilicata). Eram colonos todos e se dedicavam ao comércio. Seus destinos eram Belém, Abaetetuba, Óbidos, Oriximiná, Santarém e Alenquer.
Atualmente, vivem na região Norte um milhão de italianos e descendentes, representando cerca de 6,8% da população da região.
Nordeste do Brasil
A imigração italiana no Nordeste foi mínima, quando compara-se com as regiões Sudeste e Sul. No ano de 1900, viviam na região seis mil italianos, a maior parte no estado da Bahia, mais precisamente ao Sul da Bahia, na região do município de Jaguaquara.
Em 1837 chega à Bahia um grupo de 62 exilados políticos oriundos da península italiana, que foram presos devido às agitações políticas que ocorriam no período que antecedeu à unificação da Itália. Estes exilados sensibilizaram-se e aderiram ao movimento revolucionário que ocorria em Salvador, a Sabinada. Alguns foram presos, outros retornaram para a Itália e houve aqueles que mudaram para o Rio de Janeiro. Este envolvimento político dos imigrantes fez com que uma nova leva de exilados, oriundos da região de Nápoles, fosse cancelada.
Em 1950, alguns rumaram para Itiruçu, fundando a colônia Bateia.
Com a migração inter-regionais, alguns descendentes de italianos oriundos do Sudeste do Brasil vivem na região.
Atualmente, vivem no Nordeste 150 mil italianos e descendentes, representando cerca de 0,35% da população da região.
O declínio da imigração italiana
Italianos no porto a espera da chance de entrar no navio.As contínuas notícias de trabalho semi-escravo e condições indignas nas fazendas de café do Brasil fizeram com que a imigração de italianos para o Brasil caísse, e se desviasse para os Estados Unidos e Argentina. A imigração italiana no Brasil continuou grande até a década de 1920, quando o ditador Benito Mussolini, com seu governo nacionalista, passou a controlar a emigração italiana. Após a Segunda Guerra Mundial e a declaração de guerra do Brasil contra os países do eixo, a vinda de italianos para o Brasil entrou em decadência. Paralelamente, o país recebeu ajudas financeiras através do Plano Marshall, que obrigou a permanência de trabalhadores para reconstruir a Itália.
No Brasil, com o excesso de mão-de-obra, o então presidente Getúlio Vargas decreta, em 1934, a Lei de Cotas de Imigração, que dificultava a entrada de estrangeiros no País. Após a II Guerra Mundial entraram, ainda, 106.360 italianos no Brasil encerrando, assim, o grande fenômeno migratório para o País.
Língua
Hoje em dia, quase todos os ítalo-brasileiros falam o português como língua materna. No Rio Grande do Sul, porém, o dialeto talian (com raiz no vêneto), é bastante difundido nas zonas vinícolas do estado.
A língua italiana foi proibida no Brasil na década de 1930, pelo presidente Getúlio Vargas, após declarar guerra contra a Itália. Qualquer manifestação da cultura italiana no Brasil era crime. Isso contribuiu bastante para que o idioma italiano fosse pouco desenvolvido entre os descendentes de italianos. O idioma somente sobreviveu em zonas agrícolas isoladas no sul do país como em alguns lugares do Rio Grande do Sul.
A influência italiana no Brasil e seus descendentes
A imigração italiana para o Brasil foi um dos maiores fenômenos imigratórios já ocorridos. A medida que o número de imigrantes e seus descendentes ia crescendo, o Brasil modificava os seus costumes, assim como os imigrantes modificam os seus. É de notar que a influência italiana no Brasil não ocorreu de forma uniforme: enquanto no Sul/Sudeste do País a comunidade italiana era forte e, em certas localidades, chegaram a representar a maioria da população, noutras regiões do País a presença italiana foi quase nula.
Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio, em Farroupilha.Das inúmeras contribuições dos italianos para o Brasil e à sua cultura, destacam-se:
O enraizamento do catolicismo no Brasil, trazendo elementos italianos para a religião brasileira.
Diversos pratos que foram incorporados à alimentação brasileira, como o hábito de comer panetone no Natal e comer pizza e espaguete freqüentemente (principalmente no Sudeste), além da popular polenta.
O sotaque dos brasileiros (principalmente na cidade de São Paulo (ver dialeto paulistano), na Serra gaúcha, no sul catarinense e no interior do Espírito Santo).
A introdução de novas técnicas agrícolas (Minas Gerais, São Paulo e no Sul).
A imigração italiana no Brasil também serviu de inspiração para várias obras artísticas, televisivas e cinematográficas, como as telenovelas Terra Nostra e Esperança, e o filme O Quatrilho, que concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro.
