Caírbar Schutel
(1868-1938)
Foi grande divulgador do Espiritismo. A sua missão na Terra foi das mais completas. Ele atuou no campo da imprensa escrita e falada, escreveu e publicou livros, proferiu palestras e conferências e, acima de tudo, soube exemplificar tudo aquilo que ensinava, pois, a caridade presidia sempre seus atos.
Aos 17 anos de idade trabalhou como prático de farmácia. Procurando emprego, ficou sabendo que em Matão não havia farmácia e nem outra infra-estrutura, tratou logo de montar uma, denominando-a Farmácia Schutel.
Adentrou no campo da política, fez de Matão um município, assumiu a prefeitura em 28/05/1899. Inaugurou um programa de desenvolvimento, fazendo com que a cidade progredisse. Era um administrador na verdadeira acepção da palavra. Era humanitário, probo, patriota.
Suspirou em conhecer algo novo, o espiritismo, possuía um amigo que fazia algumas sessões, mas que estava desanimado com as solicitações dos espíritos: queriam lhe pedir missas. Mas caírbar convenceu-o a realizar uma sessão para que ele pudesse conhecer. Seu amigo Calixto concordou e assim se comunicaram muitos espíritos e finalmente ocorreu uma importante e decisiva comunicação atribuída ao espírito de D. Pedro II, último imperador do Brasil. Tratava-se de mensagem de alto nível. Esse acontecimento fez com que caírbar no dia seguinte solicitasse urgente o Evangelho Segundo o Espiritismo e o Livro dos Espíritos de Allan Kardec. Aprofundou-se nos estudos, analisou e comparou com outras religiões. Ele fez dos ensinamentos da Doutrina Espírita a sua norma de conduta, compreendia que essa doutrina é a caridade em ação. Foram inumeráveis os atos humanísticos que o apóstolo de Matão praticou, tornando-se um paradigma para os espíritas do futuro. Ele tornou-se a personificação da caridade para todos que buscavam, sequiosos de esclarecimentos para a alma e de alívio para os problemas do corpo. Fundou em 15/07/1905 o "Centro Espírita Amantes da Pobreza".
Foi perseguido pelo clero, mas não deixou-se abater, lutou para que seu Centro Espírita continuasse funcionando.
Caírbar Schutel era a caridade em ação. Em sua residência, na farmácia, no Centro Espírita, ou em outro lugar onde se achasse, praticava atos altruísticos sempre que necessários. Chegou a merecer o cognome de "pai da pobreza" ou "pai dos pobres de Matão". O preceito cristão "amai ao vosso próximo como a vós mesmos" havia sido assimilado por ele em toda a sua plenitude. Sua inteligência era grande, mas maior era seu coração. Os próprios adversários do espiritismo não tinham coragem de atacá-lo, tão grande era a sua projeção moral. E a grandeza da sua dedicação fazia que o estimassem, cheios de respeito.
Lançou em 15/08/1905, o primeiro número do jornal O Clarim, um cometimento arrojado na época. Abriu uma Editora onde passou a imprimir o Clarim, os próprios livros e de outros autores. Em 15/02/1925 lançou a Revista Internacional de Espiritismo. Em 1936 fez um programa radiofônico espírita pela Rádio Cultura de Araraquara, PRD-4. Agigantou-se e projetou-se como um dos mais lídimos missionários da Terceira Revelação.
São muitos os livros publicados: "Espiritismo e Protestantismo (1911)"; "Histeria e Fenômenos Psíquicos (1911)"; "O Diabo e a Igreja (1914)"; "Espiritismo para as Crianças (1918)"; "Interpretação Sintética do Apocalipse (1918)"; "Médiuns e Mediunidade (1923)"; "Gênese da Alma (1924)"; "Materialismo e Espiritismo (1925)"; "Fatos Espíritas e as Forças X... (1926)”; Parábolas e Ensinos de Jesus (1928)"; "O Espírito do Cristianismo (1930)"; "A Vida no Outro Mundo (1932)"; "Vida e Atos dos Apóstolos (1933)"; "Livro de Preces (1936)"; "Conferência Radiofônicas (1937)", além de Cartas a Esmo e uma obra intitulada "O Batismo".
Era homem de fé, contou um amigo o seguinte caso: "Estando o Sr. Schutel atendendo a uma criança pobre, já com aspecto cadavérico, tal o estado de desidratação, pediu-me um vidro com água destilada e nele pingou gotas de homeopatia, entregando depois o vidro à mãe e dando-lhe instruções sobre a alimentação do bebê. Eu então perguntei ao Sr. caírbar: - Mas esse remédio vai curar essa criança? E ele respondeu: Esse remédio vai ajudar muito, mas o que cura virá lá de cima, por isso, quando você manipular qualquer medicamento, tenha o pensamento voltado para o Pai celestial, pois é de lá que vem a cura".
Divulgava o espiritismo e promovia intenso e persistente combate aos falsos cristãos.
Leopoldo Machado, em seu livro "Uma Grande Vida", discorre a personalidade de Schutel: "Irradiava simpatias. Sua presença era um dínamo de animação e entusiasmo. Dir-se-ia que perto dele, amava-se o trabalho não pelo próprio trabalho, mas pelos exemplos de caírbar; que se amava o sofrimento para imitá-lo. Amava-se a verdade e a sabedoria para seguí-lo. É que ele, sempre animadoramente, dava, como os recursos materiais de que dispunha, o coração, a inteligência, mandava-se a seu contacto. Os pobres sentiam-se menos pobres, perante seu grande amigo. Os ignorantes sempre tinham o que aprender. Os deserdados da sorte podiam contar com um inimigo. Os indecisos com a decisão firme, com exemplos fortes de perseverança e fé".
Aos 69 anos já era conhecido como um dos mais respeitáveis espíritas do Brasil e internacionalmente.
Já acamado em 1938 e com muita confiança num espírito conhecido por "pai João", e este havia-lhe assegurado que até o último Domingo de janeiro ele ficaria curado. O velho seareiro, no entanto, estava mais propenso a acreditar que a tal prometida cura seria o seu desenlace. E assim aconteceu.
O corpo do seareiro já estava na urna funerária, quando o Espírito Cairbar fez o médium sentir suas influências de modo muito mais intenso. Nova hesitação, mas o Espírito impediu-o com veemência e de forma irresistível, e deste modo, diante de seu próprio corpo, o Espírito desencarnado teceu belíssima dissertação sobre a imortalidade da alma, deixando bem claro que a alma não se encerra no túmulo. A comunicação espiritual representou verdadeiro bálsamo suavizador para todos os presentes.
Cairbar colocava acima de tudo os superiores interesses da Doutrina Espírita, por isso chegou a dizer certa vez a José da Costa Filho, referindo-se aos seus bens materiais. "Se for preciso venderei tudo isto para dar continuidade ao trabalho de divulgação do Espiritismo".
Foi na realidade UMA GRANDE VIDA.