A Opinião de Dr. Bezerra de Menezes, quando encarnado, sobre a obra "Os Quatro Evangelhos"
"O Espiritismo não é, com julgam os padres ser a revelação messiânica, a última palavra sobre as verdades que Deus, em seu amor pela humanidade, faz baixar do céu à Terra.
Enquanto o homem não chegar ao último grau da perfeição intelectual, o de penetrar todas as leis da criação, a revelação não chegará a seu termo, pois que ela é progressivamente mais ampla, na medida do desenvolvimento da faculdade compreensiva do homem.
O Espiritismo, pois, tendo dado mais do que as anteriores revelações, muito terá ainda que dar, porque muito terá ainda que progredir a humanidade terrestre.
Allan Kardec, Espírito preposto por Jesus para reunir em um corpo de doutrina ensinos confiados, pelo mesmo Jesus, ao Espírito da Verdade, constituído por uma legião de Altíssimos Espíritos, só apanhou o que estes deram - e estes só deram o que era compatível com a compreensão atual do homem terreal.
Mas o homem, como já foi dito, não cessa de desenvolver a sua faculdade compreensiva e, pois, os principais fundamentos da revelação espírita, compreendidos nas obras fundamentais de Allan Kardec, tendem constantemente a se alargar em extensão e compreensão, como ele mesmo veio alargar os princípios fundamentais do ensino ou revelação messiânica - e como esta veio alargar os da revelação mosaica.
A Allan Kardec sobrevivem outros missionários da verdade eterna que, sem destruir a obra feita, porque esta é firmada na lei e a lei é imutável, darão mais luz, para mais largo conhecimento das faces mais obscuras daquela verdade.
Eis aí que já apareceu Roustaing, o mais moderno missionário da lei, que em muitos pontos vai além de Allan Kardec, porque é inspirado como este, mas teve por missão dizer o que este não podia, em razão do atraso da humanidade.
Não divergem no que é essencial, mas sim nos modos de compreender a verdade, porque esta, sendo absoluta, nos aparece sob mil fases relativas - relativas ao nosso grau de adiantamento intelectual e moral, que um não pode dispensar o outro, como as asas de um pássaro não se podem dispensar, para o fim de ele se elevar às alturas.
Roustaing confirma o que ensina Allan Kardec, porém adianta mais que este, pela razão que já foi exposta acima.
É, pois, um livro precioso e sagrado o de Roustaing..."
(Bezerra de Menezes - em "A Gazeta de Notícias, de 22/04/1897, respondendo a um leitor acerca da obra "Elucidações Evangélicas", de Antônio Luiz Sayão, que resume num único volume o conteúdo da obra de Roustaing)