O abrasileiramento dos italianos
Para fazer a América não é preciso somente trabalhar com esse bendito café, é necessário que nossos filhos freqüentem a escola para aprender o português e todas as coisas deste país. Essa será nossa maior riqueza no Brasil.
Fala anônima de um imigrante italiano no Brasil. Séc. XIX
Católico e latino, o imigrante italiano se assimilou no Brasil mais facilmente que alemães e japoneses, por exemplo. O quase desaparecimento dos dialetos italianos no Brasil é um exemplo dessa rápida assimilação.
É evidente, porém, as diferenças entre o grupo de italianos que se concentrou em colônias (no Sul) e os trabalhadores do café (Sudeste). Nas colônias, o imigrante se manteve por cerca de três gerações praticamente isolado com outros italianos nas zonas rurais sulistas. No Sudeste do Brasil, por outro lado, o italiano mais facilmente se integrava entre a população local.
A comunidade hoje
A população de imigrantes italianos no Brasil está, atualmente, em franco decréscimo. A maior parte dos imigrantes são idosos, visto que as últimas grandes levas de imigrantes chegaram na década de 1950. Segundo o censo do IBGE do ano 2000, viviam naquele ano no Brasil 43.718 imigrantes italianos. Em 1991, viviam 53.543 e, em 1970, 128.726. Porém, no ano de 2003, segundo a Aire (l’Anagrafe degli italiani residenti all’estero) havia no Brasil 162.225 cidadãos italianos e, segundo os Anagrafi consolari del Ministero degli Esteri, há 284.136 cidadãos italianos no País. A maioria destes são cidadãos ítalo-brasileiros, visto que a Itália garante a cidadania italiana para os descendentes, salvo algumas exceções, e o Brasil permite a dupla-nacionalidade de seus cidadãos. De acordo com as leis italianas, não há diferença jurídica entre um italiano nascido na Itália ou no estrangeiro. Em São Paulo estão inscritos no Consulado 154.546 cidadãos italianos, no Rio de Janeiro 38.736, em Porto Alegre 37.278, em Curitiba 30.987 e em Belo Horizonte 13.769. O Brasil possui, de acordo com diferentes fontes, a oitava ou a sexta maior população de cidadãos italianos no mundo.
Quando se toma por base o número de brasileiros descendentes de italianos, o Brasil possui a maior população italiana fora da Itália. Não se sabe o número exato, visto que os censos nacionais não questionam a ancestralidade do povo brasileiro. Todavia, as estimativas oscilam entre 23 a 25 milhões os brasileiros com algum grau de ascendência italiana, representando cerca de 15% da população brasileira.
Os italianos e descendentes não formam um grupo étnico à parte da população brasileira, mas integrante e enraizado dentro da sociedade brasileira. Seus descendentes figuram nos mais diversos setores da sociedade do País. Por exemplo, numa pesquisa de 2001, das 10.641 empresas industriais do Rio Grande do Sul, 42% estavam nas mãos de brasileiros de origem italiana.[3] Certas localidades do Brasil meridional e do Sudeste têm uma clara maioria de brasileiros de origem italiana. Tal fato é mais evidente em localidade rurais do Sul do Brasil, tomando por exemplo municípios como Ivorá, onde os de origem italiana somam 90% da população local. Mesmo nas grandes metrópoles a presença da coletividade italiana é enorme: São Paulo como seus 10 milhões de habitantes, maior cidade do Brasil, possui 60% da população com ascendência italiana e, Belo Horizonte com 2,5 milhões de moradores, 30% é descendente.
Nas eleições italianas de 2006, os italianos residentes no estrangeiro puderam participar. No Brasil, 62.599 cidadãos italianos votaram.
Brasileiros descendentes de italianos por estados
Estado População total População com ascendência italiana Porcentagem de ítalo-descendentes
São Paulo 40 milhões 13 milhões 32,5%
Paraná 9,4 milhões 3,7 milhões 39,0%
Rio Grande do Sul 10,9 milhões 3,2 milhões 29,0%
Santa Catarina 5,8 milhões 3 milhões 50,0%
Espírito Santo 3,4 milhões 1,7 milhão 65%
Minas Gerais 20 milhões 1,5 milhão 7,5%
Rio de Janeiro 14,1 milhões 600 mil 4,0%
Região Norte 14,5 milhões 1 milhão 6,8%
Região Centro-Oeste 13 milhões 400 mil 4,0%
Região Nordeste 49 milhões 150 mil 0,35%
Total no Brasil 180 milhões 28 milhões 15,5%
Referências
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↑ 3,0 3,1 3,2 3,3 3,4 3,5 3,6 3,7 Gli italiani in Brasile
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[editar] Bibliografia
